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Gravidez e

familia
monoparental
Plano de Sessão
Tema: Gravidez e família monoparental

População alvo: Turma da 4ª Licenciatura de Enfermagem e docente.

Objectivo Geral: Conhecer e dar a conhecer alguns aspectos


fundamentais da gravidez em familias monoparentais

Objectivos específicos: compreender o que leva uma mãe solteira a


aceitar ou não uma gravidez, as diferentes formas de encarar tal
acontecimento e a relação que existe entre adolescência e famílias
monoparentais
Data: Hora:

Grupo: Ana Costa n.º 592 Docente: Celeste Duque


Ana Terruta n.º 594
Lisa Lino n. º606
Mónica Bota n.º 608
Local: ESSaF - sala 2
Metodologia
Etapas Conteúdo
Técnica MAE Duração

Apresentação do:
Grupo
Tema
Introdução 3´
Objectivos
Metodologias
Introdução ao tema

1 – Factores que influenciam a


aceitação ou não da gravidez Computador
2 – diferentes formas de encarar a Exposição
Projector
Desenvolvimento gravidez 15´
3 – Gravidez na adolescência/famílias
monoparentais
4 – Testemunho de uma adolescente
grávida com pouco apoio.

Conclusão Síntese 1´

Bibliografia 1´
A gravidez é um período de constantes e intensas
mudanças, no que respeita ao nível físico/orgânico e
psicológico. Assim, implica uma constante readaptação
por parte de quem o vive (principalmente a mulher
grávida mas também o pai da criança e restantes
membros da família). Uma vez que, uma gravidez é a
existência de um novo ser, condiciona a vida de quem o
circunda, mais concretamente a mulher grávida que terá
de efectuar reformulações no seu estilo de vida,
principalmente se tiver por hábito estilos de vida pouco
saudáveis (dependência alcoólica, toxicodependência,
tabagismo, entre outros). Terá, portanto, de adoptar
atitudes/comportamentos que promovam uma maior
qualidade de vida.
1 – FACTORES QUE INFLUENCIAM A
ACEITAÇÃO OU NÃO DA GRAVIDEZ

PERSONALIDADE

Na personalidade existe uma unicidade: aquilo que nos


torna únicos, aquilo que somos na nossa essência e nos é
especifico. Mas ao tornar-nos únicos, faz, com que também
sejamos diferentes de todos os outros. A personalidade,
pela unicidade, confere-nos uma diferenciação, isto é,
torna-nos distintos dos outros. Esta permite que nos
reconheçamos e sejamos reconhecidos. É uma construção
pessoal que ocorre ao longo da nossa vida.
A mulher pode-se sentir inclinada a recordar o seu
passado, no decorrer da sua gravidez.

De facto o passado tem um papel fundamental na


constituição da personalidade, pelo que, se torna muito
importante, para o ser humano ter e recordar o passado.
Este constitui-se como um reservatório de experiências e
aprendizagens muitas vezes úteis para a resolução de
problemas actuais...
FAMILIA

A definição de família é muito complexa, uma vez que


difere de pessoa para pessoa. Esta resposta nunca
poderia ser dada como um sim ou um não, um “isto” ou um
“aquilo” em exclusividade.

“ família como uma unidade básica de


crescimento e experiência, desempenho
ou falha. É também a unidade básica de
doença e saúde ” (Ackerman, 1986).
EXISTÊNCIA OU NÃO DE PARCEIRO FIXO

É fácil compreender que uma mulher grávida que tem


parceiro, terá maior probabilidade de aceitar a gravidez,
uma vez que, se sente apoiada e tem ou pensa que tem
alguém que lhe confira suporte afectivo, essencial para o
estabelecimento de um equilíbrio.

ALTERAÇÕES FÍSICAS

Durante os 270-280 dias de gravidez normal o


organismo materno sofre inúmeras mudanças.
ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS

A gravidez é um período que faz renascer contradições,


angústias, recordações e conflitos vividos pela mulher
desde a sua infância. Consoante a personalidade e
temperamento, adquirem maior ou menor importância
sendo resolvidos pela grávida da melhor ou da pior forma.
Na maioria dos casos de “mãe solteira”, o início da
gravidez é acompanhado de muita angústia que poderá
estar relacionada com:

- Gravidez não planeada;

- Medo e/ou vergonha perante a sociedade, família, amigos


e pai da criança;

- Não ter apoio por parte do companheiro e/ou família;


- Dúvidas em relação a levar ou não a gravidez em frente;

- Aumento da responsabilidade e o desempenhar um novo


papel;
- Situação profissional instável ou pelo facto de ainda ser
estudante;
- Condição sócio-económica.
É a partir do segundo semestre que irá surgir a
preocupação em relação a estética do corpo.

No último trimestre a mulher prepara-se para a


“separação”, ou seja, para o trabalho de parto. É durante
esta fase que surgem os receios de um filho deficiente,
incapacitado e o medo do parto.

É fundamental que a grávida se sinta amada, acarinhada e


apoiada num momento em que, apesar de não planeado, se
constituiu num dos momentos vivenciais de maior
significado na vida desta mulher.
SOCIEDADE / RELIGIÃO

É certo que em todas as sociedades, a gravidez é vista


como algo normal, como parte integrante da vida. No
entanto, o problema surge quando se trata de uma “mãe
solteira”.

Em determinadas sociedades a gravidez está associada ao


casamento, ou seja, uma mulher que engravida tem que ser
casada e caso isto não se verifique, deve logo que possível
casar. Esta situação provoca ansiedade na mulher, dado
que, sabe que a sua gravidez não vai ser bem aceite
socialmente e vão olhá-la como um “desvio à normalidade”.
No entanto, existem outras sociedades em que a
existência de “mães solteiras” começa a ser frequente,
pelo que, a sociedade foi-se adaptando a esta nova
realidade – família monoparental. Nestas sociedades mais
permissíveis o que sucede é que a mulher não irá sentir-se
pressionada e muito provavelmente conseguirá fortes
apoios por parte da sociedade.

A religião católica condena as relações sexuais antes e


fora do casamento, e estas devem, tanto quanto possível,
ter fins reprodutivos. Assim, uma “mãe solteira” é vista
como uma pecadora (associada à depravação sexual).
Tendo consciência disso, a mulher pode ter maior
dificuldade em aceitar a gravidez.
CONDIÇÃO SÓCIO-ECONÓMICO

Se a mulher não se encontrar numa situação profissional


estável, rapidamente desenvolve uma crise de ansiedade,
uma vez que, ela tem que assegurar ao bebé conforto e
bem-estar económico e social. Esta situação agrava-se
pelo facto de se tratar de uma “mãe solteira”, que
eventualmente poderá não ter o apoio financeiro do pai da
criança e nalguns casos, não ter também o apoio da família
(caso esta não aceite a gravidez).
2 – diferentes formas de encarar a
gravidez

A GRAVIDEZ COMO CRISE

A gravidez, só por si, é uma situação de crise.


A partir do momento em que a mulher grávida faz uma
reflexão sobre todos os factores que implicam a aceitação
ou não da gravidez, o seu estado psicológico sofre
alterações. Assim, surgem dúvidas, medos e receios, o que
pode eventualmente levar a um estado de crise.
A GRAVIDEZ COMO RECURSO

Assegurar a continuidade de uma relação, a existência de


um filho poderá vir a fortalecer laços de amor que
parecem ter terminado.

Existem casos em que a gravidez como “passaporte” para


uma vida independente. Estes casos ocorrem em famílias
onde se vive um ambiente extremamente problemático.

A gravidez é tomada como um recurso à vida adulta.


A gravidez leva a filha à adquirir o estatuto de mãe, e
assim aos olhos dos pais pensa que poderá ser encarada
como adulta.
A GRAVIDEZ COMO DEVER

Devido ao aborto não ser legalizado no nosso país, muitas


são as mulheres que aceitam levar a gravidez até ao fim,
passando a encará-la como um dever a cumprir.

Algumas mulheres fazem inseminação artificial com o


intuito de manter a continuidade da família, o que encaram
como um dever seu.

A GRAVIDEZ COMO DOENçA

Algumas mulheres encaram o período da gravidez como


uma alteração à norma.
3 – GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA /
FAMILIAS MONOPARENTAIS

Devido à sua imaturidade e labilidade a nível emocional, as


grávidas adolescentes sofrem grandes alterações a nível
psicológico que levam ao aparecimento de sentimentos
negativos, como hostilidade, ansiedade e depressão.

É frequente que algumas adolescentes encarem a gravidez


como um “porto de abrigo”, como uma forma segura de dar e
receber amor.

A gravidez na adolescência pode ocorrer também devido ao


sentimento de não inserção no grupo a que pertencem. Esta
falta de identificação com os seus pares despertará nas
adolescentes a vontade de se inserirem no grupo dos
adultos.
TESTEMUNHO DE UMA ADOLESCENTE
GRÁVIDA COM POUCO APOIO

A Dª “Joana” é uma mulher de 38 anos, que já


experienciou o que é ser uma “mãe solteira”. Através de
uma conversa informal, a Dª Joana partilhou connosco o
seu testemunho
Rapariga de 18 anos, que residia na cidade de Lisboa. A
Dª Joana não era uma rapariga muito diferente das que
conhecemos hoje em dia, era alegre, divertida,
extrovertida, simpática, com uma personalidade bem
definida. Defendia os seus ideais, as suas convicções, “não
tinha papas na língua” (sic).
A Dª Joana tinha o seu namorado, com 17 anos de idade
naquela altura. Foi uma relação que, com o passar do tempo,
dos momentos partilhados e de muito carinho
reciprocamente retribuído, evoluiu para uma relação mais
íntima. A partir do momento em que passou a haver relações
sexuais sem o uso de método contraceptivo entre a Dª
Joana e o namorado, o inevitável poderia acontecer, a Dª
Joana engravidou. A Dª Joana que na altura continuava a ser
uma rapariga, viu-se de repente num beco sem saída, num
caminho sem opções, de onde só queria fugir. Foi no pior
momento que o seu namorado a abandonou. De forma
cobarde virou costas à situação, negando qualquer tipo de
apoio à Dª Joana, arranjando como desculpa que esse filho
era de certeza de outro.
Foram inúmeros os sentimentos negativos experienciados
pela Dª Joana. Naquele momento sentiu medo, medo da sua
família, medo do que iriam pensar os vizinhos, as pessoas
que a conheciam, medo das “opiniões”. A raiz desta
situação, a Dª Joana torna-se numa pessoa fechada, vítima
da depressão que a forçava a chorar insistentemente –
“quando eu chorava as pessoas perguntavam porque é que
chorava e eu respondia sempre que não era nada. Não tinha
coragem de afirmar a minha gravidez na cara das pessoas”
(sic).
Nunca sentiu vergonha. O que sentia era o receio de
exclusão, de ser rejeitada pela sociedade, pela sua
família, por aqueles que a rodeavam.
Passou todo o período de gravidez escondendo a barriga,
sem poder usufruir do apoio de ninguém. A dada altura,
sentiu-se disposta a abortar, o seu único impedimento foi
a carência económica que não lhe permitia que tal
intervenção fosse possível.

Foram surgindo sentimentos até à data ausentes, como o


amor. Amor este dirigido àquele ser que a pouco e pouco
se desenvolvia dentro de si, que fazia parte dela e que iria
fazer parte para o resto da sua vida.

Era Deus o protagonista das suas orações, era à Ele que


pedia ajuda para ter aquele filho com saúde, ajuda para
enfrentar os pais, ajuda para poder viver.
A dada altura, a gravidez já não passava despercebida a
ninguém. Nesta altura a Dª Joana contou com o apoio de
dois irmãos, que às escondidas ajudavam naquilo que
podiam. Não se podia saber que estavam a ajudar uma mãe
solteira, apesar desta se tratar da sua irmã, mas a verdade
é que a pessoa mais preconceituosa foi o seu irmão mais
velho, que proibiu aos outros dois irmãos de a apoiarem.

O irmão mais velho da Dª Joana era o reflexo da sociedade


portuguesa conservadora, preconceituosa, característica
daquela época.

A Dª Joana foi expulsa de casa, foi então que recorreu às


amigas para lhes dar abrigo e apoio a ela e ao ser que ainda
levava dentro de si.
Os pais de Dª Joana estavam no Algarve e não souberam da
notícia pessoalmente, pela voz de Dª Joana.

Uma criança sem culpa alguma, que não tinha pedido para
nascer, estava agora nos seus braços. Era essa criança agora
fonte de forças e coragem para seguir em frente. E ainda
hoje, a Dª Joana afirma que este acontecimento foi uma
benção para a sua vida.

Ao conhecer aquele rebento, fruto da força e esperança de


Dª Joana, os pais dela não tiveram coragem de não a aceitar,
e a partir daí aquela bebé passou a ser considerada parte da
família.
Qualquer mágoa e tristeza sentidas até a altura, não
passavam agora de más lembranças depositadas no baú das
suas recordações.

Hoje, mãe e filha amam-se com o mesmo amor surgido na


altura em que tudo parecia perdido na vida de Dª Joana.
CONCLUSÃO

Uma gravidez é motivo de alegria e orgulho quando é fruto


de uma união assumida e bem aceite aos olhos de todos.

O cenário muda quando a protagonista da gravidez é uma


mulher cujo estado civil continua a ser o de solteira.

As representações que a mulher tem acerca da gravidez


e a sua personalidade são influenciadas pela sociedade,
cultura, família e religião em que está inserida, o que irá
condicionar a aceitação ou não da gravidez.
Assim, a gravidez pode ser encarada por estas mulheres
como uma crise, uma doença, como recurso ou como um
dever a cumprir.

A mulher tem que se adaptar à mudança de papéis, ou seja,


passa da sua condição de mulher sem filhos para a de mãe.
No caso de se tratar de uma “mãe-solteira”, surge uma
preocupação crescente relacionada com a ausência da
figura paterna.

Assim, toda a mulher grávida e, principalmente, a “mãe


solteira”, necessita de apoio e acompanhamento durante
este período.
BIBLIOGRAFIA
! Macy, P., & Falkner, F. (1981). Gravidez e Parto:
Prazeres e problemas. Colecção “A psicologia e você”.
São Paulo: Harper & Row do Brasil Ltda.
! Ziegel, E. E., & Cranley, M. S. (1985). Enfermagem
Obstétrica. (8ª edição). Rio de Janeiro: Editora
Guannabara.
! Stright, B. , & Harrison, L.-O. (1998). Enfermagem
Materna e Neonatal. (2ª edição). Colecção “ Série de
Estudos em Enfermagem”. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan.
! Nascimento, A. C. (s.d.). Gravidez – Conflito e mudança
de identidade. http: // www. dricant. hpg. ig. com. br.
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geocities. com.
! (1998). Adolescência, gravidez e casamento. http: //
mulher.sapo.pt.
! (1999). Gravidez na adolescência. http: // mulher.sapo.pt.
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! Alberto (s.d.). Testemunhos. http: // saúde.sapo.pt.
! Oliveira, N. R. (s.d.). Gravidez e maternidade de
adolescentes. http: // www. unisantos. br.
! Ackerman, N. W. (1986). Diagnóstico e tratamento das
relações familiares (p. 29). Porto Alegre: Artes médicas.
Docente:
Celeste Duque

Discentes:
Ana Costa nº 592
Ana Terruta nº 594
Lisa Lino nº 606
Mónica Bota nº 608

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