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A ESCREVIVÊNCIA
E OS INDICADORES DE BEM-ESTAR
PARA POVOS TRADICIONAIS
Uma ferramenta de pesquisa em Psicologia
Casa Leiria
Everson Jaques Vargas, nascido
em Esteio/RS, em 09/02/1991, é
psicólogo clínico e social, pesqui-
sador associado ao Observatório
Nacional de Justiça Socioambiental
Luciano Mendes de Almeida, poeta
e escritor. Atualmente é Conselheiro
Gestor do Programa Municipal de
Pacificação Restaurativa de Novo
Hamburgo. Afirma-se como ho-
mem preto, cisgênero e amante da
escrita de Carolina Maria de Jesus,
Conceição Evaristo, Carla Akotire-
ne, Elisa Lucinda, bell hooks, Au-
dre Lorde, Castro Alves, Francisco
Solano Trindade, Renato Nogueira,
Manoel de Barros, Sérgio Vaz, Mia
Couto e Ana Suy Sesarino Kuss.
A ESCREVIVÊNCIA
E OS INDICADORES
DE BEM-ESTAR PARA
POVOS TRADICIONAIS
UMA FERRAMENTA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA
SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 6
OBSERVATÓRIO NACIONAL DE JUSTIÇA
SOCIOAMBIENTAL LUCIANO MENDES DE ALMEIDA – OLMA
A ESCREVIVÊNCIA
E OS INDICADORES
DE BEM-ESTAR PARA
POVOS TRADICIONAIS
UMA FERRAMENTA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA
SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 6
Casa Leiria
São Leopoldo/RS
2022
SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL.6
A ESCREVIVÊNCIA E OS INDICADORES DE BEM-ESTAR
PARA POVOS TRADICIONAIS: UMA FERRAMENTA DE
PESQUISA EM PSICOLOGIA
Everson Jaques Vargas
Edição: Casa Leiria.
Fotos: Membros do Centro de Umbanda.
Foto da capa: Everson Jaques Vargas.
Para citar esta obra. VARGAS, E. J. A escrevivência e os indicadores de
bem-estar para povos tradicionais: uma ferramenta de pesquisa em Psico-
logia. São Leopoldo, RS: Casa Leiria, 2022. (Saberes Tradicionais, 6).
Os textos e imagens são de responsabilidade do autor.
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida,
desde que citada a fonte.
ISBN 978-65-89503-87-3
Catalogação na publicação
Bibliotecária: Carla Inês Costa dos Santos – CRB 10/973
“Eles combinaram de nos matar.
A gente combinamos de não morrer.”
(Conceição Evaristo)
A ESCREVIVÊNCIA E OS INDICADORES DE BEM-ESTAR PARA POVOS TRADICIONAIS
AGRADECIMENTOS
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A ESCREVIVÊNCIA E OS INDICADORES DE BEM-ESTAR PARA POVOS TRADICIONAIS
SUMÁRIO
12 PREFÁCIO
Luiz Felipe Lacerda
15 INTRODUÇÃO
18 1. Tema
18 2. Problema
18 3. Objetivos
19 4. Justificativa
21 O SURGIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA
UMBANDA NO BRASIL
24 PSICOLOGIA E OS POVOS TRADICIONAIS DE
TERREIRO – DO INDIVÍDUO/SUJEITO À PESSOA
31 INDICADORES DE BEM-ESTAR PARA POVOS
TRADICIONAIS
34 APOSTA METODOLÓGICA
34 Delineamento-Amostra/Participantes
35 Procedimentos de coleta e análise de dados
36 Instrumentos/ferramentas, tecnologias e cosmopercepções
39 EXPERIÊNCIAS DE AXÉ E AGÔ E A ESCREVIVÊNCIA
DOS NÓS
53 O ENCONTRO COM O POVO DO CENTRO DE
UMBANDA CACIQUE DA LUA E OXUM DAS
CACHOEIRAS: A ORDEM DOS GUARDIÕES DA LUZ
74 CONSIDERAÇÕES FINAIS
76 REFERÊNCIAS
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PREFÁCIO
Luiz Felipe Lacerda1
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A ESCREVIVÊNCIA E OS INDICADORES DE BEM-ESTAR PARA POVOS TRADICIONAIS
INTRODUÇÃO
Por muitos anos a ciência psicológica – Psicologia2 – afas-
tou-se das pesquisas com os Povos Tradicionais,3 suas espirituali-
dades, suas ancestralidades,4 suas produções de conhecimentos
e suas subjetividades, sejam elas em nível de Brasil ou de mundo
(BAIRRÃO, 2017, p. 4). Deste modo, contribui-se com os proces-
sos de invisibilizações, epistemicídios,5 cosmofobias,6 apagamentos
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SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 6
7 Para mais informações, vide: SASSAKI, Romeu Kazumi. Nada sobre nós, sem nós:
Da integração à inclusão – Parte 1. Revista Nacional de Reabilitação, ano X, n. 57,
p. 8-16, jul./ago. 2007.
8 Conhecimentos oriundos de povos que enfrentaram e enfrentam as investidas mor-
tificantes dos processos de subjetivação dos povos nórticos. Mais informações em:
SANTOS, Antônio Bispo. Colonização, Quilombos, modos e significações. Brasília:
INCTI, 2015.
9 Epistemologias que fazem confluências com a proposta de pesquisa. Para um apro-
fundamento sobre a questão, vide: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria
Paula (org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
10 Recursos metodológico e escrevivencial determinantemente marcados pela condição
das mulheres negras no Brasil. Esse método de análise da vida subalternizada é inven-
tado coletivamente pela escritora, autora e Doutora Conceição Evaristo, na sua obra
Becos da Memória. Para mais informações, vide: EVARISTO, Conceição. Becos da
memória. 3. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2018. E-book.
11 Recurso metodológico construído em parceria com os povos tradicionais da América
Latina, utilizado pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Men-
des de Almeida – OLMA.
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1. Tema
2. Problema
3. Objetivos
3.1 Objetivo Geral
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4. Justificativa
13 Mais informações em: VILELA, Ana Maria Jacó. História da Psicologia no Brasil: uma
narrativa por meio de seu ensino. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 32, p. 28-43, 2012.
14 SOARES, Antônio Rodrigues. A Psicologia no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão,
v. 30, p. 8-41, 2010.
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A ESCREVIVÊNCIA E OS INDICADORES DE BEM-ESTAR PARA POVOS TRADICIONAIS
O SURGIMENTO E O DESENVOLVIMENTO
DA UMBANDA NO BRASIL
Para que tenhamos uma dimensão espiritual, histórica, políti-
ca e social do desenvolvimento da vertente religiosa que iremos co-
nhecer através da abordagem de pesquisa, buscamos resgatar alguns
acontecimentos que constituíram e constituem a formação cultural
do povo de Terreiro por nós experimentado. Desta forma, pontuare-
mos os elementos que para o nosso entendimento são cristalizações
importantes na configuração dessa matriz religiosa brasileira.
A Umbanda como expressão de fé e conjunto de saberes espi-
rituais possui uma história anterior ao seu datamento historiográfico,
oriunda de muitas experiências antepassadas. No entanto, o que te-
mos registrado em dados e documentos históricos é a sua compleição
enquanto matriz religiosa a partir do ano de 1908 no Rio de Janeiro,
expressando-se em uma Casa espírita do município de São Gonçalo.
De acordo com Haag (2011) e Vargas et al. (2018; 2019):
[...] o Caboclo das Sete Encruzilhadas veio ao mundo pelo
médium Zélio Fernandino de Moraes, na época com 17
anos. A partir de então, a Umbanda se consolidou como
religião em muitas Casas do estado do Rio de Janeiro.
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PSICOLOGIA E OS POVOS
TRADICIONAIS DE TERREIRO – DO
INDIVÍDUO/SUJEITO À PESSOA
Ao iniciarmos essa ideia na obra, aproximamo-nos da per-
gunta realizada na síntese do pensamento de Henriques Bairrão
(2017, p. 4), até aonde a Psicologia ocidental e suas vertentes estão
implicadas em estabelecer a espiritualidade e as expressões religio-
sas como campos férteis para as produções de conhecimento e subje-
tividade? Sendo mais objetivo, estará a Psicologia implicada com as
produções de vida que habitam as religiosidades e espiritualidades?
A resposta à questão trazida inicialmente, leva-nos a com-
preensão sobre o reconhecimento do Conselho Federal de Psicolo-
gia (CFP), em relação ao atraso histórico desse ramo da ciência no
que tange ao trabalho das (os) profissionais de Psicologia com os
povos tradicionais brasileiros. Somente no ano de 2019 o CFP pos-
sibilitou a elaboração do documento regulamentador de referências
técnicas para atuação de psicólogas (os) com os povos tradicionais
brasileiros.
Ao nos ocuparmos em problematizar18 essa questão, encon-
tramos ainda no século XXI, nas sociedades “pós-coloniais”, pro-
fissionais que fazem uso do saber que a Psicologia produz e repro-
duz para regimentar e afirmar um campo de neutralidade em suas
pesquisas científicas, práticas sociais, institucionais e clínicas; de-
terminada produção de sujeito/indivíduo e objeto descolados da sua
formação sócio-histórica (MUNANGA, 2014, p. 4). Caberia diante
desse pensamento outro questionamento: não seriam essas socieda-
des neocoloniais?
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21 Para o aprofundamento dessa questão, vide: MESSIAS, João Carlos Caselli; CURY,
Vera Engler. Psicoterapia centrada na pessoa e o impacto do conceito de experiência.
Psicologia: Reflexo e Crítica, v. 19, n. 3, p. 355-361, 2006.
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22 Perspectiva ético-política trazida por uma das linhas filosóficas africanas – Bantu –,
que desloca a centralidade do indivíduo/sujeito para composições pluriversais. Para
maiores aprofundamentos, vide: VANSCONCELOS, Francisco Antônio de. Filosofia
Ubuntu. LOGEION: Filosofia da Informação, v. 3, n. 2, p. 100-112, mar./ago. 2017.
23 Mais informações em: NUNES, João Arriscado e LOUVISON, Marília. Epistemolo-
gias do Sul e descolonização da saúde: por uma ecologia de cuidados na saúde coletiva.
Saúde e Sociedade, v. 29, n. 3, 2020. DOI: 10.1590/S0104-12902020200563. Dispo-
nível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/8XdsBw8dwhVQfr7B4ccBvVH/?lang=pt.
Acesso em: 15 maio 2021.
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INDICADORES DE BEM-ESTAR
PARA POVOS TRADICIONAIS
Os encontros dos povos tradicionais com a cultura ocidental
no mundo, América Latina e Brasil registram diversas formas de vio-
lências, dominações, explorações, mistificações culturais, étnicas e
espirituais aos povos já citados, no passado e atualmente. Nesse sen-
tido, arranjaram-se formas de combater às sobreposições de poder
e o padrão de desenvolvimento humano imposto pelos marcadores
internacionais através de construções coletivas com os povos tradi-
cionais. Cria-se, então, um dispositivo que se apoia no subsídio de
marcadores e indicadores de qualidade de vida – focada na singula-
ridade de cada povo tradicional –, tendo como objetivo a criação de
estratégias internas e no levantamento de demandas para a produção
de políticas públicas, sociais e institucionais que auxiliem na pre-
servação dos seus modos de vida e da sua soberania em contraponto
aos marcadores socioeconômicos dominantes (ACOSTA, 2013; LA-
CERDA, 2016 apud VARGAS, 2019).
Ao seguir esta perspectiva de luta por soberania e autopreser-
vação dos povos tradicionais na América Latina, foram realizadas di-
versas pressões por parte das organizações representativas dos povos
tradicionais, e esses tensionamentos alcançaram conquistas signifi-
cativas, como “[...] a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas
(ONU, 2009),30 o Pacto de Pedregal31 e o Decreto 4887/0332 sobre
30 Mais informações em: Declaração das Nações Unidas sobre os Povos Indígenas:
perguntas e respostas. 2. ed. Rio de Janeiro: UNIC; Brasília: UNESCO, 2009. 80 p.
31 O Pacto de Pedregal foi firmado após a reunião de consolidação de algumas providên-
cias sobre os direitos dos povos indígenas. Em 1993 foi consolidado o ano Internacio-
nal dos Povos Indígenas. Mais informações em: Pacto del Pedregal. Universidad Na-
cional Autónoma de México, 2016. Disponível em: http://www.nacionmulticultural.
unam.mx/pactopedregal/. Acesso em: 1 out. 2020.
32 Para o aprofundamento sobre a questão, vide: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/2003/d4887.htm. Acesso em: 1 out. 2020.
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APOSTA METODOLÓGICA
O contato com o templo religioso foi realizado no ano de
2019, tendo em vista que o seu sacerdote pertence à comunidade
onde situam-se dois Terreiros que construíram pesquisas pelo pes-
quisador/graduando em questão. Assim, a liderança faz parte da
formação territorial/cultural/religiosa dos Terreiros pesquisados
anteriormente por Vargas et al. (2018; 2019). A aproximação com a
comunidade de Terreiro do Centro de Umbanda Cacique da Lua e
Oxum das Cachoeiras: A Ordem dos Guardiões da Luz se formali-
zou a partir da apresentação da proposta para a liderança religiosa – a
autoridade da Casa de religião –, que realizou o experimento dessa
metodologia vivencial e socioambiental adaptada à realidade pandê-
mica e aos povos tradicionais brasileiros.
A liderança religiosa assinou o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE) que visa a autorização do processo de pesquisa
depois que o projeto foi contemplado pelo Comitê de Ética da Univer-
sidade da Vale do Rio dos Sinos via Plataforma Brasil, aprovado con-
forme o CAAE 40296020.5.0000.5344, que autoriza a divulgação de
imagens e a gravação dos diálogos da entrevista individual/coletiva34
situada nas plataformas digitais. Como modo de registrar os encontros
foi utilizado o WhatsApp e um gravador de celular, com autorização
prévia do entrevistado para o processo de escrevivência da pesquisa.
Delineamento-Amostra/Participantes
34 Para a liderança do povo de Terreiro estudado, não há separação entre indivíduo e co-
letivo, há sempre mais de uma força – entidades –, falando com ele e o resguardando.
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Instrumentos/ferramentas,
tecnologias e cosmopercepções
35 Fluência de atuação das cosmovisões dos povos africanos para experimentação dos
múltiplos sentidos que passam e formam o corpo-encruzilhada. Mais informações
em: SILVA, José Artur do Nascimento; MENDES, Tarcísio Moreira; OLIVEIRA, Jul-
van Moreira; DE ÁFRICA, Nzinga; DIÁSPORA, Dandara. Cosmopercepção descolo-
nizando o corpo negro. Revista da ABPN, v. 12, n. 33, p. 402-430, jun./ago. 2020.
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37 Utilizamos aqui a problematização trazida por Spivak sobre a fala subalterna. Mais in-
formações, vide: SPIVAK, Gayatri Chakravony. Pode o subalterno falar? Tradução:
Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo
Horizonte: UFMG, 2010. Título original: Can the Subaltern Speak?
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mória dos seus netos, seus bisnetos e nos nossos Olhos d’água!
Com você meu querido avô que aprendi a lutar por uma Psicologia
equânime, universal e gratuita. Por essas lutas, você nunca será es-
quecido, sua lembrança habita em cada uma delas.
Vovó Feliciana – mãe de minha mãe – é uma mulher preta,
intelectual, solidária e pobre de Alegrete/RS, que cedo se tornou
mãe de nove filhos(as); em sua casa simples, com rebocos a fazer
e, principalmente, com muitas cicatrizes em seu alicerce, sobraram
violências e faltou um companheiro, como em muitos lares do nosso
Brasil afrodiaspórico.
Engajada no cuidado de uma família preta, como mãe solo
no Rio Grande do Sul, vovó viu suas filhas e filhos trabalharem no
campo e casarem cedo. Todos (as) elas (es) não tiveram acesso à
educação pública de qualidade, não somente pela negação de di-
reitos educacionais, mas quando juntamos todas as intersecções de
raça, gênero, classe, território e trabalho, entendemos que essas va-
riantes não permitiriam a nenhum(a) deles(a) estudar e se guiar por
caminhos não visitados anteriormente por sua hereditariedade.
A casa da minha avó foi deixada para trás por minha mãe,
meus tios e tias e, com ela, muitos afetos e carinhos. Vovó ama seus/
suas filhos (as), netos (as) e bisnetos (as) através de poucas palavras
e uma arte milenar dos povos africanos – a arte de cozinhar.
Até os dias atuais a mais antiga en-carnada da nossa ascen-
dência prepara a comida como um ritual para os seus ibejis – todos
os filhos, netos e bisnetos –, esses para ela nunca deixaram de ser
crianças. Minha avó ensina o que é amar com as suas mãos, assim
aprendeu a expressar o amor e a soletrar a nossa importância para
ela. A inspiração que percorre os meus dedos vem de minha avó.
Vovó continua amando através de mim.
Entre essas idas e vindas da universidade, em uma noite chu-
vosa de verão, lá estava eu, dentro da lotação, olhei para a janela
embaçada e me espantei com um vulto à minha direita. Havia sentado
uma pessoa no banco e não percebi. Ligeiramente, despertou a lem-
brança das histórias de assombrações que papai descrevia.
Meu pai, um homem negro, criativo e pobre, sempre teve
medo de encar-nações, contava-nos histórias de assombrações em
suas idas para o trabalho na roça – forma de nomear a cidade em que
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Cada vez que meu pai voltava naquele local para visitar o
meu avô, comigo ainda pequeno, acionava em mim memórias que
transitavam entre imagens do que não vivi e suas fabulações, nar-
rando sua trajetória de trabalho entre a mata. Esses contos tinham
cobras chamadas de “cruzeiras”, lagartos, bugios e aranhas.
Eram histórias de dificuldades, que traziam relações com as
adversidades que papai expressava também na cidade, muitas vezes
me contava que o seu maior medo era não ter comida no prato para
nos oferecer. Meu pai, como homem negro, nunca deixou de nos
mostrar, mesmo em forma de silêncio, que ser preto na sociedade
brasileira era uma tarefa a ser superada com muito estudo. Papai
acredita muito na educação, talvez, por ter sofrido tantas violências
no chão de fábrica.
Meu avô, de fisionomia cansada, calvo, curvado, quieto, com
dificuldades de caminhar, devido a um problema de coluna, e preciso
nas palavras, ensinou para o meu pai a compreensão da educação
pública como uma das formas de libertação e construção de dignida-
de social; vovô chamava os médicos com quem consultava – na sua
velhice residente da cidade grande, com o advento do Sistema Único
de Saúde –, de “entendidos”, pessoas que, segundo ele, sabiam sobre
o nosso futuro e deviam ser respeitadas. O acesso à cultura afro-
-brasileira e à educação superior para aquele velho homem preto
campesino não era uma possibilidade.
Meu avô era aquela pessoa que não imaginava um futuro
para si e para seus filhos que não passasse pelo trabalho no campo,
chão de fábrica, casamento, filhos(as) e aposentadoria. Atualmente,
tem netos(as) e bisnetos(as) com horizontes que superam as subje-
tivações que transcorriam na sua época e seus desafios de pai preto,
campesino e viúvo. Urge a batalha dos movimentos negros, qui-
lombolas e todos os segmentos de luta que pavimentaram esse solo.
Agô meu velho, pude conhecer mais profundamente a sua
história no povoado do qual você é natural no dia do seu funeral,
entretanto, não poderei presenciar você a escutando, mas ficará re-
gistrada em nossa escrevivência! Esse escrito é para você meu avô
querido.
Ao acompanhar o cortejo do carro fúnebre que levava o cor-
po do meu avô para ser enterrado no cemitério municipal de Vale
Verde/RS – sua cidade natal –, pedimos para o motorista do ônibus,
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47 A raça do menino João Pedro também será apontada, repetidamente, assim como
todos integrantes da escrevivência.
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50 Para mais informações, segue o estudo de BERGO, Renata Silva. Quando o san-
to chama: o terreiro de umbanda como contexto de aprendizagem na prática. 2011.
249 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação,
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Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011. Disponível em: https://
repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FAEC-8M6HZ5/1/tese_renata_silva_bergo.pdf.
Acesso em: 15 mar. 2021.
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51 ARAGÃO, Jorge. Identidade. [S. I.: s. n.], 2008. 1 vídeo (3 min 53 s). Publicado
pelo canal Yman El Baba. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rm-Eex
th0Pw. Acesso em: 6 jun. 2021.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho construído a partir da escrevivência do pesqui-
sador e da experimentação dos Indicadores de Bem-estar para Po-
vos Tradicionais (IBPT) junto com o povo de Terreiro do Centro de
Umbanda Cacique da Lua e Oxum das Cachoeiras: A Ordem dos
Guardiões da Luz, autoriza-nos a encruzilhar a Psicologia através
dos saberes contra-coloniais trazido por Santos (2015), evidencian-
do novos modos de produzir bem-estar, bem viver e pesquisa com
a singularidade dos povos de Terreiro de todo Brasil. A cosmovi-
são ancestral escrevivenciada pelo povo de Terreiro em confluência
com o pesquisador é fortemente combatida dentro e fora das insti-
tuições, sendo os Terreiros tradicionais alvos do racismo estrutural,
institucional, religioso, epistemicídios e mortificações ontológicas,
fazendo com que suas lutas e resistências se voltem para a conser-
vação das culturas ancestrais na sociedade brasileira.
Ao experimentarmos o processo de pesquisa com o povo de
Terreiro do Centro de Umbanda Cacique da Lua e Oxum das Ca-
choeiras: A Ordem dos Guardiões da Luz, coagulamos as capaci-
dades formuladas através das perguntas metodológicas dos IBPTs,
que, em conjunto com as narrativas da liderança religiosa, demons-
traram potencialidades evidentes no Controle Coletivo do Território,
ratificando um amplo processo decisório, com definições delineadas
e responsabilidades distribuídas pela autoridade espiritual. Apresen-
ta-se como vulnerabilidade a capacidade de soberania alimentar com
a dependência da economia dos produtos e ornamentos do mercado
formal, por situar-se em uma zona urbana.
A análise conjunta da capacidade de Construir um Ambien-
te Tranquilo no Terreiro tradicional aponta potencialidades que se
sobrepõe aos desafios gerados pela pandemia e demais fatores exter-
nos, consolidando uma ligação comunitária orientada às divindades
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REFERÊNCIAS
ACOSTA, Luis Eduardo. Pueblos indígenas de la amazonia e in-
dicadores de bienestar humano en la encrucijada de la
globalización: estudio de caso amazonia colombiana. 2013.
Tese (Doutorado em Economia) – Departamento de Econo-
mía Aplicada, Facultad de Ciencias Económicas Y Empresa-
riales, Universidad del País Vasco, Bilbao, Espanha, 2013.
ACOSTA, Luis Eduardo; LACERDA, Luiz Felipe. Indicadores de
Bem-estar Humano para Povos Tradicionais: o caso de uma
comunidade ribeirinha na fronteira da Amazônia brasileira.
Revista Ciências Sociais Unisinos, v. 53, 2017.
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Jandaíra,
2020.
ALENCAR, Gustavo de. Grupos protestantes e engajamento social:
uma análise dos discursos e ações de coletivos evangélicos
progressistas. Religião e Sociedade, v. 39, n. 3, p. 173-196,
dez. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rs/a/r9Mp
p9L3Zvf9P3y7L3PMc3r/?lang=pt. Acesso em: 19 maio 2021.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Ho-
rizonte: Letramento, 2018.
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CASA LEIRIA
Rua do Parque, 470
São Leopoldo-RS Brasil
casaleiria@casaleiria.com.br
Por muitos anos, a Psicologia bus-
cou evidências para se consolidar
como um campo frutífero do conhe-
cimento ocidental e atuação profis-
sional em escala mundial. Diante
dos avanços e comprovações da sua
importância para as sociedades, a
ciência psicológica passou a se fixar
como esfera discursiva com inúme-
ras publicações de pesquisas cien-
tíficas na contemporaneidade.No
entanto, questiona-se de maneira
contundente quem foram as pessoas
que produziram conhecimento com
a Psicologia e quem são as pessoas
pesquisadas? Dada a pergunta ante-
rior, indaga-se sobre o nascimento
da ciência psicológica e como fo-
ram cristalizadas as suas matrizes
epistêmicas ocidentais? Ao respon-
der tais perguntas, esta obra nasce
com o compromisso de questionar
as ferramentas de pesquisa da Psi-
cologia ocidental e demonstrar ou-
tros modos de se relacionar com a
produção de conhecimento. Ao co-
locar a ciência psicológica para se
repensar, emerge a importância do
conhecimento contra-colonial dos
povos tradicionais brasileiros e das
pessoas que se situam fora da nor-
ma homogenista ocidental, assim,
afirma-se uma premissa ética pela
luta por uma ciência não-neutra e
pluriversa.
SÉRIE SABERES TRADICIONAIS
A Série Saberes Tradicionais é uma iniciativa literária
organizada pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental
Luciano Mendes de Almeida (OLMA), pertencente a Província
dos Jesuitas do Brasil.
O OLMA inaugurou seus trabalhos em agosto de 2016 com
objetivos de auxiliar na articulação da Rede de Promoção de Justiça
Socioambiental da Província dos Jesuitas do Brasil, composta
por dezenas de instituições; traçar estratégias de incidência em
prol de tal Justiça, na agenda das políticas públicas nacionais; e
promover, produzir e sistematizar conhecimentos e informações
reflexivas a respeito da realidade brasileira contemporânea.
Entre suas principais áreas de atuação encontra-se o eixo
Amazônia e Povos Tradicionais, com um conjunto de ações e
projetos, entre eles a Semana de Estudos Amazônicos (SEMEA),
que busca promover uma semana de estudos e debates sobre
a Amazônia em universidades localizadas fora do território
amazônico.
Justamente ao longo das edições da SEMEA, observando
e acolhendo demandas de lideranças indígenas e ribeirinhas
da Amazônia, que lutam por registrar suas histórias, divulgar
suas culturas, visibilizar seus conhecimentos, que nasce a Série
SABERES TRADICIONAIS.
A série, não seguindo obrigatoriamente um gênero
especifico, busca dar voz e visibilidade as histórias contadas
e escritas exclusivamente por pessoas pertencentes aos povos
originários e tradicionais do Brasil, como indígenas, ribeirinhos,
quilombolas, pescadores, agricultores familiares, entre outros.