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Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7

Cadernos PDE

II
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDATICO- PEDAGÓGICA

Título: Culturas e Religiões: o ensino de história por meio dos mitos.


Autor: Angela Aparecida Bonan
Disciplina/Área: História
Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Colégio Estadual
Vercindes dos Reis – Ensino Médio
Município da escola: Paiçandu
Núcleo Regional de Educação: Maringá
Professor Orientador: Dra. Vanda Fortuna Serafim
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maringá
Relação Interdisciplinar: Língua Portuguesa, Inglês, Biologia, Geografia e Arte.

Resumo: A unidade didática está vinculada ao projeto de intervenção “Culturas e


Religiões: o ensino de história por meio dos mitos”, elaborando uma proposta de
ensino de história das religiões por meio dos mitos. Para tanto, apresenta-se por
meio dos mitos as diversidades culturais e históricas; evidencia-se similitudes
culturais e religiosas entre os diferentes povos e operacionaliza-se o conceito de
hierofania enquanto proposta para estudar os mitos.
Palavras-chave: História. Religião, Cultura, Mito.

Formato do Material Didático: Unidade Didática


Público: Alunos do 1º ano-Ensino Médio
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Professora: Angela Aparecida Bonan


Orientadora: Dra. Vanda Fortuna Serafim

CULTURAS E RELIGIÕES:
O ENSINO DE HISTÓRIA POR MEIO DOS MITOS.

MARINGÁ
2014
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Professora: Angela Aparecida Bonan


Orientadora: Dra. Vanda Fortuna Serafim

CULTURAS E RELIGIÕES:
O ENSINO DE HISTÓRIA POR MEIO DOS MITOS.

Unidade Didática apresentada à


Coordenação do Programa de
Desenvolvimento Educacional-PDE, da
Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, em convênio com a
Universidade Estadual de Maringá
como requisito para o desenvolvimento
das atividades propostas para o
período de 2014/2015 sob orientação
da Profª Drª Vanda Fortuna Serafim

MARINGÁ
2014
1. APRESENTAÇÃO

Sou professora de História há diversos anos e trabalhei com Ensino Básico e


Pré-Escola; nesse tempo foi possível observar que a religiosidade é muito presente
no cotidiano das pessoas e, também, na comunidade escolar.
De acordo com a Constituição Federal, no Artigo 210 – parágrafo primeiro
afirma: “O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”. Na Constituição
Estadual do Estado do Paraná no Artigo 183 – parágrafo primeiro afirma: “O Ensino
Religioso, de matrícula facultativa e de natureza interconfessional, assegurada a
consulta aos credos interessados sobre os conteúdos programáticos, constituirá
disciplina dos horários normais das escolas públicas de Ensino fundamental”.
Apesar das leis, na prática o processo é bem diferente. A diversidade de
crenças, por vezes, causa estranhamentos entre os membros da comunidade
escolar e discutir religiões e culturas distintas em sala de aula torna-se um tabu.
Partindo da curiosidade enquanto historiadora e da necessidade em lidar com um
novo desafio que impõe ao professor de História: o ensino das religiões e das
religiosidades, surgiu a proposta deste trabalho, cujo titulo é Culturas e Religiões: o
ensino de história por meio dos mitos.
É preciso reconhecer que as religiosidades são práticas culturais localizadas
temporais e espacialmente, podendo, portanto ser objeto de estudo da História.
Espera-se, por meio desse material apresentado, possibilitar o conhecimento
histórico de crenças existentes em localidades e períodos longínquos, mas que
trazem similitudes religiosas entre si e que nos permite uma melhor compreensão da
construção histórica.
A fim de fornecer um material que permita ao professor trabalhar as culturas e
religiões em diferentes sociedades históricas, está unidade está organizada de modo
a responder algumas questões: Porque estudar os mitos; Como os mitos se
relacionam com a sociedade do presente; A relação entre mito, história e religião;
Conhecendo os mitos de diferentes culturas; Trabalhando com o conceito de
hierofania e; Pensando o mito de forma interdisciplinar.
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2. POR QUE ESTUDAR OS MITOS?

Para entendermos porque é importante estudar os mitos é necessário


compreendermos alguns aspectos relevantes tais como o que é mito, onde e como
os mitos surgiram, como são os mitos e quais as suas funções. Para isso,
buscaremos apoio nas obras de três autores, Mircea Eliade em O Sagrado e o
Profano (2001), Roy Willis na obra Mitologias (2007) e Campbell (1988) em O poder
dos mitos, pois a partir daí poderemos compreender porque estudar os mitos.
Existem várias definições populares sobre a palavra mito, um exemplo é
considerar mito como ficção, falsificação. No entanto, nem sempre foi assim, pois
antes do século IV a.c, o mito era considerado história, com o surgimento da história
com Heródoto, na Grécia Antiga, o mythos passou a significar “ficção” e até “mentira”
em oposição a logos, a “palavra da verdade”. Essa não a interpretação aqui adotada
para pensar os mitos.
Segundo Campbell (1988), mitos são narrativas de visões sedutoras, histórias
com poder de moldar e controlar nossa vida. O controle sobre nossa vida pode ser
tão intenso a ponto de nos inspirar ou nos destruir. Para Robert Graves a definição
de mitologia é seria o estudo de quaisquer lendas religiosas ou heroicas que sejam
tão estranhas à experiência de um estudante que ele não consegue acreditar em
sua veracidade. Os mitos tem estreita ligação com as narrativas bíblicas, porém
Campbell discorda afirmando que nenhuma hagiologia incluindo a Bíblia é revelação
divina da verdade incontestável. (Apud. CAMPBELL, 1988)
O mito é tido como verdadeiro e incontestável de acordo com a sociedade e
crença religiosa a qual pertence, no entanto, o mito de outra sociedade ou de outra
ortodoxia é considerado como frutos da imaginação humana. Os mitos são
atemporais, ou seja, existem há milhares de anos e vão se modificando com o
passar do tempo e as transformações sociais ocorridas, não podendo identificar uma
data precisa na qual eles surgiram.

Porém em 1856, Muller explica a criação dos mitos pelos fenômenos


naturais, sobretudo, pelas epifanias do Sol e o nascimento dos deuses por
uma doença de linguagem o que originalmente não passava de um nome,
nomem tornou-se em uma divindade: Numem. (ELIADE, 2001, p. 11).

Os mitos são narrados com personagens diferentes em todos os continentes,


no entanto, os mitos geralmente são de origem e/ ou transformação e possuem
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similitudes como espírito, dualidade, metáfora e natureza. Segundo Mircea Eliade os


mitos são modelo exemplar no qual o homem religioso procura praticar em seu
cotidiano.

(...) Quanto mais o homem é religioso tanto mais dispõe de modelos


exemplares para seus comportamentos e ações. Em outras palavras,
quanto mais é religioso tanto mais se insere no real e menos se arrisca a
perder-se em ações não exemplares “subjetivas” e, em resumo aberrantes.
[...] A função mais importante do mito é, pois “fixar” os modelos exemplares
de todos os ritos e de todas as atividades humanas significativas;
alimentação, sexualidade, trabalho, educação, etc (ELIADE, 2001, p. 51).

Podemos perceber que os mitos não são apenas narrativas miraculosas que
aguçam a imaginação humana, eles possuem alguns requisitos necessários para
serem mitos e não apenas fruto imaginário de um ser humano em determinado
momento e um desses requisitos é sua durabilidade. Como podemos perceber nos
mitos de criação que existem a milhares de anos e ainda hoje alguns deles são
vistos como verdades absolutas. É interessante observarmos que para Eliade (2001)
os mitos são exemplos dos quais os homens religiosos seguem e quanto mais
religiosos mais conhecem e utilizam os mitos no seu cotidiano.
Campbell (1988) relata que os mitos devem ser interpretados como
metáforas, pois se os mesmos forem interpretados literalmente podem destruir vidas
e até mesmo causar mortes. Mas, ao mesmo tempo Campbell defende a
necessidade de se fazer rituais míticos que a falta da utilização de determinados
mitos também são responsáveis por algumas sequelas existentes na sociedade
podendo citar como exemplo a imaturidade masculina, pois devido a falta de um rito
de passagem de uma fase para a outra o mesmo passa a ter a idade cronológica
porém com a mesma imaturidade anterior.
Partindo dos aspectos acima descritos podemos perceber que é importante
estudar os mitos não porque os mesmos são narrativas sedutoras ou hagiologias
incontestáveis, mas, são narrativas complexas que tem como objetivo explicar a
origem das coisas e até mesmo o inexplicável (a origem do universo, do ser
humano, das doenças, classes sociais, morte). Fazer o indivíduo sentir-se integrante
de determinada sociedade e organizar as mesmas de modo que os pontos de vistas
sejam semelhantes para controlá-la. Podemos observar que em todos os
continentes e em todas as culturas existem mitos, porém o homem arcaico tornava-
se mais vinculados ao mito do que o homem da atualidade, isso ocorre devido aos
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grandes avanços científicos, embora os mitos ainda continuem encantando a todos


mesmo com as transformações sociais ocorridas.

ATIVIDADES

1. Pesquisar no dicionário de Língua Portuguesa o significado das seguintes


palavras: “mito” e “religião”.
2. Assistir o vídeo de abertura da série de TV norte-americana The Big Bang
Theory para, a partir da letras da música, trabalhar a teoria do Big Bang.
Site: https://www.youtube.com/watch?v=b1OiZmgyQoo
3. Realização, a partir da exposição do vídeo acima indicado, ilustrações e
resolver caça-palavras.
4. Apresentar o mito bíblico da origem do Universo, de acordo com o livro de
Gêneses.
5- Assistir o vídeo sobre mitologia grega- “A criação do Universo”
Site: https://www.youtube.com/watch?v=lEnytvhc8JM
6- Fazer um quadro comparativo com as semelhanças e diferenças sobre a
origem do Universo
7- Assistir o documentário sobre a mitologia grega: “Batalha dos deuses”
Site: https://www.youtube.com/watch?v=QZUTBniDZFM
11- Anotar as similitudes existentes com a(s) religião (ões) que eles
conhecem
12- Assistir o filme O pequeno Hércules
https://www.youtube.com/watch?v=MbcGFWlddiQ
13- Sugestão de livro: As 100 Melhores Histórias da Mitologia: Deuses,
heróis, monstros e guerras da tradição greco-romana.
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3. COMO OS MITOS SE RELACIONAM COM A SOCIEDADE DO


PRESENTE?

Ao falarmos de mito comumente, as pessoas o remetem a um tempo distante


como se na atualidade os mitos não existissem, no entanto, eles continuam
presentes no cotidiano das pessoas como sempre estiveram, porém como já foi
relatado anteriormente, os mitos passam por transformações de acordo com as
modificações sociais, econômicas, políticas e até mesmo religiosa. A obra A
psicanálise na Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia de autoria de Diana Corso e
Mario Corso é de importante auxílio a está compreensão, tanto por retomar modelos
originais, quanto por demonstrar como os mitos se reatualizam ou fundam novas
narrativas contemporâneas.
Um exemplo disto é a forma como a mulher foi pensada historicamente. Se
associada pelo Estado e pela Igreja a condição de mãe, historicamente, hoje nos
deparamos com diversos filmes relatando sobre a maternidade, como O bebê de
Rosemary que relata sobre a violação da mulher e os problemas que podem ou não
existir em um relacionamento entre mãe e filho e ao mesmo tempo é possível
compará-lo a narrativa mítica de Maria. (CORSO; CORSO, 2010).
Rosemary teve o desejo de ter o filho, mas devido ao pacto demoníaco que
seu marido fez o filho não era dele, a gravidez não ocorreu como esperada e o filho
e ela não tinham ligação. No filme ela não era passiva, ao contrário de Maria, a qual
engravidou por obra do Espírito Santo, e sempre foi passiva. Deve se esclarecer que
aqui não é uma crítica nem um elogio a Maria, mas sim uma comparação histórica
no papel da mulher. Em um determinado período, o período de Maria, a mulher tinha
que ser passiva, procriar e apenas cuidar dos filhos, casa e marido. No tempo de
Rosemary, após décadas de luta feminista, a mulher já não é passiva, ela luta por
seus objetivos, decide se vai ou não ter filhos. Vê-se, desta maneira, a narrativa
cinematográfica contribuindo uma nova leitura do papel e atuação da mulher na
sociedade contemporânea. (CORSO; CORSO, 2010).
Esta construção é sem dúvida conflituosa, tem-se de um lado o modelo de
Maria e do outro o de Rosemary, que não se encaixa tranquilamente no perfil da
primeira. Isso demonstra com as questões relativas a prática sexual, o casamento, a
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gravidez constituem-se em uma linha tênue entre sagrado e profano. (CORSO;


CORSO, 2010).
Mitos relacionados à economia, como a história de João e Maria, também
contribuem a nossa reflexão. Ambos foram soltos na floresta porque eram gulosos e
como comeram até as paredes da casa da floresta tiveram que pagar por isso. Na
verdade, podemos verificar que há algumas doutrinas religiosas que indicam que o
ser humano não pode ser guloso e que a gulodice é pecado, devendo ser evitada,
assim como qualquer forma de excesso. (CORSO; CORSO, 2010).
Em relação à política, podemos pensar em como as pessoas conseguem se
transportar para o mundo da fantasia e como esses mitos influenciaram no cotidiano
das pessoas durante a ditatura militar, por exemplo, quando os artistas não tinham o
direito de se expressar livremente, eram vigiados, censurados e punidos. Um
exemplo de rebelião contra a ditadura que podemos citar é o desenho de Peter Pan
na Terra do Nunca. O desenho mostra uma organização social, política onde sempre
ocorre uma revolução quando chega um adulto e tenta mudar a ordem das coisas.
(CORSO; CORSO, 2010).
Tendemos a separar realidade de fantasia, como se não vivêssemos nesta
última o tempo todo. Trabalhamos cinco dias na semana, os quais parecem ser
longos, intermináveis, mas, nesses dias estamos sonhando com o que fazer no fim
de semana, que parece ser dias muito curtos. E as férias com a qual sonhamos
durante onze meses no ano. Também fantasiamos as relações humanas, temos
amigos que acham que nossa vida é mais fácil que a dele e sem saber das
dificuldades que você teve ou tem que superar. Ou ainda, aqueles que pensam que
só na família dele existem os problemas, que na família dos outros os problemas
familiares são inexistentes. (CORSO; CORSO, 2010).
Nesse sentido, podemos analisar o mito familiar utilizando o desenho dos
Simpsons. Certamente a noção de família se modificou historicamente, na
Antiguidade Clássica a mulher gerava a criança e somente após o nascimento o pai
decidia se reconhecia a criança como filho ou não, caso tivesse algum tipo de
deficiência geralmente era abandonado, ideia impensável nos dias de hoje. A própria
questão do patriarcalismo, referência historiográfica para a leitura da história do
Brasil, inclusive, encontra novos limites, A família mudou socialmente, mas os
vínculos familiares também mudaram e aquele que outrora era autoridade máxima
agora não sabe direito como agir. O que antes fazia um casamento durar até que a
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morte os separe eram as condições sociais, os interesses econômicos e políticos.


Hoje o que faz um casamento continuar durando é o amor, o desejo, o respeito e a
admiração que um sente pelo outro, e não apenas contratos sociais. É exatamente
isso que o desenho dos Simpsons demonstra, que embora as muitas diferenças
existentes entre eles, principalmente pais e filhos o que mantém a família unida são
os interesses em comum, mas sim o amor que um sente pelo outro. Independente
de esse amor ser fraternal, maternal, paternal, conjugal, mas, o vinculo de maior
ligação entre eles é o amor, e entre o casal o amor e o desejo que ainda sentem um
pelo outro mesmo depois de anos de casados. (CORSO; CORSO, 2010).
Enfim, nossa sociedade está cheia de narrativas míticas que tenta nos ajudar
a viver a vida da melhor maneira possível, lidar com os nossos medos, anseios,
desejos e decepções. Não é, portanto, algo que fica por conta do passado. Está tão
impregnado em nossas vidas que se que nos damos, por vezes, conta dele.

ATIVIDADES
1- Aula expositiva sobre teoria criacionista e evolucionista;
2- Aula expositiva sobre os diversos tipos de famílias existentes na atualidade dando
ênfase a família patriarcal do passado e os casamentos arranjados e a liberdade de
escolher que a mulher possui na atualidade.
3-Assistir o vídeo Roberto Carlos: Esse cara sou eu charge. Com
https://www.youtube.com/watch?v=uZjmI4zVJeA
4-Assistir o vídeo História das mulheres
https://www.youtube.com/watch?v=_PJ0zyTF414
5- Assistir o desenho animado: Peter Pan e os Piratas O espirito Smee
https://www.youtube.com/watch?v=J87TXNe-3xo
Acesso: dia 07/11/2014 às 21 hs e 18 min
5- Assistir o filme: Alice no País das Maravilhas (2010) Completo HD
https://www.youtube.com/watch?v=JQb38iR_8jM
6-Em pequenos grupos os alunos deverão discutir sobre o que ouviram e assistiram
e produzir um texto coletivo;
7- Sugestão de livro: Alice no País das Maravilhas e Peter Pan
8- Sugestão de livro para o professor: A psicanálise na Terra do Nunca
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4. RELAÇÃO A ENTRE MITO, HISTÓRIA E RELIGIÃO.

Não é possível discutirmos a relação entre mito, história e religião sem antes
fazermos algumas considerações sobre a forma como o mito foi pensado
historicamente. Desde o período paleolítico o homem já possuía suas crenças, mito
e história, pois sabemos que a pintura rupestre que realizavam não era considerada
uma obra de arte, pois os mesmos nem tinha tal conceito, mas sim a crença no mito
que se eles fizessem a representação de um animal sendo capturado, na parede da
caverna, a caça se tornaria mais fácil no dia seguinte. No entanto, quando ele
deixava de ser nômade e torna-se sedentário, no período neolítico, ocorrendo,
portanto a transformação histórica, os mitos continuaram existindo e sempre
relacionados a crença e história humana, mas no neolítico, não são as pinturas nas
cavernas ou o mito dos senhor da feras. Segundo Eliade, no período paleolítico:

Os caçadores primitivos consideravam que os animais são semelhantes aos


homens, embora possuam poderes sobrenaturais; crêem que o homem
pode transformar-se em animal e vice-versa; que a alma dos mortos podem
penetrar nos animais, e finalmente, que existem relações misteriosas entre
uma pessoa e um animal determinado ( é o que se conhecia outrora pelo
nome de nagualismo). [...] De mais a mais, certo número de
comportamentos religiosos é especifico das civilizações dos caçadores: a
matança do animal constitui um ritual, o que implica a crença de que o
senhor das feras zela para que o caçador só mate aquilo de que necessita
para se alimentar e para que o alimento não seja desperdiçado; os ossos,
especificamente o crânio, têm um valor ritual considerável ( provavelmente
por se acreditar que eles encerram a “alma” ou a “vida” do animal, e que é a
partir do esqueleto que o senhor das feras fará crescer uma nova carne); eis
por que o crânio e os ossos longos são expostos sobre galhos ou lugares
altos; entre certos povos, envia-se a alma do animal morto para sua “ pátria
espiritual. ). (ELIADE, 2010, p. 21).

A descrição de Eliade nos ajuda a compreender como os mitos estão


associados ao seu lugar e tempo históricos de produção e são vívidos como
narrativas verdadeiras. Enquanto no paleolítico a caça e a coleta era a principal
fonte de alimentação para a sobrevivência, no neolítico o ser humano fixa-se em
determinada localidade e passa a produzir seu próprio alimento. Os mitos e crenças
do paleolítico continuam existindo, porém, no neolítico, além da modificação
histórica que é considerada até mesmo como uma revolução, a revolução neolítica,
e surgem outras crenças e outros mitos. Segundo Eliade:

A agricultura, propriamente dita, isto é, a cereralicultura, desenvolveu-se na


Ásia sul-ocidental e na América Central. A “vegetocultura” que depende de
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reprodução vegetativa dos tubérculos, raízes ou rizomas, parece ter origem


nas planícies úmidas tropicais da América e Sudeste da Ásia (...)
Tornando-se o produtor do seu alimento, o homem teve de modificar seu
comportamento ancestral. [...] Não menos consideráveis foram as
consequências da descoberta da agricultura para a história religiosa da
humanidade a domestificação das plantas (...) serviu de estimulo a criações
e inversões de valores que modificaram radicalmente o universo espiritual
do homem pré-neolítico (...) a “revolução religiosa” inaugurada pelo triunfo
da cerealicultura. (ELIADE, 2010, p. 48).

A partir dessas transformações históricas o homem começa a buscar novas


explicações então surgem os mitos de origem e a partir do conhecimento dos mitos
de origem explicado pelos cultivadores aprendemos também a justificativa religiosa
de seu comportamento:

Um tema bastante difundido explica que os tubérculos e as árvores que


produzem frutos comestíveis (coqueiro, bananeira, etc.) teriam nascido de
uma divindade imolada. O exemplo mais famoso chega-nos de Ceram, uma
das ilhas da Nova Guiné: do corpo retalhado e enterrado de uma jovem
semidivina, Hainuwele, crescem plantas até então desconhecidas,
principalmente os tubérculos. (ELIADE, 2010, p. 49).

Os mitos que surgem no neolítico deixam explicito que as plantas são


alimentos sagrados, pois surgiram do corpo de uma divindade e que ela não é
“dada” no mundo como o animal, mas o resultado de um acontecimento dramático
primitivo, no caso o “produto de um assassínio”. Existem outros mitos de origem
como:

Os cereais existem, mas no Céu, ciosamente guardados pelos deuses, um


herói civilizador sobe ao Céu, apodera-se de alguns grãos e os oferece aos
seres humanos. Jensem dava a esses dois tipos de mitologia os nomes de
“Hainuwele” e “Prometeu”, e os relacionava respectivamente com a
civilização dos paleocultivadores (vegetocultura) e com o dos agricultores
propriamente dito ( cerealicultura ). (ELIADE, 2010, p. 50).

Como podemos perceber nos exemplos acima durante muito tempo história,
mito e religião estavam juntos. Na atualidade procura-se fazer a separação entre
ambos, mas isto não é tarefa fácil, vamos utilizar o tempo para compreendermos tal
separação. Os mitos são atemporais, ou seja, aconteceram em determinado período
em que ninguém sabe definir quando e onde foi, porém em um determinado tempo e
local o mesmos aconteceram. O tempo histórico possui data e local onde os fatos
aconteceram. Já em questões religiosas o tempo ocorre de acordo com as
hierofanias, o tempo pode por fim ou inicio a um ciclo sagrado por meio de um ritual
mítico. Segundo Eliade:
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(...) o homem religioso conhece duas espécies de tempo: o profano e o


sagrado. Uma duração evanescente e uma “sequencia de eternidades”
periodicamente recuperáveis durante festas que constituem o tempo
sagrado. (ELIADE, 2001, p. 55)

Para o homem religioso o tempo profano é marcado por uma sucessão de


dias, meses e anos sem interrupção, porém na concepção de tempo sagrado ocorre
do seguinte modo:

O tempo litúrgico do calendário desenrola-se em ciclo fechado: é o Tempo


Cósmico do Ano, santificado pelas “obras dos deuses”. E visto que a obra
divina mais grandiosa foi a Criação do Mundo, a comemoração da
cosmogonia desempenha um papel importante em muitas religiões. O Ano
Novo é a dimensão temporal do Cosmos. Diz-se “ o mundo passou” quando
se escoou um ano.
A cada Ano Novo reitera-se a cosmogonia, recria-se o Mundo e, ao fazê-lo,
“cria-se” também o tempo, quer dizer, regenera-se o tempo “iniciando o” de
novo: É por esta razão que o mito cosmogônico serve de modelo exemplar
a toda “criação” ou “construção”, sendo utilizado também como meio ritual
de cura. Voltando a ser simbolicamente contemporâneo da Criação,
reintegra-se a plenitude primordial. O doente se cura porque recomeça sua
vida com uma soma intacta de energia. (ELIADE, 2001, p. 56)

A ideia do Eterno Retorno são ideias das religiões arcaicas e paleorientais


elaboradas na Índia e na Grécia, porém com o surgimento do judaísmo o tempo é
visto de modo diferente.

Para o judaísmo, o tempo tem um começo e terá um fim. A ideia de tempo


cíclico é ultrapassada. Jeová não se manifesta no tempo Cósmico (como os
deuses das outras religiões), mas num histórico, que é irreversível.
(ELIADE, 2001, p.58).

Ele complementa que:

O cristianismo conduz a uma teologia e não a uma filosofia da História, pois


as intervenções de Deus na história, e sobretudo, a Encarnação na pessoa
histórica de Jesus Cristo, tem uma finalidade trans histórica – a salvação do
homem (...) a História, em sua totalidade, torna-se, pois, se uma teofania:
tudo o que se passou na História devia passar-se assim, pois assim o
Espirito universal. (ELIADE, 2001, p. 59).

Por meio da leitura das obras de Mircea Eliade, O sagrado e o profano e


História das Crenças e Ideias Religiosas I é possível concluir que desde as primeiras
sociedades o ser humano foi formando a história da humanidade e das religiões por
meio dos mitos, ainda que esses acreditassem totalmente nos mitos e nem sequer
conhecessem a palavra religião e mito. Percebe-se que mito, história e religião
caminharam juntos por milhares de anos até que gradativamente uma vai se
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separando da outra. A história é vista de modo geral por todos, pois cada período é
igual nas diversas localidades. Já as religiões e os mitos cada ortodoxia religiosa
possui os seus ficando explicito que as religiões arcaicas e paleorientais, ou seja, as
mais antigas acreditam num retorno cíclico do tempo, enquanto as religiões
monoteístas como o judaísmo, o islamismo e o cristianismo não considera a ideia de
um tempo cíclico, sendo essa ideia já ultrapassada pela História.

Atividades

1- Apresentar quadro comparativo do período Paleolítico, Neolítico e Idade dos


Metais explicando a modificação do mito de acordo com a modificação econômica.

2- Assistir o vídeo: Modo de vida dos homens do Paleolítico

Site: www.youtube.com/watch?v=7-imvjF3IjI

3- Discutir as noções de “crença” e “religião”

4- Diferenciar mito, religião e história.

5- Discutir a importância da pintura rupestre para os paleolíticos e das esculturas


para os neolíticos.

6- O que diferencia as religiões orientais e paleorientais das religiões monoteístas


em relação ao tempo?

7- Mostrar para os alunos as principais religiões, crenças e seguidores no Brasil


segundo IBGE de 2010

site: www.suapesquisa.com.religioesociais/religioes_brasil.htm

8-Em grupos, os alunos deverão ir ao laboratório de informática e pesquisar sobre


os diversos tipos de religiões existentes no Brasil, as indicações de pesquisa serão
dadas pelo professor (a).

9- 10-Sugestão de livro para o professor: História das crenças e das ideias


religiosas, de Mircea Eliade.
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5. CONHECENDO OS MITOS DE DIFERENTES CULTURAS

5.1 Mitos de criação do mundo

O ovo cósmico na África.

Os dogmas de Mali acreditam que a criação começou com uma deidade


chamada Amma, um ovo que era a semente do cosmo. Ela vibrou sete
vezes, então se abriu e revelou um espírito criador Nommo. Este caiu na
terra e foi acompanhado por uma gêmea feminina, e mais quatro pares de
Nommos. Estes criaram e organizaram o céu e a terra, a sucessão de dia e
noite, as estações e a sociedade humana. A ideia de um ovo cósmico como
origem do universo é disseminada em toda a África. ( WILLIS, 2007, p. 266).

A ordem a partir do caos na China

O relato chinês mais importante da criação descreve como o mundo foi


formado por uma divindade primitiva chamada Pan Gu, cujo culto sobrevive
entre povos que representam uma minoria no sul da China, tais como miao,
os Yao e os li. Dizem que ele era filho do Yin e do Yang, as duas forças
vitais do universo. Na escuridão de um imenso ovo primordial, Pan Gu
passou exigir e cresceu por 18000 anos, até o ovo se partir. A luz e as
partes claras do ovo flutuaram para o alto e formando os céus, e as partes
pesadas e opacas afundaram para formar a terra. Pan Gu levantou-se. Para
evitar que a terra e o céu fluidos se ajuntassem novamente, ele ficou mais
alto, separando o solo e o céu por 3 metros por dia. Depois de mais de
18000 anos, a terra e o céu consolidaram-se em suas posições atuais, e
Pan Gu, exausto, deitou-se para descansar. Ele morreu, e seu hálito virou
vento e as nuvens, sua voz, o trovão, seu olho esquerdo, o sol, o olho
direito, a lua, e seu cabelo e fios de barba, as estrelas do céu. As outras
partes de seu corpo tornaram-se os elementos que compõem a terra,
incluindo as montanhas, rios, caminhos, plantas, árvores, metais, pedras
preciosas e rochas. Seu suor foi transformado em chuva e orvalho. O
mito de Pan Gu atingiu essa forma no século III d.C., embora Pan Gu em si
seja mencionado em textos anteriores. Em uma das muitas versões
posteriores, a alternância da noite e do dia é explicada pelo abrir e fechar os
olhos de Pan Gu. ( WILLIS, 2007, p. 90).

O Mito da Origem dos Incas - América do Sul

Aqui, segundo uma versão, Viracocha criou um mundo de escuridão,


povoados por uma raça de gigantes que ele havia moldado em pedra. No
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entanto, essa primeira espécie desobedeceram a seu criador e foram


punidas, sendo transformadas novamente em pedra em lugares como
Tiwanaku e Pukara, ou sendo engolfadas por uma grande inundação
enviada por Viracocha. Os únicos sobreviventes, um homem e uma mulher,
foram magicamente transportados para a morada do deus em Tiwanaku.
Em sua segunda tentativa, Viracocha criou seres humanos a partir da argila,
pintando neles roupas que distinguem cada nação e dando-lhes hábitos,
línguas e canções diferentes além de sementes que pudessem cultivar.
Depois de soprar vida em suas criações, Viracocha lhwes ordenou que
descessem à terra e surgissem das cavernas, lagos e montanhas; eles o
fizeram, e cada nação fundou santuários em honra ao deus nos lugares
onde eles retornaram. Para trazer luz ao mundo, Viracocha ordenou que o
sol, a lua e as estrelas surgissem da Ilha do Sol no lago Titicaca, donde eles
subiram aos céus. Quando o sol subia para o céu, Vircocha chamou os
incas e seu líder, Manco Capac, profetizando que eles seriam senhores e
conquistadores de muitas nações. Ele deu a Manco Capac um cocar e um
machado de batalha com insígnia e arma da realeza. Esse novo rei então
levou seus irmãos e irmãs para a terra, onde emergiram da caverna de
Picariqtambo. Esse mito central da criação não apenas apresenta uma
reformulação inca das antigas crenças andinas como também,
provavelmente preserva a influência cristã. Histórias de uma grande
inundação, os primeiros homem e mulher, a descrição de Viracocha como
um homem branco e as jornadas realizadas por ele como figura heroica
surgem os ensinamentos de sacerdotes católicos na tentativa de suprimir o
paganismo nativo. Segundo um mito contemporâneo da comunidade de
Q’erro, próximo de Cuzco, houve um tempo antes da existência do sol em
que o mundo era povoado por poderosos homens primitivos. Roal, a
deidade criadora, ofereceu a esses homens o próprio poder, mas eles
responderam que não precisava dele. Para puni-los Roal criou o sol. Lês
ficaram cegos e seus corpos secaram, mas eles não morreram e às vezes
ainda surgem dos esconderijos ao pôr-do-sol e na lua nova. Os apus, (
espíritos da montanha) criaram então um homem e uma mulher, Inkari e
Collari. Inkari recebeu um cajado de ouro e foi instruído a formar uma
cidade no lugar onde o cajado, quando atirado, caísse na vertical. Na
primeira vez que o atirou, o cajado caiu errado. Na segunda vez caiu
inclinado, e ali Inkari construiu a cidade de Q’erro. Apus, furioso com sua
desobediência ressuscitou os homens primitivos, que rolaram blocos de
pedra contra Inkari tentando matá-lo. Ele fugiu para a região do Titicaca por
algum tempo. Ao voltar, atirou o cajado de novo: caiu em ângulo reto, e no
local ele fundou a cidade de Cuzco. Inkari então mandou seu filho mais
velho estabelecer uma população em Q’erro, e o resto de seus
descendentes tornaram-se os primeiros incas. Com Collari, Inkari viajou por
toda a terra distribuindo seu conhecimento às pessoas e finalmente
desapareceu na selva. (WILLIS, 2007. p. 254).

5.2 Mitos de origem das enfermidades

Prometeu e Pandora – Grécia

A história de Pandora, criada após o homem e fonte de muitos infortúnios


humanos, servia para os gregos justificarem a posição inferior das mulheres
17

na sociedade. Embora não tenha se unido aos titãs na oposição a Zeus,


Prometeu ainda se ressentia com a derrota de sua raça e buscava desforra
encorajando homens, que haviam sido tratados como iguais nos tempos de
Crono, mas agora eram considerados inferiores aos deuses. (Em um relato,
o próprio Prometeu criou o primeiro homem, Fenon com argila e água).
Zeus ficou furioso com a maneira com que Prometeu protegia a nova raça,
e por vingança retirou o fogo dos humanos, que eram forçados a viver sem
calor nem luz. Mas Prometeu veio em auxilio deles e roubou uma chama de
fornalha do deus Hefaístos, escondida em um talo de funcho. Zeus pediu
então ao deus Hefaístos para fazer a primeira mulher, Pandora, com terra.
Após Atena e as outras deusas a enfeitarem com beleza, elegância e
fascinação, e Hermes ensiná-la a enganar, ela foi enviada com um jarro ( “a
caixa de Pandora”) como presente de Epimeteu, irmão de Prometeu. Ele
apresentou-a a sociedade, após o que ela abriu a caixa e soltou seu
conteúdo: mal e doença. Somente a esperança permaneceu dentro. Tendo
assim punido os humanos, Zeus atacou Prometeu, prendendo-o em uma
rocha e mandando uma águia bicar seu fígado. Toda vez que a ave
dilacerava o órgão, esse crescia de novo e a tortura recomeçava. A agonia
de Prometeu durou milhares de anos, até que ele foi libertado por Héracles.
.( WILLIS, 2007, p. 131).

As causas das enfermidades – África

Na filosofia médica do povo iorubá da Nigéria, que foi trazido a terra pelo
deus Ifá, todas as pessoas têm em seu corpo os agentes causadores de
doenças. Esses agentes são diversos tipos de “vermes”, e um certo
numero de cada tipo fica normalmente alojados em “bolsas” localizadas em
diferentes partes do corpo. Dizem que sua presença é necessária para a
manutenção da saúde: a doença ocorre somente quando os “vermes” se
multiplicam excessivamente e explodem suas “bolsas”. Para evitar que isso
aconteça, é preciso manter moderação ao comer, beber e fazer sexo. No
outro lado da África, o povo mandari do sul do Sudão atribui as principais
causas das doenças à invasão do corpo da pessoa afetada por espíritos, ou
alguma bruxaria feita por um inimigo. A enfermidade causada por um
espírito do céu manifesta-se como dor na cabeça ou na parte superior do
corpo. A cura é um sacrifício ritual para se convencer os espíritos a se
retirarem. Idéias similares de enfermidades por invasão ou possessão por
espíritos ocorrem no xamanismo nas regiões árticas, na América do Norte e
em outros lugares. ( WILLIS, 2007, p. 23).

5.3 Mitos escatológicos

O fim do mundo - América Central e Ciclos de destruição - Tradição asteca

A maior ênfase sobre catástrofes globais provavelmente é encontrada na


América Central. Segundo tradições astecas, o conflito constante entre as
18

divindades associadas a cada um dos quatro quadrantes do universo


acarretou uma série de cataclismos. A primeira era findou com o mundo
sendo consumido por jaguares, a segunda foi destruída por um grande
furacão, a terceira por incêndio e a quarta por inundação; estamos agora no
quinto mundo, que está fadado a ser devastado por terremoto. ( Willis,
2007, p. 26)

Fim do mundo – EUA – povo hopi

Outra versão desse mito é contada pelo povo hopi diz que o primeiro mundo
foi destruído pelas más ações humanas, por um incêndio voraz que veio do
alto e de baixo. O segundo mundo terminou quando o globo terrestre
tombou de seu eixo e tudo foi coberto por gelo. O terceiro mundo findou
num dilúvio universal. O mundo atual é o quarto; seu destino dependerá de
seus habitantes se comportarem ou não de acordo com os planos do
Criador. (Willis, 2007, p.26)

Oriente Médio e o fim do mundo hebreu.

Às vezes, uma catástrofe global é vista no mito como uma punição


merecida infligida pelos deuses, devido sua insensatez ou maldade da
espécie humana. A história hebraica da Arca de Noé é uma versão familiar
dessa ideia: Noé e sua mulher, com os animais que salvam, são os únicos
sobreviventes de um grande dilúvio causado por Deus como punição pela
pecaminosidade do mundo. (Willis, 2007, p.26)

O fim do mundo na mitologia indiana

Manu, o primeiro homem ganha a gratidão de um pequeno peixe que ele


salva de ser comido por outros maiores. Posteriormente, o peixe, que
atingira um tamanho enorme, avisa Manu sobre um eminente dilúvio
cósmico e o orienta sobre como construir um navio e estocá-lo com “ a
semente de todas as coisas”. O peixe gigantesco então reboca a nave
carregada até um destino seguro. ( Willis, 2007, p. 26)
19

ATIVIDADES

1-Leia os mitos de origem e descreva quais são os elementos comuns entre eles.
2- Segundo o mito de origem dos incas, qual é o local sagrado citado no texto?
3-Como no mito inca é explicita a separação das classes sociais?
4-Cite uma localidade considerada sagrada em nosso Estado? Existe algum mito
sobre esse lugar? Qual? Você já foi a esse local? Se já foi como você descreve ele?

ATIVIDADES INVERSAS
5- Com as palavras abaixo elabore um caça-palavras, depois troque com um colega
para ele resolver seu caça-palavras e você resolver o dele:

Pandora, Prometeu, Zeus, Titãs, Hefaístos, Atena, Hermes, Epimeteu, Herácles,


Fenon, Caixa de Pandora.

6- Elabore questões cujas respostas são as palavras do caça-palavras.


7-Quais as semelhanças existentes entre os mitos escatológicos?
8- Em grupos os alunos deverão ir ao laboratório de informática e pesquisar sobre a
religião e cultura dos povos dos mitos citados acima. (Usar sorteio e cada grupo
deverá apresentar o resultado para o outro).
9-Os grupos deverão apresentar o resultado da pesquisa para os colegas em forma
de jornal falado
Sugestão de filme: Noé
https://www.youtube.com/watch?v=aH20hjDK0iQ
Sugestão de leitura para o professor: Mitologias de Roy Willis.
20

6. Trabalhando conceito de hierofania

Para falarmos sobre hierofania primeiro é necessário fazer a diferenciação


entre sagrado e profano. Podemos dizer que profano é tudo aquilo que se opõe ao
sagrado. O primeiro caracterizar-se-ia pelo caráter mudando e o segundo pelo
caráter transcendente. (ELIADE, 2010).
A hierofania é a manifestação do sagrado. Fazendo uma comparação desse
modo hierofania parece simples de ser compreendida, no entanto, a hierofania é
muito mais complexa do que pode parecer; pois pode variar desde a manifestação
em pedras, metais, animais, vegetais até seres humanos. (ELIADE, 2010).
Então o que não é hierofania ou quando são consideradas como hierofanias?
Comecemos pelo tempo, do ponto de vista profano o tempo é uma simples
continuação constante, já para o homem religioso o tempo é um ciclo no qual é
possível reviver determinadas manifestações sagradas através de ritos, podemos
citar como esses ritos a páscoa para os judeus, a santa ceia para os cristãos e o
ramadã para os islâmicos. (ELIADE, 2010).
A hierofania pode ser algo particular, que tem um grande apreço individual
como um presente de grande valor sentimental, mesmo que não tenha valor
econômico, foto de um lugar onde esteve pela primeira vez realizando a viagem dos
sonhos, ou até mesmo aquele lugar como a Caaba para os islâmicos, o Vaticano
para os católicos, Jerusalém para os evangélicos e judeus. Ou seja, todo ser
humano, religioso ou não, tem algo que lhe é sagrado. (ELIADE, 2010).
As hierofanias podem ser locais, ou seja, ser considerada manifestação
sagrada em determinados lugares e em outros não ou ser consideradas universal
que são aquelas consideradas sagradas em muitos, ou em praticamente em todos
os lugares como a árvore cósmica, por exemplo. Mas para ser considerada uma
hierofania geralmente a manifestação do sagrado ocorre mais de uma vez e, sempre
apresentando similitudes entre elas, essas manifestações sempre ocorrem de
acordo com o período histórico, por exemplo, durante o período paleolítico os
animais eram considerados sagrados, por isso, os caçadores após matarem os
animais faziam rituais com crânio, pois acreditavam que através dos rituais os
animais ressurgiram. Durante o período neolítico, eram as plantas que eram
consideradas sagradas, pois o homem neolítico acreditava que as plantas tinham
21

nascido das partes do corpo de um ser humano que após um assassínio brotavam
algum tipo de planta. (ELIADE, 2010).
E os seres humanos como e em quais situações eram consideradas
sagrados? Existem várias situações nas quais os seres humanos são considerados
sagrados ou manipuladores do sagrado.

[...] Entre estes indianos, todos os que são olhados como feiticeiros têm
geralmente aparência exterior miserável e aspecto repugnante. Readle
afirma que no Congo todos os anões e todos os albinos se tornam
sacerdotes. Não podemos pôr em duvida que o respeito geralmente
inspirado por este gênero de homens tenha sua origem na ideia de que são
dotados de um poder misterioso. O ato de os xamãs, os feiticeiros e os
curandeiros serem frequentemente recrutados entre os
neuropatas...denotam uma escolha, aqueles que possuem não têm outro
caminho senão de se submeterem à divindade ou aos espíritos que assim
os distinguiram, tornando-se sacerdotes, xamãs ou feiticeiros...a vocação
religiosa aparece frequentemente por ocasião dos exercícios rituais a que,
de boa ou má vontade, se submete o candidato, ou de uma seleção
efetuada pelo feiticeiro. Mas trata-se sempre de uma escolha. (ELIADE,
2010, p.24).

Porém o mais comum, em geral, era os reis serem considerados com uma
manifestação do sagrado devido sua posição hierárquica conforme podemos
observar no relato de Eliade:

[...] Devido à sua própria situação real, o rei é um reservatório pleno de


forças e, consequentemente, só é possível uma aproximação de sua
pessoa tomando certas precauções: o rei não deve ser tocado, nem olhado
diretamente, assim como também não se lhe deve dirigir a palavra. Em
certas regiões o soberano não deve tocar a própria terra, pois poderia assim
torná-la estéril devido às forças em si acumuladas; portanto, torna-se
necessário que seja transportado, ou então deverá caminhar sobre um
tapete. As precauções tomadas com os santos, com os sacerdotes ou com
os curandeiros explicam-se pelos mesmos receios. (ELIADE, 2010, p. 22).

Por isso que geralmente, no livro bíblico é comum descreverem que quando
uma pessoa dirigia a palavra a um rei sem ser autorizada a mesma poderia até
mesmo ser morta. E essa crença não era de uma única localidade, mas de todos os
lugares onde existia o reinado. Além de todos os elementos citados como hierofania,
também existem os alimentos:

“Alguns alimentos a tal ponto são santos que mais vale nunca os comer, ou
comê-los apenas em pequenas quantidades”. É por isso que, em Marrocos
os visitantes dos santuários ou os participantes de uma festa comem
pouquíssimo dos frutos ou pratos que se lhe oferecem . (ELIADE, 2010, p
23).
22

Enquanto para algumas crenças o alimento é tão sagrado a ponto de não


comer ou quase não comê-los como o mel e o trigo para outras é tão profano,
impuro a ponto de não poder comer como a carne suína e outros alimentos por
exemplo. Segundo Eliade, existem alguns princípios sobre a complexidade do
fenômeno religioso “primitivo”:

1º o sagrado é qualitativamente diferente do profano, embora se possa


manifestar de qualquer modo e em qualquer lugar no mundo profano, e tem
a capacidade de transformar todo objeto cósmico em paradoxo por
intermédio da hierofania. 2º esta dialética do sagrado é valida para todas as
religiões e não apenas para as pretensas “formas primitivas”. 3º em
nenhuma parte se encontram unicamente hierofanias elementares... mas
também vestígios de formas religiosas consideradas, na perspectiva das
concepções evolucionistas, como superiores (seres supremos, leis morais,
mitologias). 4º encontramos por toda parte, e até além desses vestígios de
formas religiosas superiores, um sistema de onde se vêm ordenar as
hierofanias elementares. (ELIADE, 2010. p. 35).

As hierofanias estão estabelecidas de acordo com as crenças religiosas do


ser humano e tem haver com a forma como ele se relaciona com o sagrado. O que é
sagrado para um, pode não ser para outro, o que gera o estranhamento diante de
certas hierofanias. Todavia, a relação com o sagrado, só se dá na experiência
humana e subjetiva, não podendo ser apreendida pela História. Ao historiador cabe
o estudo das manifestações históricas do sagrado, ou seja, como um determinado
grupo de pessoas se organiza em função de uma crença. O historiador não deve
estudar religiões com o intuito de dizer se ela é falsa ou verdadeira, mas
compreender como seres humanos inseridos em tempo e espaço se organizam em
função dela.

ATIVIDADES
1-Pesquisar o significado de “hierofania” e “profano”.
2-Fazer um quadro comparativo de alimentos considerados sagrados, profanos e
tanto sagrados quanto profanos.
3 - Desenhar objetos considerados sagrados de acordo com as religiões
4- Assistir: A história de Ester - Desenhos da Bíblia - Uma mensagem de fé,
esperança e amor.
http://www.youtube.com/watch?v=Imj1_KUBOIM
23

7. Pensando mito de forma interdisciplinar

Fim do mundo! Assunto polêmico que já causou medo em milhares de


pessoas, gastos para outras e lucro para as que não tiveram medo, pois é comum
em determinados períodos ouvirmos falar que o mundo vai acabar em tal ano, ou até
mesmo em tal dia. Observamos que muitas pessoas ficam apavoradas e geralmente
nesse período também assistimos reportagens de pessoas que gastaram milhões
para construírem fortalezas para se proteger do fim do mundo, mas até hoje o fim do
mundo não chegou exceto para aqueles que por outros motivos morreram. (Globo
Reporte – fim do mundo (2012) completo).
Os mitos, a religião e a ciência também relatam sobre o fim do mundo,
veremos o que cada uma aborda sobre o assunto. Os mitos explicam a origem, a
transformação das coisas e também desastres cósmicos que segundo eles
ocorreram ou então que vão ocorrer. Alguns exemplos de desastres cósmicos que
resultaram no fim do mundo, ou melhor, dizendo de quase toda a população, pois
geralmente há um pequeno número de sobreviventes, um casal exceto na Arca de
Noé que foi uma família. Existem vários mitos que relatam que o mundo teve fim por
inundação e a inundação ocorreu porque Deus ou os deuses estavam descontentes
com a humanidade e resolveu puni-los. O interessante é que esses mitos são
relatados por povos de diferentes localidades como povos da Suméria-Babilônia,
Grécia, Índia e até mesmo na América Central pelos astecas. Os astecas diziam que
o mundo já teve fim quatro vezes, sendo que o quarto foi por inundação e agora
estão no quinto mundo o qual será devastado por terremoto. Outro povo, também da
América Central diziam que o mundo terminou com incêndio, gelo, inundações o
próximo fim dependerá se seus habitantes se comportarem ou não de acordo com
os planos do seu Criador. Embora existam várias similitudes entre esses mitos,
inclusive com o cristianismo que acredita que Deus já puniu a humanidade com um
dilúvio onde apenas Noé e sua família sobreviveram, precisamos nos atentar que os
mitos são de continentes diferentes e de um período histórico em que a
comunicação era de difícil acesso e para se locomover de uma região para a outra
eram muito complicado e perigoso, pois os meios de transportes eram totalmente
rústicos. ( Willis, 2007).
A ciência e a religião também relatam sobre o fim do mundo, mas o que elas
dizem sobre o assunto? Para abordarmos o que as religiões relatam sobre o assunto
24

primeiramente devemos falar sobre o que é escolástica. A escatologia refere-se ao


conjunto de crenças sobre o destino final do homem e do universo. O nome teve
origem na Grécia. É um termo erudito que passou a ser mais conhecido no fim do
século XIX e se tornado mais popular no século XX. Esse termo era utilizado pelas
religiões hebraicas e cristãs, e passou a ser usada pelos historiadores das religiões
e por especialistas que estudam os povos e etnias, suas culturas e características. A
escatologia e o mito possuem discursos diferentes. A escatologia busca encontrar
por meio de profecias o futuro enquanto que o mito relata o passado, no entanto, um
acaba auxiliando o outro devido a aproximação existente entre ambos. Segundo Le
Goff:

Por fim, a aproximação entre mito e escatologia tem a vantagem de iluminar


toda uma exegese de escatologia bíblica que tende para a desmitologização
da escatologia judaico-cristã. É este o caminho seguido por Bultmann
[1954;1957]. Trata-se de desembaraçar a escatologia cristã dos mitos da
criação, devidos em grande parte a influência grega e que a desviam do seu
verdadeiro objetivo – o fim dos tempos, para conduzi-la às origens, o que
toma inútil a ideia de instauração de uma nova era, transformando-a no
regresso à originária. Jesus Cristo não é fenômeno histórico do passado,
mas está sempre presente com uma palavra de graça. (LE GOFF, 1990.p
286).

Segundo especialistas de História das religiões as formas de crença no fim do


mundo

O Hinduísmo, o Budismo e a maior parte das escolas do universalismo


chinês ensinam que o cosmos está numa alternância perpetua de situações:
aparece periodicamente um universo que depois desaparece numa
catástrofe. Depois de um período de repouso, começa a formar-se um novo
universo que, depois de ter durado muito tempo, é, por sua vez, destruído.
E esta sucessão prossegue, sem começo nem fim. (Le Goff. História e
memória. 1990. P 286).

As sociedades primitivas acreditavam no fim do mundo e essa crença


estabelece três motivações diferentes para o fim: um seria que o mundo vai acabar
por culpa dos homens que cometeram pecados ou faltas rituais, outro motivo será
simplesmente por vontade de Deus que porá um fim no mundo e o terceiro motivo
pode ser porque o Criador depois de criar o universo adormeceu e quando ele
acordar vai derrubar o céu sobre a terra, fazendo desaparecer toda a vida. Não é a
toa que os celtas, lapões e esquimós temiam a queda do céu. Já os indo-
germânicos tinha temor de um terrível inverno, enquanto que os índios da América
do Norte acreditavam que quando o mundo estivesse velho e usado a terra
25

afundaria no oceano. Na Europa Atlântica acreditavam que a terra seria submergida


pelo oceano. Mas, da Babilônia ao Extremo Oriente, do Egito ao Ártico os habitantes
não demonstravam o desejo de um mundo melhor nem temor em ralação ao fim do
mundo. (LEGOFF, 1990).
Atualmente áreas científicas como a ciências e a Geografia e outras tem se
demonstrado muito preocupadas com o futuro do planeta, pois segundo
pesquisadores a ação humana tem interferido no meio ambiente e estas
interferências trazem serias consequências para a humanidade, sendo a mais
preocupante, o aquecimento global que destrói a camada de ozônio e por isso o
planeta esteve no século passado mais quente que nos últimos cinco séculos.
Várias medidas foram tomadas para evitar que a camada de ozônio seja destruída,
pois as consequências do aquecimento global são: degelo, desertificação, alteração
do regime de chuvas, inundações e redução da biodiversidade1.
Podemos concluir que seja na religião, na ciência ou na sociedade existe a
preocupação com o fim, para uns o fim será de determinada forma para outros de
outras. Para alguns o fim chega quando a pessoa morre, para outros o fim será
determinado por Deus e outros acreditam que o fim será devido a destruição do
meio ambiente. Ou seja, acredita-se que o fim chegará devido às atitudes humana,
seja por não respeitar a natureza ou desrespeitar a vontade e planos do Criador. (
Willis, 2007)

ATIVIDADES

1-Em grupos, os alunos devem elaborar um quadro comparativo com as


possibilidades de fim do mundo, segundo a mitologia, a religião e a ciência; e expor
para turma.

2. Sugestão de filme: A Natureza contra-ataca


https://www.youtube.com/watch?v=DcX6Wq4ZHCY

1
Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/aquecimento-global.htm. Acesso: 11/11/2014.
26

Referências:
.
BARRIE. James Mattheus, 1860-1937. Peter Pan. Ilustração Tradução: Hildegard
Feist. 1988 Ilustração by Michael Foreman. Preparação: Denise Pegorim. 1937 by
Fundação Hospital Infantil de Great Ormond Street, Londres.

CAMBELL, Joseph. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Pallas
Atenas, 1990.

CAROLL. L. Alice no País das Maravilhas. ( Charles Lutwidge Dogson 1832-1898).


Ilustrações:Sir John Tenniel (1820-!914).Tradução: Clélia Regina Ramos. Editorial
Arara Azul. 2002

CORSO, Diana Lichtenstein; CORSO, Mário. A psicanálise na Terra do Nunca:


ensaios sobre a fantasia. Porto Alegre: Penso Editora, 2011.

ELIADE, M. História das crenças e das ideias religiosas, vol. I: da Idade da Pedra
aos mistérios de Elêusis. Trad. Roberto Cortes de Lacerda. Rio de Janeiro: Zahar,
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ELIADE, M. O sagrado e o profano. Tradução de Rogério Fernandes. São Paulo:


Martins Fontes, 2001.

ELIADE, M. Tratado de história das religiões. Tradução Fernando Tomaz e Natália


Nunes. São Paulo: Martins Fontes, 2010. FRANCHINI, A. S / SEGANFREDO,
Carmen. As 100 Melhores Histórias da Mitologia: Deuses, heróis, monstros e
guerras greco-romana. 9ª.ed.Porto Alegre: L&PM, 2007.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão. Campinas. São


Paulo: Editora da UNICAMP, 1990.

Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes curriculares da


Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do estado do Paraná.-
Ensino Religioso. Curitiba: SEED- PR; 2008.
27

Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes curriculares da


Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do estado do Paraná.-
História.. Curitiba: SEED- PR; 2008.

WILLIS, Roy. Mitologias. Deuses, heróis e xamãs nas tradições e lendas de todo o
mundo. São Paulo: Publifolha, 2007.

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