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Disciplina: Cálculo Diferencial e Integral I

Professora: Flávia Peixoto Faria

SEÇÃO 3: A DERIVADA DE UMA FUNÇÃO


– PARTE 2 –
Ao final desta seção, você será capaz de:
• Compreender as regras de derivação;
• Calcular derivadas de primeira ordem e de ordens superiores através das regras de derivação.

REGRAS DE DERIVAÇÃO:

FUNÇÕES POLINOMIAIS E EXPONENCIAIS:

FUNÇÃO CONSTANTE:
Vamos iniciar com a função mais simples, a função constante 𝑓 (𝑥 ) = 𝑐. O gráfico dessa função é a
reta horizontal 𝑦 = 𝑐, cuja inclinação é 0; logo, devemos ter 𝑓 ′(𝑥 ) = 0. Uma demonstração formal, a partir
da definição de derivada, é simples:

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 ) 𝑐−𝑐
𝑓 ′ (𝑥 ) = lim = lim = lim 0 = 0
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ 𝑥→0

Essa regra, na notação de Leibniz, é escrita da seguinte


forma:

𝑑
(𝑐 ) = 0
𝑑𝑥

FUNÇÕES POTÊNCIAS:
Vamos olhar as funções 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 𝑛 , onde 𝑛 é um inteiro positivo. Se 𝑛 = 1, o gráfico de 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 é
a reta 𝑦 = 𝑥, cuja inclinação é 1. Então

𝑑
( 𝑥 ) = 1 ( ∗)
𝑑𝑥

(Você também pode verificar a equação acima a partir da definição de


derivada.) Vamos investigar, agora, os casos onde 𝑛 = 2 e 𝑛 = 3.
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Se 𝑛 = 2, então 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 2 . Aplicando a definição de derivada, temos

′(
𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 ) ( 𝑥 + ℎ )2 − 𝑥 2
𝑓 𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

𝑥 2 + 2𝑥ℎ + ℎ2 − 𝑥 2
= lim
ℎ→0 ℎ

2𝑥ℎ + ℎ2
= lim = lim (2𝑥 + ℎ) = 2𝑥
ℎ→0 ℎ ℎ→0

Logo, se 𝑓(𝑥 ) = 𝑥 2 , então

𝑑 2
(𝑥 ) = 2𝑥 (∗∗)
𝑑𝑥

Analogamente, se 𝑛 = 3, então 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 3 e, aplicando a definição:

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 ) (𝑥 + ℎ ) 3 − 𝑥 3
𝑓 ′(𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

𝑥 3 + 3𝑥 2 ℎ + 3𝑥ℎ2 + ℎ3 − 𝑥 3
= lim
ℎ→0 ℎ

3𝑥 2 ℎ + 3𝑥ℎ2 + ℎ3
= lim = lim (3𝑥 2 + 3𝑥ℎ + ℎ2 ) = 3𝑥 2
ℎ→0 ℎ ℎ→0

Logo, se 𝑓(𝑥 ) = 𝑥 3 , então

𝑑 3
(𝑥 ) = 3𝑥 2 (∗∗∗)
𝑑𝑥

Comparando as equações (∗), (∗∗) e (∗∗∗), vemos um modelo padrão. Parece ser uma conjectura
plausível que, quando 𝑛 ∈ ℤ∗+ , (𝑑/𝑑𝑥)(𝑥 𝑛 ) = 𝑛𝑥 𝑛−1 . Resulta que isto é, de fato, verdade.

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A REGRA DA POTÊNCIA:
Se 𝑛 for um inteiro positivo, então

𝑑 𝑛
(𝑥 ) = 𝑛𝑥 𝑛−1
𝑑𝑥

Omitiremos a demonstração neste texto.


Ilustramos a regra da potência usando várias notações no exemplo a seguir.

EXEMPLO 1:
a) Se 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 6 , então 𝑓 ′(𝑥 ) = 6𝑥 5 . c) Se 𝑦 = 𝑥 1 000 , então 𝑦 ′ = 1 000𝑥 999.

𝑑𝑦 𝑑
b) Se 𝑦 = 𝑡 4 , então = 4𝑡 3 . d) (𝑟 3 ) = 3𝑟 2.
𝑑𝑡 𝑑𝑟

O que dizer sobre as funções potências com expoentes inteiros negativos? E se o expoente for uma
fração? Para responder a essas perguntas, vamos considerar o exemplo a seguir.

EXEMPLO 2:
A partir da definição de derivada, encontre 𝑓 ′(𝑥 ) para as seguintes funções:
1
a) 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 b) 𝑓 (𝑥 ) = √𝑥

SOLUÇÃO:
a) Pela definição, temos

1 1
𝑓 ( 𝑥 + ℎ ) − 𝑓 ( 𝑥 ) −𝑥
𝑓 ′(𝑥 ) = lim = lim 𝑥 + ℎ
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

−ℎ
𝑥 (𝑥 + ℎ ) −1
= lim = lim 2
ℎ→0 ℎ ℎ→0 𝑥 + 𝑥ℎ

1 1
= − lim = −
ℎ→0 𝑥 2 + 𝑥ℎ 𝑥2
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1
Logo, 𝑓 ′(𝑥 ) = − 𝑥2 .

1
b) Retome o EXEMPLO 4 da seção 3.1 para verificar que 𝑓 ′ (𝑥 ) = 2 𝑥.

Observe que, no item a do EXEMPLO 2, podemos reescrever a função como 𝑓(𝑥 ) = 𝑥 −1 , de tal modo
que a regra da potência seja válida quando 𝑛 = −1: (𝑑/𝑑𝑥)(𝑥 −1 ) = (−1)𝑥 −2 . Já no item b do exemplo
1
anterior, podemos reescrever a função como 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 2 e, consequentemente, a regra da potência é válida
1
quando 𝑛 = : (𝑑/𝑑𝑥)(𝑥 1/2 ) = (1/2)𝑥 −1/2.
2

Na realidade, mostraremos mais para frente que essa regra é verdadeira para todos os números reais 𝑛.

REGRA DA POTÊNCIA (versão geral):


Se 𝑛 for um número real qualquer, então:

𝑑 𝑛
(𝑥 ) = 𝑛𝑥 𝑛−1
𝑑𝑥

EXEMPLO 3:
Derive:
1 3
a) 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥2 b) 𝑦 = √𝑥 2

SOLUÇÃO:
Deixaremos a cargo do leitor!

NOVAS DERIVADAS A PARTIR DE CONHECIDAS:


Quando novas funções são formadas a partir de outras por adição, subtração, multiplicação ou divisão,
suas derivadas podem ser calculadas em termos das derivadas das funções originais. Particularmente, a
fórmula a seguir nos diz que a derivada de uma constante vezes uma função é a constante vezes a derivada
da função.

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A REGRA DA MULTIPLICAÇÃO POR CONSTANTE:


Se 𝑐 for uma constante e 𝑓, uma função derivável, então

𝑑 𝑑
[𝑐𝑓(𝑥 )] = 𝑐 𝑓 (𝑥 )
𝑑𝑥 𝑑𝑥

Demonstração:
Seja 𝑔(𝑥 ) = 𝑐𝑓(𝑥 ). Então

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 ) 𝑐𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑐𝑓 (𝑥 )
𝑔′(𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 )
= lim 𝑐 [ ]
ℎ→0 ℎ

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 ( 𝑥 )
= 𝑐 lim (Propriedade 3 de limites)
ℎ→0 ℎ

= 𝑐𝑓 ′ (𝑥 )

EXEMPLO 4:
𝑑 𝑑
a) (3𝑥 4 ) = 3 (𝑥 4 ) = 3(4𝑥 3 ) = 12𝑥 3
𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑑 𝑑 𝑑
b) (−𝑥 ) = [(−1)𝑥 ] = (−1) (𝑥 ) = (−1)(1) = −1
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

A regra a seguir nos diz que a derivada de uma soma de funções é a soma das derivadas das
funções.

A REGRA DA SOMA:
Se 𝑓 e 𝑔 forem ambas deriváveis, então:

𝑑 𝑑 𝑑
[𝑓 (𝑥 ) + 𝑔(𝑥 )] = 𝑓 (𝑥 ) + 𝑔 (𝑥 )
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

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Demonstração:
Seja 𝐹 (𝑥 ) = 𝑓 (𝑥 ) + 𝑔(𝑥 ). Então

𝐹 (𝑥 + ℎ ) − 𝐹 (𝑥 )
𝐹 ′ (𝑥 ) = lim
ℎ→0 ℎ
[𝑓(𝑥 + ℎ) + 𝑔(𝑥 + ℎ)] − [𝑓 (𝑥 ) + 𝑔(𝑥 )]
= lim
ℎ→0 ℎ

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 ) 𝑔 (𝑥 + ℎ ) − 𝑔 (𝑥 )
= lim [ + ]
ℎ→0 ℎ ℎ

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 (𝑥 ) 𝑔 ( 𝑥 + ℎ ) − 𝑔 (𝑥 )
= lim + lim (Propriedade 1 de limite)
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

= 𝑓 ′ (𝑥 ) + 𝑔 ′ (𝑥 )

Escrevendo 𝑓 − 𝑔 como 𝑓 + (−1)𝑔 e aplicando a regra da soma e a regra da multiplicação por


constante, obtemos a seguinte fórmula.

A REGRA DA SUBTRAÇÃO:
Se 𝑓 e 𝑔 forem ambas deriváveis, então

𝑑 𝑑 𝑑
[𝑓 (𝑥 ) − 𝑔(𝑥 )] = 𝑓 (𝑥 ) − 𝑔 (𝑥 )
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

As três regras anteriores podem ser combinadas com a regra da potência para derivar qualquer
polinômio, como ilustram os exemplos a seguir.

EXEMPLO 5:
Encontre os pontos sobre a curva 𝑦 = 𝑥 4 − 6𝑥 2 + 4, nos quais a reta tangente é horizontal.
SOLUÇÃO:
As tangentes horizontais ocorrem quando a derivada for zero. Temos

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𝑑𝑦 𝑑 4 𝑑 𝑑
= (𝑥 ) − 6 ( 𝑥 2 ) + (4)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

= 4𝑥 3 − 12𝑥 + 0 = 4𝑥(𝑥 2 − 3)

Assim, 𝑑𝑦/𝑑𝑥 = 0 se 𝑥 = 0 ou 𝑥 2 − 3 = 0, ou seja, 𝑥 = ±√3.


Logo, a curva dada tem tangentes horizontais quando 𝑥 = 0, √3 e
−√3. Os pontos correspondentes são (0, 4), (√3, −5) e
(−√3, −5). (Veja a figura ao lado.)

FUNÇÕES EXPONENCIAIS:
Vamos tentar calcular a derivada da função exponencial 𝑓(𝑥 ) = 𝑏 𝑥 usando a definição de derivada:

𝑓 (𝑥 + ℎ ) − 𝑓 ( 𝑥 ) 𝑏 𝑥+ℎ − 𝑏 𝑥
𝑓 ′ (𝑥 ) = lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

𝑏 𝑥 𝑏ℎ − 𝑏 𝑥 𝑏 𝑥 (𝑏ℎ − 1)
= lim = lim
ℎ→0 ℎ ℎ→0 ℎ

O fator 𝑏 𝑥 não depende de ℎ, logo podemos colocá-lo adiante do limite:

′( 𝑥
𝑏ℎ − 1
𝑓 𝑥 ) = 𝑏 lim
ℎ→0 ℎ

Observe que o limite é o valor da derivada de 𝑓 em 0, isto é.

𝑏ℎ − 1
lim = 𝑓 ′ (0)
ℎ→0 ℎ

Portanto, mostramos que se a função exponencial 𝑓 (𝑥 ) = 𝑏 𝑥 for derivável em 0, então é derivável em


toda parte e

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𝑑
𝑓 (𝑥 ) = 𝑓 ′(0)𝑏 𝑥 (1)
𝑑𝑥

Essa equação diz que a taxa de variação de qualquer função exponencial é proporcional à própria função. (A
inclinação é proporcional à altura.)
Uma evidência numérica para a existência de 𝑓 ′ (0) é dada na tabela a seguir para os casos 𝑏 = 2 e
𝑏 = 3. (Os valores são dados com precisão até a quarta casa decimal.)

𝟐𝒉 − 𝟏 𝟑𝒉 − 𝟏
𝒉
𝒉 𝒉
𝟎, 𝟏 0,7177 1,1612
𝟎, 𝟎𝟏 0,6956 1,1047
𝟎, 𝟎𝟎𝟏 0,6934 1,0992
𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟏 0,6932 1,0987

Aparentemente, os limites existem e

2ℎ − 1
para 𝑏 = 2, 𝑓 ′ (0) = lim ≈ 0,69 e
ℎ→0 ℎ

3ℎ − 1
para 𝑏 = 3, 𝑓 ′ (0) = lim ≈ 1,10
ℎ→0 ℎ

Na realidade, pode ser demonstrado que estes limites existem e, com precisão até a sexta casa decimal,
seus valores são

𝑑 𝑥 𝑑 𝑥
(2 )| ≈ 0,693147 e ( 3 )| ≈ 1,098612
𝑑𝑥 𝑥=0 𝑑𝑥 𝑥=0

Assim, da equação (1), temos

𝑑 𝑥 𝑑 𝑥
(2 ) ≈ (0,69)2𝑥 e (3 ) ≈ (1,10)3𝑥
𝑑𝑥 𝑑𝑥

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De todas as possíveis escolhas para a base 𝑏, a fórmula de derivação mais simples ocorre quando
𝑓 0) = 1. Em vistas das estimativas de 𝑓 ′ (0) para 𝑏 = 2 e 𝑏 = 3, parece plausível que haja um número 𝑏
′(

entre 2 e 3 para o qual 𝑓 ′(0) = 1. É tradição denotar esse valor pela letra 𝑒. Desse modo, temos a seguinte
definição.

DEFINIÇÃO:
𝑒 ℎ −1
𝑒 é um número tal que limℎ→0 ℎ
= 1.

Geometricamente, isso significa que, de todas as possíveis funções exponenciais 𝑦 = 𝑏 𝑥 , a função


𝑓 (𝑥 ) = 𝑒 𝑥 é aquela cuja reta tangente em (0, 1) tem uma inclinação 𝑓 ′ (0), exatamente igual a 1 (veja as
figuras abaixo).

Se pusermos 𝑏 = 𝑒, e consequentemente, 𝑓 ′(0) = 1 na equação (1), teremos a seguinte importante


fórmula de derivação.

DERIVAÇÃO DA FUNÇÃO EXPONENCIAL NATURAL:

𝑑 𝑥
(𝑒 ) = 𝑒 𝑥
𝑑𝑥

EXEMPLO 6:
Em que ponto da curva 𝑦 = 𝑒 𝑥 sua reta tangente é paralela à reta 𝑦 = 2𝑥?
SOLUÇÃO:

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Uma vez que 𝑦 = 𝑒 𝑥 , temos 𝑦 ′ = 𝑒 𝑥 . Denote a coordenada 𝑥 do ponto em questão por 𝑎. Então, a inclinação
da reta tangente nesse ponto é 𝑒 𝑎 . Essa reta tangente será paralela à reta 𝑦 = 2𝑥 se ela tiver a mesma
inclinação, ou seja, 2. Igualando as inclinações, obtemos

𝑒 𝑎 = 2 ⇔ 𝑎 = ℓn 2

Portanto, o ponto pedido é (𝑎, 𝑒 𝑎 ) = (ln 2 , 2),

A seguir, apresentaremos outras duas regras importantes de derivação: a regra do produto e a regra do
quociente. Neste texto, as demonstrações formais dessas regras serão omitidas, mas vocês podem consultá-las
nas referências bibliográficas do curso.

A REGRA DO PRODUTO:
Se 𝑓 e 𝑔 forem ambas deriváveis, então

𝑑 𝑑 𝑑
[𝑓 (𝑥 )𝑔(𝑥 )] = 𝑓 (𝑥 ) [𝑔(𝑥 )] + 𝑔(𝑥 ) [𝑓 (𝑥 )]
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

Em outras palavras, a regra do produto diz que a derivada de um produto de duas funções é a
primeira função vezes a derivada da segunda função mais a segunda função vezes a derivada da
primeira função.

EXEMPLO 7:
Se 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥𝑒 𝑥 , encontre 𝑓 ′(𝑥 ).
SOLUÇÃO:
Pela regra do produto, temos

𝑑
𝑓 ′ (𝑥 ) = (𝑥𝑒 𝑥 )
𝑑𝑥
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𝑑 𝑥 𝑑
=𝑥 (𝑒 ) + 𝑒 𝑥 (𝑥 )
𝑑𝑥 𝑑𝑥

= 𝑥𝑒 𝑥 + 𝑒 𝑥 ∙ 1 = (𝑥 + 1)𝑒 𝑥

A REGRA DO QUOCIENTE:
Se 𝑓 e 𝑔 forem ambas deriváveis, então

𝑑 𝑑
𝑑 𝑓 (𝑥 ) 𝑔(𝑥 ) [𝑓(𝑥 )] − 𝑓 (𝑥 ) [𝑔(𝑥 )]
[ ]= 𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑𝑥 𝑔(𝑥 ) [𝑔(𝑥 )]2

Em outras palavras, a regra do quociente diz que a derivada de um quociente é o denominador vezes
a derivada do numerador menos o numerador vezes a derivada do denominador, todos divididos pelo
quadrado do denominador.
A regra do quociente e as outras fórmulas de derivação nos permitem calcular a derivada de qualquer
função racional, como ilustrado no exemplo a seguir.

EXEMPLO 8:
𝑥 2 +𝑥−2
Seja 𝑦 = . Então
𝑥 3 +6

𝑑 2 𝑑
(𝑥 3 + 6) [𝑥 + 𝑥 − 2] − (𝑥 2 + 𝑥 − 2) [𝑥 3 + 6]
𝑦′ = 𝑑𝑥 𝑑𝑥
(𝑥 3 + 6)2

(𝑥 3 + 6)(2𝑥 + 1) − (𝑥 2 + 𝑥 − 2)(3𝑥 2 )
=
(𝑥 3 + 6)2

(2𝑥 4 + 𝑥 3 + 12𝑥 + 6) − (3𝑥 4 + 3𝑥 3 − 6𝑥 2 )


=
(𝑥 3 + 6)2

−𝑥 4 − 2𝑥 3 + 6𝑥 2 + 12𝑥 + 6
=
(𝑥 3 + 6)2

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DERIVADAS DE ORDEM SUPERIOR:


Se 𝑓 for uma função diferenciável, então sua derivada 𝑓′ também é uma função, de modo que 𝑓′ pode
ter sua própria derivada, denotada por (𝑓 ′)′ = 𝑓 ′′ . Esta nova função 𝑓 ′′ é chamada de segunda derivada ou
derivada de ordem dois de 𝒇. Usando a notação de Leibniz, escrevemos a segunda derivada de 𝑦 = 𝑓 (𝑥 )
como

𝑑 𝑑𝑦 𝑑2𝑦
( )= 2
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

Podemos interpretar 𝑓 ′′ (𝑥 ) como a inclinação da curva 𝑦 = 𝑓 ′(𝑥 ) no ponto (𝑥, 𝑓 ′(𝑥 )). Em outras
palavras, é a taxa de variação da inclinação da curva original 𝑦 = 𝑓 (𝑥 ).
A terceira derivada 𝑓 ′′′ (ou derivada de terceira ordem) é a derivada da segunda derivada: 𝑓 ′′′ =
(𝑓 ′′)′ . Assim, 𝑓 ′′′ (𝑥 ) pode ser interpretada como a inclinação da curva 𝑦 = 𝑓 ′′(𝑥 ) ou como a taxa de variação
de 𝑓 ′′(𝑥 ). Se 𝑦 = 𝑓 (𝑥 ), então as notações alternativas são

𝑑 𝑑2𝑦 𝑑3𝑦
𝑦 ′′′ = 𝑓 ′′′ (𝑥 ) = ( 2) = 3
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

O processo de diferenciação pode continuar. A quarta derivada 𝑓 ′′′′ (ou derivada de quarta ordem)
é usualmente denotada por 𝑓 (4). Em geral, a 𝒏-ésima derivada de 𝒇 é denotada por 𝑓 (𝑛) e é obtida a partir de
𝑓, derivando 𝑛 vezes. Se 𝑦 = 𝑓 (𝑥 ), escrevemos

𝑑𝑛 𝑦
𝑦 ( 𝑛) = 𝑓 ( 𝑛 ) (𝑥 ) =
𝑑𝑥 𝑛

As interpretações físicas das derivadas de ordem superior serão exploradas nos exercícios de fixação.
Investigaremos uma outra aplicação da segunda derivada mais adiante neste curso, quando mostraremos como
o conhecimento de 𝑓 ′′ nos dá informações sobre a forma do gráfico de 𝑓.

EXEMPLO 9:
Encontre 𝑓 ′′(𝑥 ), 𝑓 ′′′(𝑥 ) e 𝑓 (4) (𝑥 ) das seguintes funções:
a) 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 3 − 𝑥 b) 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥𝑒 𝑥

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SOLUÇÃO:
a) 𝑓′(𝑥 ) = 3𝑥 2 − 1
𝑓′′(𝑥 ) = 6𝑥
𝑓 ′′′ (𝑥 ) = 6
𝑓 ( 4) (𝑥 ) = 0

b) 𝑓 ′(𝑥) = 𝑒 𝑥 + 𝑥𝑒 𝑥 = (1 + 𝑥 )𝑒 𝑥
𝑓′′(𝑥 ) = 𝑒 𝑥 + 𝑒 𝑥 + 𝑥𝑒 𝑥 = (2 + 𝑥 )𝑒 𝑥
𝑓 ′′′ (𝑥 ) = 𝑒 𝑥 + 𝑒 𝑥 + 𝑒 𝑥 + 𝑥𝑒 𝑥 = (3 + 𝑥 )𝑒 𝑥
𝑓 (4) (𝑥 ) = 𝑒 𝑥 + 𝑒 𝑥 + 𝑒 𝑥 + 𝑒 𝑥 + 𝑥𝑒 𝑥 = (4 + 𝑥 )𝑒 𝑥

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