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Sejam e grupos e considere o grupo onde

(a) Prove que, se é cíclico e é um gerador de , então é um gerador de


e é um gerador de .

(b) Sejam e . Prove que é cíclico.

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(a) Prove que, se é cíclico e é um gerador de , então é um gerador de


e é um gerador de .

dem:
A sentença “Se a hipótese for correta, a tese deve ser correta” pode ser escrita como ℎ𝑖𝑝ó𝑡𝑒𝑠𝑒 → 𝑡𝑒𝑠𝑒. De
acordo com as regras das proposições lógicas, a mesma sentença pode ser escrita como
¬𝑡𝑒𝑠𝑒 → ¬ℎ𝑖𝑝ó𝑡𝑒𝑠𝑒. Portanto, substituindo os termos abstratos pelo enunciado que queremos provar,
temos:
Se 𝑔 não for um gerador de 𝐺 ou ℎ não for um gerador de 𝐻, (𝑔, ℎ) não é gerador de
𝐺 × 𝐻 𝑜𝑢 𝐺 × 𝐻 não é cíclico.

como 𝐺 × 𝐻 não cíclico implica (𝑔, ℎ) não é gerador de 𝐺 × 𝐻 , escrevemos somente:

Se 𝑔 não for um gerador de 𝐺 ou ℎ não for um gerador de 𝐻, (𝑔, ℎ) não é gerador de 𝐺 × 𝐻.

𝑛
A sentença 𝑔 não é um gerador de 𝐺 pode ser reescrita como {𝑔 , 𝑛 ϵ 𝑍} ⊂ 𝑆 e implica que
𝑛
∃ 𝑎 ϵ 𝑆 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑎 ∉ {𝑔 , 𝑛 ϵ 𝑍}. Isso também implica que ∃ 𝑎 ϵ 𝑆 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 ∄ 𝑗 ϵ 𝑆 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑔 · 𝑗 = 𝑎.

𝑛
Analogamente, h não é um gerador de 𝐻 pode ser reescrita como {ℎ , 𝑛 ϵ 𝑍} ⊂ 𝑇 e implica que
𝑛
∃ 𝑏 ϵ 𝑇 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑏 ∉ {ℎ , 𝑛 ϵ 𝑍}. Isso também implica que ∃ 𝑏 ϵ 𝑇 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 ∄ 𝑘 ϵ 𝑇 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 ℎ ∗ 𝑘 = 𝑏.

𝑛
Para que (𝑔, ℎ) seja gerador de 𝐺 × 𝐻, {(𝑔, ℎ) , 𝑛 ϵ 𝑍} = 𝑆 × 𝑇. Isso quer dizer que
∀ (𝑎, 𝑏) ϵ 𝑆 × 𝑇, ∃ (𝑗, 𝑘) ϵ 𝑆 × 𝑇 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 (𝑔, ℎ) ⊗ (𝑗, 𝑘) = (𝑎, 𝑏) . Ampliando a equação, temos
(𝑔, ℎ) ⊗ (𝑗, 𝑘) = (𝑔 · 𝑗, ℎ ∗ 𝑘) = (𝑎, 𝑏). Para satisfazer a equação, é necessário que exista
𝑗 ϵ 𝑆 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑔 · 𝑗 = 𝑎 para todo 𝑎 ϵ 𝑆 e 𝑘 ϵ 𝑇 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 ℎ · 𝑘 = 𝑏 para todo 𝑏 ϵ 𝑇.
Entretanto, como demonstrado acima, se 𝑔 não for um gerador de 𝐺
∃ 𝑎 ϵ 𝑆 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 ∄ 𝑗 ϵ 𝑆 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑔 · 𝑗 = 𝑎. Similarmente, se ℎ não for um gerador de 𝐻
∃ 𝑏 ϵ 𝑇 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 ∄ 𝑘 ϵ 𝑇 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 ℎ ∗ 𝑘 = 𝑏. Portanto, caso 𝑔 não for um gerador de 𝐺 ou ℎ não for um
gerador de 𝐻, a equação (𝑔, ℎ) ⊗ (𝑗, 𝑘) = (𝑔 · 𝑗, ℎ ∗ 𝑘) = (𝑎, 𝑏) não é satisfeita. Assim, (𝑔, ℎ) não
é gerador de 𝐺 × 𝐻.
Provamos assim que Se 𝑔 não for um gerador de 𝐺 ou ℎ não for um gerador de 𝐻, (𝑔, ℎ) não é
gerador de 𝐺 × 𝐻 𝑜𝑢 𝐺 × 𝐻 não é cíclico. Portanto, por esta sentença ser equivalente à que queríamos
provar, temos que se 𝐺 × 𝐻 é cíclico e (𝑔, ℎ) é gerador de 𝐺 × 𝐻, 𝑔 é um gerador de 𝐺 e ℎ é um
gerador de 𝐻.
(b) Sejam e . Prove que é cíclico.

dem:

Como os conjuntos 𝑍2 e 𝑍5 são finitos, o conjunto 𝑍2 × 𝑍5 também deve ser finito. Para propósitos
de demonstração, é útil descrever esse conjunto extensivamente. Temos que
𝑍2 × 𝑍5 = {(0, 0), (0, 1), (0, 2), (0, 3), (0, 4), (1, 0), (1, 1), (1, 2), (1, 3), (1, 4) } .
Como 𝐺 = (𝑍2 , ⊕) e 𝐻 = (𝑍5, ⊕), 𝐺 × 𝐻 = (𝑍2 × 𝑍5, ⊘), onde
(𝑎1, 𝑏1) ⊘ (𝑎2, 𝑏2) = (𝑎1 ⊕ 𝑎2, 𝑏1 ⊕ 𝑏2), 𝑎1, 𝑎2 ϵ 𝑍2, 𝑏1, 𝑏2 ϵ 𝑍5.
O elemento neutro de 𝐺 × 𝐻 só pode ser (0, 0), pois (𝑎1, 𝑏1) ⊘ (0, 0) = (𝑎1 ⊕ 0, 𝑏1 ⊕ 0).
Como 0 é o elemento neutro de ⊕ (demonstrado em aula), (𝑎1 ⊕ 0, 𝑏1 ⊕ 0) = (𝑎1 , 𝑏1), mostrando
que (0, 0) é o elemento neutro de ⊘.
O conjunto 𝐺 × 𝐻 é cíclico pois possui um elemento gerador. Tal elemento é (1, 1), como
demonstrado a seguir, por exaustão:
1
(1, 1) = (0, 0) ⊘ (1, 1) = (0 ⊕ 1, 0 ⊕ 1) = (1, 1).
2
(1, 1) = (1, 1) ⊘ (1, 1) = (1 ⊕ 1, 1 ⊕ 1) = (0, 2).
3
(1, 1) = (0, 2) ⊘ (1, 1) = (0 ⊕ 1, 2 ⊕ 1) = (1, 3).
4
(1, 1) = (1, 3) ⊘ (1, 1) = (1 ⊕ 1, 3 ⊕ 1) = (0, 4).
5
(1, 1) = (0, 4) ⊘ (1, 1) = (0 ⊕ 1, 4 ⊕ 1) = (1, 0).
6
(1, 1) = (1, 0) ⊘ (1, 1) = (1 ⊕ 1, 0 ⊕ 1) = (0, 1).
7
(1, 1) = (0, 1) ⊘ (1, 1) = (0 ⊕ 1, 1 ⊕ 1) = (1, 2).
8
(1, 1) = (1, 2) ⊘ (1, 1) = (1 ⊕ 1, 2 ⊕ 1) = (0, 3).
9
(1, 1) = (0, 4) ⊘ (1, 1) = (0 ⊕ 1, 3 ⊕ 1) = (1, 4).
10 0
(1, 1) = (1, 4) ⊘ (1, 1) = (1 ⊕ 1, 4 ⊕ 1) = (0, 0) = (1, 1) .

𝑛
Vemos assim que existe um elemento x em 𝑍2 × 𝑍5 tal que {𝑥 , 𝑛 ε 𝑍} = 𝑍2 × 𝑍5 .
O elemento (1, 1) satisfaz essa propriedade portanto é o gerador de 𝐺 × 𝐻, o que demonstra
que o grupo 𝐺 × 𝐻 é cíclico.

Miguel Lemmertz Schwarzbold


Setembro de 2022.

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