Você está na página 1de 18

1

Celisto Buanar

Séries Numéricas
(licenciatura em Matemática com habilitações em Estatística)

Universidade Rovuma
Lichinga
2024
2

Celisto Buanar

SÉRIES NUMÉRICAS
(licenciatura em Matemática com habilitações em Estatística)

Trabalho de Análise Harmónica a ser


entregue ao departamento de Ciências,
Tecnologia, Engenharia e Matemática,
curso de Licenciatura em Ensino de
Matemática, para fins avaliativos. Sob
orientação do Msc: Vital Napapacha

Universidade Rovuma

Lichinga

2024
3

Índice

1. Introdução............................................................................................................................ 4

1.1. Objectivo geral ............................................................................................................. 4

1.2. Objetivos Específicos .................................................................................................. 4

1.3. Metodologia ................................................................................................................. 4

2. Séries numéricas .................................................................................................................. 5

2.1. Critérios de convergência ............................................................................................ 6

2.2. Exercícios de aplicação .............................................................................................. 11

3. Séries de funções ............................................................................................................... 12

3.1. Convergência simples e convergência uniforme ....................................................... 13

3.2. Propriedades da convergência uniforme .................................................................... 14

3.3. Campo de convergência ............................................................................................. 15

3.4. Exercício de aplicação ............................................................................................... 15

4. Conclusão .......................................................................................................................... 17

5. Referencia bibliográfica .................................................................................................... 18


4

1. Introdução

Neste presente trabalho de caráter avaliativo iremos falar das series numéricas as séries
numéricas constituem uma parte fundamental da análise matemática, representando somas
infinitas de números. Essas séries são de grande importância teórica e prática, encontrando
aplicações em diversas áreas da matemática, física, engenharia, economia e outras disciplinas
científicas. Ao estudar séries numéricas, os matemáticos investigam propriedades de
convergência e divergência, exploram técnicas para determinar o comportamento assintótico
das séries e desenvolvem métodos para avaliar somas infinitas de forma precisa e eficiente. Esta
introdução busca fornecer uma visão geral das séries numéricas, destacando sua relevância e
aplicações, bem como os principais objetivos e desafios associados ao seu estudo.

1.1.Objectivo geral
 Intender a serie numérica
1.2.Objetivos Específicos
 Determinar a convergência;
 Identificará as séries numericas e séries de funções
 Obter o raciocínio analítico
1.3.Metodologia

Na construção dos conteúdos concisos neste magno trabalho, procura a sequência programática
proposta pelo docente, com a intenção de enriquecer o trabalho, fez-se a consultas de diversas
referências bibliográficas.
5

2. Séries numéricas

Seja 𝑎𝑛 uma sucessão de números reais. A esta sucessão pode associar-se uma outra sucessão

𝑠𝑛 = 𝑎1 + 𝑎2 +. . . + 𝑎𝑛

a que chamamos sucessão das somas parciais de 𝑎𝑛 .

Chama-se série ao par ordenado (𝑎𝑛 , 𝑠𝑛 ) e representa-se por

+∞

∑ 𝑎𝑛
𝑛=1

Aos números 𝑎1 , 𝑎2 , . . . , 𝑎𝑛 chamam-se termos da série e expressão 𝑎𝑛 o termo geral da série.


A série

+∞

∑ 𝑎𝑛
𝑛=1

diz-se convergente se existir em R (for finito) lim 𝑠𝑛 = 𝑆 e escreve-se

+∞

∑ 𝑎𝑛 = 𝑆
𝑛=1

Ao número real S chama-se soma da série. Se não existir em R lim 𝑠𝑛 ; série diz-se divergente.

Por vezes é conveniente utilizar séries do tipo

+∞

∑ 𝑎𝑛 𝑐𝑜𝑚 𝑝 ∈ ℤ
𝑛=𝑝

mantendo-se o mesmo tipo de definição.

EXEMPLO 1: Chama-se série geométrica á série gerada por uma progressão geométrica: se 𝑎𝑛
é uma progressão geométrica de razão r ≠1 temos que
𝑛 𝑛
𝑖−1
1 − 𝑟𝑛
𝑠𝑛 = ∑ 𝑎𝑖 = ∑ 𝑎𝑖 𝑟 = 𝑎1 .
1−𝑟
𝑖=1 𝑖=1

Sabemos que 𝑠𝑛 convergente se, e só se,|r| < 1, logo a s´erie geométrica ´e convergente se, e só
se, o valor absoluto da razão da progressão geométrica que a gerou for menor do que 1. No caso
de convergência temos que
6

+∞
𝑎𝑛
∑ 𝑎𝑛 =
1−𝑟
𝑛=1

Se r = 1 a série é uma série de termo geral constante, isto é,

+∞ +∞

∑ 𝑎𝑛 = ∑ 𝑎1 ,
𝑛=1 𝑛=1

Tendo-se, assim, 𝑆𝑛 = 𝑛𝑎1 e, se 𝑎𝑛 ≠ 0, a série será divergente.

2.1.Critérios de convergência

Entendemos que os critérios de convergência de séries numéricas são ferramentas utilizadas


para determinar se uma série numérica converge (soma finita) ou diverge (soma infinita).
Alguns dos critérios mais comuns incluem:

Critério 1 . Seja ∑ 𝑏𝑛 uma série absolutamente convergente, com 𝑏𝑛 ≠ 0, ∀𝑛 . Se a sucessão


𝑎
( 𝑏𝑛 ) for limitada (em particular, se for convergente) então a série ∑ 𝑎𝑛 é absolutamente
𝑛 𝑛

convergente.

𝑎 𝑎
Demonstração. Se ( 𝑏𝑛 ) for limitada, existe 𝑐 > 0 tal que | 𝑏𝑛 | ≤ 𝑐 ⇒ |𝑎𝑛 | ≤ 𝑐 |𝑏𝑛 |, ∀𝑛 .
𝑛 𝑛 𝑛

Critério 2. (Critério de Cauchy) Se existir uma constante 0 < c < 1 e uma ordem 𝑛0 ∈ ℕ tais
𝑛 𝑛
que √|𝑎𝑛 | ≤ 𝑐, ∀𝑛 > 𝑛0 (em particular, se lim √|𝑎𝑛 | < 1) então ∑ 𝑎𝑛 é absolutamente

convergente.

𝑛
Demonstração: Temos, para todo o 𝑛 > 𝑛0 , √|𝑎𝑛 | ≤ 𝑐 ⇒ |𝑎𝑛 | ≤ 𝑐 𝑛 .

Como ∑ 𝑐 𝑛 é uma série geométrica (absolutamente) convergente, segue-se que ∑|𝑎𝑛 | é


convergente.

Observação. Na generalidade dos casos práticos, a aplicação do critério de Cauchy consiste no


𝑛
cálculo de lim √|𝑎𝑛 | = L.

Se L < 1, a série ∑ 𝑎𝑛 é absolutamente convergente.

Se L > 1, a série é divergente pois o seu termo geral não tende para zero já que, a partir de uma
certa ordem, se tem |𝑎𝑛 | > 1.

1 1
Se L = 1, o critério é inconclusivo como mostram os exemplos das séries ∑ 𝑛2 e ∑ 𝑛.
7

Critério 3 (Critério da Raiz) Seja ∑+∞


𝑛=1 𝑢𝑛 uma série de termos não negativos.

Se existirem r < 1 e 𝑝 ∈ ℕ tais que 𝑛√𝑢𝑛 ≤ 𝑟, ∀𝑛 ≥ 𝑝 então a série ∑+∞


𝑛=1 𝑢𝑛 é convergente.

Se existirem 𝑝 ∈ ℕ e uma subsecção (𝑢𝑛 ), de (𝑢𝑛 ) tal que que 𝑛√𝑢𝑛 ≥ 1, ∀𝑛 ≥ 𝑝 então a série
∑+∞
𝑛=1 𝑢𝑛 é divergente.

Este teorema tem como consequência um corolário muito utilizado no estudo da natureza duma
série.

Corolário. (Critério de Cauchy) Se existir uma constante 0 < c < 1 e uma ordem 𝑛0 ∈ ℕ tais
𝑛 𝑛
que √|𝑢𝑛 | ≤ 𝑐, ∀𝑛 > 𝑛0 (em particular, se lim √|𝑢𝑛 | < 1) então ∑ 𝑢𝑛 é absolutamente

convergente.

𝑛
Demonstração: Temos, para todo o 𝑛 > 𝑛0 , √|𝑢𝑛 | ≤ 𝑐 ⇒ |𝑢𝑛 | ≤ 𝑐 𝑛 .

Como ∑ 𝑐 𝑛 é uma série geométrica (absolutamente) convergente, segue-se que ∑|𝑢𝑛 | é


convergente.

Observação. Na generalidade dos casos práticos, a aplicação do critério de Cauchy consiste no


𝑛
cálculo de lim √|𝑢𝑛 | = L.

Se L < 1, a série ∑ 𝑢𝑛 é absolutamente convergente.

Se L > 1, a série é divergente pois o seu termo geral não tende para zero já que, a partir de uma
certa ordem, se tem |𝑢𝑛 | > 1.

1 1
Se L = 1, o critério é inconclusivo como mostram os exemplos das séries ∑ 𝑛2 e ∑ 𝑛.

Critério 4. (Critério do integral) Seja 𝑓 ∶ [1, +∞) → ℝ contínua, positiva e decrescente e seja
𝑎𝑛 = 𝑓(𝑛), n ∈ ℕ. Então a série ∑ 𝑢𝑛 é convergente se, e só se, o integral impróprio
+∞
∫1 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 for convergente.

Demonstração: Mostramos apenas que a convergência da série se segue da convergência do


𝑘 𝑘
integral impróprio. Para cada 𝑘 ∈ ℕ, 𝑘 ≠ 1, tem-se 𝑎𝑘 = 𝑓(𝑘) = ∫𝑘−1 𝑓(𝑘)𝑑𝑥 ≤ ∫𝑘−1 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
pois, como f é decrescente, 𝑓(𝑘) ≤ 𝑓(𝑥), ∀𝑥 ∈ (𝑘 − 1, 𝑘). Assim,

𝑘 𝑛 +∞
𝑠𝑛 = ∑𝑛𝑘=1 𝑢𝑘 ≤ 𝑢1 + ∑𝑛𝑘=2 ∫𝑘−1 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑢1 + ∫1 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 ≤ 𝑢1 + ∫1 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
8

Porque f positiva. Logo, sendo o integral impróprio convergente, a sucessão associada a série é
limitada e portanto, como é de termos positivos, é convergente.

Critério 5. (Critério da Razão) Seja ∑+∞


𝑛=1 𝑢𝑛 uma série de termos positivos.

𝑢𝑛 +1
 Se existirem r < 1 e 𝑝 ∈ ℕ tais que ≤ 𝑟 < 1, ∀𝑛 ≥ 𝑝 então a série ∑+∞
𝑛=1 𝑢𝑛 é
𝑢𝑛

convergente.
𝑢𝑛 +1
 Se existir 𝑝 ∈ ℕ tais que ≥ 1, ∀𝑛 ≥ 𝑝 então a série ∑+∞
𝑛=1 𝑢𝑛 é divergente.
𝑢𝑛

Corolário. (Critério de D’Alembert) seja ∑+∞


𝑛=1 𝑢𝑛 uma série de termos positivos. Se existir

𝑢𝑛 + 1
lim = a (a ∈ ℝ+
0 ou a = +∞)
𝑛→∞ 𝑢𝑛

Então:

 se a < 1, a série ∑+∞


𝑛=1 𝑢𝑛 é convergente;

 se a > 1, a serie ∑+∞


𝑛=1 𝑢𝑛 é divergente.

1. Consideremos em primeiro lugar o caso em que a ∈ R,

Se a < 1, seja δ tal que 0 < δ < 1−a. Enta˜o existe 𝑝 ∈ ℕ tal que

𝑢𝑛 + 1 𝑢𝑛 + 1
| − 𝑎| < 𝛿, ∀𝑛 > 𝑝 ⇔ −𝛿 < − 𝑎 < 𝛿, ∀𝑛 > 𝑝 ⇔
𝑢𝑛 𝑢𝑛

𝑢𝑛 + 1
⇔𝑎−𝛿 < < 𝑎 + 𝛿, ∀𝑛 > 𝑝.
𝑢𝑛

Mas se δ < 1−a então a + δ < 1 e a alínea 1) do criterio da razao permite-nos concluir que a
∑+∞
𝑛=1 𝑢𝑛 é convergente.

Se a > 1, seja δ tal que δ = a−1. Então existe 𝑝 ∈ ℕ tal que

𝑢𝑛 + 1 𝑢𝑛 + 1
| − 𝑎| < 𝛿, ∀𝑛 > 𝑝 ⇔ 1 < < 2𝑎 − 1, , ∀𝑛 > 𝑝.
𝑢𝑛 𝑢𝑛

Entao a segunda al´ınea do crit´erio da razao permite-nos concluir que a serie ∑+∞
𝑛=1 𝑢𝑛 é

divergente.

+∞ +∞

𝐂𝐫𝐢𝐭é𝐫𝐢𝐨 𝟔. (Primeiro critério de comparação) Sejam ∑ 𝑢𝑛 𝑒 ∑ 𝑣𝑛


𝑛=1 𝑛=1

duas séries de termos não negativos. Se a partir de certa ordem 𝑝 𝑢𝑛 ≤ 𝑣𝑛 , para todo o 𝑛 ≥ 𝑝
9

Então:

+∞ +∞

1. ∑ vn é convergente ⇒ ∑ un é convergente
n=1 n=1

+∞ +∞

2. ∑ un é divergente ⇒ ∑ vn é divergente
n=1 n=1

Demonstração. Como a modificação de um número finito de termos duma série não altera a sua
natureza, podemos admitir sem perda de generalidade, que p = 1. Designando por Un e Vn os
termos gerais das sucessões das somas parciais, de cada série,

𝑈𝑛 = 𝑢1 + 𝑢2 + ⋯ + 𝑢𝑛

𝑉𝑛 = 𝑣1 + 𝑣2 + ⋯ + 𝑣𝑛

temos que

𝑈𝑛 ≤ 𝑉𝑛 , ∀𝑛 ∈ ℕ

+∞

1. admitimos que a série ∑ un é convergente


n=1

+∞

2. admitimos que a série ∑ 𝑣n é divergente


n=1

Exemplo . Considere a série

+∞
1 3 1 1
∑ 3 que é uma série de termos não negativos. Mas n ≥ √n ⇔ ≤ 3 , ∀𝑛 ∈ ℕ
√n n √n
n=1

Como sabemos que a série harmônica

+∞
1
∑ é divergente então, pelo critério de comparação, podemos concluir que a série
𝑛
n=1

+∞
1
∑ 3 é divergente
n=1
√n
10

+∞

𝐜𝐫𝐢𝐭é𝐫𝐢𝐨 𝟕. (Segundo critério de comparação)sejam ∑ un uma série de termo não


n=1

+∞
𝑢𝑛
negativos e ∑ vn uma série de termo poitivo. Tais que → L.
𝑣𝑛
n=1

Tem-se que:

se 𝐿 ≠ 0, +∞, então as séries são da mesma natureza;

+∞ +∞

se L = 0 e ∑ vn é convergente, então ∑ un tambem é convergente;


n=1 n=1

+∞ +∞

se L = +∞ e ∑ vn é divergente então ∑ un tambemé divergente


n=1 n=1

𝑢𝑛
Demonstração. 1) consideremos, em primeiro lugar que L = 0. Se → 0 existe uma ordem
𝑣𝑛

a partir da qual un ≤ vn .

+∞ +∞

se ∑ vn é convergente, então ∑ un tambem é convergente , pelo primeiro critério de


n=1 n=1

comparação.

𝑢𝑛
2). Consideremos, em segundo lugar que L = + ∞. Se → +∞, existe uma ordem a partir da
𝑣𝑛
𝑢𝑛
qual ≥ 1, e por tanto 𝑢𝑛 ≥ 𝑣𝑛 podemos concluir que:
𝑣𝑛

+∞ +∞

𝑠𝑒 ∑ vn é divergente então ∑ un tambemé divergente, pelo primeiro critério de


n=1 n=1

comparação.
𝑢𝑛
3) Finalmente consideramos o caso em que → 0 com 𝐿 ≠ 0, +∞, (como as séries são de
𝑣𝑛

termos não negativos então L é um real positivo).


11

2.2.Exercícios de aplicação

1. Construa a sucessão das suas somas parciais e estude o seu limite, da seguinte série

1

n=1
√𝑛

2. Determine a natureza das séries seguintes abaixo

+∞

𝑎. ∑ 1
𝑛=1

+∞
1 𝑛−1
b. ∑ ( )
2
𝑛=1

Resolução dos exercícios

1. 𝑆1 = 1

1
𝑆2 = 1 +
√2

1 1
𝑆3 = 1 + +
√2 √3

1 1 1
𝑆𝑛 = 1 + + + ⋯+
√2 √3 √𝑛

Como

1 1 1 1 1 1 1 𝑛
1+ + + ⋯+ ≥ + + + ⋯+ = = √𝑛
√2 √3 √𝑛 √𝑛 √𝑛 √𝑛 √𝑛 √𝑛

e lim √𝑛 = +∞, a sucessão Sn tem limite +∞ e a s´erie em estudo é divergente.


𝑛→∞

2a.). Consideremos a série

+∞

∑1
𝑛=1

O seu termo geral é Un = 1 e a sucessão das somas parciais é dada por: ´


12

𝑆1 = 𝑢1 = 1

𝑆2 = 𝑢1 + 𝑢2 = 1 + 2 = 3

𝑆3 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 = 1 + 2 + 3 = 6


𝑛+1
𝑆𝑛 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯ + 𝑢𝑛 = 1 + 2 + 3 + ⋯ + 𝑛 = 𝑛 ( )
𝑛
𝑛+1
Como 𝑆𝑛 = 𝑛 ( ) temos que Sn → + ∞, logo a série é divergente.
𝑛

b. Consideremos a série

+∞
1 𝑛−1
∑( )
2
𝑛=1

1 𝑛−1
O seu termo geral é 𝑢𝑛 = (2) e a sucessão das somas parciais é dada por:

𝑆1 = 𝑢1 = 1

1 3
𝑆2 = 𝑢1 + 𝑢2 = 1 + =
2 2

1 1 7
𝑆3 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 = 1 + + 2=
2 2 4


1 1 1 𝑛+1
𝑆𝑛 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯ + 𝑢𝑛 = 1 + + 2 + ⋯ + 𝑛−1 = 𝑛 ( )
2 2 2 𝑛
1 𝑛
1−( )
2
Como 𝑆𝑛 = 1 temos que lim 𝑆𝑛 = 2 logo a série é convergente.
1− n→∞
2

3. Séries de funções

Seja 𝑓𝑘 (𝑥) o termo geral de uma sequência de funções reais definidas em um intervalo [a,b]. A
partir desta sequência definimos uma nova sequência chamada soma parcial de 𝑓𝑘 (𝑥)dada por
𝑛

𝑠𝑛 (𝑥) = ∑ 𝑓𝑘 (𝑥)
𝑘=1

Se a sequência de somas parciais converge pontualmente para uma função S (x) no intervalo
[a, b], temos que
13

𝑆(𝑥) = lim 𝑆𝑛 (𝑥) = ∑ 𝑓𝑘 (𝑥)


n→∞
𝑘=1

Chamamos a somatória infinita ∑∞


𝑘=1 𝑓𝑘 (𝑥) de série de funções e a função S(x) de função soma

da série.

Exemplo:

∑ 𝑥𝑘 = 1 + 𝑥 + 𝑥2 + 𝑥3 + 𝑥4 + ⋯ +
𝑘=0

é uma série geométrica de razão x. Se |x|< 1, esta série converge para a função soma

1
𝑆(𝑥) = = ∑ 𝑥 𝑘 , 𝑠𝑒 − 1 < 𝑥 < 1
1−𝑥
𝑘=0

Assim como no caso de sequência de funções, uma série de funções contínuas convergente não
possui necessariamente uma função soma contínua. No entanto esta propriedade é garantida se
a convergência for uniforme. Além disso, se uma sequência de somas parciais converge
uniformemente, temos que

𝑥 𝑥 𝑛 𝑥 𝑛

∫ (𝑡)𝑑𝑡 = lim ∫ ∑ 𝑓𝑘 (𝑡)𝑑𝑡 = ∫ lim ∑ 𝑓𝑘 (𝑡)𝑑𝑡


𝑎 n→∞ 𝑎 𝑎 n→∞ 𝑘=1
𝑘=1

o que nos permite calcular a integral da função soma S(x) integrando termo a termo a série de
funções. Por este motivo é importante determinar se uma série de funções converge
uniformemente

3.1.Convergência simples e convergência uniforme

Diz-se que a sequência de funções 𝑓𝑛 : 𝑥 → ℝ converge simplesmente para a função 𝑓: 𝑥 → ℝ


quando, para cada 𝑥 ∈ 𝑋, a sequência de números (𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), … , 𝑓𝑛 (𝑥), … )converge para o
número f(x). Ou seja, para todo 𝑥 ∈ 𝑋 fixado, tem-se

lim 𝑓𝑛 (𝑥) = 𝑓(𝑥)


n→∞

Para exprimir esta situação, diz-se que "fn converge simplesmente para f em X". Ou, mais
resumidamente:𝑓𝑛 → 𝑓 simplesmente, em X. A convergência simples às vezes também se
chama convergência ponto a ponto ou convergência pontual.

Exemplo
14

A sequência de funções 𝑓𝑛 : ℝ → ℝ onde 𝑓𝑛 (𝑥) = 𝑥/𝑛 converge simplesmente para a função


𝑓𝑛 : ℝ → ℝ que é identicamente nula. Com efeito, para todo 𝑥 ∈ ℝ fixado, tem-se lim (𝑥/𝑛) =
n→∞

Um tipo de convergência de funções mais restrito do que a convergência simples, é a


convergência uniforme, que definiremos agora.

Uma sequência de funções 𝑓𝑛 : 𝑋 → ℝ converge uniformemente para a função 𝑓 ∶ 𝑋 → ℝ


quando, para todo ℰ > 0 dado, existe 𝑛0 ∈ ℕ (dependendo apenas de ℰ) tal que 𝑛 > 𝑛0 ⇒
|𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓(𝑥)| < ℰ seja qual for 𝑥 ∈ 𝑋.
No plano R2 dado ℰ > 0, a faixa de raio em torno do gráfico de f é o conjunto

Dizer que uniformemente 𝑓𝑛 → 𝑓 em X significa que, para todo ℰ > 0, existe 𝑛0 ∈ Ν tal que
o gráfico 𝑓𝑛 , para todo 𝑛 > 𝑛0 está contido contido na faixa de raio ℰ.

3.2.Propriedades da convergência uniforme


Teorema 1. Se uma sequência de funções 𝑓𝑛 : 𝑋 → ℝ converge uniformemente para
𝑓𝑛 : 𝑋 → ℝ e cada 𝑓𝑛 é contínua no ponto 𝑎 ∈ 𝑋 então f é contínua no ponto a.

Demonstração: Dado ℰ > 0, existe 𝑛0 ∈ Ν tal que 𝑛 > 𝑛0 ⇒ |𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓(𝑥)| < ℰ/3 para todo
𝑥 ∈ 𝑋. Fixemos um número natural 𝑛 > 𝑛0 . Como 𝑓𝑛 é contínua no ponto a, existe 𝛿 > 0 tal
que 𝑥 ∈ 𝑋, |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 ⇒ |𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓𝑛 (𝑎)| < ℰ/3, onde

ℰ ℰ ℰ
|𝑓(𝑥) − 𝑓 (𝑎)| ≤ |𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓 (𝑥)| + |𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓𝑛 (𝑎)| + |𝑓𝑛 (𝑎) − 𝑓 (𝑎)| < + + =ℰ
3 3 3

Isto prova o teorema.

Teorema 2. (Dini.) Se a sequência de funções contínuas 𝑓𝑛 : 𝑋 → ℝ converge


monotonicamente para a função contínua 𝑓 ∶ 𝑋 → ℝ no conjunto compacto X então a
convergência é uniforme.

Demonstração: Dado ℰ > 0, ponhamos 𝑋𝑛 = {𝑥 ∈ 𝑋: |𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓(𝑥)| ≥ ℰ} para cada 𝑛 ∈ Ν.


Como 𝑓𝑛 e 𝑓 são contínuas, cada 𝑋𝑛 é compacto.

Teorema 3. (Passagem ao limite sob o sinal de integral.) Se a sequência de funções


integráveis 𝑓𝑛 ∶ [a, b] → ℝ converge uniformemente para 𝑓 ∶ [a, b] → ℝ então f é integrável
e
15

𝑏 𝑏
∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = lim ∫ 𝑓𝑛 (𝑥)𝑑𝑥.
𝑎 n→∞ 𝑎

𝑏 𝑥
Noutras palavras: ∫𝑎 lim 𝑓𝑛 = lim ∫𝑎 𝑓𝑛 . se a convergência é uniforme.
n n

Demonstração: Dado ℰ > 0, existe 𝑛0 ∈ Ν tal que 𝑛 > 𝑛0 ⇒ |𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓(𝑥)| < ℰ/4(b − a)
para todo todo 𝑥 ∈ [a, b] Fixemos 𝑚 > 𝑛0 . Como 𝑓𝑚 é integrável, existe uma partição P de
/
[a, b] tal que, indicando com e 𝜔𝑖 respectivamente as oscilações de 𝑓 e 𝑓𝑚 no intervalo [𝑡𝑖−1 , 𝑡𝑖 ]
/ /
de P tem-se ∑ 𝜔𝑖 (−𝑡𝑖−1 + 𝑡𝑖 ). Por tanto 𝜔𝑖 ≤ 𝜔𝑖 + ℰ/2(b − a) segue-se que:

/ ℰ ℰ
∑ 𝜔𝑖 (𝑡 − 𝑡𝑖−1 𝑖 ). ≤ ∑ 𝜔𝑖 (−𝑡𝑖−1 + 𝑡𝑖 ) + [ℰ/2(b − a)] ∑(𝑡 − 𝑡𝑖−1 𝑖 ) < + =ℰ
2 2

Isto mostra que f é integrável. Além disso

3.3.Campo de convergência

O conjunto dos valores do argumento x, para os quais a serie da função

𝑓1 (𝑥) + 𝑓2 (𝑥) + ⋯ + 𝑓𝑛 (𝑥) + ⋯

É convergente, chama-se Campo de convergência desta série. A função 𝑆(𝑥) = lim 𝑆𝑛 (𝑥)
n→∞

Onde 𝑆(𝑥) = 𝑓1 (𝑥) + 𝑓2 (𝑥) + ⋯ + 𝑓𝑛 (𝑥), e x pertence ao campo de convergencia, recebe o


nome de soma de serie e 𝑅𝑛 (𝑥) = 𝑆(𝑥) − 𝑆𝑛 (𝑥) o de resto da série.

Nos casos mais simples, para determinar o campo de convergência da serie basta aplicar a esta
série os conhecidos critérios de convergência, considerando x fixo.

3.4.Exercício de aplicação

Determine o campo de convergência da seguinte serie

𝑥 + 1 (𝑥 + 1)2 (𝑥 + 1)3 (𝑥 + 1)𝑛


+ + + ⋯ + + ⋯+
1.2 1. 22 3. 23 𝑛. 23

Solução. Chamando de 𝑢𝑛 O termo geral da série, teremos:


16

|𝑢𝑛 + 1| |𝑛 + 1|𝑛+1 2𝑛 𝑛 |𝑥 + 1|
lim = lim 𝑛+1 𝑛
= .
n→∞ |𝑢𝑛 | 𝑛→∞ 2 (𝑛 + 1)|𝑛 + 1| 2

Baseando-se no critério de D´Alembert pode-se afirmar que a série é convergente (sendo


|𝑥+1|
absolutamente convergente), se < 1, isto é, se −3 < 𝑋 < 1; a série é divergente, se
2
|𝑥+1|
> 1, isto é, se −∞ < 𝑥 < −3 𝑜𝑢 1 < 𝑥 < ∞ quando x = 1 obtém-se a serie harmónica
2

1 2
1 + 2 + 3 + ⋯ Que é convergente (porém, não absolutamente)
17

4. Conclusão

Em conclusão, as séries numéricas desempenham um papel crucial na matemática, fornecendo


ferramentas poderosas para representar e analisar somas infinitas de números. Elas têm
aplicações em diversas áreas da ciência e engenharia, desde cálculos de probabilidade até
modelagem de fenômenos físicos complexos.

Ao explorar as séries numéricas, os estudantes e pesquisadores desenvolvem habilidades


analíticas essenciais, como a compreensão da convergência e da divergência, além de aprender
a aplicar uma variedade de testes de convergência. Isso nos capacita a resolver problemas
complexos e a desenvolver técnicas para lidar com somas infinitas em contextos teóricos e
práticos, Portanto, as séries numéricas continuam a ser uma área fascinante e dinâmica da
matemática, desafiando estudantes e pesquisadores a explorar novos conceitos e aplicações, ao
mesmo tempo em que oferecem ferramentas valiosas para a compreensão e resolução de
problemas do mundo real.
18

5. Referencia bibliográfica
1. DEMIDOVITCH, B. Problemas e exercícios de Análise Matemática. Editora MIR,
Moscovo, 1979.
2. REED, M. & SIMON, B. Functional Analysis. Academic Press, California, 1980
3. STEWART, J. Cálculo Volume I e II. Editora Thomson, São Paulo - Brasil, 2006.
4. THOMAS, G. B., G I e II, Editora Addisson Wesley, 2002

Você também pode gostar