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As varias culturas em Moçambique numa determinada sala de aulas uma vezes a

encontro de vários estudantes proveniente de varias culturas

Minha pesquisa sera pesquisar discritiva

Pretende-se, neste tópico, estabelecer a definição de termos da investigação,


contextualizar algumas teorias culturais que são interessantes para identificar a
identidade da cultura. Acredita-se que é necessário fazer conhecer os estudos realizados
por distintos autores que, graças à sua perícia, trouxeram grandes subsídios para
entender como ocorre o processo de desenvolvimento cultural do indivíduo. Cultura O
conceito de cultura é uma das fundamentais abordagens nas ciências humanas, a ponto
de a Antropologia se distinguir como ciência. Os antropólogos, desde o século XIX,
buscaram declarar os limites de sua ciência por meio da definição de cultura. Na
verdade, a definição da cultura não é uma tarefa fácil. A cultura lembra proveitos
multidisciplinares, sendo estudada em áreas como Administração, Antropologia,
História, Comunicação, Sociologia, Economia, entre outras. Nesse sentido, Bosi (1996,
p. 73) afirma que: Cultura é o conjunto de práticas, de técnicas, de símbolos e de valores
que devem ser transmitidos às novas gerações para garantir a convivência social. Nesse
sentido, para haver cultura, é necessário antes que exista também uma consciência de
comportamento cooperativo, a partir da vida cotidiana. Assim sendo, nessa perspectiva,
cultura se- 155 Ling. Acadêmica, Batatais, v. 8, n. 2, p. 151-170, jan./jun. 2018 ria
aquilo que um povo ensina aos seus descendentes para garantir sua sobrevivência. No
pensamento iluminista francês, a cultura caracteriza o estado do espírito cultivado pela
instrução: “A cultura, para eles, é a soma dos saberes acumulados e transmitidos pela
humanidade, considerada como totalidade, ao longo de sua história” (CUCHE, 2002, p.
21). Frequentemente, ouvimos falar em vários tipos de cultura – “cultura tradicional”,
“cultura empresarial”, “cultura agrícola”, “cultura política”. Disso se conclui que, ao
nos referirmos ao termo, cabe ponderar que existem distintos conceitos de cultura. Parte
dessa complexa distinção semântica se deve ao próprio desenvolvimento histórico do
termo. A palavra “cultura” vem da raiz semântica “colore”, que originou o termo em
latim “cultura”, de significados diversos, como habitar, cultivar, proteger, honrar com
veneração (WILLIAMS, 2007). Identidade cultural A identidade da cultura é bastante
discutida dentro das temáticas teóricas em áreas de ciências sociais, perante a sua
diversidade e complexidade, muitos autores relacionam o avanço das tecnologias como
um perigo que pode alterar certas práticas e tradições. A identidade se altera de acordo
com a forma como o sujeito é apostrofado ou representado; assim, a identidade não é
automática e apresenta-nos três procriações de sujeito e suas respectivas identidades: o
sujeito do iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno (HALL, 1999). Na
linha do pensamento do mesmo autor, o sujeito do iluminismo refere-se em: Numa
concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado,
dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo “centro” consistia num
núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se
desenvolvia, ainda permanecendo essencialmente o mesmo – contínuo ou “idêntico”.
156 Ling. Acadêmica, Batatais, v. 8, n. 2, p. 151-170, jan./jun. 2018 O centro essencial
do eu era a identidade de uma pessoa (HALL, 1999, p. 10-11). O sujeito sociólogo
refletia o crescimento da compledidade do mundo moderno e a conciência do sujeito.
As velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em
declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até
aqui visto como um sujeito unificado (HALL, 1999, p. 7). Por fim, o sujeito pós-
moderno que dispõe diferentes identidades com múltiplas características caracterizando,
assim, um meio globalizado. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes
momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um eu coerente. Dentro de
nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que
nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas (HALL, 1999, p. 13).
3. Diversidade cultural em Moçambique

Um dos aspectos considerados de maior relevância no novo currículo do Ensino Básico


relaciona-se com a questão da diversidade cultural. O Ministério da Educação no seu
Plano Curricular - MINED/ PCEB (1999, p. 8) refere que “a educação tem de ter em
conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos sociais, para que se torne num factor,
por excelência, de coesão social e não de exclusão”.

Uma das características mais preciosas de Moçambique é a sua diversidade cultural que,
por coincidência, acompanha também a sua diversidade biológica.

Takahashi (2006, p. 3) afirma que:

Há uma significativa correlação entre as diversidades biológica e


cultural, as áreas que têm grande diversidade biológica também
reúnem grande diversidade cultural, por exemplo, a Índia tem 309
línguas e possui 15.000 tipos de flores nativas; a China tem 77 línguas
e 30.000 tipos de flores nativas.

A sociedade moçambicana é multilingue, pluri-étnica, multi-racial e socialmente


estratificada. Existem em Moçambique várias formas de organização social, cultural,
política e religiosa; há várias crenças, línguas, costumes, tradições e várias formas de
educação. A principal característica do património cultural moçambicano é a sua
diversidade. As manifestações e expressões culturais são ricas e plurais, sobretudo as
ligadas às camadas “populares”.

A língua oficial em Moçambique é a língua portuguesa, mas ela é uma língua


minoritária que foi escolhida para oficial por razões políticas relacionadas com a
unidade nacional e com o fato de não haver à altura da Independência nenhuma língua
que estivesse suficientemente “modernizada” para ser capaz de veicular a Ciência, a
Tecnologia e ser capaz de servir de língua franca em todo o território nacional.

De acordo com dados do INE/ NELIMO (2000, p. 108) estão presentes no país 30
agrupamentos linguísticos. A maior parte das línguas são de origem bantu, mas também
se fala, para além do Português, línguas européias [Inglês, Francês, Espanhol, Italiano,
Russo, Alemão], outras línguas africanas [Árabe, Sutho] e línguas asiáticas [Hindi,
Gujurati e Chinês].
O Português é falado, como língua materna, por 6% da população, enquanto as línguas
bantu são faladas por 93%. Da população que reside das zonas urbanas, 55% conhece o
Português, contra 45% nas zonas rurais. Dos falantes do Português, 61% são homens (a
maior parte). As línguas bantu são as que são faladas com mais frequência 90%
relativamente ao Português.

A matriz cultural do povo moçambicano é diversificada. A cultura moçambicana foi


sempre marcada pela miscigenação cultural que advém das migrações bantu e do
contacto que estes vão ter com outras civilizações, sobretudo a árabe e a asiática. A
colonização portuguesa [iniciada em 1498] vai trazer influências europeias que vão ser
acrescidas pelas culturas de comunidades imigrantes da Índia e da China que se vão
fixar em vários pontos de Moçambique. Após a Independência, os moçambicanos vão
também adquirir valores culturais, éticos e morais que nos vão ser transmitidos pela
política socialista e pelo contacto com “cooperantes” russos, cubanos, búlgaros, norte-
coreanos, chineses, alemães.

A cultura socialista vem a ser amplamente difundida nas escolas por meio do Sistema
Nacional de Educação que tinha como objectivo formar um “Homem Novo”, que
significava “um homem livre do obscurantismo, da superstição e da mentalidade
burguesa e colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista”
(MINED, 1985, p. 113).

Os valores éticos e morais do Socialismo encontravam-se enunciados em princípios do


comportamento revolucionário como, por exemplo, a pontualidade; a disciplina e
obediência, o asseio e limpeza; o espírito colectivo e de organização, de iniciativa, de
sacrifício e de economia; o respeito mútuo, pelo trabalho manual, o respeito pelos
símbolos nacionais e pelos responsáveis; a vigilância revolucionária e a prática
constante da crítica e autocrítica.

Com a queda do socialismo, Moçambique adere às reformas do FMI e do Banco


Mundial e passa a defender valores morais completamente contrários ao Socialismo
como a supremacia do setor financeiro, a privatização, a desregulamentação do setor
financeiro, a desnacionalização das riquezas naturais, integração nos mercados
internacionais. Por um lado, sobretudo, as camadas jovens das zonas urbanas, por
influência da globalização e da adesão às novas tecnologias de informação e
comunicação, promovem mudanças notórias de costumes e hábitos culturais [por
exemplo, ao nível do vestuário, da alimentação dos gostos musicais, etc.]. Ocorre
também a queda de identidades fortes, de grandes ideologias, projectos e utopias;
proliferam as dependências às modas, ao consumismo, aos luxos desmedidos, ao
esbanjamento, etc.

Se, por um lado, o trânsito cultural num mundo trans-nacional, por meio das novas
tecnologias de informação e comunicação [internet, televisão] é muito forte e provoca a
“desterritorialização” de hábitos culturais, por outro lado, tal desterritorialização,
contrariamente, ao defendido por vários estudiosos, não vai provocar o desaparecimento
das culturas locais, mas provoca uma reafirmação e revalorização das mesmas.
Culturalmente, tanto se assumem valores trans-nacionais, como também se revalorizam
as culturas locais. Exaltam-se direitos e liberdades individuais, bem como se preserva o
particular e o singular. Defende-se a alteridade, a diferença, a subjetividade e é nesse
âmbito que, nos dias de hoje, se defende a diversidade cultural como elemento
importante do desenvolvimento nacional. Fala-se demasiadamente da “unidade na
diversidade”.

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