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UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORTE DO TOCANTINS

CAMPUS DE TOCANTINÓPOLIS, 27 DE MAIO DE 2022


CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Disciplina: Antropologia III
Docente: Prof.ª Mariane da Silva Pisani
Discente: Cleynara Feitosa de Macedo Morais

Resumo do texto: Entrevista com Martine Segalen: Qual é a Antropologia


do parentesco e da família no século XXI? Um diálogo franco e brasileiro
com Martine Segalen

Ao observar o texto de Martine Segalen, percebe-se que a mesma


possui um olhar diferenciado da antropologia clássica desenvolvida por Claude
Lévi-Strauss, onde suas pesquisas antropológicas eram voltadas para as
sociedades indígenas, criando uma tendência a ser seguida por todos. Para
quebrar essa tendência, Segalen decide seguir um novo caminho em sua
forma de pesquisa, reinventando uma nova maneira de estudar o parentesco e
família no meio rural, como o texto cita:
A obra de Claude Lévi-Strauss é referência de um processo de
transformação no interior da disciplina pois, ao buscar a compreensão
das estruturas das ideias em sociedades simples e suas diferenças
em relação a nossa própria sociedade, este autor renovou a premissa
comparativa da Antropologia, até aquele momento concentrada na
diferença das sociedades por sua evolução técnica e material.
(ROCHA et al., 2001, p. 277)

Com um novo pensamento, fugindo dos parâmetros de uma antropologia


voltada para as sociedades indígenas, a autora pega esses conceitos de
parentesco e de família que antes eram pensados nos contextos indígenas e
introduz em um contexto rural, conseguindo assim, estudar a própria cultura
sob uma perspectiva comparativa. A mesma nos mostra ao longo do texto, o
quanto os estudos sobre parentesco e família eram importantes:
Neste sentido, desde o início de minha formação eu estive engajada
nos estudos sobre parentesco e família, tratando da reprodução, da
sucessão e da transmissão no contexto das sociedades rurais.
Tratava-se de pesquisas nas quais o tema do parentesco/ família
despontava como aspecto fundamental. (ROCHA et al., 2001, p. 280)

Ao longo da entrevista, Segalen relata sobre as mudanças ocorridas na


antropologia, ou seja, a passagem de uma antropologia que trabalhava com
sociedades indígenas, diferentes das sociedades e origem do pesquisador,
para uma antropologia que trabalha com a própria sociedade do pesquisador,
emprestando conceitos da antropologia clássica para falar desse lugar familiar
do antropólogo pesquisador. Com tudo, pode-se compreender que através de
Martine esses estudos se tornaram possíveis, uma vez que o objeto de
pesquisa já não é tão distante para o pesquisador, podendo ser seu próprio
lugar de origem, seu meio urbano.
Para Segalen, a antropologia pode tomar um novo rumo, ganhando
novas formas de acordo com as atualizações da modernidade, e é nessa visão
que ela critica a maneira pela qual Lévi-Strauss conduz a antropologia,
determinando uma tendência a ser seguida; por tanto, na visão de Lévi-Strauss
a pesquisa antropológica deveria ser feita em sociedades indígenas, mas
através dessa crítica de Segalen, podemos perceber que a antropologia pode
seguir novos rumos, com novas possibilidades de pesquisas, inserindo essas
pesquisas na sociedade urbana.
Para conduzir uma pesquisa urbana, a autora relata que é necessário
um certo distanciamento do que é familiar e um estranhamento para que não
venha corromper o processo de autoconhecimento; se abstendo de conceitos
familiares que irão danificar a formação de conhecimentos produzidos nesse
lugar familiar. Com isso, se torna importante que o pesquisador construa seu
conhecimento aos poucos, como a mesma fala que “a familiaridade do
pesquisador deve ser construída pouco a pouco, com questionários e
entrevistas flexíveis e deve-se evitar a aproximação com um questionário pré
estruturado.” (ROCHA et al., 2001, p. 282).
Outra questão que a autora relata é sobre o método de observação
limitado a um local, pois é preciso que o pesquisador limite seu local de
observação para ter um controle daquilo que está sendo pesquisado; por
exemplo, em uma pesquisa no meio rural, o pesquisador terá um controle de
sua pesquisa, uma vez que essas sociedades não se modificam a todo
momento, mas se essa pesquisa for no meio urbano, já se torna mais difícil,
pois segundo Segalen “no meio urbano esta atitude não é sensata e/ou é bem
mais complexa, uma vez que as pessoas estão espalhadas, as famílias
desmembradas, as comunidades locais fragmentadas ou, até mesmo, não
existem mais.” (ROCHA et al., 2001, p. 282),o que ela quer dizer é que a
sociedade urbana está se modificando a todo momento, sendo impossível o
pesquisador acompanhar tantas mudanças ao mesmo tempo em que elas
acontecem, fazendo que o mesmo perca o controle de suas pesquisas.
Diante de tudo que foi exposto, compreende-se que existem outros
meios de reinventar a antropologia e que devemos estar preparados para tais
mudanças. Como Segalen diz

É preciso nos darmos conta de que a Antropologia está se


transformando fundamentalmente, seja nos estudos na sociedade
moderna, seja nas ditas “sociedades exóticas”. Isto em razão das
próprias condições de investigação no campo, hoje, terem também se
transformado. (ROCHA et al., 2001, p. 283)

É através das transformações que a antropologia vai sendo moldada, se


tornando fundamental para a compreensão da sociedade e de suas constantes
modificações.
Referencias Bibliográficas

ROCHA, Ana Luiza Carvalho da et al. Entrevista com Martine Segalen: qual
é a antropologia do parentesco e da família no século XXI? Um diálogo
franco e brasileiro com Martine Segalen. Horizontes Antropológicos, Porto
Alegre, v. 7, n. 16, p. 277-295, 2001.

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