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MATEMÁTICA PARA A

ENGENHARIA III

Material organizado por Profa. Me. ANA PAULA ERN DA SILVA


Material utilizado por Profa. Me. Graciela Piacentini
gracielap@feevale.br

Novo Hamburgo 2023


Introdução as Equações Diferenciais

Uma equação diferencial é aquela que contém uma função desconhecida e uma ou mais
de suas derivadas. Modelos matemáticos são desenvolvidos para auxiliar na
compreensão de fenômenos físicos. É comum estes modelos gerarem uma equação
diferencial.

As equações diferenciais ordinárias (EDOs) são equações diferenciais que envolvem


funções de uma só variável, já as equações diferenciais parciais (EDPs), envolvem
funções de mais variáveis.

A ordem de uma equação diferencial é a ordem da derivada mais alta que ocorre na
equação.

Exemplos:
𝑑2 𝑞 𝑑𝑞 1
✓ 𝐿 𝑑𝑡 2 + 𝑅 𝑑𝑡 + 𝐶 𝑞 = 𝐸(𝑡) EDO de segunda ordem, aplicada no estudo de

circuito elétrico.
✓ No estudo de cordas vibrantes e da propagação de ondas encontramos EDPs, tais
𝜕2𝑢 𝜕2𝑢
como 𝜕𝑡 2 − 𝑐 2 𝜕𝑥 2 = 0, esta é de segunda ordem.
𝑑𝑇
✓ = 𝑘(𝑇 − 𝑇𝑚 ) EDO de primeira ordem, equação da Lei de resfriamento de
𝑑𝑡

Newton.
𝜕 2 𝑢(𝑥,𝑡) 𝜕𝑢(𝑥,𝑡)
✓ 𝑎2 = EDP de segunda ordem, equação da condução do calor em
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡

uma barra.
𝑑𝑃
✓ = 𝑘𝑃 , modelo para crescimento populacional. Esta é uma EDO de primeira
𝑑𝑡

ordem.

Equação linear ou não linear:

Uma equação diferencial é linear se ela tiver o formato:


𝑑𝑛 𝑦 𝑑𝑛−1 𝑦 𝑑𝑦
𝑎𝑛 ( 𝑥 ) + 𝑎𝑛−1 (𝑥 ) + ⋯ + 𝑎1 (𝑥 ) + 𝑎0 (𝑥 )𝑦 = 𝐹(𝑥), onde
𝑑𝑥 𝑛 𝑑𝑥 𝑛−1 𝑑𝑥

𝑎𝑛 (𝑥 ), 𝑎𝑛−1 (𝑥), ⋯ , 𝑎1 (𝑥 ), 𝑎0 (𝑥 ) e 𝐹(𝑥) dependem apenas da variável independente


𝑥, caso contrário dizemos que ela é não linear.

2
Exemplos:
𝑑2 𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑦
✓ − 𝑦 𝑑𝑥 = 𝑐𝑜𝑠𝑥 (não linear por causa do 𝑦 em frente do 𝑑𝑥 )
𝑑𝑥 2
𝑑𝑦
✓ 𝑥 2 𝑑𝑥 = 𝑥 3 + 𝑦 (linear)
𝑑2 𝑦
✓ + 𝑦 3 = 0 (não linear por causa do 𝑦 3 )
𝑑𝑥 2

Condição inicial:

Quando resolvemos uma equação diferencial encontramos uma família de soluções


(solução geral), são funções que contém uma constante C, mas quando aplicamos as
equações diferenciais geralmente estamos interessados em encontrar uma solução que
satisfaça condições adicionais. Precisamos de uma solução particular que satisfaça uma
condição do tipo 𝑦(𝑡0 ) = 𝑦0 , esta é chamada condição inicial e o problema chama-se
problema de valor inicial.

Exemplo:
𝑑𝑦
A equação diferencial ordinária = 2𝑥 tem como solução a função 𝑦(𝑥 ) = 𝑥 2 + 𝐶
𝑑𝑥
onde 𝐶 é uma constante, desta forma temos uma família de soluções, mas se tivermos
como condição inicial 𝑦(0) = 3, encontraremos a solução particular 𝑦(𝑥 ) = 𝑥 2 + 3,
veremos adiante como resolver as equações.

3
Resolução de equações diferenciais:

Não existe um método único que resolva toda e qualquer equação diferencial, conforme
o tipo de equação que se apresenta temos métodos diferentes para resolvê-la, aqui,
nesta disciplina, estudaremos alguns dos principais métodos de resolução.

Método da integração direta


Este método pode ser aplicado quando apenas um dos termos da EDO tem derivada e
este pode ser isolado em um dos lados da equação, sobrando no outro lado apenas
constantes ou função que dependa da mesma variável ao qual se refere a derivada.
Perceba que nesta forma a equação não tem termo que envolva a função desconhecida.
Aplicável a EDOs de qualquer ordem nestas condições. Integra-se os dois lados até obter
a função 𝑦.

Perceba que a equação diferencial 𝑦 ′′′ − 𝑥 2 𝑒 −5𝑥 = 0 pode ser resolvida por integração
direta, pois possui um termo único com uma derivada de y e nenhum termo contendo
y. Porém, a equação 𝑦 ′′′ + 3𝑥𝑦 − 𝑥 2 𝑒 −5𝑥 = 0 não pode ser resolvida por integração
direta, pois possui um termo contendo a função desconhecida 𝑦.

Exemplos:
𝑑2 𝑦
1) = 𝑐𝑜𝑠𝑥 + 𝑒 3𝑥
𝑑𝑥 2

𝑑𝑦
2) + 3𝑥 = 𝑠𝑒𝑛𝑥 − 2 com a condição 𝑦(0) = 2
𝑑𝑥

Exercícios: Através de integração simples determinar a solução da EDO.


𝑑3 𝑦
a) y’’=18x+3 b) 𝑑𝑥 3 = 7 c) y’’=x

𝑑𝑦 𝑑4𝑦 𝑑2 𝑦
d) 𝑑𝑥 − 𝑥 2 = 0 e) 𝑑𝑥 4 = 𝑥 2 + 𝑥 − 1 f) 𝑑𝑥 2 = 3 𝑠𝑒𝑛 𝑥 − 4 𝑐𝑜𝑠 𝑥

Respostas:
3 7 𝑥2 𝑥3
a)y= 3𝑥 3 + 2 𝑥 2 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 b) y= 6 𝑥 3 + 𝑐1 2
+ 𝑐2 𝑥 + 𝑐3 c) y= 6 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2

x3 𝑥6 𝑥5 𝑥4 𝑥3 𝑥2
d) y= +c e) y=360 + 120 − 24 + 𝑐1 6
+ 𝑐2 2
+ 𝑐3 𝑥 + 𝑐4 f) y=-3senx+4cosx+c1x+c2
3

4
Método de separação de variáveis

Uma equação separável é uma equação diferencial de primeira ordem que pode ser
𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑔(𝑥)
escrita na forma = 𝑔(𝑥)𝑓(𝑦), se 𝑓(𝑦) ≠ 0, podemos escrever = ℎ(𝑦), onde
𝑑𝑥 𝑑𝑥
ℎ(𝑦) = 1/𝑓(𝑦), ou ainda ℎ(𝑦)𝑑𝑦 = 𝑔(𝑥 )𝑑𝑥, desta forma todos os y estão de um lado
da equação e todos os x do outro. Integra-se então os dois lados da equação

∫ ℎ(𝑦)𝑑𝑦 = ∫ 𝑔(𝑥 )𝑑𝑥

Veja um exemplo de uma equação aparentemente simples, porém que não é separável
𝑑𝑦
= 1 + 𝑥𝑦
𝑑𝑥
Exemplos:

Resolva as equações diferenciais separáveis:


𝑑𝑦 6𝑥 2
a) =
𝑑𝑥 2𝑦+𝑐𝑜𝑠𝑦

𝑑𝑦
b) = 𝑥2𝑦
𝑑𝑥

𝑑𝑦 𝑥−5
c) =
𝑑𝑥 𝑦2

d) 𝑥𝑦 4 𝑑𝑥 + (𝑦 2 + 2)𝑒 −3𝑥 𝑑𝑦 = 0

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1ª Lista de Exercícios

1) Classifique as equações diferenciais a seguir em EDO ou EDP, verifique sua ordem e


no caso das EDOs, verifique também se é linear ou não linear.
𝜕 2𝑢 𝜕 2𝑢
a) + 𝜕𝑦 2 = 𝑢
𝜕𝑥 2

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
b) 𝑥 2 𝑑𝑥 2 − 3𝑥 𝑑𝑥 + 𝑦 = 𝑥 2
𝑑3 𝑦 𝑑𝑦
c) (𝑠𝑒𝑛𝑥𝑦) 𝑑𝑥 3 + 4𝑥 𝑑𝑥 = 0

2) Verifique se a função indicada é solução da EDO dada


a) EDO 𝑦 ′ + 2𝑥𝑦 = 2 + 𝑥 2 + 𝑦 2 ; suposta solução 𝑦(𝑥 ) = 𝑥 + 𝑡𝑔𝑥
b) EDO 𝑦 ′′ − 4𝑦 = 0; suposta solução 𝑦(𝑥 ) = 3𝑒 −2𝑥

3) Resolva as EDOs a seguir, mas antes avalie qual método usar.

a) 𝑒 𝑥 𝑦 ′′ + 𝑥𝑒 3𝑥 = 0

𝑑𝑦 𝑦−1
b) = 𝑥+3
𝑑𝑥

c) 𝑥𝑒 −𝑦 𝑠𝑒𝑛𝑥𝑑𝑥 − 𝑦𝑑𝑦 = 0

𝑑𝑦 3
d) = 𝑥 2 𝑒 −2𝑥
𝑑𝑥

𝑑2 𝑦
e) − 4𝑒 −4𝑥 = 0
𝑑𝑥 2

f) 𝑦 ′ − 5𝑦 = 0

𝑥2
g) 𝑦 ′ =
𝑦(1+𝑥 3 )

𝑑𝑦
h) = (𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 )(𝑐𝑜𝑠 2 2𝑦)
𝑑𝑥

𝑑𝑦
i) = 𝑒 3𝑥+2𝑦
𝑑𝑥

𝑑𝑃
j) + 𝑃 = 𝑃𝑡𝑒 𝑡+2
𝑑𝑡

k) 𝑠𝑒𝑛(3𝑥 )𝑑𝑥 + 2𝑦𝑐𝑜𝑠 3 (3𝑥 )𝑑𝑦 = 0

l) sec(𝑥 ) 𝑑𝑦 − 𝑥𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑦)𝑑𝑥 = 0

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4) Resolva as EDOS a seguir sujeitas as condições indicadas.
𝑑3 𝑦
a) = 2𝑥 + 𝑒 3𝑥 − 5 com 𝑦 ′′ (0) = 2; 𝑦 ′ (0) = 0; 𝑦(0) = 1
𝑑𝑥 3

b) (𝑒 −𝑦 + 1)𝑠𝑒𝑛𝑥𝑑𝑥 = (1 + 𝑐𝑜𝑠𝑥 )𝑑𝑦, 𝑦(0) = 0

c) 𝑥 2 𝑦 ′ = 𝑦 − 𝑥𝑦, 𝑦(−1) = −1

d) 𝑦𝑑𝑦 = 4𝑥√𝑦 2 + 1 𝑑𝑥, 𝑦(0) = 1

RESPOSTAS:

1) a) EDP de 2ª ordem; b) EDO de 2ª ordem, linear; c) EDO de 3ª ordem, não linear


2) a) sim; b) sim
𝑒 2𝑥
3) a) 𝑦(𝑥) = (1 − 𝑥 ) + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2
4

b) 𝑦(𝑥 ) = ±𝑐 (𝑥 + 3) + 1
c) 𝑒 𝑦 (𝑦 − 1) = −𝑥𝑐𝑜𝑠𝑥 + 𝑠𝑒𝑛𝑥 + 𝑐
3
𝑒 −2𝑥
d) 𝑦 (𝑥 ) = − +𝑐
6
𝑒 −4𝑥
e) 𝑦(𝑥 ) = + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2
4
1⁄
f) 𝑐𝑒 𝑥 = |𝑦| 5

2
g) 𝑦 2 = 3 𝑙𝑛|1 + 𝑥 3 | + 𝑐
1 1 1
h) 𝑡𝑔(2𝑦) = 2 𝑥 + 4 𝑠𝑒𝑛(2𝑥 ) + 𝑐
2

i) −3𝑒 −2𝑦 = 2𝑒 3𝑥 + 𝑐
j) ln|𝑃| = 𝑒 𝑡+2 (𝑡 − 1) − 𝑡 + 𝑐
1
k) 𝑦 2 = − 6𝑐𝑜𝑠 2(3𝑥) + 𝑐

l) ln|sec(𝑦)| = 𝑥𝑠𝑒𝑛𝑥 + 𝑐𝑜𝑠𝑥 + 𝑐


𝑥4 1 5𝑥 3 5𝑥 2 𝑥 26
4) a) 𝑦(𝑥 ) = 12 + 27 𝑒 3𝑥 − + − 9 + 27
6 6
4
b) 𝑒 𝑦 = (1+𝑐𝑜𝑠𝑥) − 1

𝑒 −(1+1/𝑥)
c) 𝑦 =
𝑥

2
d) 𝑦 2 = (2𝑥 2 + √2) − 1

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Aplicações de equações diferenciais

Ao longo desta disciplina veremos algumas aplicações das EDOs.

Queda livre de um corpo:

Exemplo na introdução do livro NAGLE, R. Kent; SAFF, Edward B.; SNIDER, Arthur
David. Equações diferenciais. 8. ed. São Paulo, SP: Pearson, 2012. xviii, 570 p. ISBN
9788581430836,
Já visto na 1ª aula, na introdução desta disciplina.

Lei de resfriamento de Newton:

A taxa de variação da temperatura 𝑇(𝑡) de um corpo em resfriamento é proporcional à


diferença entre a temperatura do corpo e a temperatura constante do meio ambiente,
𝑑𝑇
ou seja, = 𝑘(𝑇 − 𝑇𝑚 ), sendo 𝑘 uma constante de proporcionalidade.
𝑑𝑡

Crescimento e decaimento:

𝑑𝑥
O problema de valor inicial dado por = 𝑘𝑥, 𝑥(𝑡0 ) = 𝑥0 em que 𝑘 é uma constante
𝑑𝑡

de proporcionalidade, ocorre em muitas teorias físicas envolvendo crescimento e


decaimento. Por exemplo, em biologia, é frequentemente observado que a taxa de
crescimento de certas bactérias é proporcional ao úmero de bactérias presentes no
dado instante. Durante um curto intervalo de tempo, a população de pequenos animais,
tais como roedores, pode ser prevista com alto grau de precisão pela solução desta
equação. Em física, um problema de valor inicial como este proporciona um modelo para
o cálculo aproximado da quantidade remanescente de uma substância que está sendo
desintegrada através de radioatividade. Em química, a quantidade remanescente de
uma substância durante certas reações também pode ser descrita desta forma.

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Exemplos:

1) Quando um bolo é retirado do forno, sua temperatura é de 300ºF. Três minutos


depois, sua temperatura passa para 200ºF. Quanto tempo levará para sua
temperatura chegar a 72 ºF, se a temperatura do meio ambiente em que ele foi
colocado for de exatamente 70ºF

2) O Isótopo radioativo de chumbo, Pb-209, decresce a uma taxa proporcional à


quantidade presente em qualquer tempo. Sua meia-vida é 3,3 horas. Se 1 grama
de chumbo está presente inicialmente, quanto tempo levará para 90% de chumbo
desaparecer?

3) Era meio-dia em um dia frio de dezembro em Tampa: 16ºC. O detetive Taylor


chegou à cena do crime e encontrou o sargento inclinado sobre o corpo. O
sargento disse que havia vários suspeitos. Se eles soubessem a hora exata da
morte, então poderiam reduzir a lista. O detetive Taylor apanhou um termômetro
e mediu a temperatura do corpo: 34,5ºC. Depois, saiu para almoçar. Ao retornar
às 13h, descobriu que a temperatura do corpo era 33,7ºC. Quando ocorreu o
assassinato? (Dica: a temperatura normal do corpo é 37ºC).

4) A população de uma cidade cresce a uma taxa proporcional à população em


qualquer tempo. Sua população inicial de 350 habitantes aumenta 12% em 9 anos.
Qual será a população em 20 anos?

Bibliografia consultada:

BRANNAN, James R. Equações diferenciais uma introdução a métodos modernos e


suas aplicações. Rio de Janeiro LTC 2008 1 recurso online ISBN 978-85-216-2337-3.

ÇENGEL, Yunus A.; PALM, III, William J. Equações diferenciais. Porto Alegre, RS: AMGH,
2014. xii, 585 p. ISBN 9788580553482

NAGLE, R. Kent; SAFF, Edward B.; SNIDER, Arthur David. Equações diferenciais. 8. ed.
São Paulo, SP: Pearson, 2012. xviii, 570 p. ISBN 9788581430836

STEWART, James. Cálculo, v. 2. 8. São Paulo Cengage Learning 2017 1 recurso online
ISBN 9788522126866.

ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R. Equações diferenciais. [3. ed.]. São Paulo, SP:
Pearson Education, 2003. 2v. ISBN 8534612919 .

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Método do Fator Integrante:
para equações lineares de primeira ordem

Uma equação linear de primeira ordem é uma equação que pode ser escrita na forma
𝑑𝑦
𝑎1 (𝑥 ) 𝑑𝑥 + 𝑎0 (𝑥 )𝑦 = 𝑏(𝑥), onde 𝑎1 (𝑥 ), 𝑎0 (𝑥 ) e 𝑏(𝑥) dependem somente da variável

independente 𝑥, e não de 𝑦.

𝑑𝑦
Dividindo a equação 𝑎1 (𝑥 ) 𝑑𝑥 + 𝑎0 (𝑥 )𝑦 = 𝑏(𝑥), por 𝑎1 (𝑥 ) temos a forma padrão:
𝑑𝑦 𝑎 (𝑥) 𝑏(𝑥)
+ 𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑓(𝑥) onde 𝑃 (𝑥) = 𝑎0 (𝑥) e 𝑓(𝑥 ) = 𝑎
𝑑𝑥 1 1 (𝑥)

Justificativa do método:
Queremos determinar 𝐹𝐼(𝑥) de modo que o lado esquerdo da equação acima
multiplicada pelo 𝐹𝐼(𝑥) seja a derivada do produto 𝐹𝐼(𝑥) ∙ 𝑦:
𝑑𝑦
𝐹𝐼(𝑥 ) ∙ + 𝐹𝐼(𝑥 ) ∙ 𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑓(𝑥 ) ∙ 𝐹𝐼(𝑥 )
⏟ 𝑑𝑥
𝑑
[(𝐹𝐼(𝑥))∙𝑦]
𝑑𝑥

Isto exige que 𝐹𝐼 ′ = 𝐹𝐼 ∙ 𝑃


𝑑(𝐹𝐼)
= 𝐹𝐼 ∙ 𝑃 e separando as variáveis temos
𝑑𝑥
1
𝑑 (𝐹𝐼) = 𝑃 ∙ 𝑑𝑥 integrado os dois lados temos
𝐹𝐼
𝑑(𝐹𝐼)
∫ = ∫ 𝑃(𝑥 )𝑑𝑥
𝐹𝐼

ln(𝐹𝐼 ) = ∫ 𝑃 (𝑥)𝑑𝑥

𝐹𝐼 = 𝑒 ∫ 𝑃(𝑥)𝑑𝑥 que é o fator integrante

Utilizando 𝐹𝐼 como o fator integrante, a equação


𝑑𝑦 𝑑
𝐹𝐼(𝑥 ) ∙ 𝑑𝑥 + 𝐹𝐼(𝑥 ) ∙ 𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑓 (𝑥 ) ∙ 𝐹𝐼(𝑥 ) torna-se [𝐹𝐼(𝑥) ∙ 𝑦] = 𝑓 (𝑥 ) ∙ 𝐹𝐼 (𝑥), ou
𝑑𝑥

seja, temos a derivada do produto, porém para isso é necessário que 𝐹𝐼 = 𝑒 ∫ 𝑃(𝑥)𝑑𝑥 .

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Resolução de EDO usando este método do Fator Integrante:

(A) Escreva a equação na forma padrão


𝑑𝑦
+ 𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑓(𝑥)
𝑑𝑥

(B) Determine o fator integrante


𝐹𝐼(𝑥) = 𝑒 ∫ 𝑃(𝑥)𝑑𝑥

(C) Multiplique os dois lados da equação pelo fator integrante (𝐹𝐼(𝑥)) e lembre-se
que o lado esquerdo será a derivada do produto da função y pelo fator integrante
(a justificativa do método demonstra isso)
𝑑𝑦
[𝐹𝐼(𝑥 )] + [𝐹𝐼(𝑥 )]𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑓(𝑥 )[𝐹𝐼(𝑥 )]
⏟ 𝑑𝑥
𝑑
[(𝐹𝐼(𝑥))∙𝑦]
𝑑𝑥

𝑑
[(𝐹𝐼(𝑥)) ∙ 𝑦] = 𝑓(𝑥)(𝐹𝐼)
𝑑𝑥

(D) Integre os dois lados desta equação para obter a função 𝑦(𝑥).

Exemplo 1:
Encontre a solução geral para a equação
1 𝑑𝑦 2𝑦
− 𝑥 2 = 𝑥𝑐𝑜𝑠𝑥, 𝑥 > 0
𝑥 𝑑𝑥

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Exemplo 2:
Encontre a solução geral para a equação
𝑑𝑦
𝑥 − 4𝑦 = 𝑥 6 𝑒 𝑥
𝑑𝑥

Exemplo 3:
Encontre a solução geral para a equação
𝑑𝑦
− 3𝑦 = 0
𝑑𝑥

12
Exemplo 4:
Resolva o problema de valo inicial
𝑑𝑦
+ 2𝑥𝑦 = 𝑥, 𝑦(0) = −3
𝑑𝑥

Aplicação do método do fator integrante:

Em um circuito em série contendo somente um resistor e um indutor, a segunda lei de


𝑑𝑖
Kirchhoff diz que a soma da queda de tensão no indutor (𝐿 𝑑𝑡 ) e da queda de tensão no
resistor (𝑖𝑅) é igual à voltagem 𝐸(𝑡) no circuito. Logo, obtemos a equação diferencial
𝑑𝑖
linear para a corrente 𝑖(𝑡), 𝐿 + 𝑅𝑖 = 𝐸(𝑡), em que L e R são constantes conhecidas
𝑑𝑡
como a indutância e a resistência, respectivamente.

Exemplo 5:
1
Uma bateria de 12 volts é conectada a um circuito em série no qual a indutância é de 2
henry e a resistência, 10 ohms. Determine a corrente 𝑖 se a corrente inicial é zero.

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2ª Lista de Exercícios

1) Resolva as seguintes EDOs.


𝑑𝑦 𝑦
a) = 𝑥 + 2𝑥 + 1
𝑑𝑥
𝑑𝑦
b) 𝑥 𝑑𝑥 + 2𝑦 = 𝑥 −3
𝑑𝑦
c) (𝑥 2 + 1) 𝑑𝑥 + 𝑥𝑦 − 𝑥 = 0
𝑑𝑦
d) 𝑐𝑜𝑠𝑥 𝑑𝑥 + 𝑦𝑠𝑒𝑛𝑥 = 1

2) Resolva os problemas de valor inicial:


𝑑𝑦 𝑦
a) − 𝑥 = 𝑥𝑒 𝑥 com 𝑦(1) = 𝑒 − 1
𝑑𝑥

𝑑𝑦 𝜋 −15𝜋2 √2
b) 𝑐𝑜𝑠𝑥 𝑑𝑥 + 𝑦𝑠𝑒𝑛𝑥 = 2𝑥𝑐𝑜𝑠 2 𝑥, com 𝑦 ( 4 ) = 32
𝑑𝑦
c) + 5𝑦 = 20 com 𝑦(0) = 2
𝑑𝑥

3) Uma força eletromatriz de 30 volts é aplicada a um circuito em série 𝐿 − 𝑅 no


qual a indutância é de 0,5 henry e a resistência, 50 ohms. Encontre a corrente
𝑖(𝑡) se 𝑖(0) = 0. Determine a corrente quando 𝑡 → ∞

RESPOSTAS:
1) a) 𝑦 = 𝑥(2𝑥 + 𝑙𝑛|𝑥| + 𝐶)
𝐶 1
b) 𝑦 = 𝑥 2 − 𝑥 3
1
c) 𝑦 = 1 + 𝐶(𝑥 2 + 1)− ⁄2
d) 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛𝑥 + 𝐶𝑐𝑜𝑠𝑥, − 𝜋⁄2 < 𝑥 < 𝜋⁄2

2) a) 𝑦 = 𝑥𝑒 𝑥 − 𝑥
b) 𝑦 = 𝑥 2 𝑐𝑜𝑠𝑥 − 𝜋 2 𝑐𝑜𝑠𝑥
c) 𝑦 = 4 − 2𝑒 −5𝑥

3 3 3
3) 𝑖(𝑡) = 5 − 5 𝑒 −100𝑡 ; 𝑖 → 5 quando 𝑡 → ∞

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3ª Lista de Exercícios

Resolva as seguintes EDOs.


𝑑𝑦
a) = 𝑠𝑒𝑛(5𝑥 )
𝑑𝑥
𝑑2 𝑦
b) = 𝑠𝑒𝑛(5𝑥 )
𝑑𝑥 2
𝑑𝑦
c) = 𝑥 2 𝑒 −4𝑥 − 4𝑦
𝑑𝑥

d) (𝑥 2 𝑦 2 + 3𝑦 2 )𝑑𝑦 − 2𝑥𝑑𝑥 = 0
𝑑𝑦
e) 𝑥 𝑑𝑥 + 𝑠𝑒𝑛𝑥 + 𝑦 = 0
𝑑𝑦 1 2𝑥
f) 2 − =
𝑑𝑥 𝑦 𝑦

Respostas:
1
a) 𝑦 = − 5 cos(5𝑥 ) + 𝑐
1
b) 𝑦 = − 25 𝑠𝑒𝑛(5𝑥 ) + 𝐶1 𝑥 + 𝐶2
𝑥3
c) 𝑦 = 𝑒 −4𝑥 ( 3 + 𝑐)

d) 𝑦 3 = 3𝑙𝑛|𝑥 2 + 3| + 3𝐶
𝑐𝑜𝑠𝑥 𝑐
e) 𝑦 = +𝑥
𝑥

f) 𝑦 2 = 𝑥 2 + 𝑥 + 𝐶

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Equações de Bernoulli

𝑑𝑦
Uma equação de primeira ordem que pode ser escrita na forma 𝑑𝑥 + 𝑃(𝑥 )𝑦 = 𝑓(𝑥)𝑦 𝑛,

onde 𝑃(𝑥 ) e 𝑓(𝑥) são contínuos em um intervalo (𝑎, 𝑏) e 𝑛 é um número real, é


chamada de equação de Bernoulli.

Para valores de 𝑛 diferentes de 0 ou 1, usamos a substituição 𝑤 = 𝑦 1−𝑛 para obter uma


equação linear e então resolvê-la pelo método do fator integrante visto anteriormente.

𝑑𝑦
Para inserir 𝑤 = 𝑦 1−𝑛 na equação de Bernoulli, precisaremos de 𝑦 e
𝑑𝑥

𝑦
Assim: 𝑤 = 𝑦 1−𝑛 → 𝑤 = 𝑦𝑛 → 𝑦 = 𝑤𝑦 𝑛

𝑑𝑤 𝑑𝑦 𝑑𝑤 (1−𝑛) 𝑑𝑦
= (1 − 𝑛)𝑦1−𝑛−1 𝑑𝑥 → = → 𝑑𝑦 1 𝑑𝑤
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑦𝑛 𝑑𝑥 = 𝑦𝑛
𝑑𝑥 1 − 𝑛 𝑑𝑥

𝑑𝑦
Substituindo na equação 𝑑𝑥 + 𝑃(𝑥 )𝑦 = 𝑓(𝑥)𝑦 𝑛 temos:

1 𝑑𝑤
𝑦𝑛 + 𝑃(𝑥 )𝑤𝑦 𝑛 = 𝑓(𝑥)𝑦 𝑛 agora dividimos toda a equação por 𝑦 𝑛
1−𝑛 𝑑𝑥

1 𝑑𝑤
+ 𝑃 (𝑥)𝑤 = 𝑓(𝑥) multiplicamos a equação por (1 − 𝑛) e teremos
1−𝑛 𝑑𝑥

𝑑𝑤
+ (1 − 𝑛)𝑃(𝑥 )𝑤 = (1 − 𝑛)𝑓(𝑥 ); equação a ser resolvida método do fato integrante
𝑑𝑥

16
Exemplos:

Resolva as equações:

𝑑𝑦 5
a) − 5𝑦 = − 2 𝑥𝑦 3
𝑑𝑥

𝑑𝑦
b) − 𝑦 = 𝑒 2𝑥 𝑦 3
𝑑𝑥

𝑑𝑦 1
c) 𝑥 𝑑𝑥 + 𝑦 = 𝑦 2

𝑑𝑦
d) 3(1 + 𝑥 2 ) 𝑑𝑥 = 2𝑥𝑦(𝑦 3 − 1)

Respostas:

𝑥 1
a) 𝑦 −2 = 2 − 20 + 𝐶𝑒 −10𝑥

𝑒 2𝑥
b) 𝑦 −2 = − + 𝑐𝑒 −2𝑥
2

c) 𝑦 3 = 1 + 𝑐𝑥 −3

d) 𝑦 −3 = 1 + 𝑐(1 + 𝑥 2 )

Bibliografia consultada para o método do Fator Integrante e Equações de Bernoulli:


NAGLE, R. Kent; SAFF, Edward B.; SNIDER, Arthur David. Equações diferenciais. 8. ed.
São Paulo, SP: Pearson, 2012. xviii, 570 p. ISBN 9788581430836

ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R. Equações diferenciais. [3. ed.]. São Paulo, SP:
Pearson Education, 2003. 2v. ISBN 8534612919 .

17
ATENÇÃO

Equações diferenciais lineares homogênea com


coeficientes constantes: (conteúdo disponível na
temática EAD, deve ser acessado e estudado antes de
passar ao próximo item)

Equações diferenciais lineares NÃO homogênea


com coeficientes constantes:

O Método dos Coeficientes Indeterminados

Considere a equação NÃO homogênea de ordem n, com coeficientes constantes dada


𝑑𝑛 𝑦 𝑑𝑛−1 𝑦
por 𝑎0 𝑑𝑥 𝑛 + 𝑎1 𝑑𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑦 = 𝑔(𝑥) em que 𝑎0 , 𝑎1 , ⋯ , 𝑎𝑛 são constantes e
𝑔(𝑥) ≠ 0. Uma solução particular 𝑌 da equação diferencial linear não homogênea de
ordem n com coeficientes constantes pode ser obtida pelo método dos coeficientes
indeterminados, desde que o termo não homogêneo 𝑔(𝑥) tenha uma forma apropriada.

A solução geral desta equação será dada pela soma da solução da equação homogênea
com a particular 𝑦(𝑥 ) = 𝑦ℎ + 𝑦𝑝 .

Este método é indicado quando 𝑔(𝑥) for uma soma de polinômios, exponenciais, senos
e cossenos, ou um produto de tais funções, onde esperamos que seja possível encontrar
𝑌(𝑥) escolhendo convenientemente combinações de polinômios, exponenciais etc.,
multiplicadas por um número de constantes indeterminadas, o que chamaremos de
solução particular. Tais constantes são determinadas substituindo-se a expressão
escolhida na equação diferencial não homogênea.

Cabe ressaltar que pode ser necessário multiplicar as parcelas propostas para a parte
não homogênea da solução por potências mais altas de 𝑥 de modo a obter funções
diferentes das correspondentes à solução da equação homogênea associada, o que
veremos em um dos exemplos a seguir.

Obs: Perceba acima que este método não é indicado para qualquer tipo de função. A
escolha da proposta de solução particular deve atender as mesmas características da
função 𝑔(𝑥). Tenha ainda o cuidado de avaliar a solução homogênea antes de propor
uma solução particular para ver a possível necessidade de multiplicar a proposta da
solução não homogênea por potências mais altas da variável.

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Exemplo: Resolva, em aula, com a profe, as EDOs não homogêneas a seguir:

1) 𝑦 ′′ − 5𝑦 ′ + 6𝑦 = 1
2) 𝑦 ′′ − 𝑦 = 𝑥 2 − 1
3) 𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑐𝑜𝑠𝑥 + 𝑥
4) 𝑦 ′′ + 𝑦 ′ = 5
5) 𝑦 ′′ − 6𝑦 ′ + 9𝑦 = 𝑒 3𝑥

Debate sobre como supor a solução particular:

No exemplo a seguir, o objetivo é debater a forma adequada da solução particular, mas


não resolvê-la. Para tal, já é dada a solução homogênea, necessária nesta análise.

𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 4𝑦 = 5𝑥 3 + 2 cos(3𝑥) + 8𝑥 2 𝑒 𝑥

𝑦ℎ = 𝐶1 𝑒 −2𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 −2𝑥

Supor 𝑦𝑝 = ?

Exemplos de aplicações de EDOs com coeficientes constantes

Circuitos em Série LRC:

Se 𝑖(𝑡) denota a corrente em um circuito elétrico em série LRC mostrado na figura (a)
abaixo, então a queda de voltagem através do indutor, resistor e capacitor é igual a
apresentada na figura (b). Pela segunda lei de Kirchoff, a soma dessas voltagens é igual
𝑑𝑖 1
a voltagem 𝐸(𝑡) impressa no circuito, isto é 𝐿 𝑑𝑡 + 𝑅𝑖 + 𝐶 𝑞 = 𝐸 (𝑡). Como a carga 𝑞(𝑡)
𝑑𝑞
no capacitor está relacionada com a corrente 𝑖(𝑡) através de 𝑖 = , então podemos
𝑑𝑡
𝑑2 𝑞 𝑑𝑞 1
reescrever a equação acima como 𝐿 𝑑𝑡 2 + 𝑅 𝑑𝑡 + 𝐶 𝑞 = 𝐸(𝑡).

19
Lei de Hooke: Supondo uma massa m atada a uma mola flexível suspensa por um
suporte rígido. Pela lei de Hooke, a mola exerce uma força restauradora 𝐹 oposta à
direção do alongamento e proporcional à distensão 𝑠 tal que 𝐹 = 𝑘𝑠, onde k é uma
constante de proporcionalidade.
𝑑2 𝑥 𝑘
Equação diferencial do Movimento Livre Sem Amortecimento: 𝑑𝑡 2 + 𝑚 𝑥 = 0

𝑑2 𝑥 𝛽 𝑑𝑥 𝑘
Equação diferencial do Movimento Livre Com Amortecimento: 𝑑𝑡 2 + 𝑚 𝑑𝑡 + 𝑚 𝑥 = 0

𝑑2 𝑥 𝛽 𝑑𝑥 𝑘
Equação diferencial do Movimento Forçado: 𝑑𝑡 2 + 𝑚 𝑑𝑡 + 𝑚 𝑥 = 𝐹(𝑡)

5
a) Encontre a carga 𝑞(𝑡) no capacitor em um circuito em série LRC quando 𝐿 = 3 henry,
1
𝑅 = 10 ohms, 𝐶 = 30 farad, 𝐸(𝑡) = 300, 𝑞(0) = 0 coulomb, 𝑖(0) = 0 ampères.

Resposta: 𝑞 (𝑡) = 10 − 10𝑒 −3𝑡 (𝑐𝑜𝑠3𝑡 + 𝑠𝑒𝑛3𝑡)

b) Um sistema do tipo massa-mola é impulsionado por uma força externa senoidal


𝑔(𝑡) = 5𝑠𝑒𝑛𝑡. A massa é igual a 1, a constante da mola é igual a 3 e o coeficiente de
amortecimento é igual a 4. Se a massa estiver inicialmente localizada em 𝑥(0) = 1/2
e em repouso, ou seja, 𝑥 ′ (0) = 0, ache sua equação do movimento.
1 1
Resposta: 𝑥 (𝑡) = 2𝑒 −𝑡 − 2 𝑒 −3𝑡 + 2 𝑠𝑒𝑛𝑡 − 𝑐𝑜𝑠𝑡

c) Uma massa de 1kg é atada a uma mola cuja constante de elasticidade é 16N/m e o
sistema inteiro é então submerso em um líquido que oferece uma força de
amortecimento numericamente igual a 10 vezes a velocidade instantânea.
Determine a equação do movimento se o peso parte do repouso de um ponto a 1 m
abaixo da posição de equilíbrio.
4 1
Resposta𝑥(𝑡) = 3 𝑒 −2𝑡 − 3 𝑒 −8𝑡

O Método de Variação de Parâmetros

20
Veremos aqui uma apresentação resumida de um método mais geral para soluções de
equações diferenciais não homogêneas com coeficientes constantes, o Método de
Variação de Parâmetros. Ele se aplica de forma mais genérica a qualquer tipo de função
encontrada na não homogeneidade, porém, ao trabalhar com ele, precisamos encontrar
integrais que por vezes se tornam complicadas.

A ideia do método é, para a solução particular, supor uma substituição das constantes
da solução complementar (parte homogênea) por funções e determinar tais funções
utilizando um sistema.
𝑑𝑛 𝑦 𝑑𝑛−1 𝑦
Então para resolver 𝑎0 𝑑𝑥 𝑛 + 𝑎1 𝑑𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑦 = 𝑔(𝑥) em que 𝑎0 , 𝑎1 , ⋯ , 𝑎𝑛 são
constantes e 𝑔(𝑥) ≠ 0, primeiro devemos encontrar a solução complementar
(homogênea) dada por 𝑦ℎ (𝑥 ) = 𝐶1 𝑦1 (𝑥 ) + 𝐶2 𝑦2 (𝑥 ) ⋯ 𝐶𝑛 𝑦𝑛 (𝑥) e substituindo nestas,
as constantes por funções de x buscamos a solução particular dada por

𝑦𝑝 (𝑥 ) = 𝑢1 𝑦1 (𝑥 ) + 𝑢2 𝑦2 (𝑥 ) ⋯ 𝑢𝑛 𝑦𝑛 (𝑥). Após substituir na equação principal tal


função e suas derivadas encontramos um sistema que pode ser resolvido pela regra de
Cramer onde
𝑤𝑘
𝑢𝑘 = ∫ , 𝑘 = 1,2,3, ⋯ 𝑛
𝑤
𝑤 é o Wronskiano, e 𝑤𝑘 é o determinante obtido substituindo a k-ésima coluna do
0
Wronskiano pela coluna última coluna do sistema, ou seja, por ⋮
𝑔(𝑥)

por exemplo, numa equação se segunda ordem 𝑊 é dado por


𝑦1 𝑦2 0 𝑦2 𝑦 0
𝑤 = |𝑦 ′ | e 𝑤2 = | ′1
𝑦2 ′| , 𝑤1 = |𝑔(𝑥) |
1 𝑦2 ′ 𝑦1 𝑔(𝑥)

Exemplo:

Resolução da equação 4𝑦 ′′ + 36𝑦 = 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(3𝑥)

𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(3𝑥)
Dividindo tudo por 4 temos 𝑦 ′′ + 9𝑦 = 4

Que tem como solução homogênea 𝑦ℎ (𝑥 ) = 𝐶1 𝑐𝑜𝑠(3𝑥) + 𝐶2 𝑠𝑒𝑛(3𝑥 )


Escrevemos o Wronskiano como
𝑐𝑜𝑠( 3𝑥) 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥)
𝑊=| | = 3(𝑐𝑜𝑠 2 ( 3𝑥) + 𝑠𝑒𝑛2 ( 3𝑥)) = 3
−3 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥) 3 𝑐𝑜𝑠( 3𝑥)

21
0 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥) 1 1
𝑊1 = | 1 | = − 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(3𝑥) 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥) = −
𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(3𝑥) 3 𝑐𝑜𝑠 3 𝑥 4 4
4
𝑐𝑜𝑠( 3𝑥) 0 1 𝑐𝑜𝑠( 3𝑥) 1
𝑊2 = | 1 |= = 𝑐𝑜𝑡 𝑔 (3𝑥)
−3 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥) 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐(3𝑥) 4 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥) 4
4
Integrando temos:
𝑊 1 1 𝑊 1 1
𝑢1 = ∫ 𝑊1 = ∫ − 12 𝑑𝑥 = − 12 𝑥 e 𝑢2 = ∫ 𝑊2 = ∫ 12 𝑐𝑜𝑡 𝑔 (3𝑥)𝑑𝑥 = 36 𝑙𝑛|𝑠𝑒𝑛( 3𝑥)|

Desta forma a solução particular 𝑦𝑝 = 𝑢1 𝑦1 + 𝑢2 𝑦2 é dada por


1 1
𝑦𝑝 = − 𝑥 𝑐𝑜𝑠( 3𝑥) + 𝑙𝑛|𝑠𝑒𝑛( 3𝑥)| 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥)
12 36
E a solução geral da EDO, que é a soma da solução homogênea com a particular
𝑦(𝑥 ) = 𝑦ℎ + 𝑦𝑝 é dada por
1 1
𝑦(𝑥 ) = 𝐶1 𝑐𝑜𝑠(3𝑥 ) + 𝐶2 𝑠𝑒𝑛 (3𝑥) − 12 𝑥 𝑐𝑜𝑠( 3𝑥) + 36 𝑙𝑛|𝑠𝑒𝑛( 3𝑥)| 𝑠𝑒𝑛( 3𝑥)

4ª Lista de exercícios
1) Resolva as EDOs a seguir
a) 𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 4𝑦 = 2𝑥 + 6
b) 𝑦 ′′′ + 𝑦 ′′ = 8𝑥 2
c) 𝑦 ′′ − 𝑦 ′ − 12𝑦 = 𝑒 4𝑥
d) 𝑦 ′′ + 25𝑦 = 6𝑠𝑒𝑛𝑥
e) 𝑦 ′′ + 25𝑦 = 20𝑠𝑒𝑛5𝑥

2) Resolva a equação a seguir, sujeita as condições iniciais indicadas.


𝜋 𝜋
𝑦 ′′ + 𝑦 = 8𝑐𝑜𝑠2𝑥 − 4𝑠𝑒𝑛𝑥, 𝑦 ( ) = −1 𝑒 𝑦 ′ ( ) = 0
2 2

1
3) Encontre a carga 𝑞(𝑡) no capacitor em um circuito em série LRC quando 𝐿 = 2
henry, 𝑅 = 10 ohms, 𝐶 = 0,01 farad, 𝐸(𝑡) = 150, 𝑞(0) = 1 coulomb, 𝑖(0) = 0
ampères.

4) Resolva a EDO 𝑦 ′′ + 𝑦 = 𝑡𝑔𝑥

22
Respostas:

1)
1
a) 𝑦 = 𝐶1 𝑒 −2𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 −2𝑥 + 2 𝑥 + 1
2 8
b) 𝑦 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑥 + 𝐶3 𝑒 −𝑥 + 2 𝑥 4 − 3 𝑥 3 + 8𝑥 2
1
c) 𝑦 = 𝐶1 𝑒 −3𝑥 + 𝐶2 𝑒 4𝑥 + 7 𝑥𝑒 4𝑥
1
d) 𝑦 = 𝐶1 𝑐𝑜𝑠5𝑥 + 𝐶2 𝑠𝑒𝑛5𝑥 + 4 𝑠𝑒𝑛𝑥
e) 𝑦 = 𝐶1 𝑐𝑜𝑠5𝑥 + 𝐶2 𝑠𝑒𝑛5𝑥 − 2𝑥𝑐𝑜𝑠5𝑥

11 8
2) 𝑦 = −𝜋𝑐𝑜𝑠𝑥 − 𝑠𝑒𝑛𝑥 − 3 𝑐𝑜𝑠2𝑥 + 2𝑥𝑐𝑜𝑠𝑥
3
1 3
3) 𝑞(𝑡) = − 2 𝑒 −10𝑡 (𝑐𝑜𝑠10𝑡 + 𝑠𝑒𝑛10𝑡) + 2
4) 𝑦(𝑥 ) = 𝐶1 𝑐𝑜𝑠𝑥 + 𝐶2 𝑠𝑒𝑛𝑥 − 𝑐𝑜𝑠𝑥𝑙𝑛|𝑠𝑒𝑐𝑥 − 𝑡𝑔𝑥|

Bibliografia consultada para as equações com coeficientes constantes e aplicações:

BOYCE, William E. Equações diferenciais elementares e problemas de valores de


contorno. 11ed. Rio de Janeiro LTC 2020 1 recurso online ISBN 978-85-216-3712-7

NAGLE, R. Kent; SAFF, Edward B.; SNIDER, Arthur David. Equações diferenciais. 8. ed.
São Paulo, SP: Pearson, 2012. xviii, 570 p. ISBN 9788581430836

ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R. Equações diferenciais. [3. ed.]. São Paulo, SP:
Pearson Education, 2003. 2v. ISBN 8534612919 .

23
ATENÇÃO

Séries de potências: Série de Taylor e Maclaurin


(conteúdo disponível na temática EAD. Para quem não
viu o conteúdo de séries numéricas, veja o material
também disponibilizado no blackboard.

Transformada de Laplace

Muitos problemas de engenharia envolvem forças descontínuas ou de impulsos. Os


métodos vistos até então podem se tornar complexos de usar em tais problemas.
Veremos aqui outro método de resolução de EDOs que embora seja bem amplo é em
particular adequado a estes tipos de problemas.
Trago aqui uma introdução interessante e de forma simples, encontrada em (ZILL, 2003)
para a compreensão da Transformada antes mesmo de sua definição,

Em cálculo, você aprendeu que derivação e integração transformam uma função em


outra. Por exemplo, a função 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 2 é transformada em uma função linear, em uma
família de polinômios cúbicos e em uma constante através das operações de derivação,
integração indefinida e integração definida: (ZILL, 2003)

3
𝑑 (𝑥 2 ) 𝑥3
= 2𝑥, ∫ 𝑥 2 𝑑𝑥 = + 𝑐, ∫ 𝑥 2 𝑑𝑥 = 9.
𝑑𝑥 3 0

Antes de definirmos a transformada de Laplace, é necessário relembrar a definição de


integral imprópria:
Uma integral imprópria em um intervalo ilimitado é definida como um limite de integrais
em intervalos finitos,

24
∞ 𝐴
∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 = lim ∫ 𝑓 (𝑡)𝑑𝑡
𝑎 𝐴→∞ 𝑎

Sendo 𝐴 um número real positivo. Se esta integral existir para todo 𝐴 > 𝑎 e se existir
o este limite diremos que a integral converge para o valor do limite encontrado, caso
contrário ela diverge ou não existe.

Definição de Transformada de Laplace:

Seja 𝑓(𝑡) uma função definida para 𝑡 ≥ 0, então chamamos de transformada de Laplace
a integral abaixo, desde que esta seja convergente.

ℒ{𝑓 (𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
0

Este processo toma uma função de 𝑡 e produz uma função de 𝑓

ℒ {𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠)

ℒ {𝑦 (𝑡)} = 𝑌(𝑠)

Usamos letras minúsculas para denotar a função a ser transformada e letra maiúscula
para denotar sua transformada de Laplace.

Observe que a integral desta transformada é imprópria, logo

∞ 𝑁
ℒ{𝑓 (𝑡)} = 𝐹(𝑠) = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 = lim ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑓 (𝑡)𝑑𝑡
0 𝑁→∞ 0

Hummm! Entendeu???

Em outras palavras: Uma transformada é um operador


linear que transforma uma função em outra. É bastante
útil para muitos problemas que surgem nas aplicações. A
transformada de Laplace pega uma função de 𝑡 e produz
uma função de 𝑠. Ela substitui as EDOs lineares com
coeficientes constantes no domínio de t por equações
algébricas mais simples no domínio s.

25
𝑏
De forma geral existem outras transformadas integrais do tipo 𝐹(𝑠) = ∫𝑎 𝑘(𝑠, 𝑡)𝑓(𝑡)𝑑𝑡
que transformam uma função de 𝑡 em uma função de 𝑠. Chamamos 𝑘(𝑠, 𝑡) de núcleo
da transformada. A transformada de Laplace usa o núcleo 𝑒 −𝑠𝑡 .

A vantagem? Ao transformar a função de domínio 𝑡 em uma função de domínio 𝑠 a


equação se torna muito mais fácil de resolver e no final devolvemos uma resposta em 𝑡.

Exemplo 1:

Determine ℒ{1}

Solução:
∞ 𝑁 𝑁
−𝑠𝑡 −𝑠𝑡
𝑒 −𝑠𝑡 1 1 1
ℒ {1} = ∫ 𝑒 ∙ 1𝑑𝑡 = lim ∫ 𝑒 𝑑𝑡 = lim − | = lim − 𝑠𝑁 + =
0 𝑁→∞ 0 𝑁→∞ 𝑠 0 𝑁→∞ 𝑠𝑒 𝑠 𝑠

Desde que 𝑠 > 0. Perceba que se 𝑠 < 0 o limite vai para infinito e a integral diverge.

Exemplo 2:

Determine ℒ{𝑡}

Solução:
∞ 𝑁 𝑁
−𝑠𝑡 −𝑠𝑡
𝑒 −𝑠𝑡
ℒ {𝑡} = ∫ 𝑒 ∙ 𝑡𝑑𝑡 = lim ∫ 𝑒 𝑡𝑑𝑡 = lim − 2 (𝑠𝑡 + 1)|
0 𝑁→∞ 0 𝑁→∞ 𝑠 0

1 1 1 1
= lim − (𝑠𝑁 + 1) + =0+ 2 = 2, para s > 0
𝑁→∞ 𝑠 2 𝑒 𝑠𝑁 𝑠 2 𝑠 𝑠

Exemplo 3:

Determine ℒ{𝑒 𝑎𝑡 }

Solução:
∞ 𝑁 𝑁
𝑎𝑡 } −𝑠𝑡 𝑎𝑡 −(𝑠−𝑎)𝑡
𝑒 −(𝑠−𝑎)𝑡
ℒ{𝑒 =∫ 𝑒 ∙ 𝑒 𝑑𝑡 = lim ∫ 𝑒 𝑡𝑑𝑡 = lim − |
0 𝑁→∞ 0 𝑁→∞ 𝑠−𝑎 0

1 1 1
= lim [ − (𝑠−𝑎)𝑁
]= , para s > 𝑎
𝑁→∞ 𝑠 − 𝑎 (𝑠 − 𝑎)𝑒 𝑠−𝑎

26
Antes que você pense que dará muito trabalho, saiba que utilizaremos uma tabela com
transformadas já calculadas para as funções mais usadas. A seguir estão as primeiras,
logo depois veremos uma tabela com mais funções.

Transformadas de Laplace de algumas funções básicas


1
a) ℒ {1} = 𝑠 , 𝑠 > 0
𝑛!
b) ℒ {𝑡 𝑛 } = 𝑠 𝑛+1 , 𝑛 = 1,2,3, … 𝑠 > 0
1
c) ℒ {𝑒 𝑎𝑡 } = 𝑠−𝑎 , 𝑠 > 𝑎
𝑘
d) ℒ {sin 𝑘𝑡} = 𝑠 2+𝑘 2 , 𝑠 > 0
𝑠
e) ℒ {cos 𝑘𝑡} = 𝑠 2+𝑘 2 , 𝑠 > 0
𝑘
f) ℒ {sinh 𝑘𝑡} = 𝑠 2−𝑘 2 , 𝑠>𝑎
𝑠
g) ℒ {cosh 𝑘𝑡} = 𝑠 2 −𝑘 2 , 𝑠 > |𝑎|

Antes de seguirmos adiante, precisamos de algumas definições importantes

Definições

Linearidade:

(NAGLE, 2012) Sejam, 𝑓, 𝑓1 e 𝑓2 funções cujas transformadas de Laplace existem para


𝑠 > 𝑎 e considere que 𝑐 seja uma constante. Então, para 𝑠 > 𝑎, temos

ℒ{𝑓1 + 𝑓2 } = ℒ {𝑓1 } + ℒ {𝑓2 }

ℒ {𝑐𝑓} = 𝑐ℒ {𝑓 }

Continuidade por partes:

Uma função 𝑓(𝑡) é dita ser contínua por partes em um intervalo finito [𝑎, 𝑏] se 𝑓(𝑡) é
contínua em cada ponto de [𝑎, 𝑏], exceto talvez em um número finito de pontos nos
quais 𝑓(𝑡) tem uma descontinuidade do tipo salto. Uma função 𝑓(𝑡) é dita ser contínua
por partes em [0, ∞) se 𝑓(𝑡) é contínua por partes em [0, 𝑁] para todo 𝑁 > 0. (NAGLE,
2012)

Ordem exponencial:

27
Uma função 𝑓(𝑡) é considerada de ordem exponencial se existem números 𝑐, 𝑀 >
0 𝑒 𝑇 > 0 tais que |𝑓(𝑡)| ≤ 𝑀𝑒 𝑐𝑡 para todo 𝑡 > 𝑇.

Existência:

Se 𝑓(𝑡) é contínua por partes em [0, ∞) e de ordem exponencial 𝑐, então ℒ {𝑓}(𝑠) existe
para 𝑠 > 𝑐

Translação:

Se a transformada de Laplace ℒ{𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠), então ℒ {𝑒 𝑎𝑡 𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠 − 𝑎)

Exemplos:

Determine ℒ{𝑒 5𝑡 𝑡 3 } e ℒ{𝑒 −2𝑡 𝑐𝑜𝑠4𝑡}


3! 6
Solução ℒ{𝑒 5𝑡 𝑡 3 } = (𝑠−5)3+1 = (𝑠−5)4

𝑠 − (−2) 𝑠+2
ℒ {𝑒 −2𝑡 𝑐𝑜𝑠4𝑡} = =
(𝑠 − (−2))2 + 42 (𝑠 + 2)2 + 16

Exercícios:

Determine a transformada de Laplace das seguintes funções:

a) 𝑓(𝑡) = 5
b) 𝑓(𝑡) = 𝑒 5𝑡
c) 𝑓(𝑡) = sen 2𝑡
d) 𝑓(𝑡) = 3𝑡 − 5sen(2𝑡)
e) 𝑓(𝑡) = 𝑡 2 + 6𝑡 − 3

Transformada de Laplace da derivada:

Seja 𝑓(𝑡) contínua em [0, ∞) tal que 𝑓′(𝑡) existe e é contínua por partes em [0, ∞), com
ambas de ordem exponencial 𝑐. Seja ℒ {𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠). Então, para 𝑠 > 𝑐,

ℒ{𝑓 ′ (𝑡)} = 𝑠𝐹(𝑠) − 𝑓(0)

Analogamente,

28
ℒ{𝑓 ′′ (𝑡)} = 𝑠 2 𝐹 (𝑠) − 𝑠𝑓(0) − 𝑓 ′ (0)

ℒ{𝑓 (𝑛) (𝑡)} = 𝑠 𝑛 𝐹 (𝑠) − 𝑠 𝑛−1 𝑓(0) − 𝑠 𝑛−2 𝑓 ′ (0) − ⋯ 𝑓 (𝑛−1) (0)

Transformada de Laplace Inversa:

Dada uma função 𝐹(𝑠), se houver uma função 𝑓(𝑡) que seja contínua em [0, ∞) e
satisfaça ℒ{𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠), dizemos que 𝑓(𝑡) é a transformada de Laplace inversa de
𝐹(𝑠) e empregamos a notação 𝑓(𝑡) = ℒ −1 {𝐹(𝑠)}

Exemplo:
1
Determine ℒ −1 {𝑠 2+64}.

𝑘
Sabemos que ℒ {sin 𝑘𝑡} = 𝑠 2+𝑘 2 então

1 1 8 1
ℒ −1 { } = ℒ −1 { 2 } = 𝑠𝑒𝑛8𝑡
𝑠2 + 64 8 𝑠 + 64 8

Aplicações na resolução de EDOs:


A transformada de Laplace é apropriada para problemas lineares de valor inicial com
coeficientes constantes.

Exemplos:
𝑑𝑦
a) − 3𝑦 = 𝑒 2𝑡 , 𝑦 (0) = 1
𝑑𝑡

Solução:
𝑑𝑦
ℒ { } − 3ℒ{𝑦} = ℒ{𝑒 2𝑡 } usando ℒ {𝑓 ′ (𝑡)} = 𝑠𝐹 (𝑠) − 𝑓(0) temos:
𝑑𝑡

1
𝑠𝑌(𝑠) − 𝑦(0) − 3𝑌(𝑠) =
𝑠−2

1
𝑠𝑌(𝑠) − 1 − 3𝑌(𝑠) =
𝑠−2

1
𝑌(𝑠)(𝑠 − 3) = +1
𝑠−2

29
𝑠−1
𝑌(𝑠)(𝑠 − 3) =
𝑠−2

𝑠−1
𝑌 (𝑠 ) =
(𝑠 − 2)(𝑠 − 3)

𝑠−1 𝐴 𝐵
Usando frações parciais: (𝑠−2)(𝑠−3) = 𝑠−2 + 𝑠−3 encontramos 𝐴 = −1 e 𝐵 = 2 assim,

𝑠−1 1 2
(𝑠−2)(𝑠−3)
= − 𝑠−2 + 𝑠−3, com isso ,

1 2
𝑌 (𝑠 ) = − +
𝑠−2 𝑠−3

1 1
𝑦(𝑡) = −ℒ −1 { } + 2ℒ −1 { }
𝑠−2 𝑠−3

𝑦(𝑡) = −𝑒 2𝑡 + 2𝑒 3𝑡

b) 𝑦 ′′ − 6𝑦 ′ + 9𝑦 = 𝑡 2 𝑒 3𝑡 , 𝑦(0) = 2, 𝑦 ′ (0 ) = 6

Solução:

ℒ{𝑦′′} − 6ℒ{𝑦 ′ } + 9ℒ{𝑦} = ℒ{𝑡 2 𝑒 3𝑡 }

Usamos ℒ{𝑓 ′ (𝑡)} = 𝑠𝐹(𝑠) − 𝑓(0) e ℒ {𝑓 ′′ (𝑡)} = 𝑠 2 𝐹(𝑠) − 𝑠𝑓 (0) − 𝑓 ′ (0), assim

ℒ {𝑦′′} − 6ℒ{𝑦 ′ } + 9ℒ{𝑦} = ℒ{𝑡 2 𝑒 3𝑡 }

2
𝑠 2 𝑌(𝑠) − 𝑠𝑦(0) − 𝑦 ′ (0) − 6[𝑠𝑌(𝑠) − 𝑦(0)] + 9𝑌(𝑠) =
(𝑠 − 3)3

2
𝑠 2 𝑌(𝑠) − 2𝑠 − 6 − 6[𝑠𝑌(𝑠) − 2] + 9𝑌(𝑠) =
(𝑠 − 3)3

2
𝑌(𝑠)(𝑠 2 − 6𝑠 + 9) − 2𝑠 + 6 =
(𝑠 − 3)3

2
𝑌(𝑠)(𝑠 2 − 6𝑠 + 9) = + 2𝑠 − 6
(𝑠 − 3)3

2
𝑌 (𝑠)(𝑠 − 3)2 = + 2(𝑠 − 3)
(𝑠 − 3)3

30
2 2
𝑌 (𝑠 ) = 5
+
(𝑠 − 3) 𝑠−3

1 1
𝑦(𝑡) = 2ℒ −1 { 5
} + 2ℒ −1 { }
(𝑠 − 3) 𝑠−3

𝑡 4 3𝑡
𝑦(𝑡) = 2 𝑒 + 2𝑒 3𝑡
4!

𝑡 4 3𝑡
𝑦(𝑡) = 𝑒 + 2𝑒 3𝑡
12

c) 𝑦 ′′ + 16𝑦 = 𝑐𝑜𝑠4𝑡 , 𝑦(0) = 0, 𝑦 ′ (0) = 1

Solução:

ℒ{𝑦′′} + 16ℒ{𝑦} = ℒ{𝑐𝑜𝑠4𝑡}

Usamos ℒ{𝑓 ′′ (𝑡)} = 𝑠 2 𝐹 (𝑠) − 𝑠𝑓(0) − 𝑓 ′ (0), assim

ℒ {𝑦′′} + 16ℒ{𝑦} = ℒ{𝑐𝑜𝑠4𝑡}

𝑠
𝑠 2 𝑌(𝑠) − 𝑠𝑦(0) − 𝑦 ′ (0) + 16𝑌(𝑠) =
𝑠2 + 16
𝑠
𝑠 2 𝑌(𝑠) − 𝑠 ∙ 0 − 1 + 16𝑌(𝑠) =
𝑠2 + 16
𝑠
𝑌 (𝑠)(𝑠 2 + 16) = +1
𝑠2 + 16

𝑠 1
𝑌 (𝑠 ) = + 2
(𝑠 2 + 16) 2 𝑠 + 16

𝑠 1
𝑦(𝑡) = ℒ −1 { 2 2
} + ℒ −1 { 2 }
(𝑠 + 16) 𝑠 + 16

1 −1 8𝑠 1 4
𝑦 (𝑡 ) = ℒ { 2 2
} + ℒ −1 { 2 }
8 (𝑠 + 16) 4 𝑠 + 16

1 1
𝑦(𝑡) = 𝑡𝑠𝑒𝑛4𝑡 + 𝑠𝑒𝑛4𝑡
8 4

31
Exercícios:

1) Determine a transformada de Laplace das seguintes funções:


a) 𝑓(𝑡) = 5𝑒 −2𝑡 − 3𝑠𝑒𝑛4𝑡
b) 𝑓(𝑡) = 1 + 𝑒 4𝑡
c) 𝑓 (𝑡) = 𝑡 2 + 6𝑡 − 3
d) 𝑓(𝑡) = (𝑡 + 1)3
e) 𝑓 (𝑡) = (1 + 𝑒 2𝑡 )2
f) 𝑓 (𝑡) = 𝑒 −𝑡 𝑠𝑒𝑛𝑡
g) 𝑓 (𝑡) = 𝑒 𝑡 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡)

2) Determine a transformada inversa de Laplace:


1
a) ℒ −1 {𝑠 3}
1
b) ℒ −1 {4𝑠+1}
5
c) ℒ −1 {𝑠 2+49}
1 48
d) ℒ −1 {𝑠 3 − 𝑠 5 }
4𝑠
e) ℒ −1 {4𝑠 2 +1}
(𝑠+1) 3
f) ℒ −1 { }
𝑠4

3) Resolva as EDOs através de transformada de Laplace.


a) 𝑦 ′′ − 𝑦 ′ − 2𝑦 = 0 𝑦(0) = 1, 𝑦 ′ (0) = 0
b) 𝑦 ′ − 𝑦 = 1 𝑦(0) = 0
c) 𝑦 ′ + 4𝑦 = 𝑒 −4𝑡 𝑦 (0) = 2
d) 𝑦 ′′ + 5𝑦 ′ + 4𝑦 = 0 𝑦(0) = 1, 𝑦 ′ (0) = 0
e) 𝑦 ′′ − 4𝑦 ′ + 4𝑦 = 𝑡 3 𝑒 2𝑡 𝑦(0) = 0, 𝑦 ′ (0) = 0

Respostas:
3)
1) 2)
1 2
a) 𝑦(𝑡) = 3 𝑒 2𝑡 + 3 𝑒 −𝑡

32
1 2
a)
5 12
− 𝑠 2 +16 a) 𝑡 b) 𝑦(𝑡) = 1 + 𝑒 𝑡
𝑠+2 2
1 1 1 1
−4𝑡
c) 𝑦(𝑡) = 𝑡𝑒 −4𝑡 + 2𝑒 −4𝑡
b) + 𝑠−4 b) 𝑒
𝑠 4 1 4
2 6 3
d) 𝑦(𝑡) = − 3 𝑒 −4𝑡 + 3 𝑒 −𝑡
5
c) + 𝑠2 − 𝑠 c) sen7𝑡
𝑠3 7 1
6 6 3 1
e) 𝑦(𝑡) = 20 𝑡 5 𝑒 2𝑡
1 2 4
d) + 𝑠3 + 𝑠2 + 𝑠 d) 𝑡 − 2𝑡
𝑠4 2
1 2 1 1
e) + 𝑠−2 + 𝑠−4 e) cos (2 𝑡)
𝑠
1 3 1
f) 𝑠 2+2𝑠+2
f) 1 + 3𝑡 + 2 𝑡 2 + 6 𝑡 3
1 1
g) + 2(𝑠−2)
2𝑠

Tabela com transformadas de Laplace elementares

𝑓 (𝑡) = ℒ −1 {𝐹 (𝑠)} 𝐹(𝑠) = ℒ{𝑓(𝑡)}

1) 1 1
, 𝑠>0
𝑠

2) 𝑒 𝑎𝑡 1
, 𝑠>𝑎
𝑠−𝑎

𝑛!
3) 𝑡 𝑛 , 𝑛 = 1,2,3, … 𝑠 > 0
𝑠 𝑛+1
𝑎
4) sin 𝑎𝑡 , 𝑠>0
𝑠 2 + 𝑎2
𝑠
5) cos 𝑎𝑡 , 𝑠>0
𝑠 2 + 𝑎2
𝑎
6) sinh 𝑎𝑡 , 𝑠 > |𝑎|
𝑠 2 − 𝑎2
𝑠
7) cosh 𝑎𝑡 , 𝑠 > |𝑎|
𝑠2 − 𝑎2

𝑏
8) 𝑒 𝑎𝑡 𝑠en 𝑏𝑡 , 𝑠>𝑎
(𝑠 − 𝑎)2 + 𝑏2

𝑠−𝑎
9) 𝑒 𝑎𝑡 cos 𝑏𝑡 , 𝑠>𝑎
(𝑠 − 𝑎)2 + 𝑏2

33
𝑛!
10) 𝑡 𝑛 𝑒 𝑎𝑡 , 𝑛 = 1,2,3, … 𝑠 > 𝑎
(𝑠 − 𝑎)𝑛+1

2𝑘𝑠
11) 𝑡 sen 𝑘𝑡
(𝑠 2 + 𝑘 2 )2

𝑠−𝑘
12) 𝑡 cos 𝑘𝑡
(𝑠 2+ 𝑘 2 )2

𝐹(𝑠 − 𝑐)
13) 𝑒 𝑐𝑡 𝑓(𝑡)

1 𝑠
14) 𝑓(𝑐𝑡) 𝐹( ), 𝑐 > 0
𝑐 𝑐

Bibliografia consultada para Transformada de Laplace:

BOYCE, William, DIPRIMA, Richard C. E. Equações diferenciais elementares e problemas de


valores de contorno. 11ed. Rio de Janeiro LTC 2020 1 recurso online ISBN 978-85-216-3712-7

NAGLE, R. Kent; SAFF, Edward B.; SNIDER, Arthur David. Equações diferenciais. 8. ed. São Paulo,
SP: Pearson, 2012. xviii, 570 p. ISBN 9788581430836

ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R. Equações diferenciais. [3. ed.]. São Paulo, SP: Pearson
Education, 2003. 2v. ISBN 8534612919 .

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