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INTRODUÇÃO AO PARENTESCO
O presente trabalho científico irá debruçar-se sobre o estudo do parentesco em antropologia e sua
importância. O trabalho foi feito com base nos conhecimentos obtidos nas aulas anteriores e a
leitura minuciosa de algumas obras por nós solicitados, e depois fez-se o cruzamento das
informações. No entanto, para realização do presente trabalho, fez-se uma confrontação
bibliográfica desde autores clássicos da Antropologia até aos autores dos nossos dias. Este
trabalho reveste-se de grande relevância pelo que, em antropologia o parentesco é uma unidade
de análise bastante essencial para compreensão das sociedades. Para melhor compreensão do
assunto aqui abordado, irá se fazer de maneira hierarquizada a exposição e explanação dos
vários aspectos que compõem o parentesco.
Numa primeira fase far-se-á contextualização do parentesco como forma de situar o leitor, assim
como mostrar o funcionamento do parentesco nas diferentes sociedades, tendo em conta a
influência comportamental dos indivíduos, pois, ele também contribui neste sentido. É
importante antes de mais, salientar que o parentesco molda a vida dos indivíduos, organiza
os socialmente e lhes confere uma identidade.
O PARENTESCO
Desde há muito que a questão do parentesco vem sido discutida por vários cientistas, que
segundo estes chegaram a conclusão de que os sistemas primitivos de parentesco tem sido uma
forma de organização social destas sociedades, por isso carece de um estudo de extrema
importância e desempenha um valor social dentro das mesmas sociedades ( Bernardi 1974:257).
O parentesco é universal no sentido de que não existe uma sociedade desprovida de um sistema
de parentesco, uma vez que cada sociedade define quem é parente e o grau de parentesco que
cada indivíduo desempenha.
descendência, ilustrados, entre outros, pelas gentes romanas. A segunda etapa que começa a
partir da controvérsia entre Rivers e Kroeber (1909) a propósito de terminologias de parentesco e
a distinção operada por Rivers entre os laços de sangue (kinship) traduzido por “descendência”
referido ao sistema domestico, e a pertença da linhagem (descent) traduzido por filiação. E a
terceira etapa em 1949, o aparecimento simultâneo de três obras (Fortes [A Dinâmica da
pertença ao Clã entre os Telensis], Murdock [Estrutura Social] Lévi-Strauss [As Formas
Elementares do Parentesco]) que renovam o conjunto das perspectivas sobre as estruturas do
parentesco.
No contexto das sociedades o parentesco desde o princípio constitui uma construção social de
forma a regrar os indivíduos. Bernardi (1974:260) “ principio o parentesco surge no fundamento
biológico radical e o significado social que emergem dos factos da vida, ou seja, as relações
sexuais, em ordem à geração e que os transformam em causas eficientes da estrutura social”.
Estes princípios vem para regrar a ordem dos comportamentos e das relações entre os indivíduos
ao passo que partem da primeiramente das condições favorecidas pela natureza no sentido da
divisão dos sexos e das suas relações. Entretanto, nas relações de parentesco as distinções feitas
entre homem e mulher, para além de indicar tarefas dão ênfase a papéis específicos de cada um
(divisão de trabalho), assim como estabelecer uma linha de descendência ou como meio de
aliança dentro das relações mantidas entre eles.
O parentesco vem para definir regras de relacionamento dos indivíduos dos diferentes grupos (os
parentes do primeiro grau não têm relações sexuais entre si); estabelece valores culturais e
sociais tendo em conta regras de controlo económico, autoridade política e domestica dos
grupos.
Estes papéis implicam expectativas sociais, pois determinam o modelo do nosso comportamento,
tendo em conta as proibições. A problemática do incesto constituiu um dos factores primordiais
do surgimento do parentesco, pois vem impor regras de relações onde o homem passa a saber
com quem manter relações sexuais ou laços de aliança.
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Tipos de Parentesco
Dependendo do tipo de sociedade o parentesco pode adquirir-se por via de consanguinidade, por
afinidade ou por adopção.
Este remete a uma relação biológica dos progenitores que se manifesta na descendência
genealógica. Esta liga indivíduos singulares por via natural, onde atribui representações dos laços
de parentesco um poder de coacção e de normatividade (Bernardi 1974:259 e Rivière 1995:63).
A consanguinidade além da sua formação natural, tem um dever de ser reconhecido socialmente,
como forma de dar aos indivíduos uma integração e um estatuto aos indivíduos dentro do grupo
pertencente, assim como estruturar os laços existentes entre os mesmos; por exemplo a adopção
de uma criança. Entretanto, os progenitores nem sempre desempenham os papéis de pai e mãe,
mas eles detêm um papel de pais sociais, visto que estes ascendem a este individuo não tem uma
ligação natural, contudo a sociedade reconhece os seus papéis de pais adoptivos apesar de não
existir uma ligação consanguínea.
Esta é de ordem social que se baseia nas normas sociais conhecidas ou por lei. O parentesco por
afinidade esta relacionado com o matrimónio, mas por laços de afinidade entre duas pessoas no
processo de socialização entre os indivíduos. O processo de afinidade é durável por muito tempo
até chegar a definição de parente; contudo, cada indivíduo vai determinar quem é parente de
acordo com o grau de afinidade existente.
organização do próprio parentesco, pois este constitui a base para se compreender os outros
elementos (cultura, comportamentos, sucessões, etc.) que compõem a sociedade. Brown e Forde
(1950) afirmam que “um sistema de parentesco pode ser considerado como um arranjo que
permite as pessoas viverem juntas e cooperarem umas com as outras segundo a ordem social”.
O parentesco na vida social tem um papel importante pois confere ao indivíduo a identidade
social perante ao grupo, de forma que este seja reconhecido pelos outros como membro
pertencente ao grupo, isto é, dentro de uma sociedade pode definir a sua posição por meio de
termos de parentesco com qualquer pessoa com quem se encontre a tratar socialmente, quer
pertença á própria tribo quer pertença a outra. Para Rivière (1995:69) “o grupo de parentesco
supõe um ou diversos critérios de pertença, assim como normas comuns, e ligações sociais
activas”. Contudo, o parentesco confere os primeiros elementos do nosso estatuto como
individuo, assim como confere a sua personalidade social integrando os indivíduos que fazem
parte do grupo e distinguindo os que não fazem parte, dai que o parentesco integra e também
exclui, visto que ao mesmo tempo confere uma posição social dentro desse grupo e esta posição
é de maior destaque de acordo com o papel que a pessoa desempenha, por exemplo pai, mãe,
filho.
Rivière (1995:63) define “ o parentesco como um conjunto de laços que unem geneticamente
(filiação, descendência) ou voluntariamente (aliança, pacto de sangue) um determinado número
de indivíduos”. Contudo, de dentre as várias definições existentes sobre o parentesco, o que pode
constatar que o parentesco é vasto e vai alem da consanguinidade, aliança, afinidade, relações
biológicas e sexuais.
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Nestas sociedades o parentesco tem uma função essencial porque alem das questões de passagem
de poderes para lembrar antepassados mortos, confere também ao individuo uma identidade,
assim como bens, terra; por exemplo dentro de uma família onde pratica-se a invocação de
antepassados quando morre o individuo que esta encarregue de falar com os espíritos
deve˗se procurar um sucessor para continuar a invocar.
Bibliografia
Bernardi, Bernardo. Introdução aos Estudos Etno-Antropológicos. Edições 70: Lisboa, 1974
Copans, J. et al. Antropologia Ciência das Sociedades Primitivas?. Lisboa: Edições 70:
Lisboa, 1971
Martinez, Francisco L. Antropologia Cultural: Guia para o Estudo. 5ª ed, Paulinas Editorial:
Maputo, 2007