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“TILHOLOS”:
UMA ETNOGRAFIA SOBRE OS DISCURSOS SOCIAIS DA MORTE DE
CURANDEIRO EM IMPAPUTO, DISTRITO DE NAMAACHA, SUL DE
MOÇAMBIQUE - 2014.
Palavras-chave:
Antropologia da morte, Espirito, Identidade, Percepções simbólicas de memórias, Rituais.
1. CONTEXTO:
Acontece aos 7 anos de idade. Era o ano de 1991, regressava a casa vindo da escola,
onde acabara de receber informações sobre aproveitamento. A emoção transbordava, já que
o ano havia sido bem-sucedido. Queria chegar em casa rapidamente e dar a feliz notícia aos
pais. No percurso, um homem desconhecido alertou de que algo estava errado em nossa
casa e sugeriu-nos que nos apressássemos. E, porque tínhamos um parente próximo doente,
o medo tomou conta de nós. A realidade é que, mesmo em face dos factos concretos, não
queríamos aceitar. No entanto, a ordem natural tinha se consumado. A dor foi tão forte
como nunca havia experimentado antes. Naquela época, sem ele, a existência quase não
fazia sentido. A partir desse trágico evento, percebi que todos os seres vivos, sem excepção,
inevitavelmente enfrentarão a morte - em maior ou menor tempo. Hoje, muitos anos depois,
a emoção diante desse tipo de situação é sempre devastadora. Muita tristeza e angústia
quando perdemos alguém querido.
Terça-feira, 30 de dezembro de 2014, mais uma situação dramática. Um renomado
membro da AMETRAMO1 e próximo do círculo das minhas amizades, tinha falecido. Até a
sua morte, Francisco Matine Maswanganhe tinha 84 anos de idade. Este evento, confesso
ter capturado a nossa especial atenção devido aos rituais que ocorreram antes e durante toda
a cerimônia, os quais pareceram singulares. Estes rituais devem ter algum sentido, uma vez
que quando vivo ele era curandeiro. Antes da cerimônia fúnebre, o procedimento consistiu
em sacrificar um boi para retirar a pele que mais tarde cobriu o corpo. Enquanto tocavam o
batuque e cantavam, enrolava-se o corpo e, neste momento, um curandeiro encarregue a
dirigir a cerimónia mexia os “tilholos” imediatamente exorcizou o espírito do falecido em
voz próprio, proclamando as instruções sobre rituais de sua morte. Preparou-se o local de
sepultamento ao redor da casa da família, o ritual iniciou com o corte de uma árvore, da
qual foi construído um “xigarro”2. Com o corpo vacinado com folhas e raízes de cura, nos
punhos foram colocadas azagaias e outros instrumentos. Após isso, o corpo foi pousado em
um porta-malas de madeira, sempre sentado e com a face voltada para o nascer do sol. Para
realizar o ritual “massaza”3, outros animais foram sacrificados e depois servidos à mesa
1
AMETRAMO - Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique.
2
Cadeira ou assento de madeira.
3
Ritual realizada em homenagem aos ancestrais que envolve preparar a galinha fêmea com amendoim e o
macho assado.
para familiares e os demais presentes. Essas cerimônias são essenciais, pois a crença é que
a alma do curandeiro permanece após a morte e passe o tempo vagando, buscando pessoas
que lhe devem algo ou fizeram mal, entre outras razões. No mesmo dia, os “tilholos”
identificam um possível herdeiro que provavelmente continuará com o trabalho de
curandeiro. É ele quem assumirá a função de intermediário entre o falecido e os vivos,
transmitindo os desejos do falecido à família, e estará sujeito a riscos se não cumprir com
sucesso essa tarefa. Dias depois, uma casa é erguida no terreno em volta da sepultura, onde
a pessoa escolhida pelo espírito passa a acender uma vela e ocasionalmente fornece
comida...
2. PROBLEMA:
Apesar da universalidade da morte e das diferentes interpretações culturais, as
peculiaridades que envolvem os rituais de morte de um curandeiro demandam lacunas de
produções audiovisuais com abordagens antropológicas que explorem e analisem o tema de
forma assertiva e razoável. Há, portanto, a necessidade de desenvolver este estudo
detalhadamente, para debater o lugar social dos ritos de morte de um curandeiro e como seu
campo espiritual interfere na vida dos vivos, seus valores, práticas, percepções simbólicas
de memórias e sua relação com o campo espiritual.
Com a escassez de literatura contextualizada sobre os discursos sociais da morte de
um curandeiro changana e tornar isso um objecto de estudo antropológico, é necessário
procurar obras relacionadas como são de autores clássicos Émile Durkheim (1977) e
Marcel Mauss (1974a e 1974b) que abordam sobre “as representações colectivas em torno
da morte”. Mas também, recentes trabalhos de pesquisadores moçambicanos, Alcinda
Manuel Honwana (2002), Adriano Langa (1992) e Dulcídio Manuel Albuquerque Cossa
(2019b) que dedicam seus estudos sobre “à morfologia dos ritos de passagem de morte”
mostram-nos que, nos discursos sociais de morte há rituais elaborados, incluindo, valores,
práticas, percepções simbólicas de memórias e sua relação com o campo espiritual.
Portanto, diante do exposto e dentro dos limites que apresentamos, procura-se responder a
seguinte questão de partida:
Qual é o lugar social dos ritos de morte de um curandeiro na comunidade de
Impaputo, Namaacha, Moçambique, levando em conta valores sociais e
espirituais?
3. OBJECTIVOS
3.1. OBJECTIVO GERAL:
Debater a experiência etnográfica e investigar o lugar social de morte de um
curandeiro e como seu campo espiritual interfere na vida dos vivos.
4. JUSTIFICAÇÃO:
O presente projecto de pesquisa traz o embasamento teórico e empírico para a
produção de um documentário com o titulo: “TILHOLOS”4, uma etnografia sobre a morte
de curandeiro em Impaputo, distrito de Namaacha, Sul de Moçambique.
Em 2014, um evento que parecia comum, comparado aos anteriores, surpreendeu ao
desafiar o nosso contexto cultural, destacando os discursos sociais sobre a morte de um
curandeiro. Este evento "inesperado" despertou-nos a curiosidade e várias questões ficaram
por ser respondidas.
Assim como nós, atualmente, há um enorme interesse na comunidade acadêmica em
compreender os discursos sociais sobre a morte de curandeiro, abordando seus valores
sociais, práticas, interpretações simbólicas de memórias e sua relação com o campo
4
Buzio de adivinhação feito de coxas do mar e ossos de animais ou por vezes, moedas e dados. Por outra,
caroço de “ukanhu”, fruta de amarula.
espiritual. Dada a falta de informações sobre o assunto, a pesquisa é justificada devido aos
objectivos acima mencionados.
A contribuição dos pesquisadores contemporâneos de Moçambique em relação à
morte é muito relevante, ainda que quase insignificante. Outrossim, uma lacuna na
produção de materiais etnográficos através de meios audiovisuais (cinema) sobre esse
assunto foi identificada em toda a sua extensão. Assim, a colaboração entre cineastas e
etnógrafos pode ser crucial e até mesmo fascinante para o campo antropológico e quiçá,
essencial para a sociedade.
Desta forma, acreditamos que, ao associar as características metalinguísticas do
cinema com a abordagem estruturalista do modelo inconsciente, estará garantida o reflexo
das dinâmicas e realidades factuais, por isso mesmo, reconhecemos a necessidade de
produzir um documentário com abordagens etnográficas que possam contribuir para
entender as rotinas associadas aos discursos sociais da morte de curandeiro.
Para conseguirmos entender a realidade sob diferentes pontos de vista, buscaremos
conversar com habitantes que testemunharam esta morte e trazer relatos que ilustram as
práticas ligadas aos temas culturais sobre a morte.
A pesquisa ensaia a combinação de abordagens antropológicos e cinematográficas
para registar a realidade em torno da morte do curandeiro. Nesta ordem, buscar-se-á retratar
de forma única as rotinas relacionadas aos discursos sociais desse evento importante para a
sociedade, contribuindo para uma compreensão mais profunda das dinâmicas diante da
morte nesse grupo social.
5. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
“Todo homem caminha num universo sensorial ligado àquilo que sua
história pessoal fez de sua educação. Percorrendo a mesma floresta,
indivíduos diferentes não são sensíveis aos mesmos dados”. (LE
BRETON, 2006, p. 12)
“how the patterning of sense experience varies from one culture to
the next in accordance with the meaning and emphasis attached to
each of the modalities of perception” (HOWES, 1991, p. 3)5
5
Como a modelagem da experiência sensorial varia de uma cultura para outra, de acordo com o
significado e a ênfase atribuídos a cada uma das modalidades de percepção (tradução de Marina Ramos
Neves de Castro).
Rahner (1978) define a morte como o momento em que a existência pessoal atinge
sua identidade final, permitindo a liberdade de atingir sua maior realização. Boff (2009)
afirma que a morte é a cessação da vida física, mas o ser humano transcende o tempo entre
seu nascimento e morte devido à sua natureza eterna. Para Ruiz De La Peña (2002), a morte
marca a chegada do ser humano a si mesmo e o início de sua forma permanente de ser.
Tomás de Aquino (1225-1274) vê a morte como a separação entre corpo e alma. Langa
(1992) argumenta que os mortos continuam a existir de forma diferente e mantêm uma
relação com os vivos, enquanto Honwana (2002) destaca a interdependência entre vivos e
mortos na busca pelo equilíbrio espiritual. Cossa (2019a; 2019b) discute como os
antepassados podem proteger e punir seus descendentes. Em resumo, a morte é vista como
uma transição para uma forma diferente de existência, mantendo relações e influências
entre os vivos e os mortos.
6.2. Espiritualidade/espirito:
Kardec (2008) enfatiza a crença no espírito como entidade pensante que permanece
após a morte, considerando o corpo como secundário. Além disso, destaca a presença do
perispírito, um envoltório invisível com forma humana e propriedades materiais. Por outro
lado, Fernandes (2022) destaca a espiritualidade na religião tradicional africana, que integra
os antepassados e humanos em um mundo coeso, onde os espíritos colaboram com os vivos
para manter a ordem social e cosmológica. No sul de Moçambique, a espiritualidade está
ligada a valores que permitem a conexão com espíritos ancestrais, concluindo que a
espiritualidade engloba seres imateriais e valores espirituais.
6.3. Identidade:
6.5. Rituais/ritualização:
Rappaport (1999) define ritual como atos formais e enunciados não totalmente
codificados. Bell (1992) propõe o termo "ritualização" para analisar atividades
significativas de maneira eficaz. Da Silva (2019) explora rituais informais, individuais,
coletivos, públicos e privados, discutindo a morte, o enterro e o luto como experiências
rituais. Estudar fronteiras transdisciplinares é essencial para compreender a vivência da
morte na contemporaneidade e lidar com o desafio do desaparecimento do corpo. Pité
(2004) trata de situações que comportam normas simbólicas concretizadas por expressões
verbais, posturas e gestuais.
7. REVISÃO DA LITERATURA
A discussão sobre os discursos sociais relativos à morte é sempre moldada de
acordo com as tradições culturais e práticas anteriores. Tal como na contemporaneidade,
também no passado, a morte de uma pessoa sempre foi considerada algo que causa grande
dor e tristeza insuperável. Portanto, para que se possa entender como foi construída ao
longo do tempo e, por conseguinte, visualizarmos as dinâmicas percepcionais sobre a
morte, vai, com certeza, demandar um gigantesco recuo histórico.
Por meio de seus estudos sobre antropologia dos sentidos, Le Breton (2006)
descobriu a experiência sensorial na relação do homem com o mundo, por entender como
essencial para a percepção da existência e compreensão do ambiente. Ele acrescenta que os
sentidos são fundamentais para a interpretação do mundo, criando significado e
enriquecendo a consciência do eu.
A antropologia dos sentidos explora as experiências sensoriais para criar vínculos
sociais através de diferentes linguagens, conhecidas como representações sociais (Idem,
2006). É por isso que se concentra o nosso debate e precisamente foca-se nos discursos
sociais da morte sob três perspectivas: antropológica, biológica e teológica/religiosa.
Concluo, na sequência, que o antropólogo explora essas camadas de realidade, refletindo a
condição social e cultural por meio das percepções sensoriais entrelaçadas às significações.
ou
8.2. MÉTODO
8.3. ETAPAS
10. ORÇAMENTO
11. BIBLIOGRAFIA
11.1. GIL, António Carlos. 2002. 1946 - Como elaborar projcetos de pesquisa.
São Paulo: Atlas.
11.2. HONWANA, Alcinda Manuel. 2002. Espíritos vivos, tradições modernas:
possessão de espíritos e reintegração social pós-guerra no sul de Moçambique.
Maputo: Promédia.
11.3. LANGA, Adriano. 1992. Questões cristãs à religião tradicional africana.
Moçambique: Editorial Franciscana,
11.4. COSSA, Dulcídio Manuel Albuquerque. 2019b. O mundo dos antepassados
e o mundo dos vivos ritual de ukanyi na mediação: um ensaio sobre ancestralidade
no Sul de Moçambique. UESB.
11.5. KARDEC, Allan. 2023. “Guia dos médiuns e dos evocadores: Espiritismo
experimental.” fEb, brasília.
11.6. FERNANDES, Rhuann. 2022. “Os espíritos comem...” Equatorial, Natal, v.
9, n. 17.
11.7. BAUMAN, Zygmunt. 2005. “Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi”.
Rio de Janeiro: Zahar.
11.8. HALL, Stuart. 2003. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo
Horizonte: UFMG.
11.9. BOSI, Ecléa. 1979. “Memória e Sociedade: lembranças de velhos”. São
Paulo: Tao.
11.10. HALBWACHS, Maurice. 2006. “A memória Coletiva”. São Paulo:
Centauro.
11.11. SILVEIRA, Fabrício José Nascimento da. “Biblioteca pública, memória e
representações sociais: o depoimento de um grupo de usuários acerca da Mário de
Andrade”. Investigación bibliotecológica, Ciudad de México, 2012a, v. 26, n. 57, p.
199-231.
11.12. MOSCOVICI, Serge. 2003. “Representações sociais: investigações em
psicologia social”. Petrópolis: Vozes.
11.13. DUVEEN, Gerard. 2003. O poder das ideias. In: MOSCOVICI, Serge.
Representações sociais: investigações em psicologia social. 4. ed. Petrópolis: Vozes.
p. 7-28.
11.14. NORA, P. 1993 [1991]. “Entre Memória e História: a problemática dos
lugares”. Projecto História, Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em
História e do Departamento de História da PUC-SP. (Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo). São Paulo: n°. 10, p. 07-28, dez.
11.15. POLLAK, M. 1992. Memória e identidade social. Estudos históricos, Rio de
Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212.
11.16. DA SILVA, Andreia Vicente. 2019 “tempo da ciência”. Toledo, v. 26. n. 51,
jan. / jun., p. 07-11.
11.17. RAPPAPORT, Roy A. 1999. Ritual and Religion in the making of
Humanity. New York: Cambridge University Press.
11.18. BELL, Catherine. 1992. Ritual Theory, ritual practice. New York Oxford:
Oxford University Press.
11.19. Pité (2004) foi citado por Teresa Sambo Paulo (2012) em sua dissertação de
mestrado sobre rituais de luto e complicações.
12.
13. ANEXOS
Morte, segundo Daniel Miller é ignorar o momento efetivo da morte como mero
representante do fim de uma entidade biológica que era a vida. Em vez disso, o
evento é usado como sinal para começar a preparar-se para todo um elaborado
festim e todos os rituais que devem acompanhar a morte.
MILLER, Daniel. 2013. “Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre a cultura
material.” Rio de Janeiro: Zahar.
<TÍTULO DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO>
<SUB-TÍTULO DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO>
<Nome do Autor>
<Mês> / <Ano>
RESUMO
O resumo deve ser escrito como um parágrafo único, sem utilizar referências
bibliográficas e evitando ao máximo, o uso de siglas/abreviações. O resumo deve conter
entre 200 e 400 palavras, sendo composto das seguintes partes (organização lógica):
introdução, objetivos, justificativa metodologia e resultados esperados. Esta é a seqüência
lógica, não devendo ser utilizados títulos e subtítulos. Não abuse na contextualização, pois
o foco deve ser nos objetivos e nos resultados esperados.
1 PROJETO
Ao final desta seção, você irá ter algo como: “... Dentro deste contexto, este trabalho
procura fazer uma contribuição na área de ....” (não é a definição do objetivo, mas uma
delimitação do tema).
Para a elaboração do texto deste projeto, você deverá ler o modelo de dissertação do
Curso, o qual inclui uma série de orientações e recomendações importantes.
Além disso, você deve apresentar as suas hipóteses de pesquisa. A hipótese é uma
afirmação que você faz no início e busca avaliar ao final do trabalho, demonstrando como
foi todo o processo para essa avaliação, seguindo o método científico.
1.1.3 Justificativa
Aqui, o foco está em justificar a solução proposta. Você deve deixar muito claro
para o leitor qual será a efetiva contribuição que o seu trabalho irá oferecer, procurando
responder no seu texto a perguntas como, por exemplo:
1.2 OBJETIVOS
Esta seção formaliza os objetivos do trabalho, conforme descrito a seguir.
1. Esta seção é uma lista de itens (como esta), cada um sendo um objetivo. É
interessante que esses objetivos sejam numerados de alguma forma (o propósito
desta numeração não é criar uma ordem de importância, mas permitir que o
objetivo possa ser referenciado ao longo do projeto);
2. Deve se indicar todas as metas que você pretende alcançar com este trabalho. As
perguntas a serem respondidas são “onde você quer chegar com este trabalho?”,
“o que deve ser gerado após a conclusão do trabalho?”;
3. Procure ser realista e não escreva objetivos muito gerais ou muito abertos;
4. Evite listar muitos objetivos específicos e defina objetivos que sejam viáveis
dentro do prazo que você terá para a execução do seu trabalho;
8. Cada um dos objetivos específicos deverá ser trabalhado mais tarde nas
conclusões da dissertação, pois será preciso indicar como estes objetivos foram
alcançados e, caso contrário, justificar o porquê do não atendimento a um
objetivo traçado no início da pesquisa.
1.3 METODOLOGIA
Nesta seção, deve-se classificar a metodologia a ser utilizada na pesquisa e
apresentar uma síntese dos procedimentos metodológicos utilizados para o
desenvolvimento da dissertação. É recomendável dividir esta seção nas subseções
apresentadas a seguir.
Método dedutivo;
Método hipotético-dedutivo; ou
Outros métodos.
Pesquisa básica; ou
Pesquisa aplicada.
Pesquisa quantitativa; ou
Pesquisa qualitativa.
Pesquisa exploratória;
Pesquisa descritiva; ou
Pesquisa explicativa.
Lembre-se que você está falando de um trabalho específico (o seu) e, portanto, você
deve indicar por que seu trabalho é classificado de um jeito e não de outro. Veja também
que, eventualmente, sob um determinado ponto de vista, o trabalho pode se enquadrar em
mais de um tipo de pesquisa. Neste caso, cada uma deve ser justificada.
Pesquisa bibliográfica;
Pesquisa documental;
Pesquisa experimental;
Levantamento;
Estudo de caso;
Pesquisa-ação;
Pesquisa participante; ou
Outros
Após, você deve definir as etapas a serem utilizadas na execução do seu trabalho,
explorando os procedimentos técnicos comentados previamente.
Organize o seu plano de trabalho em etapas, relacione cada etapa aos objetivos
específicos que ela deverá atender e identifique e descreva as atividades a serem realizadas.
Destaca-se que todos os objetivos específicos da dissertação devem ser atendidos pelas
etapas identificadas no plano de trabalho. Exemplo:
d. …
2. ...: ...:
a. ...: ...;
b. ...: ...;
c. ...: ...;
3. ...: ...:
a. ...: ...;
b. ...: ...;
1.3.2.2 Cronograma
2.1.1.1 Livro
WUNSCH FILHO, V.; KOIFMAN, S. Tumores malignos relacionados com o trabalho. In:
MENDES, R. (Coord.). Patologia do trabalho. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. p. 990-
1040.
NOTA: Quando o título dos anais for o nome da conferência precedido pelas expressões
“Anais da” ou “Proceedings of”, entre outras, ele deve ser substituído pelas expressões
“Anais…” ou “Proceedings…”. Essa regra não se aplica no caso de eventos abrigados por
uma conferência em que os anais de todos os eventos são reunidos e publicados com o
nome da conferência, como ocorre no Congresso da Sociedade Brasileira de Computação.
2.1.1.5 Referências consultadas pela Internet (quando não houver uma versão
publicada em forma impressa ou por outros meios de distribuição)
6
AMETRAMO - Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique.
Antes da cerimônia fúnebre, o procedimento consistiu em sacrificar um boi para
retirar a pele que mais tarde cobriu o corpo. Enquanto tocavam o batuque e cantavam,
enrolava-se o corpo e, neste momento, um curandeiro encarregue a dirigir a cerimónia
mexia os “tilholos”7 imediatamente exorcizou o espírito do falecido em voz próprio,
proclamando as instruções sobre rituais de sua morte.
Preparou-se o local de sepultamento ao redor da casa da família, o ritual iniciou com
o corte de uma árvore, da qual foi construído um “xigarro” 8. Com o corpo vacinado com
folhas e raízes de cura, nos punhos foram colocadas azagaias e outros instrumentos. Após
isso, o corpo foi pousado em um porta-malas de madeira, sempre sentado e com a face
voltada para o nascer do sol. Para realizar o ritual “massaza” 9, outros animais foram
sacrificados e depois servidos à mesa para familiares e os demais presentes. Essas
cerimônias são essenciais, pois a crença é que a alma do curandeiro permanece após a
morte e passe o tempo vagando, buscando pessoas que lhe devem algo ou fizeram mal,
entre outras razões.
No mesmo dia, os “tilholos” identificam um possível herdeiro que provavelmente
continuará com o trabalho de curandeiro. É ele quem assumirá a função de intermediário
entre o falecido e os vivos, transmitindo os desejos do falecido à família, e estará sujeito a
riscos se não cumprir com sucesso essa tarefa.
Dias depois, uma casa é erguida no terreno em volta da sepultura, onde a pessoa
escolhida pelo espírito passa a acender uma vela e ocasionalmente fornece comida...
É, via de regra, em pesquisa, apresentar a corrente epistemológica que guiará o
trabalho a ser feito, mesmo que de maneira genérica. Nisto, diferentes autores analisaram os
rituais de morte e sua relação com os vivos sob perspectiva estruturalista, trazendo visões
sobre às representações simbólicas e colectivas da morte, do campo espiritual e de memória
fornecendo orientações conceituais, teóricas e metodológicas. Nesse mesmo contexto,
através de uma pesquisa bibliográfica, vários autores abordam diferentes pontos de vista
sobre o assunto. Trata-se da morte de um curandeiro e sua relação com os vivos. Nela
7
Buzio de adivinhação feito de coxas do mar e ossos de animais ou por vezes, moedas e dados. Por outra,
caroço de “ukanhu”, fruta de amarula.
8
Cadeira ou assento de madeira.
9
Ritual realizada em homenagem aos ancestrais que envolve preparar a galinha fêmea com amendoim e o
macho assado.
ocorrem emaranhado de rituais, desde logo, as representações coletivas como memória,
percepção simbólicas, bem como sua ligação com o campo espiritual.
A interpretação controversa da morte em si é discutida no contexto das ciências
sociais. Para facilitar a compreensão, apresentamos no debate textos que definem a morte
de forma distinta:
Numa perspectiva religiosa, Rahner (1978, p. 575–576) define a morte como uma
existência pessoal que atinge seu reconhecimento fundamental e chega à sua identidade
final, assim, a liberdade, no aspecto essencial, atinge seu ápice de concretização.
Para o filósofo Tomás de Aquino (1225-1274), “a morte do corpo não é senão a
separação da alma em relação a ele” (1980, c. 229, n. 481).
Lina Boff (2009, p. 398) diz que a morte somente é possível quando é física, o que
significa o fim da vida, da existência e do tempo. No entanto, o ser humano, por ser
destinado à eternidade, vai além do intervalo de tempo entre seu nascimento e sua morte. Já
numa perspectiva religiosa.
Por sua vez, Ruiz de La Peña (2002, p. 268) refere-se à morte como “o término da
condição peregrinante do ser humano tem que coincidir com sua cabal identificação. A
morte tem que consistir na chegada do homem a si mesmo e, com isso, o começo de sua
permanente forma de ser”.
Assim como eles, outros textos de autores clássicos entram em debate, como é o
caso de Durkheim (1977) em 1897 sobre suicídio, de Marcel Mauss (1974a e 1974b) sobre
o impacto físico da ideia de morte na coletividade, além das obras recentes de autores
moçambicanos que visualizam a morte como uma continuidade:
A morte vista na perspetiva africana. Longe de ser uma definição clássica, o filósofo
Adriano Langa (1992, p. 15) advoga a ideia de que os mortos continuam a fazer parte da
família viva:
A morte não significa a destruição dos laços entre os vivos e os mortos. Estes
apenas mudaram a sua forma de existir, mas continuam existindo de tal maneira
que eles têm direitos e deveres em relação aos familiares: serem lembrados, serem
tratados e protegerem os vivos (1992, p. 15).
Por sua vez, Alcinda Honwana (2002) diz haver interdependência na relação entre
vivos e mortos. Para tanto, basta ver o quotidiano dos vivos que procuram venerá-los e
satisfazer suas vontades de modo regular, pedindo-lhes fertilidade da terra e dos humanos,
saúde, riqueza, amor, doença, etc. Isso se dá pelo fato do poder espiritual dos ancestrais,
que buscam restabelecer o equilíbrio e a harmonia da vida.
Na sequência, Langa (1992, p. 15) rebate, dizendo que morrer não é uma questão de
deixar de existir ou não, mas sim de mudar a forma de existir.
3. PROBLEMA:
3.1. fggkdkydggdkdyvjhjgdvjhmdvjycddcdyddyd
4. HIPÓTESE
4.1. HIPÓTESE 1: nsgvssvhshgscshcsgcsscsfcscscscsccs;
4.2. HIPÓTESE 2: nsgvssvhshgscshcsgcsscsfcscscscsccs;
4.3. HIPÓTESE 3: nsgvssvhshgscshcsgcsscsfcscscscsccs.
5. METODOLOGIA
Agjcgfgkhdhfgarstdfyugiuhxcsrdtfygudfgvhf
7. REVISÃO DE LITERATURA
7.1. Agjcgfgkhdhfgarstdfyugiuhxcsrdtfygudfgvhf
8. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
8.1. MALINOWSKI, Bronislaw.1988. «Baloma: os espíritos dos mortos nas
Ilhas Trobriand», Magia, Ciência e Religião. Lisboa: Edições 70, 155-255.
8.2. JUNOD, Henri A. 1996. Usos e Costumes dos Bantu. Tomo I. Maputo:
Arquivo Histórico de Moçambique.
8.3. HONWANA, Alcinda Manuel.2002. Espíritos Vivos, Tradições Modernas:
Possessão por Espíritos e Reintegração Social Pós-guerra no Sul de Moçambique.
Maputo: Promédia.
8.4. HERTZ, Robert.1970. «Contribution à une étude sur la représentation
collective de la mort», In Sociologie Religieuse et Folklore. Paris: Presses
Universitaires de France, 1-83.
8.5. GRANJO, Paulo. 2007a. «Limpeza ritual e reintegração pós-guerra em
Moçambique», Análise Social, Vol. XLII (182), 2007, 123-144.
8.6. ANTZE, Paul e Michael LAMBEK, ed.1996. Tense Past: Cultural Essays
in Trauma and Memory. New York-London: Routledge.
8.7. ARIÈS, Philippe. 1975. História da Morte no Ocidente. Lisboa: Editorial
Teorema.
8.8. ARIÈS, Philippe. 1988 [1977]. O Homem Perante a Morte. 2 vols. Mem
Martins: Publicações Europa – América.
8.9. CABRAL, João de Pina.1984. «A morte na antropologia social», Análise
Social, v. 20 (2o-3a), no 81-82, 349- 356.
8.10. COELHO, António Matias, org. 1991. Atitudes Perante a Morte. Coimbra:
Livraria Minerva.
8.11. MACHADO, Carlos Alberto.1999. Cuidar dos Mortos. Sintra: Instituto de
Sintra.
9. CRONOGRAMA