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EXTENSÃO DE CABO DELGADO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS, TECNOLOGIA, ENGENHARIA E MATEMÁTICA


Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática
Disciplina de Álgebra Linear II

Unidade Temática: Transformações Lineares

Montepuez, 04 de Novembro de 2021


dr. Antonio Carlito Assane 1
Na aula de hoje, vamos falar sobre os conteúdos a seguir:
Posto e nulidade de uma transformação linear;
Transformações Lineares Singulares e Não Singulares, Isomorfismos;
Operações Com Transformações Lineares;
Composição de transformações lineares;
Operadores invertíveis em A(V )

dr. Antonio Carlito Assane 2


Posto e Nulidade de uma Transformação Linear

Definição: Seja uma transformação linear. O posto de F é definido como a dimensão


da imagem de F e a nulidade de F é definida como a dimensão do núcleo de F, ou
seja,
𝑝𝑜𝑠 𝐹 = dim 𝐼𝑚 𝐹 𝑒 𝑛𝑢𝑙 𝐹 = dim(𝑁𝑢𝑐 𝐹)

Teorema 1: Sejam V um espaço de dimensão finita e uma transformação linear.


Então
dim 𝑉 = dim 𝑁𝑢𝑐 𝐹 + dim 𝐼𝑚 𝐹 = 𝑛𝑢𝑙 𝐹 + 𝑝𝑜𝑠(𝐹)

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Exemplo: Seja 𝐹: ℝ4 ⟶ ℝ3 a transformação linear definida por 𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡 =

𝑥 − 𝑦 + 𝑧 + 𝑡, 2𝑥 − 2𝑦 + 3𝑧 + 4𝑡, 3𝑥 − 3𝑦 + 4𝑧 + 5𝑡 . Determine:
a) uma base e a dimensão da imagem de F.
b) uma base e a dimensão do núcleo da transformação F.
Resolução alínea a)
Primeiro calculamos a imagem dos vectores da base canônica de
𝐹 1,0,0,0 = 1 − 0 + 0 + 0; 2.1 − 2.0 + 3.0 + 4.0; 3.1 − 3.0 + 4.0 + 5.0 = (1; 2; 3)
𝐹 0,1,0,0 = 0 − 1 + 0 + 0; 2.0 − 2.1 + 3.0 + 4.0; 3.0 − 3.1 + 4.0 + 5.0 = −1; −2; −3
𝐹 0,0,1,0 = 0 − 0 + 1 + 0; 2.0 − 2.0 + 3.1 + 4.0; 3.0 − 3.0 + 4.1 + 5.0 = 1; 3; 4
𝐹 0,0,0,1 = 0 − 0 + 0 + 1; 2.0 − 2.0 + 3.0 + 4.1; 3.0 − 3.0 + 4.0 + 5.1 = (1; 4; 5)
𝐼𝑚 𝐹 = 1; 2; 3 , −1; −2; −3 , 1; 3; 4 , (1; 4; 5)
dr. Antonio Carlito Assane 4
Por outra:
𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡 = 𝑥 − 𝑦 + 𝑧 + 𝑡, 2𝑥 − 2𝑦 + 3𝑧 + 4𝑡, 3𝑥 − 3𝑦 + 4𝑧 + 5𝑡 =
= 𝑥; 2𝑥; 3𝑥 + −𝑦; −2𝑦; −3𝑦 + 𝑧; 3𝑧; 4𝑧 + 𝑡; 4𝑡; 5𝑡 =
= 1; 2; 3 𝑥 + −1; −2; −3 𝑦 + 1; 3; 4 𝑧 + 1; 4; 5 𝑡
𝐼𝑚 𝐹 = 1; 2; 3 , −1; −2; −3 , 1; 3; 4 , (1; 4; 5)
Os vectores imagem geram 𝐼𝑚 𝐹. Portanto, formamos a matriz M cujas linhas são
esses vectores imagem e reduzimos M à forma escalonada, como segue.

Assim, (1, 2, 3) e (0, 1, 1) formam uma base de 𝐼𝑚 𝐹. Portanto, dim(𝐼𝑚 𝐹) = 2 e


𝑝𝑜𝑠(𝐹) = 2. dr. Antonio Carlito Assane 5
Resolução alínea b)
Tomamos 𝐹 𝑣 = 0, com 𝑣 = (𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡), obtendo
𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡 = 𝑥 − 𝑦 + 𝑧 + 𝑡, 2𝑥 − 2𝑦 + 3𝑧 + 4𝑡, 3𝑥 − 3𝑦 + 4𝑧 + 5𝑡 = 0; 0; 0
Igualando os componentes correspondentes, formamos o sistema homogêneo
seguinte, cujo espaço solução é o núcleo de F.
𝑥−𝑦+𝑧+𝑡 =0 𝑥−𝑦+𝑧+𝑡 =0
2𝑥 − 2𝑦 + 3𝑧 + 4𝑡 = 0 ⟺ 𝑥−𝑦+𝑧+𝑡 =0
𝑧 + 2𝑡 = 0 ⟺
𝑧 + 2𝑡 = 0
3𝑥 − 3𝑦 + 4𝑧 + 5𝑡 = 0 𝑧 + 2𝑡 = 0
As variáveis livres são y e t. Portanto, dim(𝑁𝑢𝑐 𝐹) = 2, ou 𝑛𝑢𝑙(𝐹) = 2.
I. Tomando 𝑦 = 1, 𝑡 = 0 obtemos a solução – 1, 1, 0, 0 .
II. Tomando 𝑦 = 0, 𝑡 = 1 obtemos a solução 1, 0, – 2, 1 .
Assim (– 1, 1, 0, 0) e (1, 0, – 2, 1) formam uma base de 𝑁𝑢𝑐 𝐹.
Assim, temos dim 𝐼𝑚 𝐹 + dim 𝑁𝑢𝑐 𝐹dr. Antonio
= 4Carlito dimℝ4 .
= Assane 6
Transformações Lineares Singulares e Não Singulares,
Isomorfismos

Definição:
Seja 𝐹: 𝑉 → 𝑈 uma transformação linear. Dizemos que F é singular se a imagem de
algum vector não nulo v for 0, isto é, se existir 𝑣 ≠ 0 tal que 𝐹 𝑣 = 0.
Seja 𝐹: 𝑉 → 𝑈 é não singular se o vector nulo 0 for o único vector cuja imagem por F
é 0, isto é, se 𝑁𝑢𝑐(𝐹) = {0}

Teorema: Seja uma transformação linear não singular. Então a imagem de qualquer
conjunto linearmente independente é linearmente independente.

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Exemplo
Seja 𝐺: ℝ2 ⟶ ℝ3 definida por 𝐺(𝑥, 𝑦) = (𝑥 + 𝑦, 𝑥 − 2𝑦, 3𝑥 + 𝑦). Mostre que G é não
singular.

Resolução
Tomemos 𝐺(𝑥, 𝑦) = (0; 0; 0) para encontrar o núcleo temos
𝑥 + 𝑦; 𝑥 − 2𝑦; 3𝑥 + 𝑦 = 0; 0; 0

𝑥+𝑦 =0 𝑥+𝑦 =0
𝑥=0
𝑥 − 2𝑦 = 0 ⟺ 3𝑦 = 0 ⟺
𝑦=0
3𝑥 + 𝑦 = 0 −2𝑦 = 0
G é não singular.
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Isomorfismos

Suponha que a transformação linear 𝐹: 𝑉 → 𝑈 seja injectiva. Então apenas 0 ∈ 𝑉 pode


ser levado em 0 ∈ 𝑈 e, portanto, F é não singular. A reciproca também é verdadeira.
Suponha que F seja não singular e que 𝐹 𝑣 = 𝐹 𝑤 , então 𝐹 𝑣 − 𝑤 = 𝐹 𝑣 − 𝐹 𝑤 =
0 e, portanto, 𝑣 − 𝑤 = 0 e 𝑣 = 𝑤. Assim, 𝐹 𝑣 = 𝐹 𝑤 implica 𝑣 = 𝑤, ou seja , F é
injectiva.

Proposição: Uma transformação linear 𝐹: 𝑉 → 𝑈 é injective se, e so se, F é não singular.

Teorema: Seja V um espaço vectorial de dimensão finito e suponha que 𝑑𝑖𝑚𝑉 =


𝑑𝑖𝑚𝑈. Seja 𝐹: 𝑉 → 𝑈 linear. Então F édr.um isomorfismo se, e só se, F é não singular.
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Operações Com Transformações Lineares

Sejam 𝐹: 𝑉 → 𝑈 𝑒 𝐺: 𝑉 → 𝑈 transformações lineares sobre um corpo K. A soma 𝐹 + 𝐺


e a multiplicação por escalar 𝑘𝐹, com 𝑘 ∈ 𝐾, são definidas como as transformações
lineares de V em U dadas por
𝐹 + 𝐺 𝑣 ≡ 𝐹 𝑣 + 𝐺 𝑣 𝑒 (𝑘𝐹)(𝑣) ≡ 𝑘𝐹(𝑣)

Mostremos, agora, que, se F e G são lineares, então 𝐹 + 𝐺 e 𝑘𝐹 também são


lineares. De facto, dados vectores 𝑣, 𝑤 ∈ 𝑉 e escalares 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐾 quaisquer, temos
𝐹 + 𝐺 𝑎𝑣 + 𝑏𝑤 = 𝐹 𝑎𝑣 + 𝑏𝑤 + 𝐺 𝑎𝑣 + 𝑏𝑤 = 𝑎𝐹 𝑣 + 𝑏𝐹 𝑤 + 𝑎𝐺 𝑣 + 𝑏𝐺 𝑤
= 𝑎 𝐹 𝑣 + 𝐺(𝑣) + 𝑏 𝐹 𝑤 + 𝐺(𝑤) = 𝑎 𝐹 + 𝐺 𝑣 + 𝑏 𝐹 + 𝐺 𝑤 .
𝑘𝐹 𝑎𝑣 + 𝑏𝑤 = 𝑘𝐹 𝑎v + bw = k 𝐴𝑓 𝑣 + 𝑏𝐹 𝑤 = 𝑎𝑘𝐹 𝑣 + 𝑏𝑘𝐹 𝑤
= 𝑎 𝑘𝐹 𝑣 + 𝑏 𝑘𝐹 𝑤 . dr. Antonio Carlito Assane 10
Assim, F + G e kF são lineares.

Teorema: Sejam V e U espaços vetoriais sobre um corpo K. Então a coleção de


todas as transformações lineares de V em U com as operações de soma e
multiplicação por escalar constitui um espaço vetorial sobre K.

Exemplos
Defina 𝐹: ℝ3 ⟶ ℝ2 e G: ℝ3 ⟶ ℝ2 por 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (2𝑥; 𝑦 + 𝑧) e 𝐺(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑥 − 𝑧; 𝑦). Encontre:
𝑎)(𝐹 + 𝐺)(𝑥, 𝑦, 𝑧) b) (3𝐹)(𝑥, 𝑦, 𝑧) c) (2𝐹 − 5𝐺)(𝑥, 𝑦, 𝑧)

Resolução da alínea a)
(𝐹 + 𝐺)(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) + 𝐺(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (2𝑥, 𝑦 + 𝑧) + (𝑥 − 𝑧, 𝑦) = (3𝑥 − 𝑧, 2𝑦 + 𝑧)

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Composição de transformações lineares

Sejam, V,U e W espaços vectoriais sobre um mesmo corpo K e sejam 𝐹: 𝑉 ⟶


𝑈 𝑒 𝐺: 𝑈 ⟶ 𝑊 transformações lineares.
𝐹 𝐺
𝑉→𝑈→𝑊
Definimos a função composta 𝐺 ∘ 𝐹 como sendo a aplicação de V em W definida por
𝐺 ∘ 𝐹 𝑣 = 𝐺 𝐹 𝑣 . Mostremos que 𝐺 ∘ 𝐹 é linear sempre que F e G forem lineares.
Dados os vectores 𝑣, 𝑤 ∈ 𝑉 𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐾 quaisqueres, temos
𝐺 ∘ 𝐹 𝑎𝑣 + 𝑏𝑤 = 𝐺 𝐹 𝑎𝑣 + 𝑏𝑤 = 𝐺 𝑎𝐹 𝑣 + 𝑏𝐹 𝑤 = 𝑎𝐺 𝐹 𝑣 + 𝑏𝐺 𝐹 𝑤
= 𝑎 𝐺 ∘ 𝐹 𝑣 + 𝑏(𝐺 ∘ 𝐹)(𝑤)

Assim, 𝐺 ∘ 𝐹 é linear. dr. Antonio Carlito Assane 12


Teorema: se V, U e W são espaços vectoriais sobre K e 𝐹: 𝑉 ⟶ 𝑈, 𝐹 ′ : 𝑉 ⟶ 𝑈 𝑒 𝐺: 𝑈 ⟶
𝑊, 𝐺 ′ : 𝑈 ⟶ 𝑊
São transformações lineares, então
𝐺 ∘ 𝐹 + 𝐹′ = 𝐺 ∘ 𝐹 + 𝐺 ∘ 𝐹′
𝐺 + 𝐺′ ∘ 𝐹 = 𝐺 ∘ 𝐹 + 𝐺′ ∘ 𝐹
𝑘 𝐺 ∘ 𝐹 = 𝑘𝐺 ∘ 𝐹 = 𝐺 ∘ 𝑘𝐹 , 𝑐𝑜𝑚 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟 𝑘 ∈ 𝐾

Exemplos:
Sejam 𝐹: ℝ3 ⟶ ℝ2 𝑒 𝐺: ℝ2 ⟶ ℝ2 definida por 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (2𝑥, 𝑦 + 𝑧) e 𝐺(𝑥, 𝑦) =
(𝑦, 𝑥). Deduza formula que definam as transformações: a) 𝐺 ∘ 𝐹 e b) 𝐹 ∘ 𝐺
Resolução alínea a)
𝐺 ∘ 𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝐺 𝐹 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝐺 2𝑥, 𝑦 + 𝑧 = (𝑦 + 𝑧, 2𝑥)
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Operadores invertíveis em A(V )

Seja 𝐹: 𝑉 ⟶ 𝑉 um operador linear. Dizemos de F é invertível se possuir uma


inversa, ou seja, se existir 𝐹 −1 em A(V) tal que 𝐹𝐹 −1 = 𝐹 −1 𝐹 = 𝐼. F é invertível como
uma aplicação se for injectiva e sobrejectiva. Nesse caso, a aplicação inversa 𝐹 −1
também é linear e é a inversa de F como operador linear.

Teorema: seja F um operador linear de um espaço vectorial V de dimensão finita.


Então as quatro condições seguintes são equivalentes.
 F é não singular: 𝑁𝑢𝑐𝐹 = {0};
 F é uma aplicação injectiva;
 F é uma aplicação sobrejectiva;
 F é um operador invertível. dr. Antonio Carlito Assane 14
Exemplo
Seja F o operador linear de ℝ2 definido por 𝐹(𝑥, 𝑦) = (2𝑥 + 𝑦, 3𝑥 + 2𝑦).
a) Mostre que F é não singular;
b) Determine uma formula para 𝐹 −1 .

Resolução
a) Para que seja não singular 𝐹 𝑥, 𝑦 = (0; 0). Isto é:

2𝑥 + 𝑦 = 0 2𝑥 + 𝑦 = 0 2𝑥 + 0 = 0 𝑥=0
⟺ ⟺ ⟺
3𝑥 + 2𝑦 = 0 −𝑦 = 0 𝑦=0 𝑦=0

Logo F é não singular


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b) Para achar inversa, tomamos:
𝐹 𝑥, 𝑦 = (𝑠, 𝑡) portanto 𝐹 −1 𝑠, 𝑡 = (𝑥, 𝑦)
2𝑥 + 𝑦, 3𝑥 + 2𝑦 = 𝑠, 𝑡

2𝑥 + 𝑦 = 𝑠 2𝑥 + 𝑦 = 𝑠 2𝑥 − 3𝑠 + 2𝑡 = 𝑠 𝑥 = 2𝑠 − 𝑡
⟺ ⟺ ⟺
3𝑥 + 2𝑦 = 𝑡 𝑦 = −3𝑠 + 2𝑡 𝑦 = −3𝑠 + 2𝑡 𝑦 = −3𝑠 + 2𝑡

Logo 𝐹 −1 𝑠, 𝑡 = (2𝑠 − 𝑡, −3𝑠 + 2𝑡) portanto 𝐹 −1 𝑥, 𝑦 = (2𝑥 − 𝑦, −3𝑥 + 2𝑦)

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EXERCÍCIOS

No livro de Seymour Lipschutz e Marc Lipson 4ª ed. 2011. Resolver os seguintes


exercícios em grupo de 5 elementos. Entregar na plataforma e apresentar os
mesmos na mesma plataforma.
Página 198 exercícios 5.49 a) e b); 5.50 a), b), c) e d); 5.51; 5.54; 5.56; 5.57.
Página 199 exercícios 5.61 a) e b); 5.62 a), b) e c); 5.63; 5.64; 5.70; 5.71
Página 200 exercícios 5.76; 5.78; 5.79; 5.80 e 5.83

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