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Universidade do Estado do Amazonas – UEA

Escola Superior de Ciências da Saúde – ESA


Programa de Residência em Enfermagem em Urgência e Emergência

Acidente Vascular Encefálico


– AVE/AVC
Enfermeira Residente Suelem
Epidemiologia
• 12,2 milhões de pessoas em todo o mundo
tiveram um AVC, destas 6,6 milhões
morreram.
• AVC a segunda principal causa de morte no
mundo.
• Mais de 100 milhões de indivíduos convivem
com as sequelas do AVC
• No Brasil, é a maior causa de incapacitação
da população
• 10% do total de óbitos, 32,6% das mortes
com causas vasculares
• 40% das aposentadorias precoces no Brasil.
Conceito
• Caracteriza-se pela instalação de um déficit neurológico focal,
determinado por uma lesão cerebral secundária a um mecanismo
vascular isquêmico (AVCi) ou hemorrágico (AVCh).
Classificações: AVCi e AVCh

• Trombóticos em grande artéria • Hemorragia intracerebral:


• Trombóticos em pequenas primária
artérias penetrantes • Hemorragia subaracnóidea:
• Embólicos cardiogêncios aneurisma
• Criptogênicos ou outros • Malformações arteriovenosas
(MAV): secundária
Fatores de risco

Pessoas negras
HAS Tabagismo Idade Gênero ou Alcoolismo
afrodescendentes

Uso de
Sedentarismo Diabetes Sedentarismo Fibrilação Atrial AIT
anticoncepcional

Alterações das Estenose de


Obesidade Hiperlipidemia
válvulas cardíacas carótida
Manifestações clinicas
Localização da lesão, tamanho da área mal perfundida e quantidade de uxo
sanguíneo colateral

Dormência ou fraqueza
da face, braço, perna, Di culdade de falar ou
Cefaleia intensa súbita.
especialmente em um de compreender a fala.
lado do corpo

Di culdade de caminhar,
Confusão mental ou
tonturas ou perda do
Distúrbios visuais. alteração no estado
equilíbrio ou da
mental.
coordenação.
Manifestações clinicas
Manifestações clinicas
Diagnóstico:Cincinnati
• Cincinnati (Cincinnati Prehospital Stroke Scale – CPSS)
• Pré-hospitalar
• Desvio da rima labial
• Alteração motora ao levantar os braços
• Dificuldade de falar
Diagnóstico: Glasgow-p
Diagnóstico: NIHSS
Diagnóstico: NIHSS
Diagnóstico: NIHSS
Conduta pré-hospitalar
Critérios de inclusão: sinais e sintomas
• Início súbito de déficits neurológicos focais, especialmente de um lado do
corpo.
• Ocorrência de crise sem história prévia de crise anterior ou trauma.
• Cefaleia súbita e intensa sem causa conhecida.
• Alteração visual súbita (parcial ou completa).
• Vertigem ou perda do equilíbrio ou da coordenação motora.
• Dificuldade súbita para deambular.
• Alteração da consciência.
• Distúrbios da fala.

1. Avaliação primária:
a. Permeabilidade de vias aéreas e ventilação adequada
b. Decúbito elevado ou lateral+aspiração orofaríngea (S/N)
Conduta pré-hospitalar
2. Avaliação secundária
a. Avaliar função neurológica: Cincinnati, Glasgow-p
b. Controle da temperatura corporal (TAx > 37,8o C);
c. Monitorizar a função cardíaca e oximetria de pulso;
d. Controlar os níveis glicêmicos (glicemia capilar < 80 mg/dl ou >200mg/dl);
e. Realizar entrevista SAMPLA;
f. Determinar a hora do início dos sintomas e sinais.
3. Instalar acesso venoso periférico no membro não parético.
Conduta pré-hospitalar
4. Realizar abordagem medicamentosa:
a. Oferecer O2 suplementar se SatO2 < 94% Observações:
b. Se convulsões: administrar Fenitoína • Esmolol e hidralazina não
devem ser usados no pré.
c. Se TAx > 37,8º C, administrar Dipirona • O controle rigoso da T, PA, St e
d. Se glicemia < 80 mg/dL, administrar Glicose glicemia são importantes para
50% 30-50 ml; melhor prognostico
• Na crise convulsiva só há
e. Não reduzir PAS na fase pré-hospitalar, exceto suspeita de AVC se o paciente
se PAS > 220 mmHg ou PAD > 120 mmHg ou se tiver sinal focal antes ou depois
outra doença associada exigir a redução, nesse da crise.
caso administrar Captopril
5. Realizar contato com a Regulação Médica para
definição de encaminhamento e/ou unidade de
saúde de destino
Conduta intra-hospitalar - AVCi
Conduta intra-hospitalar - AVCh
Terapia trombolítica
• Critérios de inclusão • Critérios de exclusão
• AVC isquêmico • Uso de anticoagulantes orais com tempo de protrombina (TP)
com RNI > 1,7. Uso de heparina nas últimas 48 horas com TTPA
• Possibilidade de se iniciar a infusão do elevado;
rtPA dentro de 4,5 horas do início dos • AVC isquêmico ou traumatismo cranioencefálico grave nos
sintomas. últimos 3 meses;

• Tomografia computadorizada (TC) do • História pregressa de hemorragia


malformação vascular cerebral;
intracraniana ou de
crânio ou ressonância magnética (RM)
sem evidência de hemorragia; • PA sistólica ≥ 185mmHg ou PA diastólica ≥ 110mmHg (em 3
ocasiões, com 10 minutos de intervalo) refratária ao tratamento
• Idade superior a 18 anos. anti-hipertensivo;
• Melhoria rápida e completa dos sinais e sintomas no período
anterior ao início da trombólise;
• Déficits neurológicos leves (sem repercussão funcional
significativa);
• Cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo nos últimos
14 dias;
• Coagulopatia com TP prolongado (RNI > 1,7), TTPA elevado ou
plaquetas < 100.000/mm3;
• Outros
Terapia trombolítica
• O rt-PA se liga a fibrina e converte o plasminogênio em plasmina, estimulando a
fibrinólise.
• Dose: 0,9mg/kg, (dose máx: 90mg):
• 10% da dose em bolus durante 1 min
• 90% restante em bomba de infusão durante 60 minutos
• Diluição do rtPA é de 1mg/ml
• Acesso exclusivo: não correr com nenhuma outra medicação.
Terapia trombolítica: regime de tratamento
Terapia trombolítica: regime de tratamento
Terapia trombolítica: efeitos colaterais
• Suspeita de sangramento • Tto das complicações
• Piora do déficit neurológico ou do nível de hemorrágicas
consciência, cefaleia súbita, náuseas ou vômitos. • Se o fibrinogênio estiver baixo:
• Se for durante a infusão, descontinuar rtPA. crioprecipitado 6-8U EV (alvo:
fibrinogênio sérico >100mg/dL).
• O sangramento pode ser atribuído ao rtPA se
ocorrer em 24 a 36 horas. OU
• TC de crânio urgente, colher HT, HB, TP, TTPA, • Plasma fresco congelado: 2 a 6U
plaquetas, fibrinogênio. • Se o nível de plaquetas estiver baixo:
• Se houver hematoma na TC de crânio administrar 6 a 8U de plaquetas.
èavaliação neurocirúrgica. • Concentrado de hemácias: manter
• Outros locais de sangramento (ex.: local de hemoglobina > 10mg%.
punção venosa) ècompressão mecânica.
Terapia para não elegíveis a rtPA
• Início de aspirina oral: dose diária de 160 a 300 mg dentro de 48 h após a ocorrência de isquemia
• A anticoagulação com heparina não fracionada ou de baixo peso molecular não é recomendada
• Redução da PIC (administração de diurético osmótico
• Manter a pressão parcial do dióxido de carbono (PaCO2) entre 30 a 35 mmHg
• Posicionamento : elevação da cabeceira para evitar hipoxia, diminuição da PIC e aumento do retorno
venoso
• IOT S/N
• Monitoramento hemodinâmico contínuo:
• o tratamento anti-hipertensivo pode ser suspenso se PAS < 220 mmHg E PAD< 120 mmHg
• Avaliação neurológica: vigilância para outras complicações agudas (convulsões, sangramento, bradicardia
induzida por medicamentos
Trombólise mecânica
• Angioplastia e colocação de stent
• Fragmentação mecânica do coagulo
• Remoção de coágulos
• Trombectomia por sucção
• Trombectomia com stent retriever
Processo de Enfermagem
Evidências Diagnósticos Prescrições
Astenia, paresia, parestesia, Mobilidade física prejudicada Avaliar a capacidade de extensão
paralisia, comprometimento da funcional do comprometimento
percepção Iniciar exercícios de movimentação
passiva e ativa
Dificuldade para realizar AVD Déficit no autocuidado para Avaliar capacidade e nível de deficit
banho, vestir, alimentar
Afasia, disfasia, disartria, Comunicação verbal prejudicada Avaliar tipo e grau da disfunção
comprometimento da cognição Fornecer métodos alternativos de
comunicação
Nível de consciência alterado, Confusão crônica Aplicar ECG
perda de memória, Desorientação Monitorar respostas
em tempo e espaço comportamentais como
hostilidade, agitação etc
Processo de Enfermagem
Evidências Diagnóstico Prescrições
Posicionamento no leito Risco lesão por pressão em Realizar mudança de decúbito de 4
adulto em eh ou de 6 em 6h
Dificuldade ou incapacidade de deglutição Risco de aspiração Manter cabeceira em foley
Realizar SNG
Administração de anticoagulantes ou rtPA Risco de sangramento Manter vigilância rígida quanto ao
aparecimento de sinais de
sangramento
Monitorar PA
Astenia, paresia, parestesia, paralisia de Risco de queda em adultos Elevar grades do leito
hemicorpo Manter vigilância quanto a
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual de rotinas para atenção ao AVC /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2013.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência. Brasília: Ministério da Saúde, 2a edição, 2016.
Brunner & Suddarth, tratado de enfermagem médico-cirúrgica / [editores] Suzanne C. Smeltzer... [et al.] ; [revisão técnica Isabel Cristina
Fonseca da Cruz, Ivone Evangelista Cabral ; tradução Antonio Francisco Dieb Paulo, José Eduardo Ferreira de Figueiredo, Patricia Lydie Voeux].
– [Reimpr.]. – Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2014.
DA SILVA, Dilson Nobre et al. Cuidados de enfermagem à vítima de acidente vascular cerebral (AVC): Revisão integrativa. Revista Eletrônica
Acervo Saúde, n. 36, p. e2156-e2156, 2019.
EXECUTIVE COMMITTEE FROM BRAZILIAN STROKE SOCIETY AND THE SCIENTIFIC DEPARTMENT IN CEREBROVASCULAR DISEASES OF THE
BRAZILIAN ACADEMY OF NEUROLOGY et al. Guidelines for acute ischemic stroke treatment – Part I. Arq Neuropsiquiatr, [s. l.], 2012. Disponível
em: https://iweb04.itarget.com.br/itarget.com.br/newclients/sbavc/wp-content/uploads/2021/06/Diretriz_SBDCV_AVCI_parte1.pdf. Acesso
em: 20 jun. 2022
LOBO, Pedro Giovanni Garonce Alves et al. Epidemiologia do acidente vascular cerebral isquêmico no Brasil no ano de 2019, uma análise sob a
perspectiva da faixa etária. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 3498-3505, 2021.

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