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Introdução

O trabalho tem como tema principal “Cultura matéria e cultura não-material” onde em linhas gerais
abordaremos algumas distinções e a interdependência e a importância desses termos nas nossas a vida
social, Neste sentido, o alcance dos Objectivos é possível apenas se as pessoas estabelecem um
contrato psicológico suficientemente forte, que permita o desenvolvimento de todos. Isto se dá a
partir da actuação harmónica por meio de normas, valores, estilos de comunicação, comportamentos,
crenças, estilos de liderança, linguagem e símbolos da organização.
Os materiais são elementos reunidos num conjunto podendo ser usados com algum fim específico e
que são necessários à realização de determinada actividade. Os elementos desse conjunto podem ser
de natureza real, virtual ou abstracta.

Convém ressalvar que, na filosofia, o materialismo é uma corrente (ou doutrina) que surge por
oposição ao idealismo e que tem por base o mundo material. De acordo com o materialismo, o
universo é material e existe objectivamente fora e independentemente da consciência. O materialismo
sustenta que a matéria não foi criada do nada, mas que existe na eternidade e que o mundo e as suas
regularidades são cognoscíveis. O imaterial, por conseguinte, pode associar-se ao espiritual, abstracto,
imaginário ou ideal.
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1. Resenha histórica do termo cultura


O termo para cultura foi utilizado em latim para definir o cultivo de terra, mas também por Cícero
para definir a cultura animi, a cultura ou culto da alma. Na sociedade moderna, o termo toma novos
rumos, como se vê no alemão kultur, que não tem em si um significado, mas traz consigo um carácter
de erudição. Não coincidentemente, na mesma época a língua italiana adoptaria o termo coltore para
o cultivo de terra e cultura para o estado, reforçando esta distincao que não havia em sua origem
latina.
Com o surgimento das nações e assim dos estados nação e das suas estruturações, seus criadores
desenvolveram desde o final do século XIII e durante o século XIX mecanismos de unificação dos
habitantes de determinado território em torno de uma identidade comum, fosse pela língua, fosse pela
referência histórica ou de origem dos seus antepassados.
Como nada disso estava consolidado nacionalmente, era necessário instituir essas unidades tanto no
âmbito territorial quanto linguístico e étnico, difundindo-os através das escolas. Depois de um tem
tempo, a língua inglesa adopta o termo culture, em separado do termo folclore, este para tratar dos
costumes das pessoas, em um tom levemente pejorativo, enquanto que a língua alemã tratará de alta e
baixa cultura, contrapondo os estudos mais eruditos às questões quotidianas da população em geral.
Mais tarde, a antropologia assumiria o lugar da ciência voltada para os estudos da cultura, ou das
diferentes culturas, ainda mais considerando os ditos novos continentes, colonizados pelos povos
europeus, que ao lá chegarem se depararam com culturas diferentes das suas e se interessaram em
desvendá-las.

2. Conceptualização dos Termos

2.1. Cultura

A cultura se identifica com o modo de vida de uma população determinada, vale dizer, com todo o
conjunto de regras e comportamentos pelos quais as instituições adquirem um significado para os
agentes sociais e através dos quais se encarnam em condutas mais ou menos codificadas
(MARGARET MEAD apud Japiassú & Marcondes, 2001).
Num sentido mais filosófico, a cultura pode ser considerada como um feixe de representações, de
símbolos, de imaginário, de atitudes e referências susceptível de irrigar, de modo bastante desigual,
mas globalmente, o corpo social.
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Na visão de JONES apud Granato & Rangel (2009:5), cultura é uma soma de todas as ideias
actividades e materiais que caracterizam a natureza de um determinado grupo humano.

Para CHILDE (1956:23) cultura é uma herança social que corresponderia a um comportalihar de
tradições, instituições, modos de vida entre outros elementos.

Assim sendo, Cultura é o conjunto dos traços distintivos espirituais, materiais, intelectuais e afectivos
que caracterizam uma sociedade e um grupo social, englobando, além das artes e das letras, os modos
de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças.

De acorde com TYLOR apud Kahn (1975:2), “cultura é aquele todo complexo que inclui
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões
adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

Por outro lado, Linton (1965:316), entende a cultura de qualquer sociedade como fruto da “soma total
de ideias, reacções emocionais condicionadas a padrões de comportamento habitual que seus
membros adquiriram por meio da instrução ou imitação e de que todos em maior ou menor grau
participam ”.

2.2.Valores e Bens Culturais

Resulta de reconhecer uma qualidade no objecto, seja originária (intrínseca ao objecto a sua origem)
ou adquirida (obtida por seu uso ou resultante de elementos extrínsecos). Os valores podem ser
urbanos, arquitectónicos, artísticos, simbólicos, antropológicos (MADRI, 2003).

Questão Relativa: não há valores absolutos, permanentes, senão aqueles que as diferentes gerações
transferem aos objectos.
Significação de valor: responde às necessidades da sociedade e das trocas de paradigmas culturais.
A primeira formulação do conceito de cultura pertence a Edwàrd B. Tylor, segundo o qual “a cultura
é o complexo unitário que inclui o conhecimento, a crença, a arte, a moral as leis, costumes e outras
capacidades de hábito pelo homem adquire enquanto membro de uma dada sociedade onde inclui dois
aspectos culturais Material e Imaterial” (TYLOR, apud Childe, 1956: 24).
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3. Cultura material

Dá-se nome de cultura material, a soma de artefactos (bens manufacturados e invenção de toda sorte)
que resultam da utilização de uma tecnologia, isto é, habilidades de manipular e de construir. A
cultura material não é, absolutamente uma parte da cultua, senão tão-somente um resultado ou
produto dele (MELLO, 2013:40).

Marconi & Presotto (1992; 46), entendem que a cultura material “consiste em coisas matérias, bens
tangíveis, incluindo instrumentos, artefactos e outros objectos materiais, fruto da criação humana e
resultante de determinada tecnologia. Abrange produtos concretos, técnicas, construções, normas e
costumes que regularizam seu emprego”. Ex; machado de pedras, vasos de cerâmica, alimentos,
máscaras, vestuários, habitações, máquinas, navios, satélites artificiais, etc.

A cultura material está relacionada com a finalidade ou sentido que os objectos têm para um povo
numa cultura, ou seja, a importância e influência que exercem na definição da identidade cultural de
uma sociedade. O que é material é físico, objecto ou artefacto é entendido pelos seres humanos como
um legado, como algo que é para ser apreendido, usado e preservado, que ensina a reproduzir o
mesmo objecto ou a guardar a sua memória. Surgem aqui os objectos manufacturados (carácter
artesanal) e os que são produzidos num ambiente tecnologicamente mais avançado, na maquinofatura.

Ex: No Património Cultural Material, fazem parte de bens imóveis tais como castelos, igrejas,
conjuntos urbanos, casas, praças, e ainda lugares dotados de significativo valor para a história, a
arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral; nos bens móveis incluem-se, esculturas, pinturas e
artesanato.

Os objectos têm uma época e lugar de produção, um povo que os faz e reproduz, logo têm um
sentido histórico e humano: a relação entre o objecto e o seu sentido torna-se assim no campo de
estudo dos investigadores da cultura material.

Numa definição mais clássica, a cultura material pode assim ser entendida como o conjunto de
artefactos criados pelo homem, combinando matérias-primas e tecnologia, o qual se distingue das
estruturas fixas pelo seu carácter móvel
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É também através da cultura material que se ajuda a criar uma identidade comum. Esses objectos
fazem parte de um legado de cada sociedade. Cada objecto produzido tem um contexto específico e
faz parte de determinada época da história de um país.

A noção de cultura material, que, em princípio, se aplicaria apenas a objectos isolados, poderá ser
alargada de forma a abranger quase todas as produções humanas, A cultura material consiste em todo
tipo de utensílios, ferramentas, instrumentos, máquinas, hábitos alimentares, tipos de habitação, etc.
A cultura material pode influir no estilo de vida de um grupo. Por exemplo: no contexto
moçambicano interior concretamente na Ilha de Moçambique, a farinha de mandioca (Caracata) é
alimento básico; as redes são usadas por grande parte das pessoas para pesca; as casas pobres são
construídas com barro e folhas de palmeira. Forma-se, assim, um modo ou estilo de vida
fundamentado na cultura material daquela região.

Levando a que alguns estudiosos considerem a história da tecnologia, os estudos de folclore, a


antropologia cultural, a arqueologia histórica, a geografia cultural e mesmo a história da arte como
subcampos de estudos de cultura material.

4. Cultura Imaterial

Todo povo possui um património que vai além do material, de objectos. Esse património é chamado
de cultura imaterial. Refere-se a elementos intangíveis da cultura, que não tem substancia material.
Entre eles encontram-se as crenças, conhecimentos, aptidões, hábitos, significados, normais e valores.

De acordo Hoebel apud Shapiro (1966;217), a cultura imaterial “consiste o comportamento em si,
tanto manifesto (que se passa no intimo das pessoas) ”. Muitas vezes a cultura imaterial encontra-se
em perfeita fusão com a material. A cerimónia de casamento apresenta os dois aspectos

O Património Cultural Imaterial, entende-se que seja uma concepção que abrange as expressões
culturais e as tradições que um povo e/ou grupo de indivíduos preserva em respeito ao seu passado,
para as gerações posteriores. São exemplos de Património Imaterial: os saberes, os modos de fazer, as
formas de expressões, lendas, celebrações, festas e danças populares, músicas, costumes e outras
tradições (MELLO, 2013:40-41).
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A transmissão dessa cultura se dá muitas vezes pela tradição. Os maiores exemplos de cultura
imaterial em Moçambique especialmente na nossa província (Nampula) temos: Tufo, N’sope,
Marimba, Maherra, Mancoma, Silema, Espada Nacula, etc.

Todos somos parte integrante na cultura de nosso país e por isso devemos respeitar qualquer forma de
manifestação cultural. Nossa riqueza cultural, nossas belezas naturais só fazem sentido se forem para
serem compartilhadas igualmente com todos que fizeram parte dessa imensidão que é o nosso
Moçambique.

A cultura imaterial é o conhecimento que não foi ensinado por meio de livros, registos formais ou
ensinamentos sistemáticos, mas sim, o conhecimento transmitido na prática, na forma oral ou por
meio de gestos, de geração para geração. Tradição e transmissão de conhecimento são factores
essenciais para a continuidade da cultura intangível, também chamada de cultura imaterial, e para a
construção da identidade um grupo, povo ou nação.

Entende-se por “património cultural imaterial” as praticas, representações, expressões,


conhecimentos e técnicas junto com os instrumentos, objectos, artefactos e lugares culturais
que lhe são associados que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos
reconhecem como parte integrante de seu património cultural. Este património cultural
imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas
comunidades e grupo em função de seu ambiente, de sua interacção com a natureza e de sua
história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana (UNESCO, 2006).

5. Interdependência entre a Cultura Material e o Imaterial

Existe uma interdependência constante entre cultura material e cultura não-material. Quando
assistimos à apresentação de uma orquestra, sabemos que as músicas apresentadas são produtos da
criatividade de um ou mais músicos. Entretanto, para comunicar sua criação aos outros, os artistas
valem-se de instrumentos musicais. Da mesma forma que uma música requer instrumentos musicais
para sua exteriorização, também as religiões, de modo geral, necessitam de templos, altares e outros
materiais para que possam ser praticadas.

Na verdade, a interdependência entre esses dois aspectos é intrínseca a qualquer cultura, pois um
grupo realiza sua cultura não-material apoiado ou justaposto em sua cultura material, que é os meios
de execução da cultura (NUNES & LIMA, 2007:64).
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6. Importância da cultura

O estudo da cultura material é bastante importante para todos aqueles que pretendam dedicar-se
intelectualmente e profissionalmente aos estudos dos patrimónios culturais, campo mais amplo no
qual os mesmos estão inseridos.

A identidade de um povo está na sua cultura. Portanto, conhecer e valorizar a nossa cultura são auto-
afirmações do que somos. Do contrário, poderemos ser conduzidos por qualquer maré que chega. Por
exemplo, ser conduzidos pelo fenómeno da globalização (Não considerado seus valores) que busca
homogeneizar as culturas locais a fim de controlar as nações do mundo com as doutrinas capitalistas.
Este processo chama-se aculturação. Quer dizer, a infusão de uma cultura sobre outra a fim de matar
uma.

Para enfatizar melhor a importância da memória cultural do povo e o mais importante, nos ensinando
a termos orgulho de nossas raízes, cores, sabores, crenças, nos mostrando que o único e tenaz
caminho é assumir, disseminar e manter cada vez mais nossas origens, para que só assim o mundo
nos relacionem com respeito e admiração" É importante ressaltar que no contexto da comunicação
também há outras formas de aprendizagem da cultura. O ensino escolar é apenas uma parte onde
ocorre a aprendizagem cultural do aluno. A escola tem uma contribuição bem específica nessa
aprendizagem, pois é na escola que o aluno vivência diariamente a diversidade cultural, no contacto
com professores, colegas e outros. Por ser um assunto tão complexo a forma de aprendizagem se faz
de maneira formal e informal. Quando o aluno vem para o ambiente escolar já traz consigo
informações, vivências e experiências culturais que segundo Vygotsky não podem ser desprezados,
mas trabalhados para que haja assimilação e entendimento das mesmas pelos alunos.
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Conclusão

Depois de várias pesquisas e leituras concluímos que a cultura material refere-se as produções
humanas, e a cultura imaterial são os hábitos e costumes a partir dessas considerações, acredita-se,
que é um tema relevante que pode levantar reflexões e discussões que possam vir a contribuir com o
despertar da consciência colectiva sobre a importância das raízes culturais. O resgate as raízes
culturais de uma região poderá despertar no individuo a motivação e o interesse sobre a sua própria
cultura, tornando-o um cidadão mais sensível e consciente da importância de suas raízes para
preservação de sua história.
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Bibliografia

MELLO, Luiz Gonzaga de. Antropologia cultural: iniciação, teorias e temas, 19ª ed., editora

Petrópolis vozes, 2013.

JAPIASSÚ, Hilton & MARCONDES, Danilo Dicionário Básico de Filosofia, 3ª edição, Editor:

Revista e ampliada, Rio de Janeiro, 2001.

NUNES, Verónica Maria Meneses & LIMA, Luís Eduardo Pina. Património Cultural. São

Cristóvão: UFS/ CESAD, 2007.

UNESCO. Convenção para a salvaguarda do património cultural imaterial. 2006.

CHILDE, Gordon Vere. Para uma Recuperação do passado, São Paulo, Difel, 1956.

GRANATO, Marcus & RANGEL, Márcio F. cultura Material e Património da ciência e tecnologia,

rio de Janeiro, 2009.

KAHN, J. S. El Concepto de Cultura: Textos Fundamentales. Barcelona: anagrama, 1975.

LINTON, Ralph. O homem; uma Introdução a Antropologia. São Paulo: Martins, 1965.

MARCONI, Marina de Andrade & PRESOTTO Zélia Maria Neves. Antropologia: uma Introdução,

3ª ed. São Paulo: editora atlas S. A., 1992.

SHAPIRO, Harry. Homem: Cultura e Sociedade. Rio de Janeiro: Fundo de cultura, 1966.

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Índice
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Introdução...................................................................................................................................................3

1. Resenha histórica do termo cultura..................................................................................................4

2. Conceptualização dos Termos.........................................................................................................4

2.1. Cultura.............................................................................................................................................4

2.2.Valores e Bens Culturais.......................................................................................................................5

3. Cultura material...............................................................................................................................6

4. Cultura Imaterial..............................................................................................................................7

5. Interdependência entre a Cultura Material e o Imaterial..................................................................8

6. Importância da cultura.....................................................................................................................9

Conclusão..................................................................................................................................................10

Bibliografia................................................................................................................................................11

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