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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

IMPLICAÇÕES DA DIVERSIDADE CULTURAL EM MOÇAMBIQUE

Cristina Manuel Nhanala

Maxixe, Maio de 2023


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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

IMPLICAÇÕES DA DIVERSIDADE CULTURAL EM MOÇAMBIQUE

Trabalho de campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura en
ensino de Português da UnISCED.

Tutor: Prof. Doutor António Domingos


Braço

Cristina Manuel Nhanala


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Maxixe, Março de 2022

Índice

Introdução...................................................................................................................................4

Noção da diversidade cultura......................................................................................................5

Áreas de estudo da diversidade cultural......................................................................................5

Diversidade cultural em Moçambique........................................................................................7

O paradigma da diversidade cultural em Moçambique..............................................................9

Língua.........................................................................................................................................9

Educação.....................................................................................................................................9

Considerações Finais.................................................................................................................10

Bibliografia...............................................................................................................................11
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Introdução

A abordagem do presente trabalho baseia-se no pensamento de que, diversidades culturais,


são os vários aspectos que representam particularmente as diferentes culturas, como a
linguagem, as tradições, a culinária, a religião, os costumes, o modelo de organização
familiar, a política, entre outras características próprias de um grupo de seres humanos que
habitam num determinado território. Devido à sua multietnicidade, Moçambique é um país de
diversidade cultural, mosaico enriquecedor e elemento de coesão nacional. Da mesma forma
que a pluralidade cultural foi sendo construída ao longo da História do país, também é lógico
que as identidades são uma construção constante, em função dos ditames do tempo e das
metamorfoses da sociedade e do mundo, que já se chama aldeia global.

Desta forma, o trabalho tem como objetivo geral analizar as implicações da diversidade
cultural em Moçambique. Para se alcançar com êxito o objetivo geral, foram estabelecidos os
seguintes objetivos específicos:

 Contextualizar a noção da diversidade cultural;


 Descrever as área de estudo da diversidade cultural;
 Explicar as implicações da diversidade cultural em Moçambique;

A sociedade moçambicana deve preservar a sua tradição nacional positiva, integrando outros
valores da modernidade, atitude que reforça, evidentemente, a nossa cultura. Para garantir que
os valores culturais sejam transmitidos de geração em geração e consolidem a
moçambicanidade, é fundamental a educação para a cidadania, em toda a sociedade, nas
instituições de ensino.

A metodologia utilizada neste trabalho é de abordagem teórica metodológica, onde a mesma


foi pautada em uma pesquisa qualitativa, com carácter bibliográfico, assim, diversos autores
puderam prestar suas contribuições para esse trabalho
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I. IMPLICAÇÕES DA DIVERSIDADE CULTURAL EM MOÇAMBIQUE

I.1. Noção de diversidade cultural

A unidade psíquica dos humanos, pois todos humanos têm a mesma capacidade para a
cultura, a linguagem, viver em grupos sociais como a família e compartilhar alimentos,
isogamia e o tabu de incesto, regra que proíbe as relações sexuais e casamento entre parentes
próximos. As diversidades culturais são diferenças culturais que existem entre os seres
humanos. Há vários tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuário, religião e outras
tradições como a organização da sociedade .

A diversidade cultural é um conceito criado para compreender os processos de diferenciação


entre as várias culturas que existem ao redor do mundo. As múltiplas culturas formam a
chamada identidade cultural dos indivíduos ou de uma sociedade; uma “marca” que
personaliza e diferencia os membros de determinado lugar do restante da população mundial.

Conforme Takahashi (2006, p.3), diversidade é a característica básica de formas de vida e das
manifestações de cultura na terra. Ela pode ser biológica ou cultural. De acordo com o autor
citado, há três tipos de diversidade cultural: genética, linguística e cultural propriamente dita.

A diversidade cultural genética refere-se, de acordo com o mesmo autor, “às variações e
similaridades genéticas entre as pessoas” (TAKAHASHI, 2006). A diversidade cultural
linguística aponta para a existência de “diferentes linguagens e sua distribuição em regiões”
(TAKAHASHI, 2006); a diversidade de culturas é o “complexo de indivíduos e
comportamentos dentro de um contexto histórico comum” (TAKAHASHI, 2006).

A questão da diversidade cultural deve ser discutida em simultâneo com a noção das
“diferenças”. As diferenças culturais podem variar consoante a etnia, a raça, a idade, a
religião, o gênero, à região geográfica, visões de mundo, desejos, valores, etc.

I.2. Áreas de estudo da diversidade cultural

Os estudos sobre a diversidade cultural podem ser enquadrados no âmbito dos estudos
culturais e pós-coloniais. No entanto, autores como Costa (2006, p. 1-3) consideram que os
estudos pós-coloniais e os estudos culturais, nos quais se integram os relacionados com a
diversidade cultural, multiculturalismo, interculturalidade e a transculturalidade, não podem
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ser considerados uma matriz teórica, mas apenas uma variedade de contribuições que
aparecem como “uma referência epistemológica crítica às concepções dominantes da
modernidade”. (COSTA, 2006, p. 1).

Os estudos culturais e pós-coloniais começaram a ser feitos na vertente da crítica literária, a


partir dos anos 80 e os seus maiores representantes são Homi Bhabha, Edward Said, Gayatri,
Chakravorty, Spivak, ou Stuart Hall e Paul Gilroy. Tais estudos têm relações com o pós-
estruturalismo, ao se referirem ao carácter discursivo do social; com a corrente pós-moderna,
ao tratarem do descentramento das narrativas e dos sujeitos contemporâneos e também com os
estudos culturais, ao focalizarem a sua atenção às questões do racismo, gênero e identidades
culturais. É nesta última vertente que acontece a convergência entre os estudos pós-coloniais e
os estudos culturais. (COSTA, 2006, p. 3).

De acordo com Costa (2006, p.3), os estudos pós-coloniais centram as suas atenções nos
seguintes aspectos:

 crítica à Ciências Sociais por meio da desconstrução de binarismo como entre o


ocidente e o oriente; entre o ocidente e o resto do mundo;
 alternativas epistemológicas, nomeadamente, crítica ao modernismo, elogio do híbrido
e crítica da concepção do sujeito das ciências sociais.

Os estudos pós-coloniais refletem bastante sobre o conceito de diferença e das identidades dos
sujeitos. A questão do reconhecimento das diferenças torna-se o foco principal da Didática
Multicultural que se baseia em princípios da Educação Multicultural. Tal educação defende o
respeito à diversidade na escola e a necessidade do reconhecimento de direitos iguais para
todos.

Para Candau (2006, p. 2), as reflexões sobre as relações entre a diversidade cultural e o
quotidiano escolar são um tema de suma importância na educação de forma a que se possa
tornar a escola verdadeiramente democrática. De acordo com Gadotti (2006, p. 1), a educação
multicultural supõe a existência de uma pedagogia dos direitos humanos, do respeito pelo
outro, pelo ambiente, etc.

O ensino bilingue e a introdução do currículo local em Moçambique, é um bom exemplo


dessa abordagem curricular da educação multicultural na escolas. Apesar da educação
multicultural aparecer para resolver vários problemas, conforme Gadotti (2006, p. 3), ela
contém algumas ambiguidades. Por essa razão, a educação multicultural é polêmica, existindo
tanto vantagens como desvantagens e muitos problemas na sua implementação.
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I.3. Diversidade cultural em Moçambique

A diversidade cultural apareceu a partir do momento em que cada grupo social se adequou a
um ambiente específico, teve uma história particular ou conheceu um certo

desenvolvimento diferenciado em relação aos outros grupos, aparentados ou não. Por


exemplo, os grupos Bantu que migraram à África Austral. Se nos primórdios todos os Bantu
eram caracterizados pela prática da actividade agrícola, as diversas migrações posteriores para
os diferentes meios ecológicos levaram a uma certa diferenciação entre eles. Hoje
individualizaram-se ao ponto de identificarem-se como diferentes uns dos outros. É nessa
identificação de um grupo, em relação aos outros, que emergem certos fenómenos ligados à
diversidade cultural, como, por exemplo, o Etnocentrismo Cultural.

Etnocentricamente, os indivíduos pensam que os seus costumes são os únicos que são
corretos, apropriados e morais. As pessoas pensam que as suas normas representam a forma
“natural” de comportamento, daí que os outros são julgados como negativos. As visões
etnocêntricas entendem o comportamento diferente como estranho e “selvagem”, mas também
como inferior. O etnocentrismo é uma visão de acordo com a qual o próprio grupo é o centro
de tudo: todos os outros se medem por referência a ele. Cada grupo alimenta o seu próprio
orgulho e a sua vaidade, proclama a sua superioridade, exalta as suas próprias divindades e
olha com desprezo para os outros. O Etnocentrismo pode manifestar-se em diferentes níveis:
aldeia, tribo, minoria étnica, área cultural.

A sociedade Moçambicana é multilingue, pluri-étnica, multi-racial e socialmente estratificada.


Existem em Moçambique várias formas de organização social, cultural, política e religiosa; há
várias crenças, línguas, costumes, tradições e várias formas de educação. A principal
característica do património cultural moçambicano é a sua diversidade. As manifestações e
expressões culturais são ricas e plurais, sobretudo as ligadas às camadas populares.

Um dos aspectos considerados de maior relevância no novo currículo do Ensino Básico


relaciona-se com a questão da diversidade cultural. O Ministério da Educação no seu Plano
Curricular - MINED/ PCEB (1999, p. 8) refere que “a educação tem de ter em conta a
diversidade dos indivíduos e dos grupos sociais, para que se torne num fator, por excelência,
de coesão social e não de exclusão”. Uma das característica mais preciosas de Moçambique é
a sua diversidade cultural que, por coincidência, acompanha também a sua diversidade
biológica.
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Takahashi (2006, p. 3) afirma que há uma significativa correlação entre as diversidades


biológica e cultural, as áreas que têm grande diversidade biológica também reúnem grande
diversidade cultural. A sociedade moçambicana é multilingue, pluri-étnica, multi-racial e
socialmente estratificada. Existem em Moçambique várias formas de organização social,
cultural, política e religiosa; há várias crenças, línguas, costumes, tradições e várias formas de
educação.

A principal característica do patrimônio cultural moçambicano é a sua diversidade. As


manifestações e expressões culturais são ricas e plurais, sobretudo as ligadas às camadas
“populares”. A língua oficial em Moçambique é a língua portuguesa, mas ela é uma língua
minoritária que foi escolhida para oficial por razões políticas relacionadas com a unidade
nacional e com o fato de não haver à altura da Independência nenhuma língua que estivesse
suficientemente “modernizada” para ser capaz de veicular a Ciência, a Tecnologia e ser capaz
de servir de língua franca em todo o território nacional.

A matriz cultural do povo moçambicano é diversificada. A cultura moçambicana foi sempre


marcada pela miscigenação cultural que advém das migrações bantu e do contato que estes
vão ter com outras civilizações, sobretuto a árabe e a asiática. A colonização portuguesa vai
trouxe influências que vão ser acrescidas pelas culturas de comunidades imigrantes da Índia e
da China que se vão fixar em vários pontos de Moçambique. Após a Independência, os
moçambicanos vão também adquirindo valores culturais, éticos e morais que nos vão sendo
transmitidos pela política socialista e pelo contato com cooperantes.

Por um lado, sobretudo, as camadas jovens das zonas urbanas, por influência da globalização
e da adesão às novas tecnologias de informação e comunicação, promovem mudanças
notórias de costumes e hábitos culturais [por exemplo, ao nível do vestuário, da alimentação
dos gostos musicais, etc.]. Ocorre também a queda de identidades fortes, de grandes
ideologias, projectos e utopias; proliferam as dependências às modas, ao consumismo, aos
luxos desmedidos, ao esbanjamento, etc.

Culturalmente, tanto se assumem valores trans-nacionais, como também se revalorizam as


culturas locais. Exaltam-se direitos e liberdades individuais, bem como se preserva o
particular e o singular. Defende-se a alteridade, a diferença, a subjetividade e é nesse âmbito
que, nos dias de hoje, se defende a diversidade cultural como elemento importante do
desenvolvimento nacional. Fala-se demasiadamente da “unidade na diversidade”.
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I.4. O paradigma da diversidade cultural em Moçambique


I.4.1. Língua

Muitas comunidades linguísticas encontram-se atualmente dispersas por diferentes regiões


nacionais como consequência das migrações, da expansão da guerra dos 16 anos (guerra
civil), dos deslocamentos de refugiados e da mobilidade profissional. À medida que aumenta
a variedade dos vínculos entre língua e lugar, os esquemas de comunicação apresentam uma
variedade crescente caracterizada por mudanças de códigos, plurilinguístico, aquisição de
diferentes capacidades de compreensão e expressão em idiomas e dialetos distintos, tendo
para além disso, como traço distintivo.

I.4.2. Educação

As políticas educacionais têm uma repercussão decisiva no florescimento ou no declínio da


diversidade cultural e devem promover a educação pela e para a diversidade. Assim se garante
o direito à educação, ao mesmo tempo em que se reconhece a diversidade das necessidades
dos educandos (especialmente daqueles que pertencem a grupos minoritários, indígenas ou
nómadas) e a variedade dos métodos e conteúdos conexos.

Em sociedades multiculturais cada vez mais complexas, a educação deve auxiliar-nos a


adquirir as competências interculturais que nos permitam conviver com as nossas diferenças
culturais e não apesar delas. Os quatro princípios de uma educação de qualidade definidos em
Moçambique sobre Educação rumo há diversidade cultural são: Aprender a ser, Aprender a
conhecer, Aprender a fazer e Aprender a viver em conjunto. Os educadores não devem
contentar-se em reconhecer a diversidade e em valorizá-la discursivamente, é necessário
considerar e criar também diversidade nas práticas de ensino. A diversificação das práticas de
ensino não é um empreendimento fácil. Ela é um dos maiores desafios da educação em
sociedades complexas e democráticas.

Em casos como o de Moçambique, é impensável termos currículos completamente


diversificados. É importante que haja um currículo comum que contenha aspectos
universalmente aceites e comuns às várias culturas. O fato de haver um currículo comum não
deve significar anular as particularidades e singularidades. O currículo deve permitir a
possibilidade de haver diferenciações, sem haver discriminações nem estigmatizações de
certas culturas.
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Considerações Finais

Com o findar deste trabalho, deu-se a entender que a diversidade cultural significa
pluralidade, variedade e diferenciação, conceito que é considerado o oposto total da
heterogeneidade. Atualmente, devido ao processo de colonização e miscigenação cultural
entre a maioria das nações do planeta, quase todos os países possuem a sua diversidade
cultural, ou seja, um “pedacinho” das tradições e costumes de várias culturas diferentes.

A diversidade cultural possibilita ao antropólogo se debruçar sobre os comportamentos sociais


e culturais e realizar estudos sobre os seres humanos que vivem ou que viveram na Terra. Na
tentativa de melhor analisar as sociedades e grupos de pessoas, a Antropologia lança mão de
mecanismos para pesquisa que a instrumentalize e forneça informações de modo que possa
exercer suas necessidades. São eles, a saber: fontes de pesquisa de livros, imagens, objetos,
depoimentos materiais e imateriais, fazendo a chamada observação participativa, ou seja, o
antropólogo passa um tempo com os povos ou comunidades que deseja estudar.

A questão da diversidade cultural deve ser discutida em simultâneo com a noção das
“diferenças”. As diferenças culturais podem variar consoante a etnia, a raça, a idade, a
religião, o gênero, à região geográfica, visões de mundo, desejos, valores, etc. A diversidade
cultural é antes de mais nada, um fato: existe uma grande variedade de culturas que é possível
distinguir rapidamente a partir de observações etnográficas, mesmo se os contornos que
delimitam uma determinada cultura se revelem mais difíceis de identificar do que, à primeira
vista, poderia parecer. A diversidade é a característica básica de formas de vida e das
manifestações de cultura na terra. Ela pode ser biológica ou cultural, há três tipos de
diversidade cultural: Genética, Linguística e Cultural propriamente dita.
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Bibliografia

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&a,
2006.

INE/ NELIMO. Situação linguística de Moçambique. Dados do II Recenseamento Geral da


População e Habitação de 1997. FIRMINO, Gregório (org.). Maputo, INE, 2000.

http://www.nomads.usp.br/virus/virus04/secs/submitted/virus_04_submitted_4_pt.pdf

https://sopra-educacao.com/2020/12/25/diversidade-cultural-em-mocambique/

HORÁCIO, Aurélia da Conceição. Antropologia Cultural de Moçambique-Universidade


Pedagógica. Nampula: 2017.

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