Aula 4- sucessões e séries de complexos

Sucessões e séries

Distância e topologia:
𝑑(𝑧, 𝑧0 ) = |𝑧 − 𝑧0 | define uma distância.

Definição 11. (disco aberto, fechado)

O conjunto 𝐷𝑟 (𝑧0 ) = {𝑧 ∈ ℂ: |𝑧 − 𝑧0 | < 𝑟} é o disco aberto de centro em 𝑧0 e
raio 𝑟.

O conjunto ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐷𝑟 (𝑧0 ) = {𝑧 ∈ ℂ: |𝑧 − 𝑧0 | ≤ 𝑟} é o disco fechado de centro em 𝑧0 e
raio 𝑟.

̅̅̅̅̅̅̅̅̅
Disco aberto 𝐷𝑟 (𝑧0 ) (excluindo a circunferência) e fechado 𝐷 𝑟 (𝑧0 ) (incluindo a circunferência)

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Definição 12. (conjunto aberto)

Um conjunto 𝐴 ⊂ ℂ diz-se aberto se, para todo o 𝑧 ∈ 𝐴, existir um disco
aberto 𝐷𝑟 (𝑧) ⊂ 𝐴.

Definição 12 (conjunto fechado)

Um conjunto 𝐴 ⊂ ℂ diz-se fechado se o seu complementar 𝐴𝑐 é aberto.

Proposição 13.

1. ∅ e ℂ são conjuntos abertos (e fechados).

2. Se {𝐴𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼} é uma colecção arbitrária de conjuntos abertos, então ⋃𝑖 𝐴𝑖
é aberto.
3. Se {𝐴1 , 𝐴2 , … , 𝐴𝑛 } é uma colecção finita de conjuntos abertos, então
⋂𝑛𝑖=1 𝐴𝑖 é aberto.

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Uma sucessão de complexos é uma função 𝑓: ℕ → ℂ,

{𝑧𝑛 }𝑛∈ℕ , com 𝑧𝑛 = 𝑥𝑛 + 𝑖𝑦𝑛 ∈ ℂ.

Definição 14.
Uma sucessão 𝑧𝑛 diz-se convergente para 𝑤 ∈ ℂ se lim |𝑧𝑛 − 𝑤| = 0.
𝑛→∞

Obs. Também se escreve 𝑧𝑛 → 𝑤.

Teorema 15.
Sejam 𝑧𝑛 = 𝑥𝑛 + 𝑖𝑦𝑛 e 𝑤 = 𝑎 + 𝑖𝑏. Então 𝑧𝑛 → 𝑤 se e só se
𝑥𝑛 → 𝑎
{𝑦 → 𝑏 .
𝑛

Dem. Imediata de |𝑧𝑛 − 𝑤| = |(𝑥𝑛 + 𝑖𝑦𝑛 ) − (𝑎 + 𝑖𝑏)| = √(𝑥𝑛 − 𝑎)2 + (𝑦𝑛 − 𝑏)2 .
Exemplo:
𝑛 𝑛
1+𝑖 𝑛 √2 𝑖 𝜋 √2
Se 𝑧𝑛 = ( ) , tem-se 𝑧𝑛 = ( 2 𝑒 4) ; assim, |𝑧𝑛 | = (2) → 0.
2

Ou seja, |𝑧𝑛 − (0 + 0𝑖)| → 0, pelo que 𝑧𝑛 → 0.

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Séries de complexos

Dada uma sucessão de complexos 𝑧𝑛 , definimos a sucessão das somas parciais

𝑁

𝑆𝑁 = ∑ 𝑧𝑛 .
𝑛=1

Definição 16 (convergência de uma série) A série

+∞

∑ 𝑧𝑛
𝑛=1

converge para 𝑤 ∈ ℂ se a sucessão das somas parciais 𝑆𝑁 → 𝑤.

Proposição 17.
+∞
Dada uma sucessão 𝑧𝑛 = 𝑥𝑛 +𝑖𝑦𝑛 , a série ∑𝑛=1 𝑧𝑛 converge sse ambas as
séries reais ∑𝑛=1 𝑥𝑛 e ∑𝑛=1 𝑦𝑛 convergem. Além disso, ∑+∞
+∞ +∞ +∞
𝑛=1 𝑧𝑛 = ∑𝑛=1 𝑥𝑛 +
𝑖 ∑+∞
𝑛=1 𝑦𝑛 .

Teorema 18 (condição necessária de convergência)

Se a série ∑+∞
𝑛=1 𝑧𝑛 é convergente, então 𝑧𝑛 → 0.

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Teorema 19 (condição suficiente de convergência)

Se a série dos módulos

+∞

∑ |𝑧𝑛 |
𝑛=1
+∞
é convergente, então a série ∑𝑛=1 𝑧𝑛 é convergente.

+∞
Obs. A série ∑𝑛=1 𝑧𝑛 diz-se então absolutamente convergente.

Exemplo 20: A série geométrica.

Para 𝑥 ∈ ℝ, tem − se
∞
1
∑ 𝑥𝑛 = para |𝑥 | < 1. (∗)
1−𝑥
𝑛=0

Com 𝑧 ∈ ℂ , tem-se
𝑁

𝑆𝑁 = ∑ 𝑧 𝑛 = 1 + 𝑧 + 𝑧 2 + ⋯ + 𝑧 𝑁 ;
𝑛=0

Como 𝑧 𝑆𝑁 = 𝑧 + 𝑧 2 + ⋯ + 𝑧 𝑁 + 𝑧 𝑁+1 , segue-se que 𝑧 𝑆𝑁 − 𝑆𝑁 = 𝑧 𝑁+1 − 1;

e portanto
1 − 𝑧 𝑁+1 1 𝑧 𝑁+1
𝑆𝑁 = = − . (∗∗)
1−𝑧 1−𝑧 1−𝑧

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Para 𝑆𝑁 ser convergente é necessário (condição necessária de convergência,

T. 18) 𝑧 𝑁 → 0. Nesse caso 𝑧 𝑁+1 → 0 e portanto de (**) concluímos que
∞
1
∑ 𝑧𝑛 = 1 + 𝑧 + 𝑧2 + ⋯ + 𝑧𝑛 + ⋯ = para |𝑧| < 1,
1−𝑧
𝑛=0

sendo a convergência absoluta (recorde-se (*) com 𝑥 = |𝑧|).

Para |𝑧| > 1 o termo geral da série 𝑧 𝑛 não tende para zero.
Consequentemente, para |𝑧| > 1 a série é divergente.

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Exemplo 21 (a série da exponencial)

A série
+∞
𝑧𝑛
∑ (= 𝑒 𝑧 )
𝑛!
𝑛=0

é absolutamente convergente para todo o 𝑧 ∈ ℂ:

+∞ +∞
𝑧𝑛 |𝑧|𝑛
∑| | = ∑ = 𝑒 |𝑧| < +∞.
𝑛! 𝑛!
𝑛=0 𝑛=0

Veremos mais tarde que esta série converge precisamente para 𝑒 𝑧 .

Note-se, para já, que esta série:
1. Dá a série da exponencial real, para 𝑧 = 𝑥 + 𝑖0;
2. Dá precisamente a “nossa” dedução da fórmula de Euler, com 𝑧 = 𝑖𝑥:

𝑖𝑥
(𝑖𝑥)2 (𝑖𝑥)3 (𝑖𝑥)4 (𝑖𝑥)5
𝑒 = 1 + 𝑖𝑥 + + + + …
2! 3! 4! 5!
𝑥2 𝑥4 𝑥3 𝑥5
= (1 − + + ⋯ ) + 𝑖 (𝑥 − + + ⋯ )
⏟ 2! 4! ⏟ 3! 5!
cos 𝑥 sin 𝑥

Exemplo 22.
Verificar que são absolutamente convergentes para todo o 𝑧 ∈ ℂ as séries
correspondentes às funções trigonométricas:
+∞
(−1)𝑛 2𝑛+1
𝑧3 𝑧5
sin 𝑧 = ∑ 𝑧 = 𝑧 − + + ⋯,
(2𝑛 + 1)! 3! 5!
𝑛=0
+∞
(−1)𝑛 2𝑛 𝑧2 𝑧4
cos 𝑧 = ∑ 𝑧 =1− + +⋯
(2𝑛)! 2! 4!
𝑛=0

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