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5.1.4 Exemplo: O conjunto ℱℝℝ das funções reais munido das operações de
adição e multiplicação por escalar definidas em 16.8 e 1.6.9 é exemplo de
mais um espaço vetorial sobre o corpo ℝ.
As propriedades da adição e da multiplicação por escalar decorrem
das propriedades da adição e da multiplicação definidas no conjunto dos
números. Verificaremos a validade de algumas dessas propriedades.
Sejam 𝑓, 𝑔, ℎ ∈ ℱℝℝ . Então, lembrando a definição de adição em ℱℝℝ ,
concluímos que 𝐷(𝑓 + 𝑔) = ℝ = 𝐷(𝑔 + ℎ) e 𝐶𝐷(𝑓 + 𝑔) = ℝ = 𝐶𝐷(𝑔 + ℎ).
Mais ainda, ℝ = 𝐷 𝑓 + (𝑔 + ℎ) = 𝐷 (𝑓 + 𝑔) + ℎ = 𝐶𝐷 𝑓 + (𝑔 + ℎ) =
𝐶𝐷 (𝑓 + 𝑔) + ℎ . Por fim, ∀ 𝑥 ∈ ℝ, temos, por definição, que
𝑓 + (𝑔 + ℎ) (𝑥) = 𝑓(𝑥) + (𝑔 + ℎ)(𝑥) = 𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥) + ℎ(𝑥). Como a adição
em ℝ é associativa, escrevemos 𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥) + ℎ(𝑥) = 𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥) + ℎ(𝑥)
= (𝑓 + 𝑔)(𝑥) + ℎ(𝑥) = (𝑓 + 𝑔) + ℎ (𝑥). Portanto, vale a igualdade 𝑓 +
(𝑔 + ℎ) = (𝑓 + 𝑔) + ℎ.
A função
𝑜: ℝ ⟶ ℝ
𝑥 ↝ 𝑓(𝑥) = 0
é tal que (𝑜 + 𝑓)(𝑥) = 𝑜(𝑥) + 𝑓(𝑥) = 0 + 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑥) e também
(𝑓 + 𝑜)(𝑥) = 𝑓(𝑥) + 𝑜(𝑥) = 𝑓(𝑥) + 0 = 𝑓(𝑥) ∀ 𝑥 ∈ ℝ. Além disso, vale que
𝐷(𝑜 + 𝑓) = ℝ = 𝐷(𝑓) e 𝐶𝐷(𝑜 + 𝑓) = ℝ = 𝐶𝐷(𝑓) e 𝐷(𝑓 + o) = ℝ = 𝐷(𝑓) e
𝐶𝐷(𝑓 + 𝑜) = ℝ = 𝐶𝐷(𝑓). Então, temos que 𝑜 + 𝑓 = 𝑓 = 𝑓 + 𝑜 e a função 𝑜 é
o elemento neutro da adição definida em ℱℝℝ .
A função
−𝑓: ℝ ⟶ ℝ
𝑥 ↝ (−𝑓)(𝑥) = −𝑓(𝑥)
é o inverso aditivo da função 𝑓.
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5.1.9 Exemplo: Consideremos ℱℝℝ (ℝ) = {𝑓: ℝ ⟶ ℝ/𝑓é uma função}, o espaço
vetorial das funções reais sobre o corpo ℝ. Então, é fácil ver que o
subconjunto 𝑊 = 𝑓 ∈ ℱℝℝ (ℝ)/ 𝑓(0) = 𝑓(3) é um subespaço vetorial de
ℱℝℝ (ℝ).
Dados quaisquer funções 𝑓 e 𝑔 em ℱℝℝ (ℝ) e qualquer número 𝜆, temos
que (𝑓 + 𝑔)(0) = 𝑓(0) + 𝑔(0) = 𝑓(3) + 𝑔(3) = (𝑓 + 𝑔) (3) e (𝜆𝑓)(0) =
𝜆𝑓(0) = 𝜆𝑓(3) = (𝜆𝑓)(3). Isso mostra que a soma de duas funções de 𝑊 e o
produto de um escalar por uma função de 𝑊, são funções de 𝑊.
A função nula 𝑜 é tal que 𝑜(0) = 0 = 𝑜(3). E para cada função 𝑓 ∈ 𝑊,
vale que 𝑓(0) = 𝑓(3) ⇔ −𝑓(0) = −𝑓(3) ⇔ (−1)𝑓(0) = (−1)𝑓(3), o que
mostra que (−1)𝑓 = −𝑓 ∈ 𝑊. As demais propriedades que caracterizam um
espaço vetorial, 𝑊 herda de ℱℝℝ (ℝ). Assim, temos 𝑊 ≤ ℱℝℝ (ℝ).
Família de Subespaços
Denotaremos por ℱ ( ) = {𝑊/𝑊 ≤ 𝑉(𝐾)}, a família dos subespaços
de um espaço vetorial 𝑉(𝐾) sobre um corpo 𝐾. É claro que ℱ ( ) não é vazia,
pois {0} e 𝑉(𝐾), os subespaços triviais de 𝑉(𝐾), são membros dessa família.
A ideia agora é definir em ℱ ( ) as operações que comumente são
relacionadas com a teoria dos conjuntos e que definimos no parágrafo 2 de
nosso capítulo inicial.
b) 𝑊 = 𝑊 + 𝑊 + ⋯ + 𝑊 ≤ 𝑉(𝐾).
Demonstração: É imediata!
5.1.22 Observação: Seja 𝑉(𝐾) um espaço vetorial não nulo sobre um corpo 𝐾.
Seja 𝑣 um vetor fixo em 𝑉(𝐾). Então, a família 𝒰 = {𝑊/𝑊 ≤ 𝑉(𝐾) e 𝑣 ∉ 𝑊}
possui um maior elemento 𝑀 e o subespaço 𝑀 + [𝑣]é uma soma direta.
Demonstração: Seja 𝒞 qualquer cadeia dentro da família 𝒰. Provaremos que:
𝐻= 𝐿 é subespaço de 𝑉(𝐾) e que 𝑣 ∉ 𝐻. Primeiro, se 𝑣 ∈ 𝐻; então 𝑣 ∈ 𝐿
∈𝒞
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Para algum termo 𝐿 da cadeia 𝒞. Isso é uma contradição, pois 𝐿 ∈ 𝒰 e por isso
não pode conter 𝑣. Portanto, 𝑣 ∉ 𝐻.
Agora, claro que 0 ∈ 𝐻 ≠ Φ. Além disso, ∀ 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐻, vale que 𝑢 ∈ 𝐿 e
𝑣 ∈ 𝐽; onde 𝐿 e 𝐽 estão na cadeia 𝒞. Mas, assim, 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐿 ou 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐽. De
qualquer modo, ∀ 𝑘 ∈ 𝐾, vale que 𝑘𝑢 + 𝑣 ∈ 𝐿 ou 𝑘𝑢 + 𝑣 ∈ 𝐽. Portanto, 𝑘𝑢 +
𝑣 ∈ 𝐻. Isso mostra que 𝐻 ≤ 𝑉(𝐾). Consequentemente, 𝐻 ∈ 𝒰. Isso mostra
que 𝒰 é indutivamente ordenada. Pelo lema de Zorn, 𝒰 possui um maior
elemento 𝑀. O subespaço gerado por 𝑣, [𝑣] = {𝜆𝑣/ 𝜆 ∈ 𝐾} é tal que, se {0} ≠
𝑀 ∩ [𝑣], ∃ 0 ≠ 𝜆𝑣 ∈ 𝑀 para algum 𝜆 ∈ 𝐾. Mas, se 𝜆𝑣 ≠ 0, temos 𝜆 ≠ 0. Sendo
𝐾 um corpo, ∃ 𝜆 ∈ 𝐾 e 𝜆 (𝜆𝑣) =↿ 𝑣 = 𝑣 ∈ 𝑀. Uma contradição com a
escolha de 𝑀. Assim, segue que 𝑀⨁[𝑣] é uma soma direta.