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Pedagogia

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIALCONECTADO


PEDAGOGIA

EVANIO SILVA SOUZA

MULTICULTURALIDADE E DIVERSIDADE
CULTURAL NA ESCOLA

CAIAPÔNIA
2018
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EVANIO SILVA SOUZA

MULTICULTURALIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL NA


ESCOLA

Projeto de Ensino apresentado à


Universidade Norte do Paraná - UNOPAR,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Licenciado em Pedagogia

Orientadora: Prof. Natália Gomes


Tutora eletrônica: Helen Cristina P.D. Muniz
Tutora de sala: Sueli Aparecida da S. Castro

CAIAPÔNIA
2018
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SOUZA, Evanio Silva. Multiculturalidade e diversidade cultural na escola . 2018.


27f. Projeto de Ensino do Curso de Pedagogia. Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia. Universidade Norte do Paraná, Caiapônia, 2018.

RESUMO

O presente projeto de ensino trouxe como temática a multiculturalidade e


diversidade cultural na escola e se insere na linha de pesquisa da Docência nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O tema se originou das múltiplas reflexões
realizadas no curso de Pedagogia da Unopar, e associado aos momentos do estágio
supervisionado, no qual foi possível perceber que a escola não tem trabalhado de
forma mais profícua as problemáticas originadas na falta de respeito pelas
diferenças e na desvalorização da cultura. Assim, o projeto se tornou importante, se
justificando na necessidade de se iniciar um trabalho voltado para a diversidade
cultural com resultados em curto e longo prazo. O objetivo principal foi conceituar
cultural, diversidade e multiculturalidade e propor atividades que pudessem retomar
esses conceitos em sala de aula, criando nos alunos de uma sala de 3º ano do
Ensino Fundamental uma consciência de identidade cultural, valorizando a cultura
produzida regionalmente, e respeitando a diversidade. Os conteúdos foram
desenvolvidos em aulas, durante uma semana, com metodologias variadas e os
autores que fundamentaram o exercício teórico foram, dentre outros, Laraia (2001),
Santos (2012) e os PCN (BRASIL, 2000). No que diz respeito aos resultados,
observou-se que o trabalho com a temática proposta não pode se resumir em um
projeto de curto prazo, o que é necessário é a introdução dos conteúdos relativos à
pluralidade cultural em todo o cotidiano da escola.

Palavras-chave: Diversidade. Multiculturalidade. Escola. Cultura. Alunos.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................7
3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ENSINO..........18
3.2 Justificativa.................................................................................................18
3.3 Problematização.........................................................................................18
3.4 Objetivos.....................................................................................................19
3.5 Conteúdos..................................................................................................19
3.6 Processo de desenvolvimento....................................................................19
3.7 Tempo para a realização do projeto...........................................................24
3.8 Recursos humanos e materiais..................................................................24
3.9 Avaliação....................................................................................................25
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................26
REFERÊNCIAS...................................................................................................27
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1 INTRODUÇÃO

A multiculturalidade e diversidade cultural tem sido temáticas que


suscitam inúmeras possibilidades de ações e discussões, uma vez que a não
aceitação das diferenças traz problemas como o preconceito e a discriminação.
Desse modo, este projeto de ensino tem como temática a multiculturalidade e a
diversidade cultural na escola e se insere na linha de pesquisa compreendida pela
Docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Desde o início da colonização houve no Brasil um processo de
apropriação cultural que impôs a cultura do colono sobre o colonizado, a ponto de
muitos traços culturais se perderem no tempo. Do mesmo modo, durante muito
tempo a cultura foi considerada como uma forma de empobrecimento da identidade
de uma nação ou dos grupos sociais que a compõem.
Entretanto, atualmente a cultura, antes subestimada, passou a ser
parte da compreensão de que todos os seres humanos produzem e são sujeitos
culturais, nesse sentido a escola entra como reprodutora do sistema dominante.
Assim, partindo da homogeneização cultural é possível compreender a dificuldade
que os espaços escolares possuem em lidar com o preconceito e com a
discriminação.
Partindo desse pressuposto é que este projeto de ensino se justifica,
uma vez que se propõe o trabalho com atividades voltadas para a compreensão de
que a diversidade cultural faz parte do cotidiano de todos, bem como incutir valores
como o respeito pelas diferenças, sejam étnicas, de gênero, sociais ou econômicas.
Por outro lado, o desenvolvimento do projeto proposto é importante por se tratar de
um tema que continua atual, mesmo depois de muitas discussões, pesquisas e
reflexões e nesse contexto, a temática escolhida é relevante pela possibilidade de
fazer parte de um currículo que precisa ser pensado tendo como base o respeito
pelo outro e a compreensão de sua importância para a sociedade.
As perguntas que nortearam o projeto foram: O que é
multiculturalidade e diversidade cultural? Como as diferenças culturais podem ser
abordadas em sala de aula de modo que o preconceito, o racismo e a discriminação
possam ser eliminados? Quais metodologias o professor pode adotar para o
trabalho com os conceitos de cultural, multiculturalidade e diversidade cultural de
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modo que as diferenças sejam respeitadas pelos alunos?


Desse modo, buscando responder às perguntas inseridas na
problematização, os objetivos do projeto de ensino foram: Compreender o conceito
de cultura, multiculturalidade e diversidade cultural; Analisar o contexto escolar como
espaço de reprodução/produção de vivências culturais; Propor metodologias ativas
para o trabalho com a pluralidade cultural em sala de aula, identificando as situações
de preconceito, racismo e discriminação nos discursos dos alunos e propondo
soluções baseadas no diálogo.
Os conteúdos do projeto foram desenvolvidos nas aulas, sendo
efetivado em uma semana, com cinco intervenções, realizadas do dia 24/10/2018 a
28/10/2018. O projeto destinou-se a alunos do 3º ano do ensino fundamental e os
conteúdos a serem trabalhados envolvem metodologias lúdicas, espaço de criação,
rodas de conversa, apreciação de vídeo, leitura compartilhada e desenhos
representativos.
Os conteúdos foram desenvolvidos em aulas, durante uma semana,
com metodologias variadas e os autores que fundamentaram o exercício teórico
foram, dentre outros, Laraia (2001), Santos (2012) e os PCN (BRASIL, 2000). No
que diz respeito aos resultados, observou-se que o trabalho com a temática
proposta não pode se resumir em um projeto de curto prazo, o que é necessário é a
introdução dos conteúdos relativos à pluralidade cultural em todo o cotidiano da
escola.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Multiculturalismo e diversidade cultural: um conceito de cultura

Antes que se construa um conceito de multiculturalismo e


diversidade cultural, torna-se necessário compreender o que seja cultura.
A cultura abarca tudo que inclui determinados conhecimentos
acerca das crenças, artes, moral e costumes, bem como os hábitos que foram aos
poucos sendo adquiridos pelas pessoas a partir de suas vivências sociais.

Recebida como uma herança dentro de um grupo, a cultura o identifica, o


constitui como resultado do meio cultural em que foi socializado, herança de
um longo processo acumulativo vivenciado por inúmeras gerações. Mas
como processo de vivência, o homem se constitui enquanto produto e
produtor de seu meio, se constituindo e constituindo crítica do recebido e
aprendido, o que lhes permite inovações e invenções, simbologias outras
que torna possível sua perpetuação e existência do meio social. (LARAIA,
2001, p.34)

A cultura é produto do exercício da vida em comunidade. Sozinho,


nenhum indivíduo é capaz de produzir cultura, isso porque a cultura passou a existir
a partir da movimentação humana e a formação de grupos sociais.

Cada grupo é identificado por um tipo de cultura, que o diferencia e também


institui bases comparativas de percepção para com o outro. Essa definição
de cultura é entendida como um modo de vida, uma percepção do contexto
de existência, uma singularidade que o constitui enquanto integrante de um
determinado grupo, através de apreciações de ordem moral e valorativa,
formada por simbologias, valores, língua, religião, sistema de ensino,
elementos outros e diversos que identificam, diferenciam e classificam os
indivíduos no meio social. (LARAIA, 2001, p.34)

Quando se fala sobre cultura é interessante destacar que a cultura é


variável, sofre influências temporais e tem o poder de se transformar conforme sua
vivência e existência. Os modos de agir, de vestir, caminhar e comer são objetos
culturais, modificáveis de acordo com a temporalidade e as estruturas sociais que
emergem com o passar do tempo. A cultura é dinâmica, mas tem raízes fincadas
nas tradições dos grupos sociais. Por sua vez, é vista como fenômeno que marca a
pluralidade de comportamentos e crenças, inerentes a determinados espaços. A
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cultura também representa a identidade de povos, para além dos grupos sociais e
exige preservação.

Sobre a cultura, considera-se que exista a tendência da imposição


de uma cultura sobre a outra. Isso ocorreu no Brasil quando os portugueses
aportaram. Trouxeram sua cultura a impuseram como forma de manter o domínio e
o poder. Mesmo com os entrelaces raciais, a cultura branca em muito subjugou a do
negro e do indígena.

O contato do branco europeu com o índio assomou o que se


denomina de apropriação cultural. Novos padrões foram impostos, a cultura dos
indígenas foi se perdendo ao longo do processo de colonização e os valores
culturais considerados superiores alçaram o lugar daqueles inferiorizados. No
processo de aculturação, o que se observa é o uso da força para manter o dominado
sob controle. Quando um grupo social perde sua cultura ou a vê enfraquecida, seus
valores também são perdidos e sob a perspectiva antropológica, os estudos
reforçam que há um empobrecimento e enfraquecimento populacional, pois a cultura
é que define a identidade dos grupos sociais.
A cultura produz um sistema de classificação, sistemas simbólicos de
identificação e exclusão que negam características do outro por não serem
semelhantes as suas e em muitas circunstâncias, como o encontro entre
europeus e indígenas, esse choque, produzido no encontro com a diferença,
com o desconhecido o não reconhecimento das diferenças foi produtor de
violência. O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e
valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas
corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado
da operação de uma determinada cultura (LARAIA, 2001, p. 36)

Embora exista a diversidade cultural, observa-se que pela cultura a


sociedade passa pelo processo de homogeneização. Cada grupo social pode ter
uma cultura própria e única, assim, aqueles que chegam depois, precisam se
adaptar ao modelo cultural vigente. Não obstante, a cultura também é uma forma de
intimidação, pois é representante dos interesses dos grupos, desse modo,
considera-se que a família, religião, escola, são instrumentos de cultura, pois são
reprodutoras e produtoras de identidades predominantemente sociais. Por outro
lado, pela cultura, os grupos majoritários exercem seu poder de domínio, como se
houvesse um prospecto do mundo no qual se espera que sejam produzidos
indivíduos dotados de aptidões necessárias ao convívio social.
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Homens e mulheres precisam de uma existência unificada. Sua participação


em uma cultura é um dos fatores que lhes proporciona o sentido de
pertencer a algo. A cultura dá um sentido de segurança, de identidade, de
dignidade, de ser parte de um todo maior e de partilhar a vida de gerações
anteriores e também das expectativas da sociedade com respeito a seu
próprio futuro. (SANTOS, 2012, p. 16).

Conforme Santos (2012) menciona, a cultura é predominantemente


parte de uma ação humana. Os animais não são serem culturais, pois não se
agrupam com a intenção de construir ou trocar experiencias. Já o ser humano,
amplamente social, necessita da vivência cultural para definir sua própria identidade.
De modo geral, então, a cultura pode ser classificada como tudo que depende da
produção humana para existir.
Cultura é tudo aquilo que não é natureza, ou seja, tudo o que é produzido
pelo ser humano. Por exemplo: a terra é natureza e o plantio é cultura. É o
desenvolvimento intelectual do ser humano, são os costumes e valores de
uma sociedade, cultura significa que o homem não apenas sente, faz e age
com relação à cultura, mas também pensa e reflete sobre o sentido de tudo
no mundo. (SANTOS, 2012, p.44)

Sendo a escola campo de produção cultural, assim como


reprodução, compreende-se que até pouco tempo se limitava a ser parte do
aparelhamento social dominante. Hoje, essa perspectiva sofreu algumas mudanças,
até mesmo porque os sujeitos da educação não veem mais o processo de imposição
de ideologias dominantes com a mesma passividade. Do mesmo modo, a escola
contemporânea não se limita a receber o branco, rico, considerado de boa posição
social, mas precisou estar aberta à multiculturalidade, aos múltiplos diálogos
culturais que são tecidos no dia a dia da sociedade.

2.2 O espaço escolar: campo social da cultura

Sendo a escola campo de reprodução dos sistemas dominantes, é


também nesse espaço que a cultura é produzida. Silveira, Nader e Dias (2007),
reforçam que uma das funções da escola ou dos meios educativos é proporcionar os
meios para a conquista da cidadania.

De um modo geral, a educação, tem por finalidade proporcionar condições


de entrada e de aumento de cidadania mediante métodos educativos, de
sistematização das noções socialmente acumulados pela humanidade. Tais
noções são formalizadas no âmbito da escola cuja função primordial é a
construção de conhecimentos gerais que permitam aos educandos
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apropriarem-se dos bens culturais historicamente produzidos pela


sociedade. (SILVEIRA; NADER; DIAS, 2007, p.36)

Sendo a função principal da escola multiplicar conhecimentos


programados para dirigir a sociedade, a crítica maior reside no fato de que estes são
criados e manipulados de modo que posas convencer a população do que seja certo
e errado. O Brasil, sendo país cuja diversidade é ampla, dada aos múltiplos
processos culturais, insistiu durante muito em ter uma sociedade homogênea, regida
pelos padrões impostos pelas minorias. A escola, enquanto meio de regulação
social, cumpriu seu papel de reprodução cultural das minorias que ascenderam ao
poder.

A escola enquanto campo social produtor e reprodutor de cultura se


estabelece em lócus excepcional de um conjunto de atividades que, de
maneira sistemática, continuada e ordenada, contesta pela formação
primitiva da pessoa, situando-lhe frente ao mundo social.(SANTOS, 2012,
p.56)

No que diz respeito à multiculturalidade e diversidade, foi necessário


que se instituísse um plano de combate ao preconceito. Isso porque na escola, lugar
de socialização, a cultura do outro, que fosse diferente dos padrões impostos, nunca
haveria de ter espaço, sendo necessária uma intervenção do Estado para que a
diversidade pudesse ter seu lugar nos processos educativos.
Em vigor desde 2006, o Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos, preconiza:
A escola, no âmbito específico de sua atuação, pode contribuir para a
realização de ações educativas que visem fomentar/estimular/promover a
cultura dos direitos humanos mediante o exercício de práticas educativas de
promoção e fortalecimento dos direitos humanos no espaço escolar,
ajudando a construir uma rede de apoio para enfrentamento de todas as
formas de discriminação e violação dos direitos. (BRASIL, 2006, p.32)

Importante ressaltar que a finalidade do PNEDH, foi a de combater


quaisquer atitudes que denotassem condutas que fossem inflexíveis, do não
reconhecimento da diversidade cultural, e preconceituosas contra os grupos e
indivíduos que estivem em condição vulnerável, ou que por suas opções ideológicas,
cor de pele ou gênero, se encontrassem em situações que pudessem se configurar
como risco pessoal ou social. Sendo a escola um local de formação e de
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multiplicadores de opiniões, passou a ser exigido que nesse espaço fossem


incluídas as reflexões e discussões acerca da multiculturalidade e diversidade
cultural.

A escola, a partir das exigências do plano, passou a vivenciar uma


dualidade cultural. De um lado, as concepções particulares de gestores e
professores, responsáveis pelo plano de atuação anual, com discursos ainda
carregados de preconceito contra diversos grupos sociais, e do outro, a necessidade
de trazer para o contexto as situações nas quais a diversidade cultural precisa ser
respeitada.

Cabe à escola, lugar por dignidade de sistematização dos conhecimentos


determinados pelo meio social, praticar e ampliar uma pedagogia de
participação e de democracia, constituída no diálogo e na historicidade do
ser humano, que compreenda conteúdos, metodologias, valores, costumes
e procedimentos dirigidos para a concepção, solicitação e defesa dos
direitos humanos, assim como para a sua retaliação em caso de violação.
(SANTOS, 2012, p.41)

Ainda que os discursos da comunidade escolar denotem o peso do


não respeito pela diversidade, torna-se função social, e essencial, defender o
respeito e a tolerância às mais diversas formas de ser e fazer cultura. Normalmente
isso somente ocorre se houver o reconhecimento da necessidade de ações que
sejam efetivamente democráticas, que respeitem a cultura que cada um traz de seu
contexto familiar e social, vivenciando a diversidade, indo além da aceitação, mas
incutindo na comunidade escolar o sentimento de respeito.

2.3 Multiculturalismo e diversidade cultural: as vivências identitárias

Mesmo sendo algo inerente ao ser humano, constante desde


quando estes passaram a viver em comunidades, a cultura nunca foi valorizada
como parte do aprendizado. Pelo contrário, a história descreve os fazeres culturais
como algo supérfluo, sem valor, dominado por crenças empíricas nas quais os
sujeitos se baseavam para rejeitar o progresso e o avanço da ciência.
Conforme ressalta Morin (1997), somente nos anos finais da década
de 1980 é que a ideia de que a cultura é parte fundamental da formação da
sociedade “sendo um conjunto variado de modos de fazer e proceder, determinados
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pelos grupos sociais, estratégias representadas em situações sociais concretas.”


(p.14). No entanto, o apelo ao respeito pela diversidade, somente se fortaleceu a
partir da década de 1990 e no Brasil, as instituições escolares passaram a adotar os
conteúdos voltados para o respeito à multiculturalidade e diversidade cultural a partir
da instituição da LDB 9394/96.
Atualmente nas discussões da área da educação, a temática do
multiculturalismo, tanto como conceito quanto como projeto, tem ocupado
cada vez mais espaço, trazendo para a cena central a problemática da
diversidade de cultural presente no mundo contemporâneo. Um dos maiores
desafios postos à educação escolar pública é, justamente, lidar com a
questão das várias formas de diversidade presentes no seu interior (nível
sócio econômico, gênero, etnia, raça, orientação sexual, religião, idade,
etc.). (SANTOS, 2012, p.84)

A diversidade cultural é vista, em alguns contextos, como um


problema originado no processo de colonização, devido a miscigenação. Entretanto,
não somente no processo de colonização que diversas culturas se misturaram. No
entanto, há que se reconhecer que no Brasil, a aceitação da diversidade perpassa
pelos problemas originados no preconceito velado, presente em discursos que
refletem a ideologia do branco, europeu, rico e dominante. É comum, sobretudo nos
espaços de multiplicidade social, que as diferenças, tanto sociais, econômicas, de
gênero ou étnicas sejam exaltadas, não apenas na formulação do discurso
preconceituoso, mas naquilo que não é dito, e se materializa nos olhares e na
linguagem não verbal.
Cabe à escola, o papel de fazer com a diversidade seja
compreendida como algo natural, fruto da evolução da sociedade. Essa função,
precisa ser assumida, uma vez que no espaço escolar se constituem correntes e
relações de poder e, além disso, as propriedade fundamentais de sistemas
regulados e ajustados. (FOUCAULT, 1999).
A escola durante muito tempo renegou a cultura como algo
produzido socialmente. Sendo esta um espaço no qual a disciplina e os valores
sociais são impostos aos alunos, como forma de regulação social. O espaço escolar
é ideológico e precisa corresponder a moldes, valores, interesses e padrões
orientados pela sociedade e, por isso, construído de modo a ser excludente,
valorizando o individualismo e não a individualidade, enfocando a passividade e não
a resistência.
É então, a escola, um espaço de disciplina e rigidez, local árido para
as manifestações da cultura própria dos grupos sociais de seus integrantes. Sobre
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esse espaço disciplinador, Foucault (1997) ressalta:


A disciplina é, então, um modo de exercer o poder, uma tecnologia de poder
que nasce e se desenvolve na modernidade. O poder disciplinar é exercido
em diversos espaços sociais: em instituições especializadas (como os
cárceres ou os institutos corretivos), em instituições que a usam como
instrumento essencial para um fim determinado (as casas de educação, os
hospitais), em instituições que a preexistem e a incorporam (a família; o
aparato administrativo), em aparatos estatais que têm como função fazer
reinar a disciplina na sociedade (a polícia). (FOUCAULT, 1997, p.148)
Em sala de aula, são perceptíveis as diferenças culturais,
principalmente entre professores e alunos. Tais diferenças são prioritariamente
advindas das diversidade etária, mas são marcadas pelo distanciamento que se
estabelece entre professor e aluno. Por outro lado, há que se compreender as
expectativas antagônicas, uma vez que professore e alunos nem sempre desejam o
mesmo fim aos conteúdos abordados na sala de aula.

Professores e alunos possuem concepções e expectativas diferentes sobre


as relações e os conteúdos ministrados na sala de aula. Temos que
perceber os lugares sociais de atuação desses indivíduos e suas
respectivas funções e interesses. Um professor pode ser gente boa,
desenvolver uma relação de bastante proximidade com seus alunos, até
mesmo como um aspecto facilitador das interações em sala de aula, sem,
contudo, descartar o seu papel de autoridade, gerando uma disparidade
entre os objetivos propostos e a realidade vivida. Os papeis sociais são
delimitados como fator de posicionamento e normatização. (CORREIA,
2012, p.49)

A diversidade cultural, em muitos contextos, causa desconforto, não


apenas porque para alguns é difícil aceitar a não hegemonia racial, mas porque não
se compreende também que a diversidade só tende a enriquecer a cultura. Quando
se trata do espaço escolar, é importante a compreensão de que não é somente na
escola que as aprendizagens acontecem, bem como as apropriações culturais. É na
cultura que as identidades se constroem, se moldam, são modificadas e modificam o
contexto. Do mesmo modo, é por meio da cultura estereótipos são constituídos,
modelos a serem seguidos ou a ideia de moralidade toma forma.

A cultura é um sistema de significações hierarquizadas e como tal um


campo de lutas entre grupos, com o objetivo de manter determinados
privilégios distintivos. Observa ainda que, existindo um campo cultural,
coexistem diversas culturas e práticas culturais organizadas – como culturas
dominantes, subculturas ou ainda contraculturas – assistindo-se à
legitimação, através da especialização crescente dos agentes culturais, das
formas simbólicas presentes na cultura dominante. (BOURDIEU, 1979,
p.27)
14

Conforme mencionado, a diversidade cultural passou a fazer parte


do contexto escolar, não apenas como realidade a ser levada em conta, mas parte
do processo educativo e como tal, sendo utilizada enquanto temática para o trabalho
pedagógico. A partir da inserção da multiculturalidade e diversidade cultural no
currículo escolar, houve a preocupação com os pressupostos da abordagem didática
concomitante às aulas e seu planejamento. Assim, os Parâmetros Curriculares
Nacionais, os PCN, passaram a indicar os caminhos a serem seguidos no trabalho
com a pluralidade cultural, que abrange a multiculturalidade e diversidade cultural.

2.4 Pluralidade cultural pelos Parâmetros Curriculares Nacionais

Segundo os PCN, a multiculturalidade e diversidade cultural


precisam ser parte do processo educativo, partindo da compreensão de as
características étnicas e culturais são parte da construção ativa da sociedade.

As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas histórias,
na construção de suas formas de subsistência, na organização da vida
social e política, nas suas relações com o meio e com os outros grupos, na
produção de conhecimentos etc. A diferença entre culturas é fruto da
singularidade desses processos em cada grupo social. (BRASIL, 2000,
p.10)

Outro aspecto a ser levado em consideração, diz respeito às


desigualdades sociais que são impostas pelas relações de poder. Nesse sentido, os
PCN propõem que a pluralidade cultural seja valorizada de modo que esta possa ser
uma ferramenta legítima de se contrapor à denominada estrutura autoritária, que
ainda não foi extirpada da sociedade.

[...] a desigualdade cultural e a discriminação articulam-se no que se


convencionou denominar exclusão social, ou seja, a impossibilidade que
alguns indivíduos têm de acesso aos bens materiais e culturais produzidos
pela sociedade e de participação na gestão coletiva do espaço público
(BRASIL, 2000, p.14)

É importante destacar que mesmo diante de uma realidade


profundamente marcada pela injustiça, pelo preconceito e discriminação, o princípio
da dignidade humana precisa ser levado a termo. Em meio a esse contexto mediado
pelas relações e apropriações culturais injustas, cabe à escola proporcionar
experiências positivas no que tange ao denominado processo de reelaboração e
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resgate das culturas primordiais ou ancestrais e suas manifestações. Esse talvez


seja um dos grandes desafios da contemporaneidade, ou seja, o reconhecimento de
que a diversidade é parte instituída da formação de uma identidade nacional, plural,
individual e social.
Se a escola passa a ser visionária e portadora da bandeira da
diversidade, as situações de preconceito e discriminação tendem a diminuir, uma
vez que na escola se formam multiplicadores de opinião que irão levar os conceitos
da aceitação até seus próprios contextos sociais.

Espera-se, que na escola aconteça a aprendizagem de que, no espaço


público pode e deve ocorrer a coexistência dos diferentes, eliminando-se os
preconceitos e discriminações decorrentes de diferenças raciais, étnicas e
culturais. Isso, entretanto, só ocorrerá a partir dos trabalhos com os alunos,
docentes e demais membros da escola e comunidade, tomando-se como
base o contato com informações e discussões não somente durante um
período pré-definido, mas sim, sempre que necessário. (BRASIL, 2000,
p.20)

Importante destacar que a escola deve ser a mediadora das


possibilidades e do desejo de transformação social. Sendo esse espaço, precisa
ensinar que as situações que se configuram em preconceito não podem ser aceitas
e muito menos praticadas. “A escola possui um desafio de criar outras formas de
relação social e interpessoal, posicionando-se crítica e responsavelmente diante
delas” (BRASIL, 2000, p,33).
Infelizmente esse modelo de escola, em muitos contextos, ainda é
inexistente. Não porque o meio educacional se conformou em ser apenas reprodutor
e renegue a existência da diversidade cultural, mas porque é regido por situações
cotidianas que tornam impossível outra ação a não ser a aceitação de que pouco
poderá ser transformado.
A escola precisa militar em favor dos marginalizados culturalmente,
mas na contramão dessa militância trafegam desejos e imposições de minorias
dominantes que pelo poder acaba instituído e instruindo sobre o que irá ser
ensinado e que tipo de ideologia será propagada. Nesses termos, a escola se cala e
se calando aceita a discriminação. Segundo os PCN: “A própria ação educativa é um
reflexo da discriminação que ocorre na sociedade, haja vista que as expectativas
geradas na relação professor aluno em sala de aula influenciam na qualidade do
ensino especialmente para as camadas populares.”(BRASIL, 2000, p.50)
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Quando a escola abre seu espaço para as discussões acerca das


contribuições culturais, multiculturalidade, diversidade e pluralidade, cria um
sentimento de pertencimento, de identidade, e isso é muito importante,
principalmente quando se trata de escolas originadas em locais de risco social. O
sentimento de pertencimento a uma cultura faz com que o indivíduo compreenda os
hábitos, costumes, crenças e tradições que fazem parte de seu cotidiano. Do mesmo
modo, sua identidade cultural lhe trará forças para militar positivamente contra as
situações de preconceito e discriminação.
Para compreender o quanto o sentimento de pertencimento a uma
cultura é importante basta que se observe o contexto atual de mobilização feminina,
de negros e negras, pessoas que de alguma forma não se adequam a modelos
impostos pela sociedade. No lugar de buscar matar sua própria identidade, essas
pessoas estão se afirmando e empoderando outras na mesma situação, como forma
também de barrar as situações preconceituosas e os estereótipos. A identidade
cultural é a forma mais rica e poderosa de apropriação dos espaços que antes
estavam relegados a uma minoria dominante.

A identidade e a diferença são resultados de atos de criação linguística (o


que) significa dizer que não são elementos da natureza, que não são
essências, que não são coisas que estejam simplesmente aí, à espera de
serem reveladas ou descobertas, respeitadas ou toleradas. [...] Somos nós
que a fabricamos no contexto das nossas relações culturais e sociais. A
identidade e a diferença são interações sociais e culturais. (SILVA, 2000,
p.16)

Ressalta-se que no contexto atual, a diversidade cultural faz parte de


todo processo de construção dos espaços social. Plurais, estes tornaram-se
desafiadores ao sistema educacional, pois não mais se trata de ensinar para a
homogeneização e sim, trabalhar com a heterogeneidade. Não mais se leva em
conta apenas o fato de que todos são iguais, mas que dentro da igualdade existe a
diversidade.
Nesse aspecto, compreende-se também que a ação pedagógica
deve ser pensada de modo que haja o reconhecimento de que a escola não é
apenas um espaço de produção de saberes, mas que consegue articular de modo
que as possibilidades de conquistas sociais estejam à disposição de todos,
independente de classe, cor, gênero ou religião. O que é essencial é o modelo de
ensino adotado privilegie o respeito pela diversidade.
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O preconceito e a discriminação se alimenta do não reconhecimento


de que a diversidade faz parte do contexto social. Quando a escola compreende as
formas de lidar com esses problemas, principalmente quando insere em seu
currículo e na sua prática, as políticas de valorização da diversidade, o trabalho
pedagógico tende a produzir bons e legítimos frutos. É claro que mesmo na
contemporaneidade, os currículos expressam ainda as relações de domínio, mas se
não é possível a escola ideal, que pelo menos haja a preocupação em permitir o
crescimento pessoal e social de seus alunos. O respeito pela diversidade é
primordial ao contexto escolar contemporâneo.

Essas poderiam ser as linhas gerais de um currículo e uma pedagogia da


diferença, de um currículo e de uma pedagogia que representasse algum
questionamento não apenas à identidade, mas também ao poder ao qual
ela está estreitamente associada, um currículo e uma pedagogia da
diferença e da multiplicidade. (SILVA, 2009 p. 101).

O trabalho com a multiculturalidade e diversidade cultural precisa


atender à ideia de que as diferenças existem, fazem parte da cultura, e não é
possível enfiá-las dentro de um armário escondido porque o professor não consegue
administrar os conflitos que se configuram nas situações de preconceito e
discriminação. De acordo com Tosta (2009),

[...] a consciência de que a diferença está presente no cotidiano da escola e


da sala de aula apontam para a necessária reflexão sobre, pelo menos duas
questões importantes nas relações que se constroem no interior dessa
instituição. Primeiro, que a diferença não está apenas presente na vida fora
da escola, como também atravessa os muros, quase sempre impermeáveis,
da instituição escolar. Terceiro, que a forma como olhamos e tratamos a
diferença interfere nas relações educativas e, consequentemente, nas
relações de aprendizagem e de socialização. (TOSTA, 2009, p. 10).

Mediante o reconhecimento de que a diversidade deve ser o ponto


de partida para o trabalho pedagógico voltado às situações que se configuram em
preconceito e discriminação, o projeto de ensino fundamentado nesse referencial
teórico pode trazer essa nova perspectiva necessária para a compreensão de que
todos são plurais, únicos e diversos.
18

3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE


ENSINO

3.1Tema e linha de pesquisa

A multiculturalidade e diversidade cultural tem sido temáticas que


suscitam inúmeras possibilidades de ações e discussões, uma vez que a não
aceitação das diferenças traz problemas como o preconceito e a discriminação.
Desse modo, este projeto de ensino tem como temática a multiculturalidade e a
diversidade cultural na escola e se insere na linha de pesquisa compreendida pela
Docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

3.2 Justificativa

Desde o início da colonização houve no Brasil um processo de


apropriação cultural que impôs a cultura do colono sobre o colonizado, a ponto de
muitos traços culturais se perderem no tempo. Do mesmo modo, durante muito
tempo a cultura foi considerada como uma forma de empobrecimento da identidade
de uma nação ou dos grupos sociais que a compõem.
Entretanto, atualmente a cultura, antes subestimada, passou a ser
parte da compreensão de que todos os seres humanos produzem e são sujeitos
culturais, nesse sentido a escola entra como reprodutora do sistema dominante.
Assim, partindo da homogeneização cultural é possível compreender a dificuldade
que os espaços escolares possuem em lidar com o preconceito e com a
discriminação.
Partindo desse pressuposto é que este projeto de ensino se justifica,
uma vez que se propõe o trabalho com atividades voltadas para a compreensão de
que a diversidade cultural faz parte do cotidiano de todos, bem como incutir valores
como o respeito pelas diferenças, sejam étnicas, de gênero, sociais ou econômicas.
Por outro lado, o desenvolvimento do projeto proposto é importante por se tratar de
um tema que continua atual, mesmo depois de muitas discussões, pesquisas e
reflexões e nesse contexto, a temática escolhida é relevante pela possibilidade de
fazer parte de um currículo que precisa ser pensado tendo como base o respeito
pelo outro e a compreensão de sua importância para a sociedade.
19

3.3 Problematização

 O que é multiculturalidade e diversidade cultural?


 Como as diferenças culturais podem ser abordadas em sala de aula de modo
que o preconceito, o racismo e a discriminação possam ser eliminados?
 Quais metodologias o professor pode adotar para o trabalho com os conceitos
de cultural, multiculturalidade e diversidade cultural de modo que as
diferenças sejam respeitadas pelos alunos?

3.4 Objetivos

 Compreender o conceito de cultura, multiculturalidade e diversidade cultural;


 Analisar o contexto escolar como espaço de reprodução/produção de vivências
culturais;
 Propor metodologias ativas para o trabalho com a pluralidade cultural em sala
de aula, identificando as situações de preconceito, racismo e discriminação nos
discursos dos alunos e propondo soluções baseadas no diálogo.

3.5 Conteúdos

Os conteúdos do projeto serão desenvolvidos nas aulas, sendo


efetivado em uma semana, com cinco intervenções, realizadas do dia 24/10/2018 a
28/10/2018. O projeto destina-se a alunos do 3º ano do ensino fundamental e os
conteúdos a serem trabalhados envolvem metodologias lúdicas, espaço de criação,
rodas de conversa, apreciação de vídeo, leitura compartilhada e desenhos
representativos.
20

3.6 Processo de desenvolvimento

Aula 1 – Menina bonita de laço de fita1 – a afirmação da diversidade – tempo


estimado 1 aula de 50’

Na primeira aula, o professor irá apresentar a temática do projeto em


roda de conversa. Ressaltar a importância de valorizar o outro, abordar as
diferenças como parte importante de ser humanos. Deixar um espaço para que os
alunos possam exprimir suas opiniões.
Em seguida, o professor irá propor aos alunos uma aula especial,
baseada no livro Menina Bonita de laço de fita. Mostrar o livro para os alunos,
explorar a capa, antecipando o que acontecerá na história. Falar sobre a menina que
aparece na capa do livro, deixar que os alunos façam suas inferências acerca do
assunto do livro.

Após ler a história para os alunos, o professor irá explorar o contexto


da história, levantando algumas questões. Depois que todos os alunos participarem,
o professor irá reler um trecho da história: “O coelho achava a menina a pessoa
mais linda que ele já tinha visto toda a vida! E pensava: _ Ah, quando eu casar
quero ter uma filhinha pretinha e linda que nem ela!”.   
Questionar as crianças: O que é ser bonito? Como uma pessoa

1
Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18588
21

deve ser para ser bonita? Na medida em que as crianças forem colocando suas
opiniões ir enfatizando a importância da diferença de cada um. Destacar para o
grupo que o importante é ser diferente, indagando: Já pensaram se todos nós
fôssemos iguais?     
Aproveitar a descoberta do coelho de que “a gente se parece
sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos” e perguntar às
crianças com quem elas acham que se parecem. Para complementar essa
discussão, pode-se enviar uma atividade para casa em que as crianças perguntarão
aos pais com quem eles acham que elas se parecem. Assim com certeza
aparecerão muitas respostas interessantes: olho da avó, cabelo do pai, boca da
mãe, etc. Os pais podem enviar fotos de seus filhos junto com as pessoas com
quem acham que o filho se parece.

Aula 2 – Brincando me descubro: quem sou eu? – tempo estimado 2 aulas de


50’
No trabalho com a diversidade cultural o professor deverá ter em
mente que quando a criança se sente confortável com que é, poderá se defender do
preconceito, do racismo e da discriminação. Desse modo, a proposta para essa aula
é trabalhar a autoimagem dos alunos, de modo que reconheçam sua identidade e se
considerem pertencentes a uma cultura que pode ser múltipla, mas sem perder a
beleza de ser única.
Nessa aula, na roda de conversa, o professor irá retomar a temática
do projeto, e também a história da Menina Bonita de laço de fita. Após essa
retomada, a professora fará uma roda com os alunos e cada um irá receber um
pequeno espelho. Um de cada vez irá olhar no espelho e dizer o que mais gosta em
si e o que acha mais bonito. Caberá à professora reforçar cada destaque dos
alunos, e observar aqueles que não conseguem se descrever.
Após esse momento, a professora irá propor que, usando papel
machê ou massinha feita com farinha e preparada antecipadamente, que os alunos
façam um retrato de si mesmo. Depois de secar, os bonequinhos serão pintados e
vestidos pelos alunos e poderão ser levados para casa.
22

Aula 3 – É tão lindo!!! Não à discriminação – tempo estimado 1 aula de 50’

O objetivo dessa aula é que o professor possa abordar as questões


da discriminação, a supervalorização da aparência e o conceito de feio bonito que as
crianças possuem.
Em roda de conversa retomar o tema do projeto e em seguida
colocar para que possam apreciar o vídeo da música É tão lindo!! 2 Interpretada pela
Eliana. Explorar a música, reforçando a questão das aparências, de que não se deve
julgar uma pessoa somente porque ela não segue os padrões impostos pela
sociedade.

Após explorar o contexto do vídeo, a professora irá entregar a


atividade referente a aula para os alunos resolverem. Explicar como devem ser
resolvidas, explorar a letra da música e a leitura, tanto individual quanto
compartilhada. Ao final corrigir coletivamente, reforçando os conceitos abordados na
aula.
2
Disponível em http:www.youtube.com.br
23

Aula 4 – Hora da História: Orelhas de Mariposa 4 – tempo estimado 2 aulas de


50’
Para essa aula o professor deverá organizar uma roda de leitura em
um ambiente aconchegante, com tapetes e almofadas para contar a história de
Luisa Aguilar "Orelhas de Mariposa" . Depois da história o professor deve
problematizar algumas questões com as crianças. Fazendo perguntas do tipo: Todos
são iguais? Por que somos diferentes? Podemos ser amigos de todos? É certo
debochar dos amigos? É legal ser diferente! 
No segundo momento da aula, a professora irá propor aos alunos
que construam um painel da diversidade, personalizando bonecos de cartolina.
Fazer 1 boneco com cartolina branca ou de papel pardo para cada criança, com o
intuito de que elas personalizem de acordo com suas características ou vontade até
formar um painel da diversidade. O ideal é que os pequenos tenham canetinhas,
tintas, tecidos, lãs, olhos e bocas recortados de revistas disponibilizados para que
cada boneco seja único! Quando os bonecos estiverem prontos podem ser colados

3
Disponível em https://4.bp.blogspot.com/-5qP0w3Kh2Qk/Vtn0b4zu1NI/AAAAAAAAJH8/bT2R9wppn5M/
s1600/INCLUS%25C3%2583O%2B2.jpg
4
Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=51882
24

um ao lado do outro de mãos dadas para simbolizar o respeito e amizade.

Aula 5 – Cantigas de alegria – tempo estimado 1 aula de 40’

Para essa aula, o trabalho prévio da professora será de pesquisar


cantigas de rodas, não as que foram regravadas pela galinha pintadinha, mas as
que fizeram e ainda fazem parte da cultura popular. Do mesmo modo, pesquisar as
comidas típicas da região e montar um piquenique sensorial, no qual as crianças
serão apresentadas para a cultura regional, no sentindo de se reconhecerem
enquanto integrantes de uma identidade cultural, inserida em um contexto de
produção cultural.
Em roda de conversa, a professora irá apresentar a temática da aula
e falar sobre a importância de se valorizar a cultura regional, que é produzida no
local. Em seguida irá apresentar as cantigas de roda ressaltando sua originalidade,
reforçando que foram transmitidas de geração em geração e por isso são
importantes. Após esse momento, irá convidar as crianças para brincarem de roda.
Depois que brincarem, a professora irá servir o lanche com algumas comidas típicas
da região, preparadas antecipadamente. Para finalizar, como atividade, a professora
irá propor aos alunos que pesquisem em casa, com os avós ou com os pais, as
brincadeiras de infância e registrem no caderno.

3.7 Tempo para a realização do projeto

As aulas do projeto serão realizadas no mês de outubro de 2018, do


dia 22 a 26/10. Para melhor vislumbrar o desenvolvimento, segue abaixo o
cronograma das atividades a serem desenvolvidas pelo professor, em uma sala de
25

3º ano do Ensino Fundamental da escola campo.

Data Tema da aula Responsável pelas


atividades
22\10\2018 Aula 1 - Menina bonita de Professora do 3º ano
laço de fita – a afirmação
da diversidade

23\10\2018 Aula 2 – Brincando me Professora do 3º ano


descubro: quem sou eu?

24\10\2018 Aula 3 - É tão lindo!!! Professora do 3º ano


Não à discriminação
25\10\2018 Aula 4 – Hora da Professora do 3º ano
História: Orelhas de
Mariposa
26\10\2018 Aula 5 – Cantigas de Professora do 3º ano
alegria

3.8 Recursos humanos e materiais

 Professora e alunos do 3º ano do E.F.


 Data-show;
 Papel sulfite,
 Lápis de cor e papel
 Cadernos;
 Materiais de escrita;
 Livros de histórias;
 Cantigas de roda;
 Material para pesquisa;
 Comidas típicas.

3.9 Avaliação

O trabalho com o multiculturalismo e a diversidade cultural precisa


ser constante, não se findando apenas nesse projeto. Assim, as atividades
propostas bem como a participação dos alunos serão avaliadas em curto prazo, com
a aceitação e participação, e a longo prazo, com o registro das mudanças
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observadas nos comportamentos dos participantes, no sentido de averiguar se


houve mudanças comportamentais em relação ao respeito pela diversidade e
multiculturalidade.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender a dimensão da multiculturalidade e diversidade


cultural é um caminho que precisa ter uma seriedade muito grande, uma vez que a
história do país demonstra o quanto a população ainda é preconceituosa,
discriminatória e racista, ainda que de uma forma velada.
O projeto de ensino sobre essa temática veio como uma forma de
abordar essas questões e proporcionar aos alunos do ensino fundamental a
oportunidade de se conhecer enquanto agente cultural, e reconhecer no outro sua
própria identidade cultural.
As aulas propostas no projeto tiveram como fim, iniciar um trabalho
que pode ser duradouro, uma vez que nem todos conseguem compreender que
todos são diferentes, com aproximações culturais, mas diversos nos modos de
pensar. E mesmo assim, precisam ser valorizados.
De modo geral, é possível afirmar que os objetivos puderam ser
alcançados, e que os resultados do trabalho também poderão ser perceptíveis a
longo prazo, com a mudança nos comportamentos de discriminação, nas
brincadeiras sem graça que envolvam raça, etnia, gênero, religião ou condição
econômica.
Em épocas nas quais os meios eletrônicos são uma ferramenta de
disseminação do ódio, aventurou-se com esse projeto poder proporcionar uma outra
visão da diversidade, de que esta é fundamental para que a cultura de um país
possa existir e perdurar, mesmo que a sociedade a despreze, pois significa a
construção de uma identidade própria, fortalecida nos meios de se viver e fazer
cultura.
Mais do que ensinar sobre a diversidade, o projeto de ensino busco
resgatar a cultura regional, que em muitos contexto se perde pela aculturação, ou
mesmo pela apropriação de outras culturas. Assim, buscou-se nas cantigas de roda
e nas comidas regionais uma pequena parcela da cultura que é local, feita no olhar
das pessoa para seu cotidiano.
Espera-se que essa temática não se finde com o projeto e que este
possa contribuir, tanto como um referencial teórico, quanto uma sugestão para a
ampliação do trabalho do professor em sala de aula.
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REFERÊNCIAS

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais. Brasília: MC/SEF, 1998.

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