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FACULDADE DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA-FET

Licenciatura em Agropecuária

Cadeira de: Antropologia Cultural em Moçambique

Temas:
 O domínio do Simbólico;
 O estudo dos rituais em Moçambique;
 Os ritos de passagem;
 Rituais como mecanismos de reprodução social;
 Feitiçaria, Ciência e Racionalidade;
 Cultura, tradição e religiosidade no contexto sociocultural do Moçambique moderno;
 Modelo religiosos endógenos vs Modelos religiosos exógenos;
 A emergência de secretismo religiosa e de Igrejas messiânicas em Moçambique.

Universidade Pedagógica de Maputo


2022
Discentes:
Alberto António Afonso
Erasmo Ngulela
Lúcia Mahesse
Quitéria Isac
Suzana

Trabalho de pesquisa a ser apresentado ao


Departamento de Ciências Agropecuárias,
UP-Maputo, na disciplina de Antropologia
Cultural em Moçambique para efeitos de
avaliação, sob orientação Doutor Cássimo
Jaime Neuara.

Universidade Pedagógica de Maputo

Setembro,2022
Introducao

No presente trabalho abordar-se-á sobre Antropologia Cultural no contexto das outras


ciências, com aspectos relacionados com os pressupostos da emergência da antropologia e
das teorias subsequentes, com as características da cultura, com a cultura material e
finalmente com o parentesco, o simbolismo que existe no interior de toda a ação humana, que
na produção material ou mesmo no parentesco. Nessa unidade vai se aprender o que existe do
lado imaterial dos homens, desde o conjunto de ideias, símbolos, crenças, religiões, etc. A
formação dos grupos populacionais e do respectivo universo cultural em Africa, e não só foi
acompanhado pela formação de um sistema religioso especifico, baseado no culto aos
antepassados e identificar os traços gerais dessa religião em relação a outras religiões. Na
elaboração do presente trabalho usou-se os recursos de internet, artigos obras bibliográficas e
entrevistas como testemunha página de referências bibliográficas fixada no fim do trabalho
de ensaio. Tivemos como dificuldade a escassez de obras que retratam com profundidade
tema em destaque.

Objetivos

Geral

Conhecer a natureza simbólica da Cultura Humana.

Especificos

Identificar os aspectos que fazem parte do imaginário ou do simbólico.

Explicar porque o ser humano e um " ser simbólico".

Metodologia

O método bibliográfico consistiu no levantamento de dados inerentes ao tema em pesquisa:


manuais, obras, teses, revistas eletrónicas, pdf, pois a seleção e a leitura das obras seguiu se a
respectiva digitação e compilação. Trata-se de uma revisão exploratória de natureza
qualitativa, visto que as produções bibliográficas sobre este tema específico foram analisadas
evidenciando os subtemas que possuem maior ou menor relevância dentro da literatura
selecionada. Foi estabelecido como critério de inclusão os artigos publicados na integra,
disponíveis nos idiomas português, inglês.
REVISAO BIBLIOGRAFICA

O domínio do simbólico

Segundo Canadart (1997), o simbólico repousa sobre um conjunto de representações que nós fazemos
do mundo e através das quais nós o compreendem os. Nossa inteligência não tem acesso directamente
ao mundo real; a este só temos acesso através da mediação das representações.

A língua constitui uma, entre outras, das representações do mundo; adicionaremos a esta as diversas
formas de narração (literária, fílmica, televisa), mais amplamente, as histórias, as imagens, as vozes
transmitidas pela média, etc. Os valores que definem uma cultura são baseados sobre tais
representações s. Estas representações são amplamente colectivas embora elas sejam vividas
individualmente na nossa compreensão e na nossa análise dos fatos e das coisas do mundo. Para que
os valores sociais, baseados nas representações, consigam uma certa permanência, devem ser
constantemente reiterados; daí a importância que tomam, nas nossas culturas, as diversas formas de
representação. Refiro-me aqui tanto ao que diz respeito à literatura, às artes, às comunicações
mediáticas quanto a todos os rituais que marcam a nossa vida colectiva. Uma integração à sociedade
pressupõe um conhecimento dos valores fundamentais que a definem, portanto, das representações. E
tem mais: uma plena integração à sociedade pressupõe também um conhecimento e uma certa
habilidade no que concerne aos processos e mecanismos de constituição destas representações. É
preciso reconhecer que, na medida em que estas representações são sempre mutantes, todos os
membros da sociedade estão constantemente colocados em uma situação de aprendizagem da
formação do simbólico. Não existe aquisição definitiva. Aceder aos valores estabelecidos para
*conquistar seu espaço na sociedade+ e compreender os processos de constituição destes valores ou
representações * é uma única e mesma tarefa, é participar da vida social.

Para Durkheim:[...] há na religião algo de eterno destinado a sobreviver a todos os símbolos


particulares nos quais o pensamento religioso se envolveu sucessivamente. Não pode haver sociedade
que não sinta a necessidade de conservar e reafirmar, a intervalos regulares, os sentimentos colectivos
e as ideias colectivas que constituem a sua unidade e a sua personalidade (DURKHEIM, 1989, p.504-
505). Pode-se observar que para Durkheim, os símbolos não são propriamente o que produz a coesão
nos agrupamentos, mas o sentimento produzido pela manipulação desses símbolos através dos rituais;
os sentimentos e ideias colectivas que são os elementos de coesão, se conservam e se reafirmam em
intervalos regulares. A colectividade ao reafirmar seus sentimentos através dos rituais pode renovar
ou incorporar outros símbolos através da dinâmica social, mas o sentimento e as ideias permanecem.
1.2 Estudo dos rituais em antropologia

Segundo Titiev (2009), há muitos anos, surgiu entre os antropólogos culturais a opinião de que todas
as praticais que envolviam uma crença no sobrenatural eram de carácter idêntico.

A fim de exprimir essa diferença, algumas actividades foram denominadas religiosas e outras
classificadas como magia. Contudo, em breve se tornou claro que não se podia fazer nenhuma
distinção rápida e nítida entre religião e magia e no presente um certo número de estudioso está de tal
modo convencido que não há entre elas qualquer linha divisória que desistiu de distingui-la. um dos
pontos divergentes que primeiro atraiu atenção dos estudiosos foi o facto de certos rituais revestirem
aparentemente e o carácter mais obrigatório.

A religião, tal como argumentavam alguns, deixam a decisão última relativa a qualquer ação nas mãos
de divindade que pode ou não actuar conforme ache conveniente.

Segundo Mello (2013) ao dos grandes ritos que a comunidade toda é chamada a deles participar
activamente ou como espectadores, existem pequenos rituais particulares também de uso coletivo.

Os antropólogos concordam geralmente em afirmar que o ritual é uma prescrita, respectiva, pela qual
a prescrição pode caminhar desde a rigorosa afirmação da forma e da sequência até a possibilidade de
escolher entre um número de acoes.

O carácter respectivo e de prescrição assumido pelo ritual, denota claramente a sua condição social.
Isto não impediu a Van Gennep de toma- lo como expressão mágica “ por tratar - se de prática” e
crença como expressão religiosa. É uma função do ritual realçar a importância social de algo que é
mantido como um valor na sociedade que tem um ritual. Se o ritual é um tipo de linguagem, um modo
de dizer coisas. Os ritos permitiam todo o agrupamento social desde sociedades primitivas até as
modernas. Os antropólogos contemporâneos afirmam que temos um comportamento ritual quando
amamos e fuzilamos, quando nascemos e morremos, quando noivamos ou casamos, quando
ordenamos ou oramos. Os rituais revelam os valores mais profundos do comportamento humano e o
estudo dos ritos tornou se a chave para compreender a constituição essencial das sociedades humanas.

1.3 Ritos da Passagem

Segundo Mello (2013) De modo geral, os ritos de passagem denotam a sensibilidade das pessoas co m
relação ao dinamismo da própria existência humana. O peregrinar do homem através da sua existência
envolve uma gama enorme de situações, transformações, de passagem, de metamorfose. No plano
biológico o individuo nasce, cresce, se repro duz, envelhece e morre. No plano social acontece algo
semelhante. As ocupações de em várias posições sociais implicam modificações substanciais das
pessoas. De resto, o dinamismo e o movimento a vida-atinge todo o cenário em que tenha lugar a vida
social dos povos. Por isso adquire-se significados a própria transformação cíclica do ambiente: o
movimento da lua e do sol, a mudança dos estacões climáticos (primavera, verão, Outono e inverno).
Como actos sagrados, os ritos de passagem comportam a prática de tabus a troca de bens, a
reciprocidade, a confraternização, comensalidade e outras práticas.

Os ritos de passagem são como os sacramentos tais como o baptismo, o matrimónio, a confirmação, a
eucaristia, são ritos de passagem. Ritos de passagem são celebrações que marcam mudança de estado
de uma pessoa no seio de comunidade. Os ritos de passagem podem ter carácter social, comunitário
ou religioso. Os mais comuns são os ligados ao nascimento, mortes, casamento. Em nossa sociedade,
os ritos ligados ao nascimento, morte e casamento são praticamente monopolizados pelas religiões.

1.4 Rituais como Mecanismo de Produção social

Os rituais efectuam uma mudança ontológica no homem, transforma-o. Pelo rito, o homem entra num
novo modo de ser, é inserido no sagrado através da representação do modelo exemplar. É de salientar
que os ritos têm um impacto muito grande na produção social em particular em Moçambique
concretamente nas zonas rurais.

1.5 Os ritos de iniciação nas zonas rurais.

São cerimónias especiais de aceitação na sociedade rural, estruturados por simbolismo forte, em
Moçambique existem cerimónias que são muito semelhantes, mas com procedimentos distintos
virados as culturas locais. Cerimónias secretas, longe do olhar de estranhos, de uma forma geral os
ritos têm como base os seguintes procedimentos.

A primeira cerimónia Está ligada ao nascimento, os pais apresenta a criança aos seus antepassados
directos para serem reconhecidos como parte da linha dos seus ancestrais. Onde o nome escolhido
será pronúncia ado de forma solene.

A segunda cerimónia São os ritos de iniciação, é feita após os rapazes e as raparigas se tornarem
aptos para a procriação, estes ritos tem como regra fundamental, o juramento de manter em segredo
toda aprendizagem m. As danças, os cantos e as músicas tradicionais são uma obrigação permanente
durante o tempo em que a cerimónia é realizada. Em relação a mulher, acontece no surgimento da
primeira menstruação, a rapariga torna-se apta para a procriação. Para a realização desta cerimónia, há
todo um ensinamento desde questionário da madrinha que obtém as informações detalhadas da jovem.
Em relação aos rapazes, acontece no início da puberdade, a passagem de infância para a idade adulta.
A terceira cerimónia “O casamento” Em relação aos rapazes, há todo um processo da escolha da
rapariga, após isso, dá-se início as reuniões demoradas entre familiares, negociações seriam e com
testemunhas. Em relação as raparigas, há todo um processo que já vem desde a segunda cerimónia.

Quarta cerimónia Está ligada aos momentos fúnebres, que são considerados como momentos da
última transição, ou seja, aquela que leva a entrada no reino dos mortos, é respeitada e louvada ao
longo dos tempos.

1. Feitiçaria, Ciência e Racionalidade.


a) Feitiçaria

A feitiçaria pode ser descrita como uma accao maliciosa, levado a cabo através do recurso a forca
mística ou mesmo pela violência, resultante de ódios e tensões intensas presentes na sociedade, e que
as pessoas interpretam como actuam sobre si independentemente da sua vontade (Ashforth,2005:87.)

Sendo a feitiçaria uma linguagem de poder (Kapferer,1997), os supostos feiticeiros, como a maioria
dos médicos tradicionais em Moçambique, operam de acordo com normas que assentam em pilares
referenciais que não foram integrados nas politicas do estado, que emprega termos de analise e
instrumentos políticos na resolução de problemas e conflitos gerados pelo "oculto" que não tem
ligação alguma com estes sistemas epistémicas.

As acusações de feitiçaria são uma forma de controlo social face a turbulência das relações sociais
provocadas pelo aumento da mobilidade, o êxodo rural, o colapso das expectativas no papel
facilitador do estado e na estabilidade do emprego, como o consequente aumento da insegurança, a
desestruturação das relações familiares, a exclusão social, o enriquecimento eo empobrecimento
rápido, a emergência dos valores do individualismo e da autonomia em conflito com os valores da
família e da comunidade ( um conflito que muitas vezes geracional), o aumento da concorrência na
luta pela ascensão social ou pela promoção no interior dos aparelhos de estado,etc.(Gimbel-Sherr e
Augusto,2007).

Sendo um passo dinâmico, o terreno de poder revelar-se em permanente mudança, onde os atores que
nele se movem estão constantemente sujeitos a uma avaliação social. As novas forcas económicas e
sociais podem exacerbar tensões e hostilidade entre os seus membro, que se tornaram suspeitos de não
so causar, mas também beneficiar dos problemas e aflições dos. Outros. Neste contextos
extremamente voláteis, a feitiçaria emerge como uma forma persuasiva que justifica as doenças,
infortunarios ou ate mesmo a morte ( Meneses,2000,2004 2007).
b) Ciências

Ciência ( lat. Scientia: saber, conhecimento). Em seu sentido amplo e clássico, a ciência e um saber
metódico e rigoroso, isto e, um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos, mais ou menos
sistematicamente organizados, susceptiveis de serem transmitido por um processo pedagógico de
ensino.

Mais modernamente, e a modalidade de saber constituída por um conjunto de aquisições intelectuais


que têm por finalidade propor uma explicação racional e objectiva da realidade.

Mais precisamente asia: e a forma de conhecimento que não somente pretende apropriar-se do real
para explica-lo de modo racional objectivo, mas procura estabelecer entre os fenómenos observados
relações universais e necessárias, o que autoriza a previsão de resultados (efeitos) cuja causa podem
ser destetadas mediante procedimentos de controlo experimental. Japiaçu e marcondes(20019).

c) Racionalidade

A racionalidade e a característica daquele que e racional, que esta de acordo com a razão Ex.:
princípios racionais, decisão racional. Oposto a irracional

Do ponto de vista epistemológico e antropológico, questiona se a universalidade do conceito de


racionalidade e os critérios segundo os quais se caracteriza um procedimento ou uma decisão como
racionais. Esses critérios seriam sempre, em última analise, culturais, variáveis e relativos portanto, ou
pertenceriam a própria natureza da razão humana como tal, seriam inatos, próprios do homem apenas
ou corresponderiam a princípio e leis que pertencem a própria realidade de caracter ontológico,
distingue a ação racional valor activo da ação racional instrumental.

A primeira caracteriza uma ação que se realiza de acordo com certos valores e que se autojustifica,
exemplo os rituais em certas culturas.

A segunda caracteriza como racional uma ação ou procedimento que visa fins ou objetivos
especificos, procurando realiza lo através do cálculo e da adequação dos meios a estes fins dessa
forma os fins justificariam os meios mais eficazes para sua obtenção. Weber identifica a razão
instrumental como o capitalismo e o desenvolvimento da técnica e da sociedade industrial. Em síntese
"a realidade e o estabelecimento de uma adequação entre uma coerência logica (descritiva,
explicativa) e uma realidade empírica" ( Japiassu e Marconde 2001).

d) Tradição

Segundo Siliya (1996), tradição é transmissão oral de factos, lendas, dogmas. No contexto
Religioso a tradição oral é vista como fonte de revelação divina”. Sobreviventes e transmissíveis.
As religiões tradicionais em Moçambique, embora com diferenças constantes nos grupos
Étnicos, apresentam um certo número de características comuns. As concepções religiosas dos grupos
étnicos exercem uma grande influência sobre sua maneira de pensar e de falar de cada cidadão, no que
bebem, no que fazem. Os antepassados são identificados como espíritos que prolongam a vida noutra
esfera ou domínio.
A sociedade tradicional moçambicana é uma sociedade de produção agrícola em que os seus
membros estão ligados no trabalho da terra através de instrumentos de produção produzidos
por eles próprios. Ligadas à actividades agrícola estão também outras actividades como a
criação de animais, caça, pesca (para os que se localizam nas proximidades dos lagos, lagoas,
rios, costa marítima). Uma das actividades mais relevantes dessa sociedade, que também é
importante para a vida dos seus membros, é o trabalho com o ferro para o fabrico de
instrumentos de produção como facas, catanas, machados, lanças, anzóis e outros materiais
para o uso caseiro.
O conhecimento das plantas e animais permite o uso das plantas medicinais para tratamentos
tradicionais, construção de habitações típicas, colheita de frutos e aproveitamento dos
recursos marinhos. a organização social é baseada em clãs, linhagens e família. Os membros
de um clã, identificam-se na base de um ancestral, um antepassado mitológico ou lendário
(não real), mas não ocupam o mesmo território. Os membros de uma linhagem têm o mesmo
antepassado que normalmente é real, ou seja, pode ser reconhecido através da tradição oral e
ocupam o mesmo espaço geográfico chamado território linhageiro. Os chefes de linhagem e
de famílias assumem o poder tradicional dentro do mundo sociopolítico da autoridade
tradicional. Porém, a autoridade tradicional inclui todo o conjunto de elite (grupo importante)
sociopolítica, nomeadamente: os chefes tradicionais, os curandeiros, os adivinhos, os
ervanários, oficiante de rituais e transmissores da cultura. A chefia tradicional possui uma
legitimidade (direito e aceitação) que lhe é dada pela comunidade que só, e somente por ela
pode ser retirada.

e) Religiosidade
Segundo o dicionário universal (1995), religiosidade é a tendência de qualidade do que é
religioso, sentimentos de escrúpulo religioso ou disposição religiosa.
Segundo Martinez (2009), a religião, como outras manifestações da espiritualidade humana, é
um fenómeno comum a todos grupos culturais e encontra-se presente de toda história da
humanidade, em pensar de todos os seres vivos se consideram religiosos, nem sempre ela mostra
exteriormente a mesma forma dentro do mesmo sinal doutrinal.
Segundo o INATUR, os dados fornecidos pelo instituto nacional de estatísticas, revelam que
12% dos Moçambicanos professa a religião cristã, 22% divide-se pelas igrejas protestantes e
20% Professam a religião Muçulmana, pelo que cerca de 46%, que neste caso é quase da
metade da população, pratica religião tradicional baseadas em cultos e crenças familiares.
Os novos movimentos religiosos e pequenas igrejas nascem dentro das grandes igrejas
(católicas, anglicanas, Metodistas, etc.); logo se separam por abuso de interpretação e por dificuldades
disciplinares e de organização. Dá-se, de facto, o caso de surgem totalmente á margem das igrejas
existentes. Existe uma série de pessoas que procuram satisfazer os seus
profundos desejos existências nestes grupos religiosos e nas igrejas independentes dentre os
quais destacamos os seguintes: os que buscam uma certa identidade cultural na vivência
religiosa; os enfermos e quem padece qualquer necessidade; os procuram trabalho e uma profissão
estável e as pessoas que vivem sós nas zonas suburbanas das cidades.

2.1 Modelos religiosos endógenos e modelos religiosos exógeno

Modelos religiosos endógenos (são aqueles de vem de dentro)


A magia negra
A magia negra é o uso de forças sobrenaturais para os propósitos maléficos e egoístas. tal
comunicação pode ser feita de várias maneiras, inclusive através da transcendência, que
significa a prática de se tentar que o espírito saia do corpo do praticante e fique flutuando no
ar, procurando contacto com outros espíritos afins. em relação ao caminho da mão esquerda
e caminho da mão direita, a magia negra seria a "mão esquerda" da benevolente magia.

Modelo religiosos exógenos

2.2 A emergência de secretismos religiosos e de Igrejas messiânicas em Moçambique.

Etimologicamente, sincretismo se originou a partir do Grego sygkretismós, que significa


reunião das Ilhas de Creta contra um adversário em comum.

Para PRADO (2013, p.2), é formado por doutrinas de origens diversas, seja no âmbito das
crenças religiosas ou nas correntes filosóficas.

Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas para a fusão de uma nova, seja de carácter
filosófico, cultural ou religioso. O sincretismo mantém características típicas de todas as
suas doutrinas bases, sejam rituais, superstições, processos, ideológicos e outros. De
origem grega, a palavra sincretismo significa misturar, unir uma coisa a outra, portanto, de
uma forma bastante simplista, trata-se de uma grande mistura de elementos e de várias
crenças que acompanham a história dos povos em geral até os dias de hoje e que se tornam
parte de sua cultura e identidade.

(Na enciclopédia on-line Wikipédia) Sincretismo “é uma fusão de doutrinas de diversas


origens, seja na esfera das crenças religiosas, seja nas filosóficas”.

No campo das religiões PRADO (2013, p.3), defende que o sincretismo é composto por
uma intercomunicação de concepções religiosas diferentes, resultando na influência de
uma religião nas práticas de outra.

Sincretismo religioso é a mistura de uma ou mais crenças religiosas em uma única


doutrina. Este modelo de sincretismo, assim como o cultural, nasce a partir do contacto
directo ou indirecto entre crendices e costumes distintos.

Para a enciclopédia on-line Wikipédia (bem como outras fontes) afirma, em resumo, que
sincretismo religioso é uma “fusão de concepções religiosas diferentes, ou, a influência
exercida por uma religião nas práticas de uma outra”.

Assim, sincretismo religioso seria a combinação de duas ou mais concepções religiosas


diferentes entre si (ou a influência de uma nas práticas de outra) até atingir uma forma
religiosa comum ou nova (na qual, em certo sentido, essa “nova” pode ser híbrida ou
eclética).

2.3 A Emergência do Sincretismo religioso.

A mistura de civilizações de diferentes nações começaram em um período muito cedo,


quando o Oriente foi Helenizada sob Alexandre e grande Diadochi no século IV, a.C., os
gregos e civilização Oriental entraram em contacto, e compreensivo em grande medida
efectuada. As divindades estrangeiras foram identificadas com a nativa é uma fusão de
cultas sucedidas. Depois que os romanos conquistaram os gregos, os vencedores, como se
sabe sucumbiram a cultura dos vencidos e a religião romana tornou-se completamente
Helenizada. Mais tarde os romanos gradualmente recebidos todas as religiões dos povos
que Roma tomou todos os templos. Sincretismo atingiu o seu auge no século III depois de
Cristo, Podemos observar o fenómeno do sincretismo religioso desde a formação das
religiões mais primitivas até a actualidade. Ele surge por meio do processo de
enraizamento da cultura na religião, ou seja, os povos vão se organizando, gradualmente, e
as crenças vão se tornando prática comum e expressão cultural o fenómeno sincrético
religioso.
Para Moçambique o sincretismo religioso pode-se dizer que iniciou em tempos muito
antigos estamos a falar a partir dos séculos VII com a presença árabe em África e mais
tarde no século XV com a presença europeia (Portugueses), até aos nossos dias, com a
presença de vários povos de diferentes regiões com a sua religião e seus aspectos culturais
em particular.

Assim, de acordo com varias definições trazidas com vários autores sobre o termo
sincretismo religioso nas suas abordagens tem em comum a frase "mistura ou combinação
de crenças religiosas", a partir deste pressuposto, conclui-se que o sincretismo inicia no sul
do país com as igrejas messiânicas e Zione.

Esta predominância das Igrejas Zione, na zona Sul de Moçambique é explicada em parte
pelo próprio processo de criação marcado sobretudo pelo regresso de trabalhadores
emigrantes dos países vizinhos, nomeadamente da África do Sul e do actual Zimbabwe,
locais onde o movimento era já forte.

Outra explicação para a presença massiva das Igrejas Zione no Sul de Moçambique
prende-se com o sincretismo que acompanhou o seu processo de implantação:
normalmente, as Igrejas Zione incorporam muitos elementos das crenças e tradições
religiosas locais como, por exemplo, a partilha de um mesmo pensamento etiológico (fé no
diálogo entre os vivos e os mortos), a promoção de curas, a possessão espiritual, rituais e
simbolismos devária ordem (MAHUMANE, 2008, p.10).

MAHUMANE (2008, p.20), afirma que as Igrejas Zione têm a sua origem nos Estados
Unidos de América, na Cidade Zion, em Illinois, onde a Christian Apostolic Church in
Zion, que deu início a esta religião, foi fundada por John Alexander Dowie no ano de 1896.
As Igrejas Zione expandiram-se rapidamente para a África Subsaariana ao longo da
primeira metade do século XX, particularmente para a África do Sul, através do reverendo
afrikaner Pieter L. Le Roux, um pastor da Igreja Reformada Holandesa.

Ainda (Sundkler 1961:51, apud MAHUMANE, 2008, p.20), no caso da África do Sul, as
Igrejas Zione representam uma leitura e interpretação nativa e sincrética do cristianismo.

No caso de Moçambique, as Igrejas Zione constituem realmente uma miscelânea sincrética


de cristianismo e de crenças e tradições religiosas locais.

2.4 Igrejas Messiânicas em Moçambique


Nascido na cidade de Tóquio, em 23 de Dezembro de 1882, Mokiti Okada, a partir de 1935
iniciou no Japão um novo movimento religioso, que hoje é praticado por muitas
organizações religiosas independentes, sendo, entretanto, mais conhecido através do seu
ramo maior que é a Sekai Kyusei Kyo ou Igreja Messiânica Mundial, em português. No
Japão assim como Moçambique, a Igreja Messiânica é classificada como uma Nova
Religião.

2.5 A Doutrina Messiânica

segundo o GONSALVES (2008, p.5), o elemento principal da Igreja Messiânica é a crença


no Johrei, que seria a transmissão de Luz Divina através da palma das mãos e que pode ser
praticado por todos os messiânicos.

Acredita-se que O Johrei traz purificação espiritual o que traz bem-estar, cura de doenças e
uma saúde perfeita. Na doutrina messiânica também é importante a alimentação natural
para a saúde perfeita.

Daí provém os chamados três (3) pilares da doutrina messiânica, Johrei, Agricultura
Natural e o Belo. A arte é vista como algo que eleva o espírito e também contribui para a
purificação e o bem-estar espiritual, complementando a actuação do Johrei e da
alimentação natural. Para se conseguir essa alimentação a Igreja Messiânica ensina a
prática da Agricultura Natural a qual é praticada sem o uso de agro tóxicos nem adubos.

GONSALVES (2008, p.5), esses 3 pilares estão ligados aos chamados 3 princípios da fé
messiânica: Verdade, Bem e Belo.

A Verdade é os ensinamentos messiânicos, é a natureza espiritual do ser humano e do


universo, é a força do Johrei como purificação espiritual.

O Bem é o imperativo ético de ser altruísta, amar o próximo, fazer o bem.

O Belo é a valorização da beleza na arte e na vida quotidiana, a busca do belo como forma
de elevação espiritual. Uma das formas que a Igreja Messiânica usa para elevar as pessoas
através do belo é a prática de Ikebana (arranjo floral) a visão de mundo messiânica é
espiritualista e animista. Espiritualista por acreditar que a realidade espiritual é a realidade
básica, que vem antes da realidade material, por acreditar que o ser humano é dotado de
espírito que sobrevive ao corpo físico e se reencarna. Animista por preconizar a existência
de espírito não apenas no ser humano, mas também nos anima, nas plantas, nos minerais,
em toda a natureza (IBID, 2008, p.6).
Conclusão

Durante a realização do trabalho


Bibliografia

GONSALVES, Hiranclair Rosa. Revista Nures. Igreja Messiânica Mundial e suas


dissidências: a religião de Mokiti Okada no Brasil.s/edt. Numero 9, Maio/ Setembro, 2008.
MAHUMANE, Jonas Alberto. Representações e Percepções sobre Crenças e Tradições
Religiosas no Sul de Moçambique. 1ª Edição, s/edt., Maputo, 2008.
AGADJANIAN,Victor. As Igrejas ziones no espaço sóciocultural de Moçambique
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MARTÍNEZ. Pe. Francisco Lerma. Antropologia Cultural. SMS to. Agostinho da Matola: S/Ed,
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