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(a) Sejam e número inteiros. Prove que, se divide , então não divide .

(b) Suponha que seja uma lista finita de todos os números primos. Prove que o número
é primo.
(c) Prove que existem infinitos números primos.

(a) Com 𝑛 ≥ 2, 𝑚, 𝑛 ϵ 𝑍, se 𝑛|𝑚, 𝑛 não divide 𝑚 + 1.

Por hipótese, 𝑚 = 𝑛 · 𝑘, 𝑘 ϵ 𝑍 .
Então, 𝑚 + 1 = 𝑛𝑘 + 1
𝑚+1
Assumindo que 𝑛| (𝑚 + 1), temos que 𝑛
ϵ𝑍
𝑚 1 𝑚
Reescrevendo a equação, obtemos 𝑛
+ 𝑛 . Por definição, 𝑛
ϵ 𝑍. Entretanto, como
1 𝑚 1
𝑛 ≥ 2, 0 < 𝑛
< 1, portanto 𝑛
+ 𝑛
não pode ser inteiro. Isso contradiz com a suposição
𝑚+1
que 𝑛| (𝑚 + 1) pois 𝑛
𝑛ã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑡𝑒𝑛𝑐𝑒 𝑎 𝑍. Portanto, 𝑛 não divide 𝑚 + 1.

(b) 𝑛 = 𝑝1𝑝2... 𝑝𝑚 + 1 é primo.


Dem:

De acordo com o Teorema Fundamental da Aritmética, todo número natural maior


que 1 pode ser descrito como a multiplicação de números primos.

Assumindo que existem finitos números primos, existe um máximo número primo 𝑝𝑚
Seja 𝑞 = 𝑝1𝑝2... 𝑝𝑚, sendo 𝑝𝑚 o máximo número primo. Pela definição de 𝑞, 𝑞 é múltiplo de
todos os números primos.
Seja 𝑟 = 𝑞 + 1. Pelo teorema (a), 𝑟 não é múltiplo de nenhum número primo, pois
∀ 𝑥 ϵ 𝑃, 𝑥 | 𝑞 −> 𝑥 𝑛ã𝑜 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒 𝑞 + 1, sendo P o conjunto de todos os números primos.

𝑟 também não é múltiplo de nenhum número não-primo (com a exceção trivial de 1 e 𝑟).
Isso pode ser verificado através do Teorema Fundamental da Aritmética. De acordo com tal
teorema, ∀ 𝑥 ϵ 𝑁 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑥 > 1, 𝑥 é 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑜 𝑜𝑢 𝑥 é 𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑛 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑜𝑠.

Supomos que 𝑥|𝑟 , 𝑥 𝑛ã𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑜. Isso implica que 𝑟 = 𝑥 · 𝑘, 𝑘 ϵ 𝑍. Pelo Teorema
Fundamental da Aritmética, podemos escrever 𝑥 como 𝑝 · 𝑎, 𝑎 ϵ 𝑍, 𝑝 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑜. Assim,
escrevemos 𝑟 = ( 𝑝 · 𝑎) · 𝑘. Fica evidente, então que 𝑟 é múltiplo de um primo, pela
definição de múltiplo 𝑟 = 𝑝 (𝑎 · 𝑘), 𝑎, 𝑘 ϵ𝑍. Entretanto, isso contradiz com o teorema
demonstrado acima que 𝑟 não é múltiplo de nenhum primo. Portanto, a hipótese deve estar
errada, demonstrado que 𝑥 𝑛ã𝑜 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒 𝑥 𝑐𝑜𝑚 𝑥 𝑛ã𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑜.

Conclusivamente, tendo provado que 𝑟 não é múltiplo de nenhum primo e que 𝑟 não é
múltiplo de um não-primo (exceto 1 e ele mesmo), fica claro que 𝑟 não é múltiplo de nenhum
número exceto 1 e ele mesmo. Portanto, 𝑟 é primo.
(c) Prove que existem infinitos números primos

Dem:
Suponhamos que existe um número finito de números primos. Portanto, deve haver
um máximo número primo 𝑝𝑚.
Seja 𝑟 = 𝑝1𝑝2... 𝑝𝑚 + 1. Pelo teorema (b), 𝑟 é primo. 𝑟, entretanto, é maior que 𝑝𝑚, pois
todos os primos, que foram multiplicados juntos para formar 𝑟 − 1, são positivos maiores
que 1. Assim, chega-se à conclusão de que existe um número maior do que 𝑝𝑚 que é primo.
Isso é um absurdo, pois segundo a nossa hipótese 𝑝𝑚 era o maior número primo. Portanto,
nossa hipótese deve estar errada, provando verdade a contra-hipótese de que existem
infinitos números primos.

Prova para o Teorema Fundamental da Aritmética:


(Não será provado a singularidade da fatoração em primos pois não se faz
necessária nas demonstrações acima)

Todo número natural maior que 1 pode ser descrito como a multiplicação de
números primos.
Seja 𝑛 ϵ 𝑁, 𝑛 > 1

Caso 𝑛 seja primo, a fatoração em primos é trivial, pois 𝑛 = 1 · 𝑛.


Caso 𝑛 seja não primo, 𝑛 = 𝑎 · 𝑏, 𝑎, 𝑏 ϵ 𝑁 − {1} .
Caso a e b sejam primos, a fatoração de a e b é trivial e fica evidente como b
é uma multiplicação de primos.
Caso a ou b não sejam primos, a decomposição pode ser repetida com cada
um dos mesmos, até que os fatores sejam triviais.

TRABALHO DE MATEMÁTICA DISCRETA - MIGUEL LEMMERTZ SCHWARZBOLD

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