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Abubacar Macumele

Cecília Issufo Monomede

Donaldo Fazilo Ofumane

Felismino Ali Abel

Helena Rosário

Hélio Daniel Pedro Mucotiua

Horácio Gomo

Laura Manuel

Márcio Armando

Nésia Omar Aidene

Valter Raúl Amisse António

Escolas ou Correntes Antropológicas

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
1

Abubacar Macumele

Cecília Issufo Monomede

Donaldo Fazilo Ofumane

Felismino Ali Abel

Helena Rosário

Hélio Daniel Pedro Mucotiua

Horácio Gomo

Laura Manuel

Márcio Armando

Nésia Omar Aidene

Valter Raúl Amisse António

Escolas ou Correntes Antropológicas

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Trabalho de Investigação de Carácter


Avaliativo da Cadeira de Antropologia
Cultural de Moçambique a ser entregue
e apresentado no Departamento de
Ciências Alimentares e Agrárias, Sob
orientação do Msc. Roberto M. Preto

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
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Índice
1. Introdução.................................................................................................................. 3

1.1. Objectivos .............................................................................................................. 3

1.1.1. Geral ................................................................................................................... 3

1.1.2. Específicos ......................................................................................................... 3

1.2. Metodologia ........................................................................................................... 3

2. Principais Correntes Ou Escolas Antropológicas...................................................... 4

2.1. Corrente do evolucionismo.................................................................................... 4

3. O particularismo histórico ......................................................................................... 5

3.1. Principais características do evolucionismo .......................................................... 5

4. Corrente do difusionismo .......................................................................................... 6

4.1. Principais Características ....................................................................................... 7

5. Corrente Funcionalista .............................................................................................. 8

5.1. O funcionalismo .................................................................................................... 8

5.2. Principais Características ....................................................................................... 9

6. O culturalismo norte-americano .............................................................................. 10

6.1. Principais Características ..................................................................................... 10

6.2. O relativismo cultural .......................................................................................... 11

6.3. Corrente de estruturalismo................................................................................... 11

6.4. Princípios do estruturalismo ................................................................................ 12

7. Existencialismo ....................................................................................................... 12

7.1. Procedimentos básicos do estruturalismo ............................................................ 13

7.2. Método Etnográfico. ............................................................................................ 13

8. Conclusão ................................................................................................................ 14

9. Referências bibliográficas ....................................................................................... 15


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1. Introdução
No âmbito da percepção do desenvolvimento do currículo do curso de Licenciatura em
Agro-pecuária na cadeira de Antropologia Cultural de Moçambique foi-nos incumbida a
elaborar um trabalho de pesquisa, com o seguinte objecto de estudo; principais correntes
antropológicas o evolucionismo, o difusionismo, funcionalismo e o estruturalismo.

Vistos a partir dos quadros centrais de qualquer cultura, os homens se julgam sempre
mais humanos do que os outros; mais fortes, inteligentes e sinceros do que os outros,
quaisquer que sejam enfim, as correntes antropológicas nos ensinam a nos
descentrarmos de nós mesmos assim como de nossa própria sociedade e cultura. Isso é
um exercício fantástico e que nos abre as portas para novos universos, novas
possibilidades e alternativas de aprendermos com os outros e de nos vermos através dos
outros, conhecendo-nos mais profundamente.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
 Compreender as principais escolas antropológicas.

1.1.2. Específicos
 Caracterizar as escolas antropológicas;
 Apresentar os seus representantes de cada corrente antropológica;
 Analisar as correntes antropológicas.

1.2. Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho, recorreu-se numa primeira fase, ao método de
pesquisa bibliográfica, que consistiu nas consultas bibliográficas que versam sobre a
temática em estudo, e em seguida usou-se os métodos analítico e comparativo, que
consistiu na análise e comparação da informação obtida nas diversas obras e, por fim,
seguiu-se à compilação da informação seleccionada.
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2. Principais Correntes Ou Escolas Antropológicas


Começaremos o nosso trabalho trazendo o conceito de antropologia como
ciência, que e tida da etimologia como: Antropologia = antro (homem), Lógia (estudo).
Por outrora uma das definições mais simples de antropologia que, e ao mesmo tempo é
a mais completas, dada a sua abrangência, diz que ela é o estudo da humanidade em
toda a parte e através do tempo, feito com a intenção de produzir conhecimento fiável
sobre as populações humanas e o seu comportamento, tendo em conta o que as torna
simultaneamente iguais e diferentes (HAVILAND, 1999, pg.5).

A antropologia desenvolve-se graças a existências de diversas correntes que


debruçaram sobre diversos temas referentes a ciência antropológica destaca-se
principais correntes antropológicas o evolucionismo, o difusionismo, funcionalismo e o
estruturalismo. Vejamos em detalhe cada o uma delas, suas características e seus
representantes.

2.1. Corrente do evolucionismo


A época em que a antropologia emergiu como ciência, segunda metade do século
XIX, foi marcada pelo triunfo das ideias evolucionistas.

O evolucionismo de acordo com alguns autores (COLLEYN, 2005,


SANTOS, 2002) foi influenciado pelo darwinismo e pela teoria de evolução das
espécies. Esta escola de pensamento antropológico afirma que a espécie humana evolui
lentamente e que se podem classificar todas as sociedades em função do estágio
desenvolvimento alcançado.

A ideia parte do princípio de enunciado por Charles Darwin, segundo a qual, o


mundo vivo e resultado de uma longa acumulação de mutaçõese evolução das espécies,
isto e na visão dos autores representantes do evolucionismo, tal como os animais
evoluem as culturas também evoluem através de mutações, interagindo ou não com o
meio exterior.

Edward Taylor, Lewis Morgan e Herbert Spencer são alguns dos autores do
evolucionismo oficial e suas teorias constituem-se como uma tentativa de formalizar o
pensamento antropológico com linhas cientificamente modeladas conforme a teoria
biológica da evolução, ou seja se os organismos podem desenvolver com o passar do
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tempo com leis compreensíveis e deterministas, parece então razoável que sociedades
também evoluam com o tempo.

A principal ideia do evolucionismo consistia em defender que a cultura e as


sociedades evoluem, tal como as espécies e os organismos, a partir de formas mais
simples até chegarem a outras mais complexas. Tanto Tylor como Morgan afirmavam
que as sociedades passam por estádios de evolução até chegarem às formas mais
complexas da vida social. Acreditavam também que era possível encontrar ainda no
século XIX sociedades em diferentes estádios e graus de evolução

3. O particularismo histórico
Os primórdios do século XX trouxeram a crítica ao evolucionismo por parte da
antropologia cultural norte-americana.

A defesa que os evolucionistas faziam da existência de leis universais de evolução


era prematura e não sustentada pela pesquisa etnográfica. De acordo com Eriksen e
Nielsen (2007) citando Boas (…) os dados etnográficos e arqueológicos recolhidos até à
data não eram suficientes para estabelecer generalizações universais. A sua orientação
teórica era a de que apenas se podiam recolher dados de situações particulares e explicá-
las de acordo com esses dados, mas não se podia generalizar essas explicações a
situações até então não estudadas etnograficamente. Ao enfatizar a variabilidade
histórica, Boas tomou claramente partido contra os esquemas evolucionistas que
procuravam colocar toda a humanidade numa fórmula evolutiva única.

3.1. Principais características do evolucionismo


Segundo Mello as Principais características do evolucionismo são;

 Vastidão do objecto: o objecto do evolucionismo e tão vasto que se confunde


com o da antropologia no geral, pois abrange a cultura como um todo ligado a
espécie humana. O evolucionismo não trata sobre manifestação cultural de um
povo particular, mas diz respeito a cultura como um património comum a toda a
humanidade, procurando explicar os aspectos culturais comuns aos povos.

 Factor Tempo: o evolucionismo levou em consideração o factor cronológico,


tendo criado uma temporalização nova designada de " tempo cultural" por meio
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do qual são caracterizados os estágios das culturas vividas pelos povos, dai
resulta a utilização do conceito "paralelismo cultural" que assenta no
pressuposto que tanto os povos primitivos como os civilizados têm uma origem
cultural similar, diferindo na evolução cultural

 Uso do método comparativo: o evolucionismo faz a sua interpretação das


instituições passadas através da reconstrução do próprio passado. Por intermédio
do método comparativo, explicando o desconhecido por aquilo que se conhece.

 Introdução de novos temas e conceitos: os principais temas abordados pelo


evolucionismo são a religião, a família e em qualquer destes temas a
preocupação de explicar que a cultura obedece a uma evolução universal, isto é,
que a cultura surgiu simultaneamente em todas as partes.

A falácia desta estratégia está em pensar que se pode recolher dados sem um
enquadramento teórico prévio. Os factos não falam por si, mas sim pelas ideias de quem
os recolhe. Para Boas, o antropólogo era uma espécie de ceifeira – debulhadora que
recolhe tudo a eito. A verdade é que os antropólogos, como qualquer outra pessoa, são
selectivos na escolha dos “factos”, não ceifam à toa, apenas apanham aquilo que o seu
interesse prévio definiu como importante.

4. Corrente do difusionismo
O difusionismo também conhecido como historicismo, opunha-se a corrente
evolucionista partindo da ideia segundo a qual, na história da humanidade, as
verdadeiras inovações são em numero reduzido e propagam-se a partir de centros
culturais, ou seja, as inovações culturais são iniciadas numa cultura especificas, para só
então serem difundidas de varias maneiras a partir desse ponto inicial. E evidente que
existem a difusão cultural; o nosso alfabeto veio dos fenícios, o nosso algarismo são
árabes, o cristianismo veio do oriente médio.

Eriksen e Nielsen (2007) diz que o difusionismo tornou-se popular, nos finais do
século XIX, quando o evolucionismo era ainda uma teoria influente, e constituiu um
domínio das teorias evolucionistas. Existiram duas escolas principais:

 Uma na Alemanha-Áustria e;
 Outra na Grã-Bretanha.
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A sua ideia central era a de que as civilizações mais “avançadas”, das quais a
Europa representava o expoente máximo, tinham a sua origem no velho Egipto,
considerado uma civilização avançada devido ao facto de nela se ter desenvolvido a
prática da agricultura muito cedo e de esta ter levado ao desenvolvimento de formas de
religião, arquitectura e arte muito “avançadas”. Para os difusionistas britânicos, a
evolução independente e paralela parecia de menor importância, senão mesmo uma
concepção errada. Para eles, a difusão a partir do Egipto explicava o desenvolvimento
de todas as outras civilizações.

4.1. Principais Características


 Os diversos povos terrestres receberam influências dos vizinhos;
 A maior parte das inovações sociais, técnicas, mitos, entre outros, se propagaram
pelas migrações e pelos contactos estabelecidos entre os povos;
 As inovações provêm de uma cultura específica, depois são difundidas das mais
diversas formas deste ponto inicial;
 Empréstimo cultural.
O difusionismo tinha a tendência de ignorar o fenómeno de convergência que
faz com que uma mesma instituição ou mesmo traço cultural se encontre em
civilizações diferentes sem que haja uma origem comum. Há historicamente três linhas
de pensamento difusionista a que chamaremos de escolas.

 O difusionismo inglês: defende a difusão como sendo a única causa da


expansão e dinâmica cultural, nega a teoria do paralelismo cultural exposta pelo
evolucionismo e considera a existência de um centro cultural (difusão
heliocêntrica) desde o qual todas as culturas foram difundidas. Esse centro era o
antigo Egipto. Os principais representantes foram; Grafton Elliot (1871-1937) e
WilliamJames Perry (1887-1949). As teorias foram consideradas Pan-egípcias.
 Difusionismo alemão: Os principais representantes foram; Father W. Schmidt e
Fritz Graebener os quais defendiam a teoria dos círculos culturais de difusão,
que surgiram em determinados espaços e épocas e dai se difundiram. Estes
teóricos acreditavam que o progresso da difusão seria a via mais eficiente para o
avanço da civilização e advogavam a necessidades de fortalecer os contactos
com os povos menos civilizados com os círculos culturais.
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 Difusionismo americano: considera as culturas particulares como sendo o


campo de estudo da antropologia. Segundo Franz Boas, a cultura é complexa e
não permite um levantamento histórico de carácter universal. A antropologia
deve centrar os seus estudos em pequenas comunidades culturais. Acrescenta
Boas que a difusão não é um processo linear e mecânico, mas pressupõe uma
elaboração complexa por parte dos povos que aprende certos traços culturais.

Em resumo o difusionismo ajuda a explicar a acumulação, mas não é capaz de


explicar todos os aspectos culturais. Por exemplo existem exemplo de culturais em
contactos mas que não patinham muitos traços comuns. Por isso o difusionismo aparece
como uma corrente problemática, primeiro porque ela nega a possibilidade de uma
inovação cultural. Segundo porque existe culturas que evoluíram isoladamente.

Para Gonçalves (2002) o princípio da difusão não está errado em si mesmo. De


facto, as sociedades trocam entre si elementos das suas culturas. Mas o que o
difusionismo não explica é porque é que uns elementos se difundem enquanto outros
não. Por exemplo, porque é que a “cultura” da Coca-Cola se difunde tão facilmente,
tornando-se praticamente universal, enquanto a monogamia não? E a mesma questão se
pode colocar em relação a muitas outras coisas.

5. Corrente Funcionalista

5.1. O funcionalismo
Enquanto nos EUA, no começo do Século, o culturalismo Boasiano florescia, na
Inglaterra, a antropologia estava começando a se distanciar das ideias evolucionistas da
geração anterior. Nesse movimento, ganhavam importância duas figuras que iriam
balizar a escola inglesa de antropologia social durante a primeira metade do Século XX:
estamos nos referindo a Alfred R. Radcliffe-Brown (1881-1955) e Bronislav
Malinowski (1884-1942).

Brown e Malinowski (1881-1955) usaram o conceito de função para entender a


realidade dos grupos sociais, por defenderem uma perspectiva não historicista, que se
manifestava numa ênfase não nas reconstruções históricas, mas na busca do
funcionamento da sociedade a partir das relações entre suas partes ou de suas
instituições sociais.
9

Apesar das coincidências, as diferenças são importantes, inclusive na forma


como cada um entendia o conceito de função. Também podemos estabelecer uma
distinção no que diz respeito às contribuições dos dois autores. Assim, encontramos em
Radcliffe-Brown uma preocupação na elaboração dos conceitos muito mais apurada,
enquanto Malinowski se manifesta como um excelente pesquisador de campo.

5.2. Principais Características


 Cada sociedade deve ser estudada como um todo, como um organismo
possuidor de uma lógica interna e singular;
 Observar cada detalhe da cultura estudada a fim de reconstruir a lógica daquela
cultura;
 Para sistematizar o conhecimento acerca de uma cultura é preciso apreendê-la
na sua totalidade;
 As instituições sociais exercem funções na manutenção da totalidade cultural;
 O funcionalismo biopsicológico e as instituições possuem como função
satisfazer as necessidades biológicas e psicológicas dos indivíduos;
 Não interessa mais explicar o presente pelo passado e sim o contrário (ruptura ao
pensamento difusionista e evolucionista);
 Diferentemente da escola evolucionista, a escola funcionalista não acreditava
que uma sociedade poderia ser mais avançada que outra, uma vez que cada
sociedade tem a sua determinada função, e essas funções relacionam-se de
maneira a formar um sistema.

Para Eriksen e Nielsen (2007) estes dois paradigmas, que fazem hoje parte do
museu da teoria antropológica, marcaram a antropologia social europeia, sobretudo
britânica, até pelo menos ao início da década de 1950. O funcionalismo interpreta a
sociedade como se ela fosse um organismo; cada parte do sistema desempenha uma
determinada função. O trabalho do antropólogo seria explicar as funções das diferentes
partes do sistema social.

Nesse sentido, e apesar do seu esquema conceptual simples, tanto o


funcionalismo como o estrutural funcionalismo representavam uma certa revolução
teórica face ao carácter meramente particularístico e descritivo da abordagem
tradicional (BATALHA, 2004).
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Para Leplatine (2003) a cultura estava ao serviço da satisfação dessas


necessidades. Por outro lado, a satisfação das necessidades básicas daria origem a outro
tipo de necessidades, e, assim, as coisas ter-se-iam tornado mais complexas em termos
de organização social.

6. O culturalismo norte-americano
Por volta da década de 1920 segundo afirma Gonçalves (2002) alguns
antropólogos americanos interessaram-se pela relação entre a cultura e a personalidade.
A teoria psicanalítica de Sigmund Freud (1856-1939) foi uma das influências
fundamentais nesse movimento da antropologia cultural norte-americana, que ficou para
a história da antropologia como culturalismo ou, movimento de cultura-personalidade
(LEPLATINE, 2003)

Desta forma de acordo com Eriksen e Nielsen (2007) as diferenças de


comportamento entre homens e mulheres existentes em qualquer sociedade são um
produto do treino social e da inculturação, e não das diferenças biológicas entre géneros.
A personalidade base resultaria sobretudo do treino e educação sociais recebidos na
infância, da maneira como os adultos educam as crianças. O conjunto de práticas
culturais que davam forma à personalidade base era designado por instituições
primárias. Santos (1969) afirma que uma vez formada a personalidade base, esta faria
depois emergir um conjunto de instituições secundárias destinadas a satisfazer as
necessidades e solucionar os conflitos originados pela estrutura da própria personalidade
base.

6.1. Principais Características


 Método histórico de análise cultural;
 A antropologia teria o objectivo de “tentar compreender os passos pelos quais o
homem tornou-se aquilo que é biológico, psicológica e culturalmente”;
 Cada cultura tem sua própria história;
 Para compreender a cultura é preciso reconstruir a sua própria história;
 Noção de “culturas”;
 Relativismo cultural;
 Olhar uma cultura pelas próprias "lentes";
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 Relativismo histórico: a ocorrência de fenómenos culturais semelhantes não


prova uma origem comum, nem que eles se desenvolveram da mesma maneira.

6.2. O relativismo cultural


No pensamento de Boas, quando oferece como alternativa às explicações
evolucionistas unilineares a ideia de que cada povo possui uma história própria e
particular, está introduzindo a ideia do relativismo cultural. Ou seja, cada cultura segue
seu caminho, e teríamos assim várias histórias e não apenas uma.
Boas apontavam que cada cultura é uma unidade integrada, fruto de um
desenvolvimento histórico peculiar. Enfatizou a independência dos fenómenos culturais
com relação as condições geográficas e aos determinantes biológicos afirmando que a
dinâmica da cultura esta na interacção entre os indivíduos e sociedades.

6.3. Corrente de estruturalismo


O responsável pela adaptação do modelo estruturalista à antropologia foi o
antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908), inspirado pelo trabalho de alguns dos
linguistas do chamado Círculo de Praga, como Nicolai S. Trubetzkoy (1890-1938) e
Roman Jacobson (1896-1982). À influência do Círculo de Praga Lévi-Strauss juntou as
ideias de Émile Durkheim e Marcel Mauss (1872-1950), introduzindo na antropologia o
modelo linguístico da oposição binária ou das categorias contrastantes, como também é
por vezes designado (ERIKSEN E NIELSEN, 2003).

Para Eriksen e Nielsen (2007) enquanto o estrutural-funcionalismo se


preocupava acima de tudo com o funcionamento do sistema social, o estruturalismo de
Lévi-Strauss procurava descobrir a origem desse mesmo sistema, assim como provar a
universalidade dessa origem, a qual segundo ele se ancorava na estrutura profunda da
mente humana. Segundo Lévi-Strauss, a cultura, expressa através dos rituais, da arte e
do quotidiano, não é mais do que a manifestação de uma estrutura mental profunda
inerente à espécie humana. Por exemplo, o facto de as populações “primitivas”
organizarem os casamentos através de um sistema que trocam entre si os indivíduos
para fugir à endogamia, é um exemplo de organização binária. A estrutura binária da
mente humana reflectir-se-ia assim na linguagem e nas instituições culturais humanas.
12

6.4. Princípios do estruturalismo


 Existe uma realidade escondida por debaixo de todas as expressões culturais;
 Compreensão do significado subjacente envolvido no pensamento humano;
 a universalidade do pensamento humano;
 Não se pode hierarquizar povos, com uns superiores a outros.
 As sociedades mesmo com pensamentos iguais podem seguir por caminhos
diferentes;
 Princípio da reciprocidade e princípio de todas as relações sociais;
 E uma abordagem sincrónica.

De acordo com mesma fonte, dando exemplo do caso das metades (moieties,
como são designadas na literatura antropológica de língua inglesa) e do sistema de
casamentos nas estruturas de parentesco é um exemplo de organização e estrutura
binárias. Corroborando a ideia de Santos (1969) Jordão (2004) a sociedade estabelece
regras de troca que obrigam os indivíduos a circular entre metades através do sistema de
casamento. O mundo à nossa volta é organizado em categorias que se opõem umas às
outras; por exemplo, alto-baixo, cozido-cru, norte-sul, mau-bom, terra-ar, cá-lá, cultura-
natureza, etc.

7. Existencialismo
Para Eriksen e Nielsen (2007) em Filosofia será preferível a expressão "filosofia
da existência", por ser mais específica e menos controvertida. A "existência" que aqui
está implicada é o Homem, que se torna o centro de atenção, encarado como ser
concreto - nas suas circunstâncias, no seu viver, nas suas aspirações totais. Centrado nos
problemas do Homem, o Existencialismo penetra nos seus sentimentos concretos, nas
suas angústias e preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas ânsias e
preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas ânsias e satisfações - temas
particularmente aptos para um desenvolvimento literário.

Para Eriksen e Nielsen (2007) o Kierkegaard defende que "O existencialismo


nunca poderá ser uma teoria como outra qualquer, porque a existência não é, em si,
susceptível de teoria. O existencialismo, para Kierkegaard, é apenas a expressão da sua
própria vida e a única coisa de geral ou de universal que contém é a exortação que a
todos nos dirige para que nos tornemos cristãos. A natureza deste existencialismo só
13

poderá, portanto, ser definida em função das condições que são requeridas por um
existir autêntico - existir que se deverá iniciar e intensificar seguidamente, por meio de
uma reflexão capaz de fazer, de uma existência vivida, uma existência desejada e
pensada. Essas condições podem reduzir-se a três: a necessidade do compromisso e do
risco, o primado da subjectividade e a prova da angústia e do desespero."

7.1. Procedimentos básicos do estruturalismo


Primeiro a análise estrutural examina as infra-estruturas inconscientes dos
fenómenos culturais; segundo considera que os elementos da infra-estruturas como se
relacionados, não como entidades independentes; terceiro lugar, procura entender a
coerência do sistema e quarta propõe a contabilidade geral das leis para os testes
padrões subjacentes no sentido da organização dos fenómenos.

7.2. Método Etnográfico.


Enquanto o funcionalismo utilizava o método de observação para construir suas
teoria e conceitos, o estruturalismo adapta o método etnográfico que é uma descrição
detalhada da vida quotidiana de cada cultura ou grupo social baseando-se num conjunto
de técnicas de pesquisa (observar e descrever a cultura).
14

8. Conclusão
Após uma exaustiva pesquisa concluímos que antropologia é a ciência humana e social
que busca conhecer a diferença e alteridade entre os seres humanos como seres
culturais, então estudá-la faz nos compreender que, longe de haver somente uma
formação cultural que dê sentido às acções humana, toda e qualquer cultura é coerente
em si mesma, quando vista de forma total e a partir de seus próprios pressupostos.

Mais ainda, aprendemos que nossa cultura e sociedade não são as únicas, nem as mais
verdadeiras, originais e autênticas; não obstante, as escolas antropológicas nos
ensinaram que todo e qualquer esquema cultural e ou classificatório é mais um dentro
dos inúmeros outros, que também coabitam o mundo juntamente connosco.
Aprendemos uma importante lição: nossa sociedade não é superior a qualquer outra,
seja ela uma tribo do Sudão, na África, ou uma tribo indígena no Mato Grosso do Sul,
no Brasil.
15

9. Referências bibliográficas
LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo. Brasiliense, 2003.

MELLO, L.G. Antropologia Cultural: iniciação, teorias e temas.Petrópolis, Edição


Vozes, 1988.

MERCIER, P. História da Antropologia. São Paulo: Moraes, 1990.

TITIEV, M. Introdução a Antropologia Cultural. 6.ed. Lisboa. Ed. F. C. Gulbenkian,


1989.

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