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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – UFGD

Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia - FACET

Notas de Aula sobre Integrais

Profa. Adriana de Fátima Vilela Biscaro


Integral Indefinida

1. Primitiva

Até agora, tratamos do “problema das tangentes”. Dada uma curva, achar o
coeficiente angular de sua tangente ou, de modo equivalente, dada uma função, achar sua
derivada.
Newton e Leibniz descobriram que muitos problemas de geometria e física
dependem de “derivação para trás” ou “antiderivação”. Este é, às vezes, chamado
problema inverso das tangentes: dada a derivada de uma função, achar a própria função.
De agora em diante trabalharemos com as mesmas regras de derivação. No
entanto, aqui essas regras são usadas no sentido contrário e levam em particular a
“Integração” de polinômios.
Se 𝑦 = 𝐹(𝑥) é uma função cuja derivada é conhecida, por exemplo:
𝑑𝐹(𝑥)
= 2𝑥
𝑑𝑥
Podemos descobrir qual a função 𝐹(𝑥).
𝐹(𝑥) = 𝑥 2
Podemos acrescentar um termo constante que não muda a derivada.
𝑥 2 + 1; 𝑥 2 − √3; …
e mais geralmente, 𝑥 2 + 𝐶, onde 𝐶 é uma constante qualquer.
Esse princípio permite-nos concluir que toda solução da equação
𝑑𝐹(𝑥)
= 2𝑥 deve ter a forma 𝑥 2 + 𝐶 para alguma constante 𝐶.
𝑑𝑥

O problema que acabamos de discutir envolveu a descoberta de uma função


desconhecida cuja derivada é conhecida. Se 𝑓(𝑥) é dada, então a função 𝐹(𝑥) tal que
𝑑𝐹(𝑥)
= 𝑓(𝑥)
𝑑𝑥
Chama-se uma antiderivada (ou primitiva) de 𝑓(𝑥) o processo de achar 𝐹(𝑥) a
partir de 𝑓(𝑥). Vimos que 𝑓(𝑥) não precisa ter uma antiderivada única, mas se pudermos
achar uma antiderivada 𝐹(𝑥), então todas as outras terão a forma
𝐹(𝑥) + 𝐶
1
para vários valores da constante 𝑐. Por exemplo, 3 𝑥 3 é uma antiderivada de 𝑥 2 e a
1
fórmula 3 𝑥 3 + 𝐶 inclui todas as possíveis antiderivadas de 𝑥 2 .
Definição 1: Se 𝐹(𝑥) é uma primitiva de 𝑓(𝑥), a expressão 𝐹(𝑥) + 𝑐 é chamada
integral indefinida da função 𝑓(𝑥) e é denotada por:

∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐹(𝑥) + 𝐶

O símbolo ∫ é chamado sinal de integração, 𝑓(𝑥) função integrando e 𝑓(𝑥)𝑑𝑥


integrando. O processo que permite achar a integral indefinida de uma função é chamado
integração. O símbolo 𝑑𝑥 que aparece no integrando serve para identificar a variável de
integração.
Da definição da integral indefinida, decorre que:

(i) ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐹(𝑥) + 𝐶 ⟺ 𝐹 ′ (𝑥) = 𝑓(𝑥)


(ii) ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 representa uma família de funções (a família de todas as
primitivas da função integrando)

1
Exemplo1: ∫ 𝑥 2 𝑑𝑥 = 3 𝑥 3 + 𝐶

∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥)𝑑𝑥 = − cos(𝑥) + 𝐶, 𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑎 𝑑𝑒𝑟𝑖𝑣𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 (− cos(𝑥) + 𝐶)

= (−(−𝑠𝑒𝑛(𝑥) + 0) = 𝑠𝑒𝑛(𝑥)
Propriedades da Integral Indefinida

Proposição 1: Proposição Sejam 𝑓, 𝑔: 𝐼 → 𝑅 e 𝐾 uma constante. Então:

(i) ∫ 𝐾𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐾 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥


(ii) ∫(𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥))𝑑𝑥 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 + ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥

A integral da soma é a soma das integrais separadas. Isto se aplica a qualquer número
finito de termos.

𝑥 𝑛+1
(iii) ∫ 𝑥 𝑛 𝑑𝑥 = 𝑛+1
,𝑛 ≠ 1

Exemplo 2: Calcular as integrais indefinidas:

𝑥 𝑛+1 𝑥 3+1 𝑥4
a) ∫ 𝑥 3 𝑑𝑥 = +𝐶 = = +𝐶
𝑛+1 3+1 4
1
+1
1/2 𝑥2 𝑥 3/2 2
b) ∫ √𝑥 𝑑𝑥 = ∫ 𝑥 𝑑𝑥 = 1 = +𝐶 = 𝑥 2/3 + 𝑐
+1 3/2 3
2
c) ∫ 𝑒 𝑥 𝑑𝑥 = 𝑒 𝑥 + 𝑐, 𝑝𝑜𝑖𝑠 (𝑒 𝑥 )′ = 𝑒 𝑥

𝑑𝑡 𝑥 1/2 ′
d) ∫ 𝑥 = ∫(𝑥)−1/2 𝑑𝑡 = = 2√𝑥 + 𝑐, 𝑝𝑜𝑖𝑠 (2√𝑥 + 𝑐) = 1/√𝑥
√ 1/2

e) ∫ cos(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥) + 𝑐, 𝑝𝑜𝑖𝑠 (𝑠𝑒𝑛(𝑥) + 𝑐)′ = cos(𝑥)

f) ∫(3𝑥 4 + 6𝑥 2 )𝑑𝑥 =

3 ∫ 𝑥 4 𝑑𝑥 + 6 ∫ 𝑥 2 𝑑𝑥 =

3 5
𝑥 + 2𝑥 3 + 𝑐
5

g) ∫ 3 sec(𝑥) 𝑡𝑔(𝑥) + 𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥))𝑑𝑥 =

3 ∫ sec(𝑥) 𝑡𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + ∫ 𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥)𝑑𝑥 =

3 sec(𝑥) − 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑥) + 𝑐

𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥)
h) ∫ 𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐(𝑥) 𝑑𝑥 =

1 𝑠𝑒𝑛(𝑥)
∫ . 𝑑𝑥 = ∫ 𝑡𝑔(𝑥)𝑠𝑒𝑥(𝑥)𝑑𝑥 = sec(𝑥) + 𝑐
cos(𝑥) cos(𝑥)

As identidades trigonométricas são frequentemente utilizadas quando calculamos


integrais envolvendo funções trigonométricas. As oito identidades a seguir são crucias:

1 1 1
𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐(𝑥) = 𝑠𝑒𝑐(𝑥) = 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑥) =
𝑠𝑒𝑛(𝑥) 𝑐𝑜𝑠(𝑥) 𝑡𝑔(𝑥)
𝑠𝑒𝑛(𝑥) cos(𝑥) 𝑠𝑒𝑛2 (𝑥) + 𝑐𝑜𝑠 2 (𝑥) = 1
𝑡𝑔(𝑥) = 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑥) =
𝑐𝑜𝑠(𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝑥)
𝑡𝑔2 (𝑥) + 1 = 𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥) co𝑡𝑔2 (𝑥) + 1 = 𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥)

i) ∫ 𝑡𝑔2 (𝑥) + 𝑐𝑜𝑡𝑔2 (𝑥) + 4)𝑑𝑥 =

∫((𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥) − 1) + ( 𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥) − 1) + 4)𝑑𝑥 =


∫(𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥)𝑑𝑥 + ∫ 𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥)𝑑𝑥 + 2 ∫ 𝑑𝑥 =

𝑡𝑔(𝑥) − 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑥) + 2𝑥 + 𝑐

1.1. Parte da Tabela de integrais imediatas

Usando as propriedades da integral indefinida e a tabela de integrais, podemos


calcular a integral indefinida de algumas funções.
Exercícios – Lista 1:

1. Calcular as integrais indefinidas e, em seguida fazer a derivada, comparando


os resultados.

𝑑𝑥
(a) ∫
𝑥3

1
(b) ∫( 9𝑡 2 + 3)𝑑𝑡
√𝑡

1 𝑥 √𝑥
(c) ∫ + )
√𝑥 3

(d) ∫(2𝑥 2 − 3)2 𝑑𝑥

𝑑𝑥
(e) ∫ 2
𝑠𝑒𝑛 (𝑥)

𝑥 2 +1
(f) ∫ 𝑑𝑥
𝑥2

𝑠𝑒𝑛(𝑥)
(g) ∫ 2 𝑑𝑥
𝑐𝑜𝑠 (𝑥)

𝑒𝑡 1
(h) ∫( + √𝑡 + )𝑑𝑡
2 𝑡

(i) ∫ cos(𝜃) 𝑡𝑔(𝜃)𝑑𝜃

(j) ∫ 𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥)(𝑐𝑜𝑠 3 (𝑥) + 1)𝑑𝑥

(k) ∫ 𝑡𝑔2 (𝑥)𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 2 (𝑥)𝑑𝑥


1.2.Método da Substituição ou mudança de variável

Algumas vezes, é possível determinar a integral de uma função aplicando uma


das fórmulas básicas, depois de ser feita uma mudança de variável. Esse processo é
análogo à regra da cadeia.

Exemplo 3:
𝑑 2
(𝑥 + 3𝑥 + 5)9 = 9( 𝑥 2 + 3𝑥 + 5)8 (2𝑥 + 3)
𝑑𝑥
Note que a derivada é um produto, e que um dos seus fatores (2𝑥 + 3)é a derivada
da expressão (𝑥 2 + 3𝑥 + 5), que ocorre no outro termo. Mais precisamente, a derivada
𝑑𝑢
é um produto da forma: 𝑔(𝑢) 𝑑𝑥 , onde, neste caso, 𝑔(𝑢) = 9𝑢8 e 𝑢 = 𝑥 2 + 3𝑥 + 5.
𝑑𝑢
Pode-se integrar muitos produtos da forma 𝑔(𝑢) 𝑑𝑥 , aplicando a regra da cadeia ao

inverso. Especialmente, se 𝐺 é uma antiderivada de 𝑔, então:


𝑑𝑢
∫ 𝑔(𝑢) = 𝐺(𝑥) + 𝑐
𝑑𝑥
Aplicando o método da substituição:
Passo 1: Faça uma escolha por 𝑢, digamos 𝑢 = 𝑓(𝑥).
𝑑𝑢
Passo 2: Calcule 𝑑𝑥 = 𝑓′(𝑥)

Passo 3: Faça a substituição 𝑢 = 𝑓(𝑥), 𝑑𝑢 = 𝑓’(𝑥). Neste ponto, toda a integral


deve estar em termos de 𝑢; nenhum 𝑥 pode continuar. Se isto não acontecer, deve-se
tentar uma nova escolha para 𝑢.
Passo 4: Calcular a integral resultante.
Passo 5: Substituir 𝑢 por 𝑓(𝑥), assim a resposta final estará em termos de 𝑥.

Exemplo 4: Calcular as integrais indefinidas

(a) ∫(𝑥 2 + 3𝑥 + 5)8 (2𝑥 + 3)𝑑𝑥


Solução:
Passo 1: Escolha por 𝑢 = (𝑥 2 + 3𝑥 + 5)
Passo 2: Calcular a derivada de 𝑢
𝑑𝑢 = (2𝑥 + 3)𝑑𝑥
Passo 3: Faça a substituição 𝑢 = 𝑓(𝑥), 𝑑𝑢 = 𝑓’(𝑥).
∫(𝑥 2 + 3𝑥 + 5)8 (2𝑥 + 3)𝑑𝑥 =

∫(𝑢)8 𝑑𝑢

Passo 4: Calcular a integral


∫(𝑢)8 𝑑𝑢 =
𝑢9
+𝑐
9
Passo 5: Substituir 𝑢 por 𝑓(𝑥)

2 8 (2𝑥
𝑢9 (𝑥 2 + 3𝑥 + 5)9
∫(𝑥 + 3𝑥 + 5) + 3)𝑑𝑥 = +𝑐 = +𝑐
9 9

2𝑥
(b) ∫ 1+𝑥 2 𝑑𝑥

𝑆𝑜𝑙𝑢çã𝑜:
𝑢 = 1 + 𝑥2
𝑑𝑢 = 2𝑥𝑑𝑥
2𝑥 𝑑𝑢
∫ 𝑑𝑥 = = ln(𝑢) + 𝑐
1 + 𝑥2 𝑢

= ln(1 + 𝑥 2 ) + 𝑐

(𝑐) ∫ 𝑠𝑒𝑛2 (𝑥) cos(𝑥) 𝑑𝑥

Solução:
𝑢 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥)𝑑𝑥

𝑑𝑢 = 𝑐𝑜𝑠(𝑥)𝑑𝑥
𝑢3
∫ 𝑠𝑒𝑛2 (𝑥) cos(𝑥) 𝑑𝑥 = ∫ 𝑢2 𝑑𝑢 = +𝑐
3
𝑠𝑒𝑛3 (𝑥)
∫ 𝑠𝑒𝑛2 (𝑥) cos(𝑥) 𝑑𝑥 = +𝑐
3
Exercícios - Lista 2:
Resolver as seguintes integrais:

(a) ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥 + 7)𝑑𝑥 (l) ∫(𝑥 + 𝑠𝑒𝑐 2 (3𝑥)𝑑𝑥

(b) ∫ 𝑡𝑔(𝑥)𝑑𝑥 𝑑𝑢
(m) ∫ 𝑢2 +𝑎2 , 𝑎 ≠ 0

𝑑𝑥 𝑑𝑥
(c) ∫ (3𝑥−5)8 (n) ∫ 16+𝑥2

𝑑𝑥
(d) ∫ √𝑡 2 − 2𝑡 4 𝑑𝑡 (o) ∫ 𝑥 2 +6𝑥+13

(e) ∫(2𝑥 2 + 2𝑥 − 3)10 (2𝑥 + 1)𝑑𝑥 (p) ∫ 𝑠𝑒𝑛4 (𝑥) cos(𝑥) 𝑑𝑥

(f) ∫(𝑥 3 − 2)1/7 𝑥 2 𝑑𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝑥)


(q) ∫ 5 𝑑𝑥
𝑐𝑜𝑠 (𝑥)

𝑥𝑑𝑥 2𝑠𝑒𝑛(𝑥)−5cos(𝑥)
(g) ∫ 5 (r) ∫
√𝑥 2 −1 cos(𝑥)

(h) ∫ 5𝑥√4 − 3𝑥 2 𝑑𝑥 (s) ∫ 𝑒 𝑥 cos(2𝑒 𝑥 )𝑑𝑥

(i) ∫(𝑒 2𝑡 + 2)1/3 𝑒 2𝑡 𝑑𝑡 𝑥𝑐𝑜𝑠(𝑥 2 )


(t) ∫ 2
𝑑𝑥

𝑒𝑡 3
(u) ∫ √𝑠𝑒𝑛(𝜃) cos(𝜃) 𝑑𝜃
(j) ∫ 𝑡 𝑑𝑡
𝑒 +4

Resolução da letra (m)


𝑑𝑢
∫ 𝑢2 +𝑎2 =

Dividindo por 𝑎2 , temos:


𝑑𝑢
2 1 𝑑𝑢
∫ 2𝑎 2 = 2 ∫ 2
𝑢 +𝑎 𝑎 𝑢
2 +1
𝑎 𝑎2
𝑢 1
Substituindo 𝑣 = 𝑎 , Temos: 𝑑𝑣 = 𝑎 𝑑𝑢 ⟹ 𝑑𝑢 = 𝑎𝑑𝑣

Portanto,
1 𝑑𝑢 1 𝑎𝑑𝑣 1 𝑑𝑣 1
2
∫ 2 = 2∫ 2 = ∫ 2 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝑣) + 𝑐
𝑎 𝑣 +1 𝑎 𝑣 +1 𝑎 𝑣 +1 𝑎
Logo:
𝑑𝑢 1 𝑢
∫ 𝑢2 +𝑎2 = 𝑎 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝑎)+𝑐
2. Integral Definida ou Integral de Riemann

A Integral definida nasceu da formalização matemática dos problemas de áreas e


problemas físicos. É de extrema importância o seu estudo, pois possui uma grande
aplicação em vários setores.
Suponha que se conheça 𝑓(𝑥) = 𝑑𝐹/𝑑𝑥, na qual uma certa grandeza 𝐹 está
variando e deseja encontrar a quantidade pela qual a grandeza 𝐹 variará entre 𝑥 = 𝑎
𝑒 𝑥 = 𝑏. Podemos primeiro encontrar 𝐹 por antidiferenciação, e então calcular a
diferença:
Variação em 𝐹 entre
𝑥 = 𝑎 e 𝑥 = 𝑏 ⟹ 𝐹(𝑏) – 𝐹(𝑎)
O resultado numérico deste cálculo é chamado de integral definida da função f e
𝑏
é denotado pelo símbolo: ∫𝑎 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑏
O símbolo ∫𝑎 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 é lido como “a integral definida de 𝑓 de 𝑎 até 𝑏”. Os
números 𝑎 e 𝑏 são denominados limites de integração. Nos cálculos que envolvem as
𝑏
integrais definidas, é frequentemente conveniente usar o símbolo: 𝐹(𝑥) | para a variação
𝑎
𝐹(𝑏) – 𝐹(𝑎).

Exemplo 5: Um estudo indica que, daqui a x meses a população de uma cidade


𝑑𝑃
estará crescendo a uma taxa de 𝑑𝑥 = 2 + 6√𝑥 pessoas por mês. Em quanto a população

crescerá durante os próximos 4 meses?


Solução:
P(x) = população daqui a x meses, então a taxa da variação da população em relação ao
𝑑𝑃
tempo 𝑑𝑥 = 2 + 6√𝑥 e a quantidade pela qual a população crescerá durante os próximos

4 meses será a integral definida:


4
𝑃(4) − 𝑃(0) = ∫ ( 2 + 6√𝑥)𝑑𝑥
0
4 4
= 2 ∫ 𝑑𝑥 + 6 ∫ (𝑥)1/2 𝑑𝑥
0 0
4
= 2𝑥 + 4𝑥 3/2 + 𝑐 |
0
3
= ((2(4) + 4(42 )) − (2. (0) + 4(0) + 𝑐))
= 40 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠
Seja 𝑓 uma função de 𝑥, então a sua integral definida é uma integral restrita à
valores em um intervalo específico, digamos 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏. O resultado é um número que
depende apenas de 𝑎 e 𝑏, e não de 𝑥.

Definição 2: Seja 𝑓 uma função contínua no intervalo [𝑎, 𝑏]. Suponha que este intervalo
seja divido em 𝑛 partes iguais de largura ∆𝑥 = (𝑏 − 𝑎)/𝑛, e seja 𝑥𝑗 um número
pertencente ao j-ésimo intervalo, para 𝑗 = 1,2, … , 𝑛. Neste caso, a integral definida de 𝑓
𝑏 𝑏
em [𝑎, 𝑏], denotada por ∫𝑎 𝑓(𝑥)𝑑𝑥, é dada por ∫𝑎 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = lim [∑𝑛𝑗=1 𝑓(𝑥𝑗 )]∆𝑥, se este
𝑛→∞

limite existir.
Pode-se mostrar que se a função 𝑦 = 𝑓(𝑥) é contínua em um intervalo [𝑎, 𝑏],
então ela é integrável em [𝒂, 𝒃].

Interpretação geométrica:

Suponha que 𝑦 = 𝑓(𝑥) seja contínua e positiva em um intervalo [𝑎, 𝑏]. Dividimos
este intervalo em 𝑛 subintervalos de comprimento iguais, ou seja, de comprimento
𝑏−𝑎
∆𝑥 = , de modo que 𝑎 = 𝑥0 < 𝑥1 < 𝑥2 < ⋯ < 𝑥𝑛 = 𝑏. Seja 𝑥𝑗 um ponto qualquer
𝑛

no subintervalo [𝑎𝑘−1 , 𝑎𝑘 ], 𝑘 = 1,2 … , 𝑛. Construindo em cada um desses subintervalos


retângulos com base ∆𝑥 e altura 𝑓(𝑥𝑗 ), conforme Figura 1.

Figura 1
A soma das áreas dos 𝑛 retângulos construídos é dada pelo somatório das áreas
de cada um deles, isto é,
𝑛

𝐴𝑟𝑒𝑡â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜𝑠 = [∑ 𝑓(𝑥𝑗 )] ∆𝑥
𝑗=1
Intuitivamente, é possível admitir que à medida que 𝑛 cresce ∆𝑥 diminui, e
consequentemente, o somatório anterior converge para a área da região limitada pelo
gráfico de 𝑓 e pelas retas 𝑦 = 𝑜, 𝑥 = 𝑎 e 𝑥 = 𝑏. (Figura

Figura 2 e 3

Portanto, a área desta região é dada por:

𝐴𝑟𝑒𝑡â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜𝑠 = lim [∑ 𝑓(𝑥𝑗 )] ∆𝑥


𝑛→∞
𝑗=1

Definição 3: (Soma de Riemann) Dada uma função f limitada num intervalo [a;b], e uma
partição 𝑃 = {𝑎 = 𝑥0 < 𝑥1 < 𝑥2 < ⋯ < 𝑥𝑛 = 𝑏} desse intervalo, uma soma de
Riemann é:
𝑛

∑ 𝑓(𝑥𝑗 )∆𝑥𝑗
𝑗=1

Onde 𝑥𝑗 ∈ [𝑥𝑗−1 , 𝑥𝑗 ] e ∆𝑥𝑗= 𝑥𝑗− 𝑥𝑗−1 .

Definição 4: (Integral Definida ou Integral de Riemann). Seja 𝑓 uma função definida em


[a; b], e L um número real. Dizemos que ∑𝑛𝑗=1 𝑓(𝑥𝑗 )∆𝑥𝑗 , tende a L, quando ∆𝑥𝑗 tende a
zero, e escrevemos:
𝑛

lim ∑ 𝑓(𝑥𝑗 )∆𝑥𝑗 = 𝐿


∆𝑥𝑗→0
𝑗=1

Se, para todo 𝜀 > 0 dado existir 𝛿 > 0, que só depende de 𝜀, e não da particular escola
dos 𝑥𝑗 , tal que:
𝑛

|∑ 𝑓(𝑥𝑗 )∆𝑥𝑗 − 𝐿| < 𝜀


𝑗=1

Para toda partição P de , 𝑐𝑜𝑚 𝑚á𝑥. ∆𝑥𝑗 < 𝛿.


Tal número, quando existe é único e denomina-se integral (de Riemann) de 𝑓em [𝑎, 𝑏] e
𝑏
indica-se por ∫𝑎 𝑓(𝑥)𝑑𝑥. Então por definição:
𝑏 𝑛

∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = lim ∑ 𝑓(𝑥𝑗 )∆𝑥𝑗 = 𝐿


𝑎 ∆𝑥𝑗→0
𝑗=1

O cálculo de uma integral definida a partir de sua definição pode ser


extremamente complexo e até inviável para algumas funções. Portanto, não a
utilizaremos para calcular as integrais definidas, e sim, o teorema que é considerado um
dos mais importantes do Cálculo.

Teorema Fundamental do Cálculo: Se 𝑓 for uma função contínua em [𝑎, 𝑏] e se 𝐹 for


a primitiva de 𝑓 em [𝑎, 𝑏], então:
𝒃
∫ 𝒇(𝒙)𝒅𝒙 = 𝑭(𝒃) − 𝑭(𝒂)
𝒂

Propriedade da Integral: Se 𝑓 e 𝑔 são funções contínuas no intervalo [𝑎, 𝑏], e k uma


constante, então:

𝒃 𝒃 𝒃
(i) 𝒇 + 𝒈 é 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒈𝒓á𝒗𝒆𝒍 𝒆𝒎 [𝒂, 𝒃]𝒆 ∫𝒂 (𝒇(𝒙) + 𝒈(𝒙))𝒅𝒙 = ∫𝒂 𝒇(𝒙)𝒅𝒙 + ∫𝒂 𝒈(𝒙)𝒅𝒙
𝒃 𝒃
(ii) 𝒌𝒇 é 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒈𝒓á𝒗𝒆𝒍 𝒆𝒎 [𝒂, 𝒃]𝒆 ∫𝒂 𝒌𝒇(𝒙)𝒅𝒙 = 𝒌 ∫𝒂 𝒇(𝒙)𝒅𝒙
𝒃
(iii) 𝒔𝒆 𝒇(𝒙) ≥ 𝟎 𝒆𝒎 [𝒂, 𝒃], 𝒆𝒏𝒕ã𝒐 ∫𝒂 𝒇(𝒙)𝒅𝒙 ≥ 𝟎
(iv) 𝑺𝒆 𝒄 ∈]𝒂, 𝒃[ 𝒆 𝒇 é 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒈𝒓á𝒗𝒆𝒍 𝒆𝒎 [𝒂, 𝒄]𝒆 𝒆𝒎 [𝒄. 𝒃]𝒆𝒏𝒕ã𝒐
𝒃 𝒄 𝒃
∫ 𝒇(𝒙)𝒅𝒙 = ∫ 𝒇(𝒙)𝒅𝒙 + ∫ 𝒇(𝒙)𝒅𝒙
𝒂 𝒂 𝒄

Exemplo 6: Use a integração para calcular a área das regiões delimitadas pelo eixo dos 𝑥 e pelas
funções.

(a) 𝑓(𝑥) = 2𝑥 + 1, 𝑛𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 [1,3]


3
Solução : 𝐴 = ∫1 (2𝑥 + 1)𝑑𝑥
3 3
𝐴 = 2 ∫ 𝑥𝑑𝑥 + ∫ 𝑑𝑥
1 1
2
𝑥 3
𝐴=2 +𝑥|
2 1
𝐴 = (32 ) + 3 − (12 + 1)
𝐴 = 10 𝑢𝑎

(𝑏)𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 4𝑥, 𝑥 ∈ [1,3]


𝑆𝑜𝑙𝑢çã𝑜: Como 𝑓(𝑥) > 0, ∀𝑥 ∈ [1,3], a área da região é dada por:
3 3
𝐴 = − ∫ (𝑥 2 − 4𝑥)𝑑𝑥 𝑜𝑢 𝐴 = |∫ (𝑥 2 − 4𝑥)𝑑𝑥 |
1 1
3 3
𝐴 = |∫ 𝑥 2 𝑑𝑥 − 4 ∫ 𝑥𝑑𝑥 |
1 1
3 2
𝑥 𝑥 3
𝐴=| +4 | |
3 2 1
33 13
𝐴=| + 2(32 ) − ( + 2)|
3 3
22
𝐴= 𝑢𝑎
3

2.1. Área de regiões entre curvas

Suponha que 𝑓 e 𝑔 sejam definidas em [𝑎, 𝑏] e tais que (𝑥) ≥ 𝑔(𝑥), ∀𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏]. Então
a área da região 𝑅 limitada pelos gráficos de 𝑓 e 𝑔 e pelas retas 𝑥 = 𝑎 e 𝑥 = 𝑏 é dada por:
𝑏
𝐴 = ∫ [𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)]𝑑𝑥
𝑎

Independente de 𝑓 e 𝑔 serem positivas ou não. De fato, temos três possibilidades:

(i) 𝑓(𝑥) ≥ 0, 𝑔(𝑥) ≥ 0𝑒𝑓(𝑥) ≥ 𝑔(𝑥). ∀𝑥 ∈ [𝑎. 𝑏]


𝑏 𝑏
Neste caso, 𝐴 = ∫𝑎 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 − ∫𝑎 𝑔(𝑥)𝑑𝑥

𝑏
𝐴 = ∫ [𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)]𝑑𝑥
𝑎

(ii) 𝑓(𝑥) ≥ 0, 𝑔(𝑥) ≤ 0 𝑒 𝑓(𝑥) ≥ 𝑔(𝑥), ∀𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏]


Neste caso, temos:
𝑏 𝑏
𝐴 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 + [− ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 ]
𝑎 𝑎
𝑏 𝑏
𝐴 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 − ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥
𝑎 𝑎

𝑏
𝐴 = ∫ [𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)]𝑑𝑥
𝑎

(iii) 𝑓(𝑥) ≤ 0, 𝑔(𝑥) ≤ 0 𝑒 𝑓(𝑥) ≥ 𝑔(𝑥), ∀𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏]


Neste caso, temos:
𝑏 𝑏
𝐴 = − ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 − [− ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 ]
𝑎 𝑎
𝑏 𝑏
𝐴 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 − ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥
𝑎 𝑎

𝑏
𝐴 = ∫ [𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)]𝑑𝑥
𝑎

Exemplo 7: Encontre a área da região limitada pelas curvas dadas.

(a) 𝑓(𝑥) = −𝑥 2 + 4𝑥 e 𝑔(𝑥) = 𝑥 2


Solução:
As interseções ocorrem em:
−𝑥 2 + 4𝑥 = 𝑥 2
𝑥 =0𝑒𝑥 =2
Portanto,
2
𝐴 = ∫ (−𝑥 2 + 4𝑥 − 𝑥 2 )𝑑𝑥
0
2
𝐴 = ∫ (−2𝑥 2 + 4𝑥)𝑑𝑥
0

−2𝑥 3 4𝑥 2 2
𝐴= + |
3 2 0
8
𝐴 = = 2,6667 𝑢𝑎
3
Exercícios - Lista 3:

1. Calcular as integrais.
2
(a) ∫−1 𝑥(1 + 𝑥 3 )𝑑𝑥 (e) 3 ∫0 𝑥 √1 + 𝑥 𝑑𝑥
0 1 𝑥 2 𝑑𝑥
(b) ∫−3(𝑥 2 − 4𝑥 + 7)𝑑𝑥 (f) ∫−1 √𝑥 3
+9
2 𝑑𝑥 1 𝑑𝑥
(c) ∫1 𝑥 6 𝑑𝑥 (g) ∫0 √3𝑥+1
3𝜋
(d) ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥) cos(𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
4

2. Encontre a área da região limitada pelas curvas 𝑦 = 𝑥 2 + 1 𝑒 𝑦 = 2𝑥 − 2 entre 𝑥 =


−1 𝑒 𝑥 = 2.
3. Encontre a área da região limitada pelas curvas 𝑦 = 𝑥 3 𝑒 𝑦 = 𝑥 2 .
4. Encontre a área da região limitada pela curva 𝑦 = −𝑥 2 + 4𝑥 − 3 e pelo eixo
𝑥.
5. Encontre a área da Região R no primeiro quadrante que se situa sob a curva
𝑦 = 1/𝑥 e é limitado por esta curva e pelas retas 𝑦 = 𝑥, 𝑥 = 0 𝑒 𝑥 = 2.
6. Encontre a área da região S, limitada pela curva 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛𝑥 e pelo eixo dos 𝑥 de
[0, 𝜋].
7. Encontre a área limitada pelas curvas 𝑦 = 𝑥 2 − 1 e 𝑦 = 𝑥 + 1. As curvas
interceptam-se nos pontos de abscissa -1 e 2.

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