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É sabido que, nos primórdios, a família tem sua origem no fenómeno natural da procriação e

da propagação da espécie humana. Contudo, com o decorrer da evolução civilizatória, passa a


ser observada como um fenômeno social, pois, com o tempo, verificamos que não há
intervenção apenas de fatores biológicos. Assim, fatores não biológicos passam a coexistir com
mais intensidade nos fenômenos sociais.

Corre-se o risco de limitar muitos conceitos novos de família, surgidos de situações fáticas
inevitáveis, que merecem também serem tratadas como verdadeiras configurações familiares.

Assim fixa-se, primeiramente, o entendimento segundo o qual as famílias são grupos sociais
tutelados pelo direito, sem personalidade jurídica, cujo principal elemento é o afeto.

Para os autores Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona,

“A família é, simplesmente, um grupo social reconhecido e tutelado pelo direito, não sendo
dotada de personalidade jurídica, nem muito menos capacidade processual.

Nessa linha de pensamento, concordamos com ORLANDO GOMES: “O mais Importante grupo
não personificado é a família. As tentativas para considerá-la Pessoa jurídica falharam. Adverte-
se que não há interesse em lhe atribuir personalidade, não só por sua reduzida composição
numérica, mas, também, porque sua atividade jurídica, mesmo na esfera patrimonial, pode ser
exercida razoavelmente sem essa personificação”.

É, portanto, um sistema de convivência social, uma realidade natural, de origem pré-jurídica, e


assim merece ser tratada. Pode, ainda, revestir-se em múltiplas Fisionomias, tais como: famílias
poligâmicas, matriarcais, monogâmicas, patriarcais, baseadas no princípio de igualdade entre
os membros e do respeito entre todos, famílias alargadas, famílias nucleares, entre tantas
outras configurações que serão tratadas abaixo. O fato é que a família é uma entidade surgida
pela própria natureza humana, existente em todas as épocas históricas.

Família moderna

A família moderna coincidiu com a sanitarização das cidades e a evolução da medicina. E,


assim, passando a se ter um índice menor de mortalidade e também de fertilidade, haja vista
que as mulheres começaram a ter mais informações. Nesta época, as famílias possuíam entre 4
(quatro) a 6 (seis) filhos, uma diminuição considerável se comparado ao padrão familiar
anterior.

Um traço marcante da família modernas é o de que, neste momento histórico, podemos


verificar uma mudança de paradigmas quanto à afetividade. Passam-se a ter mais famílias cujo
princípio básico não era somente a garantia da segurança (o que ainda era uma realidade), mas
também de outros interesses, incluindo-se o maior afeto dos pais para com a sua prole, bem
como uma massificação de casamentos que, ao lado de interesses patrimoniais, também
possuíam o amor (frise-se que não era ainda tão preponderante como nos dias atuais).

É a nova era do romantismo e muitos casais, nesta época, passaram-se a se relacionar por
amor.

Contudo, não se pode afirmar que já existia igualdade de direitos entre o homem e a mulher,
pois o individualismo liberal não afastou a subordinação da mulher ao seu marido, havendo
inclusive codificação legal regulamentando o tema.
Insta frisar que a família moderna decorre do modelo de mercado capitalista, fruto da
revolução francesa, em que há uma completa descentralização do poder monárquico e fim dos
privilégios concedidos à Igreja Católica.

Assim, com esses novos arranjos familiares, a autonomia privada elasteceu-se sem precedentes
na história, com o exercício de direitos formais, no campo da liberdade e da autonomia.

Mas o fato, em resumo, é o de que a Família moderna , em que pese garantir um salto
evolutivo ao conceito de família, principalmente com uma maior institucionalização e uma
maior presença do Estado, ainda possuía um modelo patriarcal, com um protagonismo maior
do homem sobre os demais integrantes. Também é de se concluir que nesta época surgiram
novos elementos constitutivos da família, que passaram a ser reconhecidos na sociedade como
importantes, como o afeto e um maior cuidado dos pais para com a sua prole.

Portanto, as principais características são a estabilidade dos seus membros e a respetiva


segurança jurídica, requisitos indispensáveis para o contínuo desenvolvimento do capitalismo,
que passou a ser a estruturação social, com forte vínculo nos contratos, e, assim,
transpassando este pensamento para os núcleos familiares.

E desta forma, na família da sociedade moderna, podemos afirmar uma confusão dos
interesses de cunho patrimonial, pessoal e moral, sendo que neste mesmo período podemos
enxergar nas relações existentes a afetividade como um princípio a ser identificado nos núcleos
familiares.

Bibliografia

(COQUERY- VIDROVITCH & MONIOT, 1974)

Desenvolvimento económico e social (MERLIN, 1996:19)

(MERLIN, 1996:20).

Maria Margarida Silva – Direito da Família. p. 100.

Sílvio de Salvo. Direito Civil: Família, Vol. 5. p. 25.

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