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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS E

HUMANAS

Trabalho de Fim de Curso para Obtenção do Grau de


Licenciada em Sociologia

MONOGRAFIA
A IMPORTÂNCIA DO ALAMBAMENTO NA
SUBCULTURA HANHA.

CASO DA POVOAÇÃO DO NGOYO, COMUNA DA


YAMBALA MUNICÍPIO DO CUBAL, PROVINCIA DE
BENGUELA

ESTUDANTE: JULIETA DO ROSÁRIO ALVES SARDINHA

OPÇÃO: SOCIOLOGIA

ORIENTADOR: PhD. JOSÉ ADRIANO UKWATCHALI

Benguela, 2023
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS E
HUMANAS

Trabalho de Fim de Curso para Obtenção do Grau de


Licenciada em Sociologia

MONOGRAFIA

A IMPORTÂNCIA DO ALAMBAMENTO NA
SUBCULTURA HANHA.

CASO DA POVOAÇÃO DO NGOYO, COMUNA DA


YAMBALA MUNICÍPIO DO CUBAL, PROVINCIA DE
BENGUELA

ESTUDANTE: JULIETA DO ROSÁRIO ALVES SARDINHA

OPÇÃO: SOCIOLOGIA

ORIENTADOR: PhD. JOSÉ ADRIANO UKWATCHALI

Benguela
Junho de 2023
EPÍGRAFE
Carta de pedido!

Meu filho, baseando-se no principio de que todos somos iguais perante a lei, e
respeitando os princípios Plasmados na carta da Nações Unidas, sobre os Direitos
humanos, e nos acordos da convenção de genebra, que consagram o respeito pela
propriedade alheia, e segundo os magnos princípios que integram a minha índole
moral, peço nesta carta de pedido o seguinte:

Cuide bem da minha filha.

Que ela encontre um lar em vossa família.

Que nunca lhe dês motivos para voltar em minha casa.

Que sejas namorado, marido, amigo, irmão, e Pai ao mesmo tempo.

Caso ela não saiba cozinhar, não evites o esforço de pô-la num curso de culinária.

Trate-a como sua filha mais velha.

Quanto aos vossos bens, que seja para o sustento dos vossos filhos.

Respeitem-na como sua segunda Mãe.

Em nome de toda família, endereçamos votos de muitas felicidades!

O dinheiro que geralmente acompanha a carta, nestas circunstâncias fica para o vosso
consumo”!

III
PENSAMENTO

‟Se é certo que não vamos aceitar o falso pelo

verdadeiro, também é certo que não vamos pronunciar o

nosso juízo senão sobre o que tivemos devidamente

esclarecido.”

(Descartes)

IV
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoiou


incondicionalmente ao longo dessa jornada. Agradeço pelo amor, paciência e incentivo
constante. Também gostaria de dedicar este trabalho aos meus amigos e colegas de
curso, que compartilharam comigo momentos de aprendizado, desafios e conquistas.
Suas experiências e colaboração foram fundamentais para o meu crescimento
acadêmico.

Por fim, agradeço aos meus orientadores em particular PhD. José Adriano
Ukwatchali, que me guiaram com sabedoria, conhecimento e orientação ao longo desta
pesquisa. Sem o apoio e orientação deles, este trabalho não seria possível. A todos, meu
sincero agradecimento.

V
AGRADECIMENTOS

Á Deus Pai, pelo Dom da vida!

Aos meus Pais, pela partilha do Dom Sagrado, o da Vida e por tudo que eu sou
e continuo a ser! Reitero a minha estima, admiração e respeito eterno;

Á Direcção da Instituição, e toda comunidade escolar, pelo acolhimento e rica


e salutar interacção permanente;

Aos meus inesquecíveis professores e outras pessoas de apoio á instituição que


desde o primeiro momento, preocuparam-se em mostrar-nos na fonte do saber,
saciando desta feita a nossa sede do saber;

Aos meus colegas, e amigos, pela interacção, partilha de saberes, habilidades


durante o tempo em referência;

Agradeço de modo peculiar o meu estimado admirado e incansável O


Professor Doutor José Adriano Ukwatchali, meu incansável Orientador, por tudo, que
muitas vezes lhe roubei o sono e sonhos, para que o meu sonho fosse um facto.

VI
ÍNDICE

VII
ÍNDICE DE FIGURAS

VIII
ÍNDICE DE TABELAS

IX
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

X
RESUMO
O presente tema está relacionado com os valores socioculturais de um povo,
no que se refere aos hábitos e costumes ligados a vida dos mesmos, em que tivemos
como foco principal de estudo: o valor do alambamento e a sua relevância cultural na
povoação do Ngoyo, Comuna do Yambala, no Município do Cubal, província de
Benguela. O objectivo geral do nosso trabalho é compreender a importância do
Alambamento, suas implicações cultural e social no seio das famílias na subcultura
Hanha, na Comuna da Yambala Povoação do Ngovo, Município do Cubal Província de
Benguela.

Para o tratamento da problemática delineamos a seguinte questão de


investigação científica: Qual é importância do alambamento na subcultura Hanha na
subcultura Hanha e como ele contribui para a preservação da identidade das famílias na
povoação do Ngoyo, Comuna da Yambala, Município do Cubal, Província de
Benguela?

Para a elaboração do nosso trabalho recorremos a procedimentos


metodológicos como: consultas bibliográficas, técnicas de recolha de informação,
pautamos pela entrevista directa, numa amostra de 25 indivíduos, dos 1.600 indivíduos,
que constitui a população daquela povoação do Ngoyo. No primeiro capitulo
abordamos sobre a fundamentação teórica, sobre o alambamento, retractando sobre os
conceitos chaves, abordamos outrossim sobre o alambamento, uma realidade cultural
na subcultura Hanha, no segundo capítulo abordamos sobre a metodologia do estudo e
no terceiro capitulo a parte pratica do nosso estudo.

XI
Palavra-Chave: Alambamento, Família, Cultura e subcultura.

ABSTRACT
The present theme is related to the sociocultural values of a people, with
regard to the habits and customs linked to their lives, in which we had as the main
focus of study: the value of alambamento and its cultural relevance in the village of
Ngoyo, commune of Yambala, in the municipality of Cubal, province of Benguela. The
general objective of our work is to understand the importance of Alambamento, its
cultural and social implications within families in the Hanha subculture, in the
commune of Yambala Povoação do Ngovo, Municipality of Cubal Province of
Benguela.

For the treatment of the problem, we outlined the following scientific research
question: What is the importance of alambamento in the Hanha subculture in the Hanha
subculture and how it contributes to the preservation of the identity of families in the
village of Ngoyo, Commune of Yambala, Municipality of Cubal, Province of
Benguela?

For the elaboration of our work, we resorted to methodological procedures


such as: bibliographic consultations, techniques for gathering information, guided by
direct interviews, in a sample of 25 individuals, out of the 1,600 individuals, which
constitute the population of that village of Ngoyo. In the first chapter we approach
about the theoretical foundation, about alambamento, portraying the key concepts, we
also approach about alambamento, a cultural reality in the Hanha subculture, in the
second chapter we approach about the methodology of the study and in the third
chapter the practical part of our study.

XII
Keywords: Alambamento, Family, Culture and subculture.

XIII
INTRODUÇÃO
Na vasta diversidade cultural de Angola, a subcultura Hanha se destaca por
suas tradições e rituais únicos, e um desses rituais de grande significado é o
alambamento, que representa o casamento tradicional dentro dessa subcultura. Neste
trabalho, nos propusemos explorar a importância do alambamento como um ritual de
casamento na subcultura Hanha, analisando suas origens, práticas contemporâneas e
seu papel na preservação da identidade cultural e das comunidades (DOMINGOS,
2021).

O alambamento é uma cerimônia tradicional de casamento que desempenha


um papel fundamental na vida dos membros da subcultura Hanha. É um momento de
celebração, união e transição, marcando a passagem de uma fase da vida para outra.
Durante o alambamento, são realizados rituais e cerimônias específicas, envolvendo a
participação activa da família e da comunidade, como símbolo de apoio e
fortalecimento dos laços sociais.

O alambamento ou “pedido” chega a ser um acontecimento mais importante


do que o casamento civil ou religioso e consiste em pedir a mão da namorada à família,
mais propriamente ao tio, que tem um papel fundamental para que o casamento se
concretize. O papel dos tios é tanto ou mais importante do que o dos pais, pois os tios
são também responsáveis pela educação da noiva.

Problema Científico
Qual é importância do alambamento na subcultura Hanha na subcultura Hanha
e como ele contribui para a preservação da identidade e das famílias na povoação do
Ngoyo, Comuna da Yambala, Município do Cubal, Província de Benguela?

Justificativa
Justificamos a presente investigação, pelo facto de se ter suscitado em nós um
grande interesse, sobretudo, quando fomos assistir uma cerimónia (ritual) de
alambamento na província de Luanda, Município do Cazenga, em que constatamos um
certo exagero na carta de pedido no momento em que se fazia a entrega dos bens (dote)
a família da noiva.

14
O facto levantara certos murmúrios e reclamações aquando da entrega dos
dotes, dizendo que tinham exagerado na feitura da carta por parte da família da noiva.
Foi este propósito que nos levou a imperiosa necessidade de aprofundar o estudo sobre
a sua importância nas famílias angolanas, e com isto estudar a subcultura Hanha, caso
particular na Comuna da Yambala no Município do Cubal.

Consideramos que este tema é actual, acreditamos que socialmente, o presente


trabalho irá contribuir significativamente para que os membros da nossa sociedade
angolana, particularmente os pertencentes a comunidade dos Va’ Hanha no Cubal, na
província de Benguela tenham um conhecimento aprofundado sobre o assunto, na
perspectiva de compreenderem a importância do alambamento, sendo que este constituí
um costume chave para a união de duas pessoas como um casal, o seu papel no seio das
famílias angolanas.

Na mesma senda, queremos trazer evidências às novas gerações no sentido de


valorizarem e comprometeram-se com o cumprimento do mesmo, pois que assim a
nossa cultura exige, apesar das várias mutações sociais. Josefina Ngalo, citada por
Higino Marcelino, aconselha o seguinte: “Embora com algumas adaptações próprias do
mundo dinâmico em que vivemos, é necessário que não percamos de vista as boas
práticas típicas da nossa cultura”, continuando dizia que, “deve-se seguir o
procedimento de fazer o alambamento(o pedido) até ao dia do casamento e cumprir-se
com todos os rituais de cada etnia...”1

Cientificamente acreditamos que daremos para a ciência um contributo a nível


académico para o aumento de literaturas ligadas a abordagem e discussão do tema por
parte de estudantes e outros, encontrando assim um suporte para o sustento das suas
investigações futuras.

Uma vez que a cultura constitui o legado real da existência de um povo,


acreditamos que com este trabalho criamos a abertura para um ou mais debates
alargados sobre as diferentes culturas existentes no país no que toca a questão do
alambamento, particularmente para os Muanhas residentes no Município do Cubal, na
província de Benguela, pois que segundo Bine Agostinho, “o alambamento é um ciclo

1
Higino Marcelino, Alambamento e problema nos processos matrimoniais, Instituto Superior
Politécnico Jean Piaget, p. 11, licenciatiura em sociologia, Benguela 2015

15
que se repete de geração a geração...”, pois que nos foi deixado pelos nossos
ancestrais...2

Para a realização da pesquisa empírica, primeiramente recorremos a técnica de


revisão bibliográfica, na qual foi examinada a literatura concernente a área de
sociologia, com a finalidade de se obter informações sobre o alambamento na
subcultura Hanha, na povoação do Ngoyo, Comuna da Yambala, Município do Cubal.
Posteriormente, pesquisa de campo sendo que recorremos as técnicas, de Observação e
Entrevista, aplicadas á nossa amostra, na Comuna na povoação do Ngoyo, Comuna da
Yambala, Município do Cubal.

Para alcançamos os fins desejados com o nosso trabalho de cariz científico,


elaboramos os seguintes objectivos:

Objectivos
Geral:
 Compreender a importância do alambamento, suas implicações culturais e
sociais no seio das famílias na subcultura Hanha, na povoação do Ngoyo,
Comuna da Yambala, Município do Cubal.

Específicos:
1- Despertar o interesse cultural e social deste fenómeno nas populações da
Hanha, na povoação do Ngoyo, Comuna da Yambala no Município do Cubal;

2- Compreender os valores culturais que se prendem com a maneira de pensar,


agir, deste povo ou grupo social, enquanto pertencentes a cultura dos povos
ovimbundu;

3- Caracterizar a importância do Alambamento, suas implicações culturais e


sociais no seio das famílias na subcultura Hanha, na Ppovoação do Ngoyo, Comuna da
Yambala, Município do Cubal.

Para responder à nossa questão de investigação científica elaboramos quatro


hipóteses que servira de certa forma como suporte do problema levantado:

2
Mateus Bine Agostinho, Alambamento no seio dos ambundo da província de Luanda”. Disponível
em http:internet/>Faculdades de Ciências de Antropologia, Luanda. Consultado em 06 de Outubro de
2016

16
H1- Quanto mais se conhece a importância do alambamento, maior será a
necessidade obrigatória do seu cumprimento nos povos de origem Bantu (Hanha), isso
porque este constitui um dever obrigatório por parte do noivo, é um ritual / costume
muito importante para a união de um casal sendo que o mesmo faz parte do modo de
vida na comunidade.

H2- Quanto maior a necessidade do alambamento dentro da cultura umbundo


sobre tudo os (Va´Hanha), mais se valoriza a mulher como sendo a única capaz de
gerar a vida.

H3- Quanto menos se conhece do alambamento e sua importância, nos dias de


hoje, maior é a probabilidade dela servir como uma fonte de arrecadação de bens
financeiros, materiais e transformar-se em comércio.

H4- Quanto mais se realiza o alambamento (na subcultura Hanha) mais se


garante a consolidação e estabilidade do casamento e união familiar.

O presente trabalho está estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo


começaremos com um breve historial sobre o alambamento, logo em seguida, de forma
breve, faremos a fundamentação teórica do alambamento, não como tema em causa,
mas apenas como um ponto de partida no trabalho que nos propusemos a apresentar,
uma vez que a importância do alambamento será o tema a se desenvolver e outros
pontos ligados a este trabalho. Ainda no mesmo capítulo, apresentaremos a definição
dos conceitos chaves do nosso trabalho na perspectiva de alguns autores que serão
referenciados. No capitulo 2 bordamos sobre a metodologia utilizada durante a
investigação do projecto. No capitulo 3 apresentamos os resultados das analises feitas
durante a investigação.

17
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

18
INTRODUÇÃO
1.1. PERSPECTIVA HISTORICADO CONCEITO ALAMBAMENTO

No concernente a origem etimológica do termo, alguns autores fizeram uma


abordagem sobre a sua origem. E é assim que, para Altuna, o substantivo da língua kimbundu
“Kilembu” significa: “Soma de géneros artigos ou dinheiro”. E o verbo, também kimbundu
“Kulemba” significa “Prestar homenagem ao futuro sogro por meio de presentes
convecionais”. Alambamento deriva directamente deste verbo, depois de suprimir o radical
do infinito “Ku” e de lhe acrescentar a desinência “mento” por influência do português. 3 Na
definição do alambamento e origem do termo, Emílio Sumbelelo citando Pe. Francisco
Valente, na terminologia portuguesa «introduziu-se o neologismo alambamento, para
designar o dote de casamento como valores que se entregam aos pais da noiva». 4 Segundo Pe.
Francisco Valente, o termo alambamento teria derivado de “Lomba”, em umbundu tem o
significado de “Pedir”5 Ainda para estes autores, “o alambamento, “é assim uma condição
fundamental para a tramitação do noivado, é tratado entre as famílias dos nubentes, mesmo
não se tratando do primeiro matrimónio. As regras variam ligeiramente, de etnia para etnia
mas, o princípio é universal, a família da noiva obriga-se a devolvê-lo caso não se verifique a
consumação do casamento ou em caso de divórcio. Segundo este autor , “o alambamento tem
a “função de prestigiar a mulher em nome do qual é feito. Ele garante, perante a todos o
respeito pelo próximo”6

Para o nosso trabalho, comungamos com o conceito apresentado por Emílio


Sumbelelo citando Pe. Francisco Valente, na terminologia portuguesa «introduziu-se o
neologismo alambamento, para designar o dote de casamento como valores que se entregam
aos pais da noiva».

3
Cfr. Raúl R. de Alsua ALTUNA, Cultura Tradicional Bantu, Editora Ânsua, Luanda, 1985, p.328.
4
Cfr. Emílio SUMBELELO, A constituição do dote, e as suas implicações na pastoral familiar, Editora secretariado
diocesano de pastoral do Uíge, 2ª Edição, Uíge, 2010, p.69.
5
Cfr.Francisco VALENTE, A problemática do matrimónio tribal, Lisboa 1985, p.70-71.
6
Cfr. Emílio SUMBELELO, A constituição do dote, e as suas implicações na pastoral familiar, Editora secretariado
diocesano de pastoral do Uíge, 2ª Edição, Uíge, 2010, p.69
19
1.2.1. DEFINIÇÕES DE CONCEITOS
O presente subcapítulo, retracta de definições de conceitos para clarificação de
alguns conceitos fundamentais sobre os aspectos relacionados com a nossa temática, tais
como: Alambamento, família, casamento e cultura

1.2.2. ALAMBAMENTO
Segundo Higino Marcelino, citando Nuno Paulino Barroso e Celestina Francisco da
Cunha, o alambamento‟ é uma actividade cultural que consiste num conjunto de mercadorias
e de presentes que o noivo dá por contracto, sendo visto como símbolo de casamento, prémio
aos familiares da nubente como indemnização pelos gastos feitos com ela desde o seu
nascimento até ao dia do casamento, uma vez que essa é família que a gerou e criou.” 7 Desta
feita, o alambamento passou a considerar-se como garantia do contracto de casamento, ou
como caução impeditiva da sua rescisão. É tido como caução impeditiva porque em caso de
divórcio a família da noiva é obrigada a devolver os bens recebidos.

Para Mário Milheiro, “o alambamento” são os diferentes objectos (animais e


dinheiro), que o noivo dá a família da rapariga para com ela passar a viver maritalmente. 8

Continuando, segundo este autor, “o alambamento tem a “função de prestigiar a


mulher em nome do qual é feito. Ele garante, perante a todos o respeito pelo próximo, ...”

De acordo com Raúl Altuna, o alambamento é o ‟conjunto de preparativos e


entregas que preparam e legitimam o casamento, onde uma família junta a quantidade de
bens necessários para que um membro seu receba uma mulher de outro grupo, que
enriquecerá o grupo com os filhos e o trabalho agrícola.” 9 Para o nosso trabalho
consideramos a definição de Raúl Altuna.

Segundo Dom Emílio Sumbelelo, citando Pe. Francisco Valente, na terminologia


portuguesa introduziu-se o neologismo alambamento, para ‟designar o dote de casamento
como valores que se entregam aos pais da noiva. ”10

7
Higino Marcelino, Alambamento e problema nos processos matrimoniais,Instituto Superior Politécnico Jean Piaget,
p.14, licenciatura em sociologia, Benguela 2015.
8
Cfr.: Mário MILHEIRO, Etnografia Angolana, Instituto de Investigação Científica, 2ªEdição, Luanda, 1967, p.59.
9
Cfr.: Raúl R. de Alsua ALTUNA, Cultura Tradicional Bantu, Editora Ânsua, Luanda, 1985, p.327.
Emílio SUMBELELO, Aconstituição do dote,e as suas implicações na pastoral familiar, Editora secretariado diocesano
de pastoral do Uíge, 2ª Edição, Uíge, 2015, p.69.
10
Emílio SUMBELELO, Aconstituição do dote,e as suas implicações na pastoral familiar, Editora secretariado
diocesano de pastoral do Uíge, 2ª Edição, Uíge, 2010, p.69
20
Para Mateus B. Agostinho, “o alambamento é um conjunto de preparativos e entrega
de certa quantia em dinheiro, bebidas e alguns objectos prescritos na carta de pedido que a
família do noivo faz para homenagear a família da noiva”.

Quando um jovem decide se casar, é necessário ter autorização da família da noiva e


isso, só é possível, se durante o pedido toda agente estiver de acordo que o casamento se
concretize e o jovem casal solicite a data do pedido, mas esta data, é marcada pelos tios da
noiva, pois, é necessário reunir toda a família. É entregue uma lista de conteúdo que o noivo
tem de conseguir reunir até ao dia do pedido.

A entrega de certas quantidades de dinheiro, objectos, bebidas e animais, que a


família do noivo faz a da noiva, deve preceder os casamentos tradicionais. A família do noivo
em troca, recebe um novo valor, a “Mulher.”11

Segundo Teresa Neto, “o alambamento, casamento tradicional é um valor que faz


parte da cultura angolana e prevalece prática de educação.” “Prática de educação podemos
entender como sendo um dos grandes valores que o alambamento representa para a família e
para a sociedade...”.12

1.2.3. FAMÍLIA
Várias podem ser as abordagens sobre o que se pode entender por família. Assim, de
acordo com Fátima Viegas, a família pode ser definida como sendo ‟uma instituição social
que une os indivíduos num grupo que coopera para prossecução de um objectivo comum e
que consiste na criação e educação das crianças nascidas no seu seio.”13

Do ponto de vista moral, a família é formada pelo pai, mãe e filhos, isto é, por
pessoas unidas pelos laços resultantes do casamento; na perspectiva económico-política, a
família é constituída por indivíduos que sob a direcção de um chefe vivem na mesma casa; na
ordem jurídica, a família é formada por aqueles que se ligam por parentesco quer este seja
resultante do casamento, quer da família natural.

Segundo Giddens, a família ‟é um grupo de pessoas unidas directamente por laços


de parentesco, no qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das crianças.”14
11
Cfr.: Raúl R. de Alsua ALTUNA, op. cit., p. 328.
12
Fátima VIEGAS apud João Da Cruz KUNDONGENDE, Crise e resgate dos valores morais Cívicos e Culturais na
sociedade angolana, Edição Ministério da Educação, Huambo, 2013, p.67.
13
Cfr.: Fátima VIEGAS apud João Da Cruz KUNDONGENDE, op. cit. p. 68.
14
Anthony GIDDENS, Sociologia, 8ª Edição, Editora: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2010, p. 175.
21
A família também é considerada como a célula-base em que a criança nasce e
cresce, sendo ela em última análise a grande responsável pela educação dos mais jovens, o
que coloca os pais como os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos.15

Segundo Greene, citado por Alice Pinto Ferreira Rasgado, afirma que a família é ‟o
espaço educativo por excelência. É a primeira esfera social, e certamente o modelo primário
para a criança. O ambiente do lar, e a forma de relacionamento, são elementos que
influenciam o seu desenvolvimento.”16

Para Altuna, uma família é ‟um grupo de pessoas unidas directamente por laços de
parentesco, no qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das crianças. Os laços
de parentesco são relações entre indivíduos estabelecidos através do casamento ou por meio
de linhas de descendências que ligam familiares consanguíneos (mães, pais, filhos e filhas
entre outros).”17

Outros autores ainda, definem a família como sendo um sistema de apoio emocional
básico. Tanto a criança, como o adulto, encontram na família o apoio diário que lhes serve de
oásis no meio das actividades quotidianas.18 A família é portanto, a unidade fundamental
responsável pela educação dos mais novos, onde se transmitem os valores e onde se ganha o
sentido da vida e de pertença na sociedade.

A família é um lugar distinto onde o ser humano se pode realizar e desenvolver a sua
personalidade, é o instrumento mais importante para a protecção e desenvolvimento da
dignidade da pessoa humana.

Para o presente trabalho assumimos o conceito de Anthony Giddens, por este estar
próximo dos factos reais da nossa pesquisa.

1.2.4. TIPOS DE FAMÍLIA

15
Cfr.: Eduardo Marçal GRILO, Se não estudas estás tramado, Edições tinta-da-china Lda, 1ªEdição, Lisboa, Abril de 2010,
p. 39.

16
GREENE apud Alice Pinto Ferreira RASGADO, Caracterização dos níveis de criatividade dos estudantes
Portugueses e Angolanos do 7º e 9º Anos de escolaridade, Dissertação para o grau de Mestrado, em Psicologia da Educação,
Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias, Lisboa, 2011, p. 43.
17
Cfr.: Raúl R. de Alsua ALTUNA, op. cit. p. 328
18
Cfr.: Raúl POSSE e Julián MELGOSA, A criança a arte de saber educar, Publicadora Servir, S.A, 1ªEdição,
Portugal, Abril de 2006, p.14.
22
As relações familiares são sempre reconhecidas dentro de grupos de parentesco mais
amplo. Vamos destacar quatro tipos de famílias que, praticamente em todas as sociedades,
podemos identificar aquilo que os sociólogos e antropólogos designam como: família
nuclear, família extensa ou alargada, família monoparental e família recomposta ou
reconstituída.19

A família nuclear: é aquela que é ‟constituída por dois adultos juntos num mesmo
agregado com ou sem filhos biológicos ou adoptados, formando uma unidade económica,
cujos membros adultos são responsáveis pela criação e educação das crianças.” Na maioria
das sociedades tradicionais, a família nuclear estava inserida em redes de parentescos mais
amplos.20

A família extensa ou alargada: é ‟um grupo de três ou mais gerações que vivem na
mesma habitação ou muito próximas uma das outras e pode incluir-se neste tipo de família,
avós, irmãos e as suas mulheres, irmãs e os seus maridos, tias, tios, sobrinhos, entre outros.”21

A família monoparental: se define como ‟unidade doméstica que é constituída


apenas por um progenitor (pai ou mãe) que vive com um ou vários filhos.”22

Entende-se por família recomposta ou reconstituída, a ‟estrutura familiar originada


do casamento ou da união estável de um casal, na qual um ou ambos de seus membros tem
filho ou filhos de um outro vínculo anterior.”23

1.2.4. CULTURA
Segundo F. Keesing, citado por Eva Maria Lakatos e Marconi, a cultura ‟ é
comportamento cultivado, ou seja, a totalidade das experiências adquiridas e acumuladas
pelo homem e transmitida socialmente, ou ainda, o comportamento adquirido por
aprendizado social”.24

19
Cfr.: Anthony GIDDENS, op. cit. p. 176.
20
Ibidem.
21
Ibidem.
22
Ibidem.
23
Ibidem.
24
Eva MariaLakatos e Marina de A. MARCONI, Sociologia Geral, Editora Atlas S.A. São Paulo, 2010, p. 30.
23
Para Anthony Giddens, cultura refere - se aos modos de vida dos membros de uma
sociedade ou de grupos pertencentes a essa sociedade; (modo de vestir, formas de casamento
de família, seus padrões de trabalhos, cerimónias religiosas e actividades de lazer). 25

Assim para Adriano Ukwatchaly “A cultura ou civilização no seu sentido


etnográfico “ é aquele conjunto complexo que incluí o saber, as crenças, a arte, a moral, as
leis, os costumes e toda outra capacidade ou hábito adquirido pelo homem enquanto membro
de uma sociedade”.26

Segundo Martinho Kavaya citado por José Lucamba, afirma que escrever sobre uma
cultura é entender o modelo de ser, viver, pensar e agir de um povo.27

Segundo Reviere a cultura é ‟um sistema de comportamento aprendido e transmitido


pela educação (a imitação e o condicionamento inculturação) num dado meio social”. 28

Com tudo que acabamos de ler, nas definições de vários autores queremos assim
entendemos, a cultura como um conjunto complexo que incluí conhecimentos, crenças e
valores, leis, hábitos, costumes e aptidões adquiridas pelo homem como membro integrante
de uma determinada sociedade (comunidade) ou tribo.

1.2.5. SUBCULTURA
Segundo BRAKE, citado por José Lukamba, define a subcultura, “como um sistema
de significados, modos de expressão ou estilo de vida desenvolvido por grupos que se
encontram em posições estruturais subordinados numa determinada sociedade, e que surge
como forma de respostas ao sistema de significados, modos de expressão ou estilos de vida
dominante, reflectindo assim uma tentativa de resolver contradições estruturais que surgem
no contexto mais vasto”.29

25
Cfr.: Anthony GIDDENS, sociologia,fundação colousteGolberkian , 8ª Edição, Lisboa,2010, p. 22.

26
José A.UKWATCHALI, Antropologia da responsabilidade, Edizion vita e persiero, 1ª edição, Milano 2009, p.59.
27
Cfr.: José LUKAMBA, Tese de Licenciatura “Estudo Sociocultural do Otchoto na formação integral do indivíduo na
subcultura Hanha”, Instituto Superior Politecnico Jean Piaget, Benguela, 2014, p.7.
28
Reviere, CLAUDE, Introdução à Antropologia, Edições 70, Lisboa, 1995, p. 43
29
Cfr.: José LUKAMBA, Tese de Licenciatura “Estudo Sociocultural do Otchoto na formação integral do indivíduo na
subcultura Hanha”,Instituto Superior Politecnico Jean Piaget, Benguela, 2014, p.8.

24
Para Guiddens define a Subcultura como qualquer seguimento da população que se
distingue da sociedade envolvente pelas suas normas culturais.30

A subcultura, é definida como um sistema de significados, modos de expressão ou


estilo de vida desenvolvido por grupos que se encontram em posições estruturais
subordinados numa determinada sociedade, e que surge como forma de respostas ao sistema
de significados, modos de expressão ou estilos de vida dominante, reflectindo assim uma
tentativa de resolver contradições estruturais que surgem no contexto mais vasto.31

Após a conceituação de vários autores, viemos assim concordar com os autores


Silvestre e Moinhos, que as variações culturais dentro da mesma sociedade global, que se
traduzem em padrões especiais de comportamentos vividos por certos grupos, que se acham,
assim, separados em termos culturais gerais, do resto da sociedade, denominam-se
subcultura. Sendo que, os elementos visíveis a uma subcultura são: formas de vestir, os
artefactos que usam, modos de se expressar, culturas, cantos entre outros.

Para o presente trabalho assumimos o conceito de Anthony Giddens, por este estar
próximo dos factos reais da nossa pesquisa.

1.3.1. A SUBCULTURA “HANHA E SUA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA”


Segundo António Oliveira e Cipriano Lyalunga, no que respeita a localização
geográfica dos Hanha, estes constituem um povo localizado no centro e oeste de Angola, na
zona interior da província de Benguela, nas latitudes 13º sul e logintude 14º este, entre três
grandes rios, nomeadamente: o Katombela (Catumbela) a norte e que além destes vivem “os
Va tchisandji” (subtribo Tchisandji); a sul o rio Kupololo (Coporolo) e que imediatamente
estão os “Va Tchilenge” (subtribo Tchilenge); a leste confina com o rio Kuvale Yo´hanha
(rio Cubal da Hanha), fazendo fronteira com os Va Nganda e a oeste está o território
Ndombe. O vale superior do Coporolo, ou seja o próprio coração dos Hanhas situa-se entre
os 800 e 100 metros de latitude.32

30
Cfr.: José LUKAMBA, Tese de Licenciatura “Estudo Sociocultural do Otchoto na formação integral do indivíduo na
subcultura Hanha”,Instituto Superior Politecnico Jean Piaget, Benguela, 2014, p.8.

31
Cfr.: Pedro Gabriel TCHOMBELA, elementos epistemológicos do antropológico na Paidéia “Hanha”, entre os
ovimbundus, edizioniviverein, Roma, 2013, p.53.

32
Cfr: António Oliveira e Cipriano Lyalunga, tese de licenciatura, A Cultura Hanha no Estudo da História dos Povos
Ovimbundo, Instituto Superior de Ciências de Educação, Benguela, 2004, p. 19.
25
Segundo Mário Francisco de Oliveira, citado por José Lukamba na sua tese
intitulada “Otchoto...”, “Este povo existe e ocupa a maior extensão do distrito de Benguela.
Nasce na região de Catengue, onde faz fronteira com os Mukwisis e Mundombes, Município
de Quilengues e Caluquembe, indo terminar no Município da Ganda, onde faz cabeceira com
Ebanga e Tchicuma”.33

Referimo-nos a um povo com uma cultura rica, povo pacifico, humilde, solidário e
hospitaleiro, com seus hábitos e costumes, muito ricos cuja riqueza é, fundamentalmente, a
terra e o gado.

De acordo com os anciãos, Simão Machile e Alfredo Watonda, de 88 e 78 anos de


idade respetivamente, citados por António Nguebe, a “designação Hanha, provém do nome
de um cidadão que foi um guerreiro e a quem por volta do século XVII, o soberano Ngola
que vivia a norte do rio Kwanza, lhe deu a missão de explorar o vasto território situado a sul
deste importante rio, até encontrar um espaço adequado a fixação de todo povo”. 34 Nesta
conformidade, “Hanha que era casado com Putu, percorreu e explorou todo país, do norte a
sul deste rio, afim de efectuar o levantamento dos territórios que ainda não estivessem
povoados. Mesmo assim, Hanha, cumpriu plenamente a missão que lhe fora encomendada
pelo seu soberano, tendo constatado a existência dos reinados de Lupito (Lobito), Mbengela
(Benguela), do Ndombe (Dombe), e do Luvangu (Lubango).

A Norte do Lobito, na Comuna do Kulango, há uma vasta povoação designada


Hanha do Norte, onde este estacionou e plantou uma palmeira, passando assim essa região a
ser designada por “Hanha yo Ndende” (hanha da palmeira de dendém) o dendenheiro. Pela
foz do rio kupololo, Hanha, subiu até encontrar uma outra região que se apresentou muito
fértil para a prática de agricultura, e aí plantou Otchingombo “Quiabo”, que se deu muito
bem, com a terra logo cresceu e expandiu. Na verdade, ainda hoje, o Quiabo, abunda nessa
região especifica e é dessa época que a mesma ficou conhecida por “Hanha yo tchingombo”,
(Hanha do Quiabo, ou quiabeiro).

Esse espaço descoberto pelo Hanha, corresponde hoje uma vasta região do território
de Benguela. Neste sentido, a comunidade histórica Hanha, também é conhecida por
“Vakayala”, está localizada a norte e a leste do Município do Cubal, estando cercada do
33
José LUKAMBA, Tese de Licenciatura “Estudo Sociocultural do Otchoto na formação integral do indivíduo na
subcultura Hanha”, Instituto Superior Politécnico Jean Piaget, Benguela, 2014, p.9.
34
Cfr.: António GUEBE, o que aprendi no Otchoto, editorial Kilombelombe, Luanda 2003, p. 25.

26
Norte para o sudoeste pela cordilheira de Tchitunga, sendo a região banhada pelas águas do
rio kupololo e pelos seus principais afluentes.

Neste sentido, a localidade é chamada de Kapupa, sendo uma das Comunas,


pertencentes ao Município do Cubal. Não obstante, foi descoberta, por um caçador que fugia
as “guerras de apanha escravo”, mais conhecidas por “guerras de Kwata-kwata”, proveniente
das terras de Tchindjendje.

1.3.2. SUBDIVISAO ETNOLINGUISTICA DOS OVIMBUNDU


Estamos a nos referir a um grupo de grande dimensao etnolinguistica, quanto ao
numero dos seus subgrupos. E assim que na visao de Pedro Tchombela, no que toca os
Ovimbundu a quando da sua divisão, em subculturas do sul de Angola, segundo L. L.
FITUNI, citado por Pedro Gabriel Tchombela, na sua obra intitulada “Kondjembo” divide as
subculturas Umbundo nos seguintes grupos etnolinguisticos com características étnicas
próximas: os Bailundus, (Va` Mbalundu), os Bienos (Va´Viye), os Seles (Va´Sele), os
Sumbes (Va´Sumbe, Va´Kamussumbe), os Ndombe (Va´Ndombe), os Gandas (Va´Nganda),
os Huambos (Va´Wambu, Vanano), os Sombos (Va´Sombo), os Cacondas (Va´Kakonda), os
Xikumas (Va´Tchikuma), os Quiakas (Va Tchiyaka) e os Hanhas (Va´Hanha).35

Falantes da lingua nacional Umbundu, os Va´ Hanhas ou muanhas tambem assim


conhecidos por muitos, encontram~se localizados na Provincia de Benguela, nos Municipios
de Caimbambo, Cubal, Chongoroi e em uma parte do Municipio da Ganda, pos que seus
habitos e costumes acabam sendo os mesmos que os outros povos que se encontram na
Provincia de Benguela como em outras que pertencem neste grupo dos Ovimbundu.

1.3.3. HÁBITOS E COSTUMES


Antes de falarmos dos hábitos e costumes, vimos a necessidade de fazermos
referência das actividades económicas desenvolvidas por este povo. Assim, segundo Paulino
Lukamba e João Ndele, “A sua economia classifica-se como agro-pastoríl, pois, depende
tanto da agricultura e criação de gado, dando maior preferência em possuir uma manada
enorme”.36 Praticam, Otchitita, otchilumbonde, olundongo e otchoto – ondjando.

35
Cfr: Pedro Gabriel TCHOMBELA, Kondjembo, elementos epistemologicos da escaton antropológico na Paideia
“Hanha”, entre os ovimbundus, edizioni viverein, Roma 2013, p.53

36
Cfr.: Paulino LUKAMBA e João NDELE, in Acácias em flor, nº 9 I e II semestre 1992, p. 20.
27
A agricultura, que é uma arte mais desenvolvida, está reservada para as mulheres,
sobretudo, pois são elas que cultivam a terra e os homens só intervêm no derrube das árvores.
“Os va´hanha têm um nível de vida económica equilibrada, são grandes criadores de gado e
em especial o bovino. O boi é a sua riqueza preferida. O seu carinho por ele e a sua dedicação
revelam que o consideram um quase membro de sua família.37

Os Va´ Hanhas concretamente na Comuna da Yambala tem como “hábitos e


costumes a iniciação masculina e feminina, o acolhimento de pessoas, práticas de agricultura
de subsistência, criação de gado bovino, suíno, caprino e também de aves. Cultivam o
espírito de tolerância e boa vizinhança, são muito respeitosos, religiosos. Na agricultura,
dedicam-se ao cultivo de massambala, feijão, mandioca e batata doce ou rena.

Apesar deste legado todo um dos costumes que nos chamou atenção e o fenómeno
do alambamento, que iremos nos debruçar a diante.

1.3.4. O ALAMBAMENTO UMA REALIDADE CULTURAL NA


SUBCULTURA HANHA
Trata-se de um costume tradicional, porque envolve um conjunto de práticas
consagradas pelo uso de normas que conferem a união entre as duas famílias. A tradição de
um povo é a sua identidade, é ela que os define, por isso, deve ser cumprida
inquestionavelmente e passa de geração a geração.

Para Emílio Sumbelelo, o alambamento é um instrumento que delimita as fronteiras


entre o matrimónio e o concubinato. Não se entende e nem se permite a rapariga sair da casa
dos seus pais e passar a viver com o rapaz, sem que ela tenha sido entregue por um
ndjendjekulu, e este exigir a entrega total ou parcial do alambamento. Do contrário, desvirtua
o valor e significado cultural e nobre dos hábitos e costumes dos va’hanhas.38

O alambamento concede ao marido a categoria de genro, com ele o marido adquire


poderes sobre a mulher e de um pai sobre os filhos. A dignidade de uma mulher conquista-se
no alambamento. Dissemos atrás, que na subcultura dos va’hanhas, o bom comportamento da
filha é resultado da boa educação dos seus pais, é por essa razão que todos devem ser

37
Cfr.: Ibidem
38
Cfr.: Emílio SUMBELELO, Aconstituição do dote, e as suas implicações na pastoral familiar, Editora secretariado
diocesano de pastoral do Uíge, 2ª Edição, Uíge, 2010, p.69.
28
premiados: a filha e os seus pais, e isso é o que significa o alambamento nos va’hanhas.
Neste caso, o alambamento, não mais se não um prémio da mão da noiva.39

Maria Júlia Quessongo, anciã de 66 anos de idade, residente nessa Comuna, na sua
entrevista dizia-nos que “ quando a família do rapaz cumpre com o alambamento, as famílias
ficam cada vez mais unidas e vão aumentando cada vez mais o grau de solidariedade entre
elas e dessa forma a relação entre o casal de tornará cada vez mais sólida e indissolúvel tendo
em conta a boa relação que já existe entre as duas famílias”.40

Na opinião da entrevistada, o alambamento é um ritual que se faz, visando a


preparação do casamento ou união de duas pessoas que pretendem viver juntos num ambiente
harmonioso. Mais adiante argumentou: o alambamento na subcultura dos Va’hanhas é tido
como passo importante para a preparação do casamento e que muitos consideram-no como o
primeiro casamento, visto que este eleva para a consideração e respeito pela futura noiva,
pois é um acto que serve para colocar uma marca ou sinal, de que há respeito para com a
moça (noiva) e a sua família no geral. O presente oferecido pelo noivo serve para dar a
conhecer que a moça já se encontra ocupada por alguém, daí que não se admitem mais
brincadeiras para com ela.41

No alambamento ou pedido, depois da marcação do dia para a realização do acto


(alambamento), o noivo parte em busca de tudo para que no dia marcado não falte nada. Para
os va’hanhas, o alambamento ou pedido da mão da mulher/noiva, é ainda uma tradição
cultural bastante forte e segundo consta, é mais importante do que o casamento civil ou
religioso.

Como se não bastasse, tais práticas e normas, para o cumprimento do mesmo variam
consoante a realidade cultural de cada povo, de família para família em função dos seus
hábitos. O seu valor assenta na coesão social, o respeito entre as partes e de modo especial
para a dignidade da própria mulher, que será pretendida.

O Alambamento, tem um valor cultural para os Va Hanha, uma vez que cada povo
tem a sua cultura, suas tradições. Sublinhamos que a maioria da subcultura Hanha, considera
a “Mulher”, como uma figura principal e fundamental no casamento. Porque é ela que
trabalha a terra para o sustento das famílias, gera filhos sendo que estes darão a continuidade
39
Cfr.: Ibidem.
40
Cfr.: Qessongo Julia Maria , anciã de 66 anos de idade. Entrevista concedida aos 12.06. 2019
41
Cfr.: Ibidem.
29
e poder da família. Por isso é que a saída da filha de casa de seus pais, constitui para as
famílias a perda de um precioso elemento de trabalho e como tal, eles merecem ser
compensados por essa perca, em forma de alegrar e consolar. Sai um membro da família, os
que ficam cantam, dançam, bebem, comem, etc.

1.4.1. ETAPAS QUE ANTECEDEM O ALAMBAMENTO


Desde a existência dos nossos antepassados até aos dias de hoje, o alambamento
sempre existiu no seio das famílias angolanas, de forma particular nos povos ovimbundo para
que através dele duas pessoas pudessem unir-se e viver juntos como marido e mulher, pois
que tal acontece por intermédio do diálogo entre duas famílias, pautando pelo bom
entendimento e consenso entre elas, entrega de bens, e terminava assim num clima de festa,
banquete, etc., entre os dois grupos familiares.

Estamos perante um processo pelo qual o ser humano começa a aprender o modo de
vida em comunidade, com o objectivo de constituir sua própria família. Segundo António
Kaconda, ancião pertencente a subtribo dos Va Hanha, para ele, o alambamento, apesar desse
ter sofrido várias alterações e adaptações ao longo da história, de acordo com alguns aspectos
socioculturais que envolvem a cultura angolana, para os va`hanhas de modo particular,
procuram cumprir com rigor os hábitos e costumes, pois, estes nos identificam como
va`hanhas. Devemos preservar o grande património que nos foi deixado como herança pelos
nossos antepassados.”42 Assim, ele identifica quatro fases fundamentais:

 Okuliyongola, (O processo de dialogo que leva os dois ao namoro).

 Okutumisa Ongamba (O mensageiro, a tia do rapaz que leva o recado do


rapaz manda á família da moça).

 Okulimolehela (apresentação dos familiares)

 Alambamento

Na primeira etapa de okuliyongola, os dois (homens e mulheres) quando iam as e


festas, escola, Igreja, no pasto, passeios, onde estivessem eram livres e tinham a liberdade de
escolher e aceitar o jovem ou moça que quisessem. Depois desta etapa vem outro o momento
seguinte, que é de okutumisa que significa mandar, em que a moço depois de receber o sim

42
Cfr.: Kaconda João ANTÓNIO, Professor Reformado, Entrevista concebida no dia 09.06.2019.
30
da moça, o moço manda a tia dele para a família da moça com o objectivo de dar a conhecer
os objectivos do moço. É o momento de conhecimento mútuo das famílias.

Este mútuo conhecimento, compreende o estudo dos hábitos e culturas, habilidades


da moça, para preparação do casal. Adianta-se ainda que a rapariga, para o efeito, deve
munir-se de exigências de qualidades morais e físicas marcadas ou exigidas pela tradição, tais
como: amor ao trabalho, saúde, beleza, fecundidade, discrição, respeito e conhecimento
perfeito dos seus deveres fundamentais da casa e da agricultura.

Depois destas, os responsáveis estabelecem o dia para o Pedido (alambamento)


Levam algumas prendas e o pai ou tio da noiva pede o consentimento, se ela aceitar, o
compromisso torna-se oficial e as duas famílias iniciam o processo do casamento, que se vai
concretizando em sucessivas visitas.43

O pedido oficial do casamento, é consumado com a entrega do alambamento, pois,


este é, que prova o consentimento dado. Assim sendo, o noivado, termina e podem casar-se
depois de ter entregue a totalidade ou a maior parte do alambamento. Poucas vezes se aprova
um casamento, sem estes requisitos na subcultura dos va’hanhas.

1.5.1 A IMPORTÂNCIA DO ALAMBAMENTO, NA SUBCULTURA HANHA


O alambamento é um costume tradicional muito antigo, existente na cultura
angolana, particularmente nos povos Ovimbundu, pós que este tem sido entregue pela família
de um jovem antes do casamento, a família da moça com quem pretende se casar, sendo um
costume tradicional antes do casamento, pois que na visão de Higino Marcelino, “a origem
do alambamento encontra inserida no quadro de uma necessidade histórica”.

A quando da sua existência, Alsúa Altuna, na sua obra intitulada Cultura Tradicional
Bantu, dizia que o alambamento acontece “quando um membro do seu grupo recebe uma
mulher de outro grupo, que irá enriquecer esse grupo com os filhos e trabalho agrícola a outra
família”. Na mesma linha de pensamento de Altuna, Kaconda acrescenta dizendo, que “o
43
Cfr.: Raúl R. de Alsua ALTUNA, op. cit. p. 327
31
mesmo também acontece na subcultura Hanha, em que quando um jovem deseja casar-se ou
unir-se com uma rapariga/ mulher, os seus familiar (do jovem) devem preparar uma certa
quantidade de bens diversos para entregar a família da moça antes de a retirarem do seu seio
familiar”,44 e para reforçar a quando da sua existência Higino Marcelino, na sua obre
intitulada Alambamento e Problemas nos Processos Tradicionais, para ele o “alambamento
existe no sentido de se criar determinadas condições e imposições sociais de forma a manter
a ordem social dentro de parâmetros bem delineados” 45. Assim sendo, falar da importância do
mesmo (alambamento), antes, de forma breve, importa-nos referir o porquê da sua entrega à
família da moça, para em seguida falarmos da sua importância como tal.

Segundo Altuna, “ o dote, é normalmente, uma compensação dada pelo Clã a fim de
restabelecer o equilíbrio as diferentes unidades colectivas que compõem o Clã…”, na visão
de Kaconda, conhecedor e pertencente a cultura dos Va Hanha, na sua entrevista, dizia-nos
que o alambamento na subcultura Hanha, “é tido como um costume tradicional muito forte,
pois que nos foi deixado como herança cultural e tradicional pelos nossos antepassados,
sendo assim, todos aqueles que se unirem ou casarem-se com uma mulher, devem
obrigatoriamente cumprir com a entrega do mesmo a família da moça” 46. Ainda no tocante na
sua obrigatoriedade e no seu cumprimento, segundo, Fátima Kamuenho, citando Adrino
Ukwatchali dizia que “ na cultura Umbundu dificilmente se contestará essas tradições porque
( Evi vyasiwa l´ Akulu) foi deixado com herança pelos antepassados, e assim é considerado
como um património cultural ou um repertório de significados para a vida da etnia”47.

Após nos termos debruçados e referenciados alguns autores, sobre o porquê do


alambamento e quando é que ele acontece na cultura bantu particularmente nos povos
ovimbudu na província de Benguela, concretamente no Município do Cubal (Va´ Hanha),
também de origem bantu, iremos falar de forma breve da importância deste fenómeno
(alambamento), lembrando que a sua existência remonta há muitos anos na cultura e na vida
desses povos.

No tocante a sua importância na subcultura Hanha, começaremos por falar do seu


valor e significado pois que segundo a nossa entrevistada, Júlia Quessongo, pertencente a

44
Cfr.: Raúl R. de Alsua ALTUNA, op. cit. p. 327
45
Cfr.: Raúl R. de Alsua ALTUNA, op. cit. p. 335.
46
fr.KACONDA, João António, professor reformado. Entrevista concedida no dia 09.06.2019.
47
Cfr: KAMUENHO Maria De Fátima Katchele, O casamento tradicional na cultura Umbundu, Tese de licenciatura
em Sociologia, ISP Jean Piaget, Benguela, 2015.
32
esta Comuna, anciã, dizia que, “ primeiro para os Muhanhas, “o alambamento simboliza o
respeito, a consideração da família do rapaz para com a família da moça; por outro lado,
responsabilidade, o respeito pelos hábitos/costumes, valorização da cultura… ” 48 Contudo,
para terminar o pensamento de Júlia, na visão de Kaconda, a sua importância na subtribo dos
Va´hanhas, “não está apenas no facto da sua realização por parte da família do jovem e no
cumprimento do costume, mas sim, pelo facto deste não envolver apenas os pais dos jovens;
este encontro acaba reunindo e envolvendo as quatros famílias, sendo (duas da parte do
jovem, igualmente da parte da noiva)”49; continuando, o mesmo dizia, que, “ ele, acaba sendo
importante porque ainda neste encontro, começam-se, por se estabelecer-se novos laços de
união familiar, aliança entre os dois grupos, estabelecendo-se assim grau de parentesco,
etc…”50. Assim sendo, Higino Marcelino, vai um pouco mais além dizendo, que, “ o
alambamento se traduz num estímulo às virtudes no seio das famílias angolanas, estando em
jogo a formação de uma nova família, mas acima de tudo o estabelecimento de uma aliança
pública entre as duas famílias ”.

Segundo Higino Marcelino, citando, Nuno Paulino Barroso e Celestina Francisco,


quando se debruçava sobre a importância do alambamento dizia que “o alambamento é
indiscutivelmente uma cerimónia de grande importância para cultura bantu em particular, na
medida em que consiste na própria manutenção dos hábitos e costumes que identificam um
determinado povo,…”51. Na mesma senda, ainda a volta da importância, segundo Alsúa
Altuna, “a obrigatoriedade no cumprimento deste não incide única e especificamente na
entrega do “Dote” por parte da família do noivo à da noiva, mas sim na sua visão “o
alambamento legítimo alguns direitos do marido sobre a mulher, sobretudo no que se refere à
sua colaboração como esposa e agricultora.” Por outro lado, ainda Altuna no que respeita a
importância deste vai um pouco mais a fundo, visto que para ele, o alambamento irá
desempenhar vários papéis como o de união e de harmonia, conforme a sua obra, cultura
tradicional bantu dizia que “ o alambamento simboliza união dos membros de um grupo e
entre os dois grupos” Continuando, para Altuna, “ o alambamento garante em princípio,
estabilidade familiar, harmonia social e robustece a solidariedade vertical e horizontal entre
os dois grupos”.

48
Maria Júlia Quessongo, entrevista concedida no dia 12.06.2019

49
Cfr.KACONDA, João António, professor reformado. Entrevista concedida no dia 09.06.2019
50
Cfr.: Higino Marcelino, Alambamento e Problemas Nos Processos Matrimoniais, Tese de Licenciatura em Sociologia,
ISP Jean Piaget, Benguela, 2015, p.24
51
Cfr.: Raúl R. de Alsua ALTUNA, op. cit. p. 335
33
Assim sendo, podemos concluir que a importância do alambamento, tem como fim
último a aceitação, legalização e formalização do compromisso perante as duas famílias,
união e o respeito pelas, organização na perspectiva familiar, e não só, que a princípio com a
realização do mesmo garante-se maior estabilidade familiar, harmonia social e familiar
fortificando e unindo cada vez mais os laços entre os dois grupos podendo ser nas aldeias,
comunidades, tribos dentro de uma cultura e povos e só, falar da importância do mesmo com
base nesta subcultura (Hanha), exigiu-nos fazer uma reflexão do mesmo de como tem sido a
importância nos dias de hoje para algumas famílias.

Actualmente temos assistido algumas famílias a receberem quantidades avultadas de


bens diversos podendo ser materiais, económicos e financeiros, no momento em que se faz a
leitura da carta de pedido, para a entrega destes à família da noiva.

Em termos genéricos, corroboramos com os fundamentos de Altuna, visto que, o


alambamento garante, em princípio, a estabilidade familiar, harmonia social, e robustece a
solidariedade vertical e horizontal entre os dois grupos. Neste sentido, seguimos igualmente a
expressão de que o alambamento mais que unir os dois sujeitos, une as famílias ou grupo.

34
CAPITULO II
METODOLOGIA DE ESTUDO

35
2.1- METODOLOGIA DE ESTUDO

Neste capítulo faremos a descrição da metodologia utilizada, à nossa pesquisa de


modo alcançar os objectivos preconizados, caracterizamos ainda a população e amostra.

Toda investigação científica é uma actividade humana de grande responsabilidade


ética pelas características que lhe são inerentes. Para a abordagem metodológica da nossa
pesquisa, usamos os seguintes métodos e procedimentos: método indutivo e dedutivo revisão
literária. Quanto a forma de abordagem da nossa pesquisa, usamos a pesquisa descritiva e
como técnica de amostragem fizemos recurso a amostra casual, que segundo Franco
Ferrarotti, é ‟aquela em que cada um dos elementos do universo tem iguais probabilidades de
ser escolhido para participar na amostra.” Quanto as técnicas de recolha de informação
pautamos pelo método quali-quantitativo (entrevistas directas a população alvo e inquérito
por questionário), e para o tratamento de dados recolhidos recorremos a análise de conteúdo.

Quanto ao tipo de pesquisa recorremos a prática/empírica (estudamos a realidade


concreta da povoação, na Comuna da Yambala, no Município do Cubal), pesquisa descritiva
(indagamos os actores sociais sobre o problema em causa), exploratória e ainda, de campo
(entrevista aos administradores, sobas e seculos, professores e outros extractos) e pesquisa
bibliográfica (consulta de várias obras de diferentes autores a fim de estudar os conceitos e
teorias relacionadas com a problemática em estudo).

A nossa população é constituída aproximadamente por 1.600 membros sendo


adultos, jovens e crianças residentes na povoação Ngoyo, na Comuna da Yambala. E tendo
havido da nossa parte a necessidade de uma amostra mais representativa, recorremos à
amostragem casual. A nossa amostra é de 25 membros da povoação em referência, com
idades compreendidas entre os 25 aos 70 anos de idade, dos quais 15 do sexo masculino e 10
do sexo feminino.

Estas informações após o devido tratamento são apresentadas em forma de texto, e


gráfico para facilitar a sua compreensibilidade. Quanto as variáveis que guiam o nosso
trabalho, são: “alambamento” como variável independente, e o “na subcultura Hanha” como
variável dependente.

36
2.2. BREVE CARACTERIZAÇÃO DA COMUNA DA YAMBALA

A Comuna da Yambala, dista 64 quilómetros da sede municipal, onde realizamos a


nossa investigação sobre o tema em causa. A Comuna acima referida, possuí uma população
estimada em 51.483, sendo 24.969 homens e 26.514 mulheres. A população com 0-14 anos é
de 24.537, representando 48% da população residente total na Comuna da Yambala. A
população em idade de trabalhar (população com 15-64anos) é de 25.508 pessoas,
representando 49.5% da população da Comuna da Yambala. Enquanto, que a população com
65 ou mais anos é de apenas 1.438 (2,5% da população da Comuna da Yambala).52

A Comuna da Yambala é constituída pelas seguintes povoações: da Yambala sede:7


aldeias; Kandongo 6 aldeias; Kaiande 10 aldeias; Kandonga com 5 aldeias; Kalanda com 5
aldeias; Katateka com 7 aldeias; Chisingi com 7 aldeias; Chissingi com 7 aldeias; Ngoyo com
5 aldeias; Londjombele com 9 aldeias e Cambondongolo com 6 aldeias.53

Segundo Agostinho Tchiayo, seculo, residente nesta povoação, a quando da sua


entrevista dizia que , “a agricultura desempenha um papel preponderante nesta povoação,
cultivam-se nesta região o milho, massambala, jinguba, abóbora, batata-doce, mandioca,
gergelim, pepino, melancia, feijão-frade, cana-de-açúcar, banana entre outros. Também são
criadores de gado bovino, caprino, suíno e galinhas. De realçar que depois da colheita dos
produtos acima referidos, guardam como reservas nas tulhas, acabando por conservar grandes
toneladas. É partir daí que se operam as permutas (com esses produtos, eles trocam bens
diversos como: vestuário, panos, cobertores, calçados, óleo alimentar, peixe, o mesmo ainda
operando trocas com galinhas, cabritos, porcos e ou o mesmo com gado bovino. A sua
educação é feita a nível da vida comunitária, no ondjango (otchoto)”.

Continuando, o nosso entrevistado dizia que “ a autoridade tradicional nesta


povoação exerce um poder forte e autoridade do soba, é respeitada pela população. Trata-se
de uma autoridade suprema que intervém em todos os assuntos da sua comunidade. A
tradição oral, é a única fonte de comunicação. Para os casos pontuais, e de forma a propagar a
informação pertinente, recorrem ao ongamba (mensageiro). ”.

A moralização da população é feita com base no otchitita, provérbios bem


conhecidos como outras fábulas. A solidariedade, cortesia, e fraternidade, são qualidades que
52
Cfr: Admnistracao Municipal do Cubal
53
Cfr Agostinho Tchiyayo, Seculo na Povoaçao do Ngoyo, Entrevista concedida no dia 23 de Agosto de 2019.
37
identificam aquela subcultura. Saúdam-se ao nascer do dia e nos encontros frequentes,
trabalham e divertem-se, dançam, cantam, conversam e decidem em comunidade.

Nesta povoação como noutras, que compõem a Comuna da Yambala, a mulher


ocupa um lugar específico e por essa razão, ela é bem honrada, dada a sua povoação para a
maternidade e não só. Os filhos e agricultura outorgam-lhe este privilégio, a mulher
agricultora-doadora de sangue, goza de uma posição social elevada, porque é sobretudo mãe,
ocupa lugar primário na família.

Assim continuando a povoação do Ngoyo encontra-se a 10 km da povoação sede da


Comuna, os seus habitantes, também dedicam-se a agricultura, criação de gado e a pesca
fluvial no rio Bongo que passa pela mesma povoação.

38
CAPÍTULO III
DISCUSSÃO E ANÁLISES DE RESULTADOS

39
3.1. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

No mundo moderno, a estatística afirma-se como uma ferramenta da


investigação científica importante a todas as áreas do conhecimento. Segundo
Domingos Para Filho e João Almeida Santos, (é a ciência que se ocupa da obtenção de
informação e do seu tratamento inicial ordenação, cálculo de características amostrais,
representações gráficas)54, com objectivo de, através desses resultados, inferir de uma
amostra em estudo para a população.

Nesta conformidade, no tratamento da informação recolhida, através da


entrevista, utilizaram-se procedimentos estatísticos para sistematizar e analisar a
informação.

Com vista o êxito do nosso trabalho de investigação, o trabalho estatístico dos


dados recolhidos, por entrevistas e inquéritos por questionário foi realizado através do
programa Microsoft Word e Excel. Estes programas serviram como uma poderosa
ferramenta que permitiu realizar operações complexas e visualizar resultados de forma
muito imediata.

Desta forma, e com objectivo de tratar e sistematizar os dados do nosso


estudo, recorremos a técnicas de estatística descritiva, “é aquela permite resumir a
informação numérica de uma maneira estruturada, com o objectivo de promover uma
imagem geral das variáveis medidas numa amostra”55.

Esta entrevista por inquérito, visa responder as questões que estão


estreitamente relacionadas com a temática, da importância do alambamento na
subcultura Hanha, na Comuna da Yambala Município do Cubal.

54
Cfr.:Domingos PARA Filho e João Almeida SANTOS, Metodologia de Investigação Cientifíca, 5ª reimpressão,
São Paulo – Futura; 2003, p167

55
Cfr.: Ibidem, p.167
3.2. RESULTADOS DESCRITIVOS
"Gráfico é uma representação geométrica de um conjunto de dados usada para
facilitar a compreensão das informações apresentadas nesse conjunto. Gráficos ajudam
a identificar padrões, verificar resultados e comparar medidas de forma ágil. Além
disso, eles podem ser usados de diversas formas e em diferentes áreas do
conhecimento."56 Abaixo apresentamos os gráficos das entrevistas por inquérito,
realizado no nosso local de estudo.

Gráfico 3.1- Idade dos entrevistados


IDADE 25-35
8%

IDADE 36-47
32%

IDADE 47-70
60%

Fonte: Elaboração própria

O primeiro gráfico, ilustra-nos que 15 indivíduos entrevistados que


correspondem a 60% são de faixa etária de 47 á 70 anos de idade, enquanto 8
inquiridos que equivalem a 32% são de 36 á 46 anos e 2 indivíduos que correspondem
a 8% são da faixa etária de 25 á 35 anos de idade.

56
Cfr: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/matematica/o-que-e-grafico.htm

41
Gráfico 2- Distribuição dos entrevistados por sexo

FEMININO
40%

MASCULINO
60%

Fonte: Elaboração própria

Relativamente este gráfico, mostra-nos que 15 indivíduos entrevistados que


correspondem a 60% são do sexo masculino ao passo que 10 indivíduos que
correspondem a 40% são do sexo feminino. Estes dados revelam que a maior parte das
pessoas entrevistadas são do sexo masculino.

Gráfico 3 - Ocupação social dos entrevistados

REGEDOR
4%
SOBAS
8%
CAMPONESES
44%

COMERCIANTES
20%

OUTROS EXTRATOS SOCIAIS


24%

Fonte: Elaboração própria

No gráfico número 3, podemos constatar que 11 entrevistados que


compreendem a 44% são camponeses, enquanto que 6 indivíduos que correspondem a
24% são de outros extractos sociais ao passo que 5 que equivalem 20% são
comerciantes, 2 os que corresponde 8% são sobas e 1 correspondente 4% é regedor.
Este gráfico ilustra-nos que a maior parte das pessoas entrevistadas são camponeses.

Gráfico 4- Já ouviu falar da subcultura Hanha?

42
NÃO
8%

SIM
92%

Fonte: Elaboração própria

No que concerne o gráfico 4, ilustra-nos que 23 indivíduos entrevistados


correspondentes a 92% afirmaram que já ouviram falar da subcultura Hanha ao passo
que 2 entrevistados que equivalem a 8% responderam que nunca ouviram falar da
subcultura Hanha. Verificamos que a maioria dos entrevistados afirma ter ouvido falar
da subcultura da Hanha. Para, tal, a transmissão desses conhecimentos ás gerações
subsequentes, poderão fazer delas as melhores fontes para a formação e
consciencialização das novas gerações vindouras.

Gráfico 5- Quais são os hábitos e costumes dos Va Hanha?

OVILOMBO
8% PASTORICIA
CULTIVO DE CEREAIS 20%
12%

OKUFEKALA
4%

OTCHITITA ALAMBAMENTO
4% 12%

OTCHILOMBONDE
4%
OLUNDONGO
4% ONDJANGO
BATUQUE 8%
8% OKUPALEKA
EKUENJE 8%
8%

Fonte: Elaboração própria

Relativamente o gráfico 5, mostra-nos que 5 indivíduos entrevistados que


correspondem a 20% alega a pastorícia como um dos hábitos e costumes dos
Va’Hanha, em quanto que 3 que correspondem a 12% disseram alambamento, 3
indivíduos que correspondentes a 12% apontaram o cultivo dos cerais, ao que 2

43
correspondentes a 8% responderam ondjando como hábitos e costumes dos va’hanhas,
2 indivíduos que correspondem a 8% disseram okupaleka, enquanto que 2 que
correspondem a 8% responderam ekwednje, 2 que correspondem a 8% disseram
ovilombo, 2 indivíduos que correspondem a 8% alegaram o batuque, 1 indivíduo que
equivale a 4% a disse olundongo, ao passo que 1 indivíduo equivalente a 4% alegou
otchilombonde como sendo o hábito e costume mais frequente nesta região, enquanto
que 1 inquirido correspondente a 4% respondeu otchitita e 1 pessoa que corresponde a
4% disse okufekala.

O conhecimento dos hábitos e costumes dos va’hanhas, tem sido um processo


complexo, e por isso, este conhecimento não é completo. Por esta razão invocamos a
necessidade de aprofundar este conhecimento, buscando elementos mais profundos, sua
vivência, suas culturas, hábitos e costumes, bem como o seu acervo cultural.

Gráfico 6- Na sua tua visão estes hábitos e costumes continuam invioláveis?

SIM SIM NÃO


100%

Fonte: Elaboração própria

Concernentes a este gráfico, ilustra-nos que 25 indivíduos que correspondem a


100% foram unânimes em responder que hábitos e costumes continuam invioláveis
porque estes povos são conservadores.

Pelo que a preservação dos hábitos e costumes de uma dada subcultura, é


indispensável e fundamental para a construção da identidade, sob ponto de vista
cultural, de um determinado povo. É por esta razão que em todos os cantos de Angola e
não só clamam pelo resgate dos valores morais, cívicos, culturais etc.

Por outra, se todo homem tem a sua identidade, a conservação da mesma, deve
ser feita a todos os níveis, aquilo que cada povo tem como meta. Sem o conhecimento
dos hábitos e costumes, o negro teria perdido a sua originalidade e identidade. O negro

44
estaria privado da contribuição precisa da cultura bantu. Para os Va hanha, os hábitos e
costumes vivificam a sua própria cultura, e quando forem bem compreendidos
preenchem a alma do muhanha.

Gráfico 7- Já ouviu falar sobre o alambamento?

SIM
100%

SIM NÃO

Fonte: Elaboração própria

Relativamente o gráfico 7, mostra-nos que 25 entrevistados correspondente a


100% responderam unanimemente que sim já ouviram falar sobre este assunto. O que
mostra que o alambamento na subcultura Hanha, continua a ser considerado como um
passo importante para preparação do casamento, visto que se revela para consideração e
respeito pela futura noiva, pós, constitui como um acto que serve como marco
matrimonial.

O alambamento ou pedido é um acontecimento muito mais importante do que


o casamento civil ou religioso e consiste em pedir a mão da namorada à família, mais
propriamente ao tio, que tem um papel fundamental para que o casamento se
concretize.

Hoje em dia, o alambamento é uma cerimónia tradicional e característico da


cultura angolana e necessário quando os jovens se amam e pretendem viver juntos. Este
é o segundo passo depois da apresentação do noivo à família da mulher, sendo o
momento em que se entrega os dotes exigidos pela família da futura esposa,
acompanhado de comida, bebida, música e conselho de ambas as partes dirigidas aos
noivos.

45
Gráfico 8- Que factores explicam a importância do alambamento na povoação do
Ngoyo?

PROVA DO CASAMENTO
28%

RITUAL SAGRADDO

CERMÓNIA IMPORTANTE E 1º
CASAMENTO
40%

Fonte: Elaboração própria

Este gráfico mostra-nos que 8 indivíduos entrevistados que correspondem a


32% disseram que os Va Hanha consideram o alambamento como um ritual sagrado,
fortalece os laços matrimoniais e contribui na estabilidade do lar, enquanto que 10
correspondentes a 40% consideram, o alambamento como um costume tradicional
muito importante; é o primeiro casamento, sendo que este permite o conhecimento
entre as famílias. Pois que este ritual valoriza a mulher como sendo a única, geradora
da vida, ao passo que 7 indivíduos que correspondem a 28% alegaram que o
alambamento é uma prova do casamento. Porque só com a realização do alambamento,
o casamento é considerado, e tem validade para as famílias.

Verificamos que a maior parte dos entrevistados consideram que o


alambamento é um ritual sagrado que contribui para estabilidade casamento que
constitui um testemunho forte das famílias.

46
Gráfico 9- Quais são as etapas que antecedem o alambamento?

ELIMOLEHELO
40%

OKULILEKISA
60%

Fonte: Elaboração própria

Concernente o gráfico 9, ilustra-nos que 15 indivíduos que correspondem a


60% disseram Okulilekisa, dos familiares do moço na casa da moça pela primeira vez
para se conhecerem, em quanto que 10 indivíduos entrevistados que compreendem a
40% alegaram Elimolehêlo como etapa que antecede o alambamento.

Verifica-se que a maior parte dos indivíduos entrevistados alegaram


Okulilekisa ou apresentação dos familiares para se conhecerem e só depois é que se
realiza o alambamento, abaixo mostraremos o resumo das questões efectuadas numa
tabela.

3.3. ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS


A temática em questão nos remetemos a investigar, sobre a importância do
alambamento na subcultura Hanha, na Comuna da Yambala, na povoação do Ngoyo,
no Município do Cubal é de extrema relevância.

O trabalho a que nos propusemos abordar está relacionado com os valores


culturais dum povo no que se refere os hábitos e costumes ligados a vida do mesmo,
desde os antepassados até aos dias de hoje, apesar das várias transformações que a
sociedade foi sofrendo que de certa maneira acabaram por alterar ou atropelar o modo
de vida destes partindo pela forma de pensar, falar e agir que incluem os valores
morais/cívicos e culturais.

De realçar que o alambamento tem grande relevância cultural na nossa


sociedade, isto porque os seus membros valorizam a sua cultura. Assim é importante
que todo o individuo que queira um lar em companhia de uma mulher deve fazer o

47
alambamento, pois que o não cumprimento deste ritual, pode trazer complicações na
vivência do casal.

Vários autores, abordam de forma transversal, os conceitos de alambamento,


família, e cultura, de acordo com Nuno Paulino Barroso, e Celestina Francisco da
Cunha, oalambamento é‟ uma actividade cultural que consiste num conjunto de
mercadorias e de presentes que o noivo dá por contrato, sendo visto como símbolo de
casamento, prémio aos familiares da nubente como indemnização pelos gastos feitos
com ela desde o seu nascimento até ao dia do casamento, uma vez que essa família que
a gerou e criou.”

Raul Altuna, o alambamento é o ‟conjunto de preparativos e entregas que


preparam e legitimam o casamento, onde uma família junta a quantidade de bens
necessários para que um membro seu receba uma mulher de outro grupo, que
enriquecera o grupo com os filhos e o trabalho agrícola.

Várias podem ser as abordagens sobre o que se pode entender por família.
Assim, de acordo com Fátima Viegas, a família pode ser definida como sendo ‟uma
instituição social que une os indivíduos num grupo que coopera para prossecução de
um objectivo comum e que consiste na criação e educação das crianças nascidas no seu
seio.”

Segundo Anthony Giddens, a família ‟é um grupo de pessoas unidas


directamente por laços de parentesco, no qual os adultos assumem a responsabilidade
de cuidar das crianças.”

A família também é considerada como a célula-base em que a criança nasce e


cresce, sendo ela em última análise a grande responsável pela educação dos mais
jovens, o que coloca os pais como os primeiros responsáveis pela educação dos seus
filhos.

Segundo F. Keesing, citado por Eva Maria Lakatos e Marconi, a cultura é‟o
comportamento cultivado, ou seja, a totalidade das experiência adquirida e acumulada
pelo homem e transmitida socialmente, ou ainda, o comportamento adquirido por
aprendizado social”.

48
Para Giddens, cultura refere - se aos modos de vidas dos membros de uma
sociedade ou de grupos pertencentes a essa sociedade; (modo de vestir, formas de
casamento de família, seus padrões de trabalhos, cerimónias religiosas e actividades de
lazares).

Segundo Reviere a cultura é ‟um sistema de comportamento aprendido e


transmitido pela educação (a imitação e o condicionamento inculturação) num dado
meio social”.

Com tudo que acabamos de ler, nas definições de vários autores queremos
assim definir a cultura como conjunto complexo que incluí conhecimentos, crenças e
valores (morais e culturais), leis, hábitos, costumes e aptidões adquiridas pelo homem
como membro integrante de uma determinada sociedade (comunidade) ou tribo.

Para responder à nossa questão de investigação científica elaboramos quatro


hipóteses que serviram de certa forma como suporte do problema levantado:

H1- Quanto mais se conhece a importância do alambamento, maior será a


necessidade obrigatória do seu cumprimento nos povos de origem Bantu (Hanha), isso
porque este constitui um dever obrigatório por parte do noivo, é um ritual / costume
muito importante para a união de um casal sendo que o mesmo faz parte do modo de
vida na comunidade. Relativamente a esta primeira hipótese, foi confirmada, isto
porque o (gráfico 8), ilustra-nos que 10 entrevistados correspondentes a 40% disseram
que, consideram, o alambamento como um costume tradicional muito importante; é o
primeiro casamento, sendo que este permite o conhecimento entre as famílias. Pois que
este ritual, valoriza a mulher como sendo a única, geradora da vida.

H2- Quanto maior a necessidade do alambamento dentro da cultura umbundu


sobre tudo os (Va’hanhas), mais se valoriza a mulher como sendo a única capaz de
gerar a vida. Concernente a esta segunda hipótese podemos salientar que a mesma foi
corroborada, de acordo com a informação que podemos observar no (gráfico 8).

H3- Quanto mais se realiza o alambamento (na subcultura Hanha) mais se


garante a consolidação e estabilidade do casamento e união familiar. Concernente a esta
terceira hipótese, foi corroborada, isto porque o (gráfico 8), mostra-nos que 10
entrevistados correspondentes a 40% disseram que, consideram, o alambamento como

49
um costume tradicional muito importante; é o primeiro casamento, sendo que este
permite o conhecimento entre as famílias. Pois que este ritual, valoriza a mulher como
sendo a única, geradora da vida.

50
CONCLUSÕES
As considerações com que terminamos o presente trabalho de investigação,
visam fundamentalmente recapitular as conclusões mais destacadas do estudo, por nós
desenvolvido no que diz respeito a importância do alambamento na Subcultura Hanha,
povoação do Ngoyo, na Comuna da Yambala, Município do Cubal e que por via de
inquérito por entrevista, conseguimos constituir a população alvo à nossa pesquisa.

No caso particular da nossa temática e de acordo com esta perspectiva, reflecte


de certa maneira as transformações que têm estado a ocorrer nos procedimentos do
matrimónio do ponto de vista dos rituais na nossa cultura. Temos estado a perceber
desde que as famílias deixaram de apegar-se aos seus hábitos e costumes tradicionais
em detrimento de factores externos frutos da assimilação de outras culturas e a
globalização com um pender essencialmente mercantilista, tem rotulado e fragilizado as
relações conjugais nos dias de hoje, tendo em conta novas praticas mais modernizadas.

Depois de uma árdua investigação feita em relação a temática, sobre a


importância do alambamento na subcultura Hanha, na povoação do Ngoyo, na Comuna
da Yambala, Município do Cubal, Província de Benguela, concluímos que:

Os Va’hanhas consideram o alambamento como um ritual sagrado e uma


cerimónia importante que constitui como uma prova do matrimónio, contribui para
estabilidade do casamento e da sociedade, que com constitui um testemunho forte das
famílias.

Não há dúvidas que o alambamento joga um papel preponderante porque


permite conhecimento e faz com que as famílias conheçam mais seus hábitos e
costumes tradicionais, contribui na estabilidade matrimonial, na valorização dos hábitos
e costumes dos povos da Hanha e permite devolver o prestígio da mulher.
RECOMENDAÇÕES
 Após o desenvolvimento do nosso trabalho elaboramos as seguintes
recomendações:

 É importante e necessidade imperiosa que se desenvolva mais campanhas de


sensibilização e diálogo com as comunidades, dentro do espírito de se resgatar
os valores tradicionais e culturais.

 Que a Direcção da Cultura promova mais políticas intermédias no sentido de


apelar as famílias e comunidades local, aprimorar nos aspectos positivos da
modernidade, mas sem perdemos de vista os nossos costumes, e valores
tradicionais que nos identificam como o povo do centro e sul de Angola, e
particularmente os ovimbundu;

 Que as famílias preservem os seus hábitos e costumes de forma a não perderem


o seu património cultural;
BIBLIOGRAFIA
Livros
1. ALTUNA Raúl R. de Alsua, (1985), Cultura Tradicional Bantu, Editora Ânsua,
Luanda.
2. BARROSO Nuno Paulino e Celestino Francisco da CUNHA, (2013), O
casamento tradicional em Angola, Escolar Editora, Lunda.
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Edição, Editora Thomson, Brasileira, Brasília.
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Tradições, Huambo, Setembro.
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6. COELHO Francisco Pereira & Guilherme de OLIVEIRA, (2008), Curso de
Direito da família, 4ª Edição, Coimbra, Editora Limitada, Janeiro.
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pastoral familiar, Editora secretariado diocesano de pastoral do Uíge, 2ª Edição,
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Gulbenkian, Lisboa.
11. GIDDENS Anthony, (2008), Sociologia, 6ª Edição, Editora: Fundação Calouste
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níveis de criatividade dos estudantes Portugueses e Angolanos do 7º e 9º Anos
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Educação, Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias, Lisboa.
13. GRILO Eduardo Marçal, (2010), Se não estudas estás tramado, Edições tinta-da-
china Lda, 1ª Edição, Lisboa, Abril.
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16. MARCONI Eva Maria Lakatos e Marina de, (2010), Sociologia Geral, Editora
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17. MILHEIRO Mário, (1967), Etnografia Angolana, Instituto de Investigação
Cientifica, 2ªEdição, Luanda.
18. NETO Teresa José A. Silva, (2008), História da Educação e Cultura de Angola,
Garrido Artes gráfica, 2ª edição, Luanda.
19. OLIVEIRA Mário Francisco de, Apud José Lukamba, (1973), in Boletim
Cultural do Huambo, 26, nº 28, Agosto.
20. POSSE Raúl e Julián MELGOSA, A criança a arte de saber educar, Publicadora
Servir, S.A, 1ª Edição, Portugal, Abril de 2006.
21. SILVESTRE Manuela e MOINHOS Maria Rosa, (2001), Sociologia, Lisboa
Editora, Lisboa.
22. TCHOMBELA Pedro Gabriel, (2013), elementos epistemológicos do
antropológico na Paidéia “Hanha”, entre os ovimbundus, edizioniviverein,
Roma, 2013.
23. VALENTE Francisco, (1985), A problemática do matrimónio tribal, Lisboa.
24. VIEGAS Fátima apud João Da Cruz KUNDONGENDE, (2013), Crise e resgate
dos valores morais Cívicos e Culturais na sociedade angolana, Edição Ministério
da Educação, Huambo.

25. Monografias, Dissertações e Teses


26. KAMUENHO Maria De Fátima Katchele, O casamento tradicional na cultura
Umbundu, Tese de licenciatura em Sociologia, ISP Jean Piaget, Benguela, 2015.
27. LUKAMBA José, Tese de Licenciatura “Estudo Sociocultural do Otchoto na
formação integral do indivíduo na subcultura Hanha”, ISPIAGET, Benguela,
2014.
28. NEVES Vanessa Alexandra, O casamento heterossexual versus o casamento
homossexual no sistema matrimonial português actual - o verdadeiro conceito de
casamento,universidade autónoma de Lisboa Luís de Camões,Departamento de
direito, Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do grau
de mestre em direito, Lisboa, 2013.
29. MARCELINO Higino, Alambamento e Problemas Nos Processos
Matrimoniais:caso da aldeia da Ginga, Comuna do Chingongo.

54
APÊNDICE 1
Guião de entrevista dirigido aos moradores da povoação do Ngoyo, na Comuna
da Yambala.

Este inquérito realiza-se em prol da pesquisa de dados sobre a importância do


alambamento na subcultura Hanha, na Comuna da Yambala, Município do Cubal) para
elaboração da Monografia por parte da estudante Julieta do Rosário Alves Sardinha do
V ano do Curso de Sociologia do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de
Benguela. O mesmo é confidencial, após a sua avaliação será destruído.

55
ANEXOS

A
Nossa ida a Comuna da Yambala
Encontro marcado com a Vice Administradora Comunal da Yambala

57
Administração Comunal da Yambala

Julieta Sardinha do lado direito, e o outro lado o secretario Comunal da Administração


Comuna o (Sr. Kamosso) e sua excelência Administradora Comunal adjunta (Sra.
Delfina Catchilá).

58
Julieta Sardinha no encontro com o Director da escola do I Ciclo (o Sr. Mateus
Cambilo), na Sede Comunal –Yambala

59
Regedoria Comunal da Yambala

Barragem do Ndungo

60
Encontro com Administrador Comunal cessante, o Sr. João Ngumbe

61
A

familia do jovem transportando os bens, para a realização da cerimonia tradicional

Gabriel Kanivete e Julieta Sardinha

62
63

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