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Equações Diferenciais

Matemática II

Margarida Macedo
Equações diferenciais

Índice

1. Conceitos gerais .................................................................................................... 2

1.1. Definição ....................................................................................................... 2

1.2. Ordem de uma equação diferencial ................................................................ 3

1.3. Solução de uma equação diferencial .............................................................. 4

2. Resolução de Equações Diferenciais Ordinárias de 1ª ordem ............................... 12

2.1. Equações de variáveis separáveis ................................................................. 12


.....................
........................................................................
2.1.1. Aplicações em contexto económico …………………….…………… 14

2.1.2. Equações redutíveis a variáveis separáveis ……………..………….. 17

2.2. Equações homogéneas .................................................................................. 22


........................................................................
2.3. Equações exatas (ou de diferencial total) ...................................................... 26

2.4. Fator integrante para resolver equações diferenciais .................................... 30

2.5. Equações lineares .......................................................................................... 36

3. Equações Diferenciais de ordem n (n >1) redutíveis a equações de 1ª ordem …… 40

4. Equações Diferenciais Lineares Ordinárias de 2ª ordem ....................................... 42

5. Exercícios globais ……………………………………………………………………………………………….…… 46

Bibliografia .......................................................................................................... 53

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Equações diferenciais

1. Conceitos gerais

Em variados problemas, nomeadamente em contexto económico, as relações entre as


variáveis são descritas de uma forma mais apropriada em termos de taxas de variação. A
taxa de variação de qualquer variável, pode ser expressa como uma função das taxas de
variação de outras variáveis ou dos seus valores. (Por exemplo na Economia supõe-se que a
taxa com a qual o preço se aproxima do preço de equilíbrio depende da dimensão da
diferença entre a oferta e a procura).

Matematicamente, as taxas de variação podem ser expressas de duas formas diferentes


consoante o tempo (ou outra variável em relação à qual estamos a definir a variação) seja
considerado contínuo ou discreto.

Quando se supõe que as variações ocorrem de forma contínua, as taxas de variação são
estabelecidas como derivadas e as equações que as envolvem são equações diferenciais.
Caso ocorram de forma discreta, as equações são equações com diferenças.

Assim, uma equação diferencial pode ser definida como uma equação que envolve derivadas
de uma ou várias funções.

1.1. Definição

Equação diferencial é uma igualdade que relaciona as derivadas de uma ou mais variáveis
dependentes (em relação a uma ou mais variáveis independentes), com as referidas variáveis.

Simbolicamente, uma equação diferencial pode ser escrita como:

𝑑𝑦 𝑑2 𝑦 𝑑𝑛 𝑦
F(x, y, y’ , y ’’, ... , y (n)) = 0 ou F(x, y, , 2
, ..., ) = 0.
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑛

Se a função incógnita depende apenas de uma variável, trata-se de uma equação diferencial
ordinária. Se depender de mais de uma variável, será uma equação diferencial parcial.
Este curso apenas incide sobre as equações diferenciais ordinárias.

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Exemplos de equações diferenciais ordinárias:

𝑑𝑦
1) = 𝑥2𝑦
𝑑𝑥

𝑑3 𝑦 𝑑2 𝑦 𝑑𝑦 4
2) 𝑥 2 𝑑𝑥 3 + 2𝑦 𝑑𝑥 2 − (𝑑𝑥 ) + 3 = 0

𝑑𝑦
3) = sen 𝑥
𝑑𝑥

4) 𝑒 𝑥 𝑑𝑦 − 𝑥 2 𝑦 𝑑𝑥 = 2𝑑𝑥

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
5) + 𝑥 𝑑𝑥 + 𝑦 = 0
𝑑𝑥 2

6) 𝑥 2 (𝑦 + 𝑎)2 (𝑦´ − 1) = 𝑦 2 − 2𝑎𝑥 2 𝑦 + 𝑎2

Exemplo:

𝑅′(𝑄) = 75 − 1,6𝑄 relaciona a Receita Marginal (R’) com a Quantidade (Q); é uma equação
diferencial que, ao ser resolvida, permite encontrar uma relação entre a Receita e a
Quantidade. Neste caso a resolução limita-se ao cálculo do integral de R’(Q):

𝑅′(𝑄) = 75 − 1,6𝑄 ⇔ 𝑅(𝑄) = ∫(75 − 1,6𝑄) 𝑑𝑄 ⇔ 𝑅(𝑄) = 75𝑄 − 0,8 𝑄 2 + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

A expressão genérica obtida para R(Q), chama-se solução geral da equação. Se fosse
conhecido uma valor da Receita para determinado valor da Quantidade, é possível
determinar o valor da constante c; suponha-se, por exemplo, que R(10) = 500. Então:

500 = 75 ⋅ 10 − 0,8 ⋅ 102 + 𝑐 ⇔ 𝑐 = −170

e consequentemente 𝑅(𝑄) = 75𝑄 − 0,8𝑄 2 − 170 e esta é uma solução particular da


equação.

1.2. Ordem de uma equação diferencial

A ordem de uma equação diferencial é a ordem máxima das derivadas que aparecem na
equação. Assim, nos exemplos anteriores, 1), 3), 4) e 6) são de 1ª ordem, 5 é de 2ª ordem e
2) é de 3ª ordem.

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𝑑𝑦
Recorde-se que = 𝑦′, pelo que as equações podem assumir outro aspeto; a equação 3, por
𝑑𝑥

exemplo, pode ser enunciada da seguinte forma: 𝑥 2 𝑦′′′ + 2𝑦𝑦′′ −   (𝑦′)4 +  3 = 0; o


2+𝑥 2 𝑦
enunciado da equação 4, pode ser, por exemplo, 𝑦′ = (verifique!).
𝑒𝑥

1.3. Solução de uma equação diferencial

Solução de uma equação diferencial é uma função da variável ou variáveis independentes


que verifica a igualdade.

Exemplos:

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
1) A função 𝑦 = 4𝑒 −𝑥 + 5 é uma solução da equação diferencial + 𝑑𝑥 = 0. Com
𝑑𝑥 2

efeito, calculando as derivadas de 1ª e 2ª ordem de y, tem-se

𝑑𝑦 𝑑2 𝑦
= −4𝑒 −𝑥 e = 4𝑒 −𝑥 ; substituindo na equação inicial, fica −4𝑒 −𝑥 + 4𝑒 −𝑥 = 0,
𝑑𝑥 𝑑𝑥 2

como se pretendia concluir.

1+𝐶𝑒𝑥 𝑑𝑦 1
2) Verificar que 𝑦 = 1−𝐶𝑒𝑥 (𝐶 ∈ 𝑅) é uma solução da equação 𝑑𝑥 = 2 (𝑦 2 − 1).

Resolução:

𝑑𝑦 2𝐶𝑒 𝑥
A primeira derivada da função dada é = (1−𝐶𝑒 𝑥)2 .
𝑑𝑥

Substituindo este resultado no enunciado da equação diferencial, tem-se:

2𝐶𝑒 𝑥 1 (1+𝐶𝑒 𝑥 ) 2 2𝐶𝑒 𝑥 1 (1+2𝐶𝑒 𝑥 +𝐶 2 𝑒 2𝑥 )−(1−2𝐶𝑒 𝑥 +𝐶 2 𝑒 2𝑥 )


(1−𝐶𝑒 𝑥 )2
= [ (1−𝐶𝑒 𝑥)2 − 1] ⇔ (1−𝐶𝑒 𝑥)2 = [ (1−𝐶𝑒 𝑥 )2
]
2 2

2𝐶𝑒 𝑥 1 4𝐶𝑒 𝑥
⇔ (1−𝐶𝑒 𝑥)2 = [(1−𝐶𝑒 𝑥)2 ]
2

A igualdade anterior é verdadeira; assim, pode-se concluir que a função é solução da equação
diferencial dada.

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Tendo em conta que é uma família de funções, e de acordo com o conceito já introduzido
1+𝐶𝑒 𝑥
num exemplo anterior, y = é a solução geral da equação. Para cada valor real de C,
1−𝐶𝑒 𝑥
1+𝑒𝑥+1
tem-se uma solução particular da equação. Por exemplo 𝑦 = 1−𝑒𝑥+1 é uma solução

particular da equação diferencial dada (com C = e).

3) Verificar que 𝑦 = 𝐶1 cos𝑥 + 𝐶2 sen𝑥 (𝐶1 , 𝐶2 ∈ 𝑅) é solução da equação 𝑦′′ + 𝑦 = 0.

Resolução:

Começando por determinar as derivadas da função dada:

y' = – C1 senx + C2. cosx

y’’= – C1 cosx – C2. senx

Substituindo na equação diferencial, fica:

y’’ + y = 0 ⇔ C1 cosx – C2 senx + (C1 cosx + C2 senx) = 0 ⇔

⇔– C1 cosx – C2 senx + C1 cosx + C2. senx = 0 ⇔

⇔ 0=0

Portanto, y = C1 cosx + C2 senx é uma solução geral da equação diferencial dada.

4) Verificar que 𝑦 = 𝑐𝑒 −2𝑥 (𝑐 ∈ 𝑅) é uma solução da equação diferencial y’ + 2y = 0 e


encontrar a solução particular determinada pela condição inicial y(0) = 3.

Resolução:

Calculando a derivada de y, obtém-se y’ = – 2ce - 2x

substituindo no enunciado, fica y’ + 2y = – 2ce - 2x + 2(ce - 2x) = 0.

Utilizando a condição inicial,

y(0) = 3, ou seja, y = 3 quando x = 0, e portanto 3 = c e - 0 ⇔ c = 3, donde concluímos que


a solução particular é y = 3e - 2x.

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𝑦2
5) Verificar que = ln |𝑥| + 𝑐 é solução da equação 𝑥𝑦𝑦′ = 𝑥 2 + 𝑦 2 (𝑐 ∈ 𝑅).
2𝑥 2

Resolução:

O método de verificação é o mesmo; ou seja, tem que se calcular a derivada y’ e substituir


no enunciado da equação. No entanto, neste caso, dado que y(x) está definida implicitamente,
y’ deverá ser calculado pelo método adequado. Assim:

𝑦2 1
𝑦2 𝑦2 ∙ (−2𝑥−3 )−
2 𝑥
= ln |𝑥| + 𝑐 ⇔ − ln |𝑥| − 𝑐 = 0 ⇔ 𝑦′ = − 1 ; substituindo a derivada
2𝑥 2 2𝑥 2
2𝑦 ⋅
2𝑥2

y’ no enunciado, fica
1
−𝑦 2 ⋅ 𝑥 −3 − 1
𝑥𝑦  (− 𝑦
𝑥
) = 𝑥 2 + 𝑦 2 ⇔ 𝑥 3  (𝑦 2 ⋅ 𝑥 −3 + 𝑥) = 𝑥 2 + 𝑦 2 ⇔ 𝑦 2 + 𝑥 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2
𝑥2

Assim se conclui que a função é solução da equação dada.

Por outro lado, dada uma função, é possível determinar uma equação que admite essa função
como solução. Não existindo uma metodologia universal para essa determinação, os
exemplos que se seguem pretendem indicar a abordagem adequada a cada um.
Genericamente, ao derivar a solução o número de vezes igual ao número de parâmetros, é
possível encontrar uma relação entre essas derivadas e a própria função solução de modo a
eliminar os referidos parâmetros.

Exemplos:

1) Determinar a equação que admite a solução 𝑦 ln 𝑥 + 1 = 𝑐𝑦 (𝑐 ∈ 𝑅).

Resolução:

1
Neste exemplo é possível isolar o c na igualdade inicial, fica 𝑐 = 𝑙𝑛 𝑥 + 𝑦. Derivando este
1 1
resultado, fica − 𝑦 2 ⋅ 𝑦′ = 0 e este é o enunciado de uma equação diferencial que admite
𝑥

a função dada como solução.

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Equações diferenciais

2) Determinar uma equação diferencial que admite como solução a função definida por
𝑦 = 𝑒 2𝑥 (𝑐1 cos( 3𝑥) + 𝑐2 sen(3𝑥)) (𝑐1 , 𝑐2 ∈ 𝑅).

Resolução:

Derivando a solução, fica

𝑦′ = 2𝑒 2𝑥 (𝑐1 cos( 3𝑥) + 𝑐2 sen(3𝑥)) + 𝑒 2𝑥 (−3𝑐1 sen(3𝑥) + 3𝑐2 cos(3𝑥)) =

= 2𝑒 2𝑥 (𝑐1 cos( 3𝑥) + 𝑐2 sen(3𝑥)) − 3𝑒 2𝑥 (𝑐1 sen(3𝑥) − 𝑐2 cos(3𝑥))

Derivando novamente


𝑦′′ = (2𝑒 2𝑥 (𝑐1 cos( 3𝑥) + 𝑐2 sen(3𝑥)) − 3𝑒 2𝑥 (𝑐1 sen(3𝑥) − 𝑐2 cos(3𝑥))) =

= 4𝑒 2𝑥 (𝑐1 cos( 3𝑥) + 𝑐2 sen(3𝑥)) + 2𝑒 2𝑥 (−3𝑐1 sen(3𝑥) + 3𝑐2 cos(3𝑥)) −

−6𝑒 2𝑥 (𝑐1 sen(3𝑥) − 𝑐2 cos(3𝑥)) − 3𝑒 2𝑥 (3𝑐1 cos(3𝑥) + 3𝑐2 sen(3𝑥)) =

= −5𝑒 2𝑥 (𝑐1 cos( 3𝑥) + 𝑐2 sen(3𝑥)) − 12𝑒 2𝑥 (𝑐1 sen(3𝑥) − 𝑐2 cos(3𝑥))

Finalmente, note-se que 𝑦′′ − 4𝑦′ = −13𝑦 (verifique!)

Ou seja, uma equação que admite a função dada como solução é 𝑦′′ − 4𝑦′ + 13𝑦 = 0.

3) Determinar a equação diferencial da família 𝑦 = 𝑐1 (𝑥 − 𝑐2 )2 (𝑐1 , 𝑐2 ∈ 𝑅).

Resolução:

Derivando sucessivamente 2 vezes (já que a solução tem dois parâmetros)

𝑦′ = 2𝑐1 (𝑥 − 𝑐2 )
𝑦′′
𝑦′′ = 2𝑐1 ⇔ 𝑐1 = 2

Por outro lado,


𝑦′
𝑦′ = 2𝑐1 (𝑥 − 𝑐2 ) ⇔ 𝑦′ = 𝑦′′(𝑥 − 𝑐2 ) ⇔ 𝑥 − 𝑐2 = 𝑦′′

𝑦′′ 𝑦′ 2 (𝑦′)2
Substituindo na expressão inicial, fica 𝑦 = ⋅( ) ⇔𝑦 = que é uma equação que
2 𝑦′′ 2𝑦′′

admite a função dada como solução.

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4) A função procura de determinado bem depende de um conjunto de condicionantes, o que


𝐶1
dá origem a uma família de curvas de procura representada por 𝑝 = + 𝐶2 𝑞 , em que
𝑞

𝐶1 , 𝐶2 ∈ 𝑅 , p é o preço e q é a quantidade procurada. Determinar a equação


diferencial que representa aquela família de curvas.

Resolução:

Derivando sucessivamente 2 vezes (já que a solução tem dois parâmetros)


𝐶 𝐶
𝑝′ = − 𝑞12 + 𝐶2 ⟺ 𝐶2 = 𝑝′ + 𝑞12

2𝐶1 𝑝′′ 𝑞 3
𝑝′′ = ⟺ 𝐶1 =
𝑞3 2

𝑝′′ 𝑞3 𝑝′′ 𝑞3
2 2
Substituindo na expressão inicial, obtém-se 𝑝 = + 𝑝′𝑞 + 𝑞 ou, simplificando,
𝑞 𝑞2

a equação diferencial 𝑝 = 𝑝′′𝑞2 + 𝑝′𝑞.

Exercícios propostos:

1. Verifique que as funções seguintes são soluções da equação diferencial enunciada, em


que 𝑎,  𝑏,  𝑐,  𝑤, 𝑐1  𝑒 𝑐2 são constantes reais arbitrárias:

a) 𝑦 = 𝑐1 𝑒 5𝑥 + 𝑐2 𝑒 −5𝑥 solução de y'' - 25y = 0.

𝑑2 𝑥
b) x = acos (wt) + bsen (wt) solução de + 𝑤 2 𝑥 = 0.
𝑑𝑡 2

c) 𝑥 2 − 𝑥𝑦 + 𝑦 2 = 𝑐 2 solução de (x - 2y) y' = 2x - y.

d) 𝑦 = 𝑐1 𝑒 𝑎∙arcsen𝑥 + 𝑐2 𝑒 −𝑎∙arcsen𝑥 solução de (1 − 𝑥 2 )𝑦′′ − 𝑥𝑦′ − 𝑎2 𝑦 = 0.

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2. Considere a equação diferencial 𝑦′′ + 4𝑦 = sen𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑥:


1
a) Verifique que 𝑦 = 𝑎 cos( 2𝑥) + 𝑏 sen( 2𝑥) − 8 𝑥 cos( 2𝑥) (𝑎, 𝑏 ∈ 𝑅) é solução da

equação.
7
b) Calcule a solução particular que verifica 𝑦(0) = 1 e 𝑦′(0) = 8 .

3. Dada a equação diferencial 2𝑥 2 𝑦 + 𝑥 3 𝑦′ − 1 = 0, determine, se possível, 𝑘 ∈ 𝑅, de modo


que 𝑦 = 𝑘𝑥 −2 ∙ ln𝑥 seja solução da equação.

4. Determine a curva da família 𝑦 = 𝑐1 𝑒 𝑥 + 𝑐2 𝑒 −2𝑥 , em que  𝑐1 , 𝑐2 ∈ 𝑅, sabendo que se


verificam as igualdades 𝑦(0) = 1 e 𝑦 ′ (0) = −2.

5. Determine a equação diferencial da família

a) 𝑦 = 𝑎 cos𝑥 + 𝑏 sen𝑥 (𝑎,  𝑏  ∈ 𝑅)

b) 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑐 2 (𝑐 ∈ 𝑅)

c) 𝑦 = (𝑐1 + 𝑐2 𝑥) ∙ 𝑒 𝑥 + 𝑐3 (𝑐1 , 𝑐2 , 𝑐3 ∈ 𝑅)

6. Determine a equação diferencial que descreve o conjunto de linhas definido por

(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 9 (𝑎, 𝑏 ∈ 𝑅).

7. Determine, se existir, uma equação diferencial que admite como soluções funções que
𝐴+𝑥
podem ser definidas por 𝑦(𝑥) = 4+𝑥 2 , 𝐴 ∈ 𝑅.

8. Determine a equação diferencial representativa da família de funções definida pela


igualdade 𝑦 = 𝑘1 ln𝑥 + 𝑘2 + 𝑘3 𝑥 (𝑘1 , 𝑘2 , 𝑘3 ∈ 𝑅)

9. Comente a afirmação:

" Sendo a, b e c constantes reais, existe um e apenas um valor c de modo que a família de
funções 𝑦 = 𝑎𝑒 𝑥 + 𝑏𝑥 2 é solução da equação 𝑦 − 𝑦′′ + 2𝑏 = 𝑐𝑥 2 ".

3 1−2𝑥
10. Verifique se 𝑦 = √3 + 3𝑥 − 3𝑥 2 é uma solução de 𝑦𝑦′ = .
𝑦

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Soluções:

1 1
2. b) 𝑦 = cos( 2𝑥) + 2 sen( 2𝑥) − 8 𝑥 cos( 2𝑥)

3. 𝑘 = 1

4. 𝑦 = 𝑒 −2𝑥

5. a) y'' = − y

𝑥
b) 𝑦′ = −  𝑦

c) 𝑦′′′ − 2𝑦′′ + 𝑦′ = 0

6. (𝑦′ + (𝑦′)3 )2 + (1 + (𝑦′)2 )2 = 9(𝑦′′)2

7. (4 + 𝑥 2 )𝑦 ′ = 1 − 2𝑥𝑦

8. 𝑦′′′𝑥 2 + 2𝑥𝑦′′ = 0

9. Verdadeira: c = b

10. Sim

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2. Resolução de Equações Diferenciais Ordinárias de 1ª ordem

Qualquer equação diferencial ordinária de 1ª ordem é uma equação diferencial do tipo


𝒅𝒚
𝑴(𝒙, 𝒚) + 𝑵(𝒙, 𝒚) 𝒅𝒙 = 𝟎 e pode ser escrita na forma 𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 = 0. As

funções 𝑀(𝑥, 𝑦)  e 𝑁(𝑥, 𝑦)  vão condicionar a técnica a ser utilizada na resolução da
equação.

2.1. Equações de variáveis separáveis

São equações do tipo 𝑀(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑦)𝑑𝑦 = 0 .

Nestas condições, é possível escrever a equação na forma 𝑀(𝑥) 𝑑𝑥 = −𝑁(𝑦) 𝑑𝑦, ou seja,


transformá-la numa equação de variáveis separadas.

A técnica de resolução consiste em separar as variáveis e depois integrar ambos os membros


da equação: ∫ 𝑀(𝑥)𝑑𝑥 = − ∫ 𝑁(𝑦)𝑑𝑦 + 𝐶.

Exemplos:

1) Resolver a equação 𝑥 2 𝑦𝑦′ − 2𝑥𝑦 3 = 0.

Resolução:

𝑑𝑦
𝑥 2 𝑦𝑦′ − 2𝑥𝑦 3 = 0 ⇔ 𝑥 2 𝑦 𝑑𝑥 − 2𝑥𝑦 3 = 0 ⇔ 𝑥 2 𝑦𝑑𝑦 − 2𝑥𝑦 3 𝑑𝑥 = 0 ⇔

𝑦 2𝑥 1 2
⇔ 𝑥 2 𝑦𝑑𝑦 = 2𝑥𝑦 3 𝑑𝑥 ⇔ 𝑦 3 𝑑𝑦 = 𝑥 2 𝑑𝑥 ⇔ 𝑦 2 𝑑𝑦 = 𝑥 𝑑𝑥

1 2 1
Integrando ambos os membros, ∫ 𝑦 2 𝑑𝑦 = ∫ 𝑥 𝑑𝑥 ⇔ − 𝑦 = 2 ln|𝑥| + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

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Equações diferenciais

A solução pode apresentar vários aspetos equivalentes, por exemplo, se se pretender


1 1
explicitar a função y(x), fica 𝑦 = − 2ln|𝑥|+𝑐 ou ainda 𝑦 = − ln(|𝑐|𝑥2) (𝑐 ∈ 𝑅).1

𝑦
2) Resolver a equação 𝑦′ = 𝑥 2 +1.

Resolução:
𝑦 𝑑𝑦 𝑦 𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑥
𝑦′ = 𝑥 2 +1 ⇔ 𝑑𝑥 = 𝑥 2+1 ⇔ 𝑑𝑦 = 𝑥 2 +1 𝑑𝑥 ⇔ = 𝑥 2 +1 ⇔ ∫ = ∫ 𝑥 2 +1 ⇔
𝑦 𝑦

⇔ ln|𝑦| = arctg 𝑥 + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

𝑑𝑦
3) Resolver a equação 𝑥(1 + 𝑦 2 ) − 𝑦(1 + 𝑥 2 ) 𝑑𝑥 = 0.

Resolução:
𝑑𝑦
𝑥(1 + 𝑦 2 ) − 𝑦(1 + 𝑥 2 ) 𝑑𝑥 = 0 ⇔ 𝑥(1 + 𝑦 2 )𝑑𝑥 − 𝑦(1 + 𝑥 2 )𝑑𝑦 = 0 ⇔

𝑥 𝑦 𝑥 𝑦
⇔ 1+𝑥 2 𝑑𝑥 = 1+𝑦 2 𝑑𝑦 ⇔ ∫ 1+𝑥 2 𝑑𝑥 = ∫ 1+𝑦 2 𝑑𝑦 ⇔

1 1
⇔ 2 ln( 1 + 𝑥 2 ) = 2 ln( 1 + 𝑦 2 ) + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

Tendo em conta que c é uma constante real arbitrária, a solução pode ser apresentada de
outra forma:

1 1
ln( 1 + 𝑥 2 ) = ln( 1 + 𝑦 2 ) + 𝑐 ⇔ ln( 1 + 𝑥 2 ) = ln( 1 + 𝑦 2 ) + 𝑐 ⇔
2 2

⇔ ln( 1 + 𝑥 2 ) = ln( 1 + 𝑦 2 ) + ln|𝑐| ⇔ ln( 1 + 𝑥 2 ) = ln[|𝑐|(1 + 𝑦 2 )] ⇔

⇔ 1 + 𝑥 2 = 𝑐(1 + 𝑦 2 ) (𝑐 ∈ 𝑅)

1
Note-se que 𝑐 = ln 𝑐1 , com 𝑐1 > 0. Sem perda de generalidade, e apesar do valor de c não ser o mesmo em
ambas as expressões, corresponde a um número real qualquer, pelo que é, formalmente, irrelevante usar c,
ou alterar para 𝑐1 .

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2.1.1. Aplicações em contexto económico

1) O departamento de marketing de uma empresa determinou que a venda máxima de um


novo produto que a empresa pretende lançar é 10 milhões de unidades por ano. O seu
estudo permitiu também concluir que a taxa de crescimento das vendas (em milhões de
unidades) é proporcional à diferença entre a venda máxima e as vendas atuais. Supondo
que após 1 ano foram vendidas 250 000 unidades, determinar o volume de vendas ao
fim de 10 anos.

Resolução:

Deve-se começar pela construção da equação diferencial adequada à situação descrita:


𝑑𝑉
= 𝑘(10 − 𝑉)
𝑑𝑡

em que V é o nível de vendas atual em milhões de unidades, t é o tempo em anos e k é a


constante de proporcionalidade.

É dada a condição inicial V(1) = 0,25 e subentende-se que𝑉(0) = 0.

Assim:
𝑑𝑉 1 1
= 𝑘(10 − 𝑉) ⇔ 10−𝑉 𝑑𝑣 = 𝑘𝑑𝑡 ⇔ ∫ 10−𝑉 𝑑𝑣 = ∫ 𝑘𝑑𝑡 ⇔ − ln|10 − 𝑉| = 𝑘𝑡 + 𝑐
𝑑𝑡

ln|10 − V| = −𝑘𝑡 + 𝑐 ⇔ 10 − 𝑉 = 𝑒 −𝑘𝑡+𝑐 ⇔ 𝑉 = 10 − 𝑒 −𝑘𝑡+𝑐

𝑉(0) = 0 ⇔ 10 − 𝑒 𝑐 = 0 ⇔ 𝑐 = 𝑙𝑛 1 0

𝑉(1) = 0,25 ⇔ 10 − 𝑒 −𝑘+𝑙𝑛 10 = 0,25 ⇔ 𝑒 −𝑘+𝑙𝑛 10 = 9,75 ⇔

⇔ −𝑘 + ln 10 = ln 9 , 75 ⇔ 𝑘 = 0,025

então, 𝑉(𝑡) = 10 − 𝑒 −0,025𝑡+𝑙𝑛 10

e consequentemente 𝑉(10) = 10 − 𝑒 −0,025×10+𝑙𝑛 10 ⇔ 𝑉(10) ≈ 2,21

ou seja, ao fim de 10 anos, o volume de vendas é de cerca de 2,21 milhões de unidades.

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Equações diferenciais

2) Determinar a procura, x, como função do preço, sabendo que a sua elasticidade é dada
400
por 𝜀 = 1 − e que a procura é 340 quando o preço é 20.
3𝑥

Resolução:
𝜕𝑄
𝑄
Recorde-se que a elasticidade preço da procura é dada por 𝜀 = 𝜕𝑃 , em que Q(P) é a função
𝑃

procura da variável P, preço.


𝑑𝑥
𝑥 400
Seja p o preço do bem. A equação que ilustra o problema enunciado é 𝑑𝑝 =1− .
3𝑥
𝑝

𝑑𝑥
𝑥 400 400 𝑑𝑝 𝑑𝑥 3𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑝
𝑑𝑝 = 1− ⇔ (1 − ) = ⇔ 3𝑥−400 ⋅ = ⇔ ln|3𝑥 − 400| = ln|𝑝| + 𝑐
3𝑥 3𝑥 𝑝 𝑥 𝑥 𝑝
𝑝

𝑥(20) = 340 ⇔ ln620 = ln 20 + 𝑐 ⇔ 𝑐 = ln 620 − ln 20 ⇔ 𝑐 = ln 31

ou seja, a procura é dada por ln|3𝑥 − 400| = ln|p| + ln 31 ⇔ |3𝑥 − 400| = 31𝑝

31𝑝+400
Tendo em conta a condição inicial, 3𝑥 − 400 = 31𝑝 ⟺ 𝑥 = 3

3) Determinar o preço de equilíbrio (em função do tempo) de um determinado bem,


sabendo que a oferta (S) e procura (D) são dadas pelas condições

𝐷(𝑡) = 480 + 5𝑝(𝑡) − 2𝑝′(𝑡)


{𝑆(𝑡) = 300 + 8𝑝(𝑡) + 𝑝′(𝑡)
𝑝(0) = 75

Resolução:

Recorde-se que o preço de equilíbrio ocorre quando a oferta é igual á procura. Assim,
𝑑𝑝
𝐷(𝑡) = 𝑆(𝑡) ⇔ 480 + 5𝑝(𝑡) − 2𝑝′(𝑡) = 300 + 8𝑝(𝑡) + 𝑝′(𝑡) ⇔ 3 = −3𝑝(𝑡) + 180 ⇔
𝑑𝑡

𝑑𝑝 1
⇔ = −𝑝(𝑡) + 60 ⇔ 𝑑𝑝 = 𝑑𝑡 ⇔ − ln|−𝑝 + 60| = 𝑡 + 𝑐
𝑑𝑡 −𝑝 + 60

como p(0) = 75, − ln|−75 + 60| = 0 + 𝑐 ⇔ 𝑐 = − ln 15

e a função preço é dada pela igualdade − ln|−𝑝 + 60| = 𝑡 − ln 15.

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Equações diferenciais

4) Considere o modelo que, segundo alguns especialistas, relaciona o rendimento


nacional bruto (y) com a parcela a gasta com artigos de 1ª necessidade e a parcela b
𝑑𝑦
gasta com artigos de luxo = 𝑘(1 − 𝑏)(𝑦 − 𝑎) onde t é o tempo em anos. Supondo
𝑑𝑡

que b = 75%, determine uma relação entre o rendimento nacional bruto e os gastos em
artigos de 1ª necessidade.

Resolução:
𝑑𝑦 𝑑𝑦 1
= 𝑘(1 − 0,75)(𝑦 − 𝑎) ⟺ = 0,25𝑘(𝑦 − 𝑎) ⟺ 𝑦−𝑎 𝑑𝑦 = 0,25𝑘𝑑𝑡 ⟺
𝑑𝑡 𝑑𝑡

⟺ ln|𝑦 − 𝑎| = 0,25𝑘𝑡 + 𝑐

Como y > a, ln(𝑦 − 𝑎) = 0,25𝑘𝑡 + 𝑐 ⟺ 𝑦 = 𝑎 + 𝑒 0,25𝑘𝑡+𝑐

5) Uma empresa começa, no instante t = 0, a investir parte da sua receita à razão de P


u.m. por ano num fundo para futuro desenvolvimento, a uma taxa r % ao ano em
composição contínua, sendo a taxa de crescimento de um montante A dada por
𝑑𝐴
= 𝑟𝐴 + 𝑃. Determine o valor do fundo A ao fim de 5 anos, supondo que a empresa
𝑑𝑡

depositou anualmente 100 u.m. a uma taxa de 12%.

Resolução:

𝑑𝐴 1
= 12𝐴 + 100 ⟺ 12𝐴+100 𝑑𝐴 = 𝑑𝑡 ⟺ ln(12𝐴 + 100) = 12 𝑡 + 𝑐
𝑑𝑡

Como A(0) = 0, resulta c = ln100. E então ln(12𝐴 + 100) = 12 𝑡 + ln100.

Para 𝑡 = 5:

100(𝑒 60 −1)
ln(12𝐴 + 100) = 60 + ln100 ⟺ 𝐴 = unidades monetárias.
12

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Equações diferenciais

2.1.2. Equações redutíveis a equações de variáveis separáveis

Algumas equações diferenciais de 1ª ordem, não sendo de variáveis separáveis, são


redutíveis a equações de variáveis separáveis através de uma mudança de variável adequada.
𝒅𝒚
As mais comuns, são as equações do tipo = 𝒇(𝒂𝒙 + 𝒃𝒚 + 𝒄).
𝒅𝒙

Transformam-se numa equação de variáveis separáveis, através da mudança de variável


𝒖 = 𝐚𝒙 + 𝐛𝒚 + 𝐜, em que a, b e c são constantes reais, não esquecendo a respetiva alteração
𝑑𝑦 1 𝑑𝑢 𝑎
de diferencial, 𝑑𝑥 = 𝑏 𝑑𝑥 − 𝑏 (verifique!).

Exemplo:

𝑑𝑦 𝑥−2𝑦 𝑑𝑦 𝑥−2𝑦
= 2𝑥−4𝑦+1 ⟺ 𝑑𝑥 = 2(𝑥−2𝑦)+1
𝑑𝑥

𝑑𝑦 1 1 𝑑𝑢
Fazendo a mudança de variável 𝑢 = 𝑥 − 2𝑦, = 2 − 2 ∙ 𝑑𝑥 e a equação fica
𝑑𝑥

1 1 𝑑𝑢 𝑢
− 2 ∙ 𝑑𝑥 = 2𝑢+1 ⟺ ∫(2𝑢 + 1)𝑑𝑢 = − ∫ 𝑑𝑥 ⟺ 𝑢2 + 𝑢 = −𝑥 + 𝑐
2

(𝑥 − 2𝑦)2 + 𝑥 − 2𝑦 = −𝑥 + 𝑐 ⟺ (𝑥 − 2𝑦)2 + 2𝑥 − 2𝑦 = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

Exercícios propostos:

1. Resolva as seguintes equações diferenciais de variáveis separáveis:

a) √1 − 𝑦 2 𝑑𝑥 + √1 − 𝑥 2 𝑑𝑦 = 0

b) (1 − 𝑥 3 ) 𝑑𝑦 − 𝑥 2 𝑦 𝑑𝑥 = 0

dy
c) + 2 xy − x y 2 = 0
dx

d) sen𝑦 cos 2 𝑥 𝑑𝑦 + cos 2 𝑦 𝑑𝑥 = 0

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Equações diferenciais

1+𝑦 3
e) 𝑦′ + =0
𝑥𝑦 2 (1+𝑥 2 )

1+𝑦 2
f) 𝑦′ =
1+𝑥 2

g) ( x 2 + x 2 y ) dx − ye x dy = 0

h) 𝑥 2 (𝑦 + 𝑎)2 (𝑦 ′ − 1) = 𝑦 2 − 2𝑎𝑥 2 𝑦 + 𝑎2

i) (𝑥 2 + 1)(𝑦 2 + 4)𝑑𝑥 + (𝑥 2 − 1)(𝑦 2 − 4)𝑑𝑦 = 0

𝑥 𝑥2
j) 𝑑𝑥 − 𝑑𝑦 = 0
𝑦√𝑦 2 +𝑥 2 𝑦 2 √𝑦 2 +𝑥 2

1−3𝑥−3𝑦
2. Resolva a equação 𝑦′ = , começando por a transformar numa equação de
1+𝑥+𝑦

variáveis separáveis através da mudança de variável z = x + y.

3. Determine a equação da curva:

a) Cujo declive da tangente em cada ponto (x,y) é metade do declive da reta que une a
origem ao ponto.

b) Que passa pelo ponto (1,1) e tal que a inclinação da tangente em cada ponto é
proporcional ao quadrado da ordenada nesse ponto.

4. As curvas de Gompertz podem ser utilizadas para estudar o crescimento ou diminuição


das populações, das organizações e da receita proveniente das vendas de um produto, bem
como prever os custos de manutenção de equipamentos. A equação diferencial associada
𝑑𝑥
é = 𝑥(𝑎 − 𝑏ln𝑥), onde x representa o número de objetos ou indivíduos no instante t e
𝑑𝑡

a e b são constantes reais não nulas. Faça a = 2 e b = 1. Sabendo que 𝑥(0) = 𝑒 3 , resolva
−𝑡
a equação e mostre que a solução é 𝑥 = 𝑒 2+𝑒 .

5. A taxa de aumento das vendas S (em milhares de unidades) de um produto é proporcional


ao volume atual de vendas e inversamente proporcional ao quadrado do tempo t (em
anos). O ponto de saturação do mercado é 50. Após 1 ano, foram vendidas 10 000
unidades. Determine o volume de vendas S em função do tempo.

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Equações diferenciais

6. Sabe-se que a procura e a oferta de um determinado produto são dadas pelas expressões

𝐷(𝑃) = 𝐶1 − 𝑃 e 𝑆(𝑃) = 𝐶2 + 𝑃 (com 𝐶1 > 𝐶2 e D e S não negativos).

Admitindo que a taxa de variação do preço em relação ao tempo é dada pela diferença
𝐷(𝑃) − 𝑆(𝑃), determine o preço P como função do tempo t.

7. De acordo com o economista Vilfredo Pareto (1848- 1923), a taxa de crescimento do


número de pessoas y, numa economia estável, com rendimento superior a x u.m., é
diretamente proporcional ao seu número e inversamente proporcional a x. Suponha que
num determinado ano se verificou que 9,9 milhões de pessoas ganhavam pelo menos 75
u.m. e 55,8 milhões de pessoas ganhavam pelo menos 25 u.m. Calcule o número de
pessoas que ganhavam mais de 10 u.m. e mais de 250 u.m.

8. Um novo produto é apresentado através de uma campanha publicitária a uma população


de 1 milhão de potenciais clientes. Supõe-se que a taxa à qual a população ouve falar do
produto é proporcional ao número de pessoas que ainda não o conhecem. Ao cabo de 1
ano, metade da população já tomou conhecimento do produto. Quantos terão ouvido
falar dele ao fim de 2 anos?

1 𝑦
9. Considere a equação diferencial de variáveis separáveis ⋅ 𝑦′ = .
𝑓′ (𝑥) 𝑓(𝑥)

a) Determine a solução geral da equação.

b) Sendo 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 , determine a solução particular que verifica 𝑦(1) = 2.

10. Durante uma epidemia de gripe, 5% dos 5000 soldados estacionados no Forte X tinha
contraído a doença no instante t = 0. Além disso, a taxa à qual os soldados estavam a
contrair a doença era proporcional, conjuntamente, ao número de infetados e à
população sã. Se ao 10º dia 20% dos soldados já tinha contraído a doença, qual o número
de infetados ao 13º dia?

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Equações diferenciais

Soluções:

1. a) arcsen 𝑥 + arcsen 𝑦 = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

b) 𝑦 3 (1 − 𝑥 3 )𝑐 = 1 (𝑐 ∈ 𝑅)

1 1 2 𝑦−2 𝑥2
c) 𝑦 = 2 + 𝑐𝑒 𝑥 ou ln √ +𝑐 = (𝑐 ∈ 𝑅)
𝑦 2

1
d) − cos 𝑦 = tg𝑥 + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

3 √1+𝑥 2
e) √1 + 𝑦 3 = (𝑐 ∈ 𝑅)
𝑐𝑥

f) arctg y = arctg x + c (𝑐 ∈ 𝑅)

g) (−𝑥 2 − 2𝑥 − 2)𝑒 −𝑥 = 𝑦 − ln|1 + 𝑦| + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)


1
h) 𝑦 + 𝑎 ln(𝑦 2 + 𝑎2 ) = 𝑥 − 𝑥 + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

𝑥−1 𝑦
i) 𝑥 + ln |𝑥+1| = −𝑦 + 4arctg 2 + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

j) y = cx (𝑐 ∈ 𝑅)

2. 3x + y + 2ln |x + y − 1| = c (𝑐 ∈ 𝑅)

3. a) 𝑦 = 𝑐√𝑥 (𝑐 ∈ 𝑅)
1
b) 𝑦 = 1 + 𝑘 − 𝑘𝑥 (𝑘 ∈ 𝑅)

𝑙𝑛 5
5. 𝑆(𝑡) = 𝑒 − 𝑡
+𝑙𝑛 50

𝑐2 −𝑐1
6. 𝑃 = −𝑒 −2𝑡 ⋅ 𝑐 − (𝑐 ∈ 𝑅)
2

7. y (10) = 235,976 milhões e y (250) = 1,488 milhões

8. 750000 pessoas

9. a) 𝑦 = 𝑘 ∙ 𝑓(𝑥)

b) 𝑦 = 2𝑥 2
𝑑𝑄
10. Sendo Q (t) o número de infetados, a equação fica = 𝑘𝑄(5000 − 𝑄). 𝑄 ≈ 1426.
𝑑𝑡

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Equações diferenciais

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Equações diferenciais

2.2. Equações homogéneas

Diz-se que uma equação é homogénea quando é possível reduzi-la à forma

f (x, y ) = f ( x, y )
dy
= f ( x, y ) em que
dx

ou seja, f é uma função homogénea de grau zero.2

𝑀(𝑥,𝑦)
Quando a equação está na forma 𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 = 0, 𝑓(𝑥, 𝑦) = − 𝑁(𝑥,𝑦) :

𝑑𝑦 𝑀(𝑥,𝑦)
𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 = 0 ⇔ 𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 = 𝑁(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 ⇔ 𝑑𝑥 = − 𝑁(𝑥,𝑦) .

Da definição, resulta que a equação é homogénea, quando M e N são funções homogéneas


do mesmo grau.

Por exemplo:

𝑑𝑦 3𝑥 2 +𝑦 2
A equação = 𝑥 2 −2𝑦 2 é homogénea, já que 𝑀(𝑥, 𝑦) = 3𝑥 2 + 𝑦 2  e 𝑁(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 − 2𝑦 2 ,
𝑑𝑥

ambas homogéneas de grau 2, pelo que o seu quociente será de grau 0.

Após identificada a equação como homogénea (ou seja, verificado que f(x, y) é homogénea
de grau 0), a equação é transformada numa equação de variáveis separáveis através da
𝑑𝑦
mudança de variável y = ux (e a consequente alteração de ):
𝑑𝑥

𝑦 = 𝑢𝑥
{𝑑𝑦 𝑑𝑢
= 𝑑𝑥 𝑥 + 𝑢
𝑑𝑥

Fazendo esta mudança de variável, é possível eliminar o x do 2º membro da equação, o que


conduz a uma equação de variáveis separáveis em u e x. Resolvida a equação, a solução
𝑦
obtém-se fazendo a substituição 𝑢 = .
𝑥

2
Recorde-se que uma função f(x,y) é homogénea de grau k (𝑘 ∈ 𝑅) ⇔ 𝑓(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = 𝜆𝑘 𝑓(𝑥, 𝑦), ∀(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷𝑓

e tal que 𝑓(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) ∈ 𝐷𝑓 .

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Equações diferenciais

Exemplos:

1) Resolver a equação 𝑥(𝑥 2 + 5𝑥𝑦 + 𝑦 2 )𝑦 ′ = 𝑦(𝑥 2 + 3𝑥𝑦 + 𝑦 2 ).

Resolução:

𝑑𝑦 𝑥 2 𝑦+3𝑥𝑦 2 +𝑦 3
𝑥(𝑥 2 + 5𝑥𝑦 + 𝑦 2 )𝑦 ′ = 𝑦(𝑥 2 + 3𝑥𝑦 + 𝑦 2 ) ⇔ 𝑑𝑥 =

𝑥 3 +5𝑥 2 𝑦+𝑥𝑦 2
função homogenea de grau zero

Fazendo a mudança de variável proposta,

𝑦 = 𝑢. 𝑥 𝑑𝑢 𝑥 2 𝑢𝑥+3𝑥(𝑢𝑥)2 +(𝑢𝑥)3 𝑢+3𝑢2 +𝑢3


{𝑑𝑦 𝑑𝑢 fica 𝑥+𝑢 = =
= 𝑑𝑥 . 𝑥 + 𝑢 𝑑𝑥 𝑥 3 +5𝑥 2 𝑢𝑥+𝑥(𝑢𝑥)2 1+5𝑢+𝑢2
𝑑𝑥

𝑑𝑢 𝑢+3𝑢2 +𝑢3 𝑑𝑢 𝑢+3𝑢2 +𝑢3 −𝑢−5𝑢2 −𝑢3 𝑑𝑢 −2𝑢2


𝑥= − 𝑢 ⇔ 𝑑𝑥 𝑥 = ⇔ ⏟ 𝑥 = 1+5𝑢+𝑢2
𝑑𝑥 1+5𝑢+𝑢2 1+5𝑢+𝑢2 𝑑𝑥
eq. variaveis separaveis

𝑑𝑢 −2𝑢2 1+5𝑢+𝑢2 2 𝑢−1


⇔ 𝑑𝑥 𝑥 = 1+5𝑢+𝑢2 ⇔ ∫  𝑑𝑢 = − ∫ 𝑥  𝑑𝑥 ⇔ + 5 ln|𝑢| + 𝑢 = −2 ln|𝑥| + 𝑐
𝑢2 −1

𝑥 𝑦 𝑦
Repondo as variáveis iniciais, a solução é − 𝑦 + 5 ln | 𝑥  | + 𝑥 = −2 ln|𝑥| + 𝑐 (c  R)

2) Resolver a equação (𝑥 2 + 𝑦 2 )𝑑𝑥 + (𝑥 2 − 𝑥𝑦)𝑑𝑦 = 0.

Resolução:

Como M(x,y) e N(x,y) são homogéneas de grau dois, estabelece-se que a equação é
homogénea. Então, faz-se a mudança de variável proposta:

𝑦 = 𝑢. 𝑥
{𝑑𝑦 𝑑𝑢
= 𝑑𝑥 . 𝑥 + 𝑢
𝑑𝑥

𝑑𝑦 𝑥 2 +𝑦 2
(𝑥 2 + 𝑦 2 )𝑑𝑥 + (𝑥 2 − 𝑥𝑦)𝑑𝑦 = 0 ⇔ = 𝑥𝑦−𝑥 2
𝑑𝑥

𝑑𝑢 𝑥 2 +𝑢2 𝑥 2 𝑥 2 (1+𝑢2 ) 1+𝑢2


𝑑𝑥
⋅𝑥+𝑢 = 𝑥⋅𝑢𝑥−𝑥 2
= 𝑥 2 (𝑢−1)
= 𝑢−1

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Equações diferenciais

𝑑𝑢 1+𝑢2 1+𝑢2 −𝑢2 +𝑢 𝑢+1


⋅𝑥 = −𝑢 = = 𝑢−1
𝑑𝑥 𝑢−1 𝑢−1

𝑢−1 1 2
∫ 𝑢+1  𝑑𝑢 = ∫ 𝑥  𝑑𝑥 ⇔ ∫ (1 − 𝑢+1) 𝑑𝑢 = ln|𝑥| + 𝑐 ⇔ 𝑢 − 2 ln|𝑢 + 1| = ln|𝑥| + 𝑐

Repondo as variáveis iniciais, a solução é

𝑦 𝑦
𝑥
− 2 ln |𝑥 + 1| = ln|𝑥| + 𝑐 (c  R)

2.2.1 Equações redutíveis a homogéneas

𝑑𝑦 𝑎𝑥+𝑏𝑦+𝑐
Equações do tipo = reduzem-se a equações homogéneas, fazendo a mudança
𝑑𝑥 𝑚𝑥+𝑛𝑦+𝑝

𝑥 =𝑢+ℎ 𝑑𝑣 𝑑𝑦 3
de variável { (e consequentemente = )
𝑦 =𝑣+𝑘 𝑑𝑢 𝑑𝑥

𝑎ℎ + 𝑏𝑘 + 𝑐 = 0
em que h e k são constantes reais que verificam as condições {
𝑚ℎ + 𝑛𝑘 + 𝑝 = 0

(quando este sistema é impossível, então a equação é de variáveis separáveis).

Exemplo:

𝑑𝑦 2𝑥−4𝑦+3
A equação 𝑑𝑥 = pode ser transformada numa equação homogénea, fazendo
𝑥+2𝑦+1

5 5
𝑥 =𝑢+ℎ ℎ = −4
2ℎ − 4𝑘 + 3 = 0 𝑥 =𝑢−4
{    em que {  ⇔ { 1 ou seja, { 1
𝑦 =𝑣+𝑘 ℎ + 2𝑘 + 1 = 0 𝑘=8 𝑦 =𝑣+8

5 1
𝑑𝑣 2(𝑢 − )−4(𝑣 + )+3 𝑑𝑣 2𝑢−4𝑣
4 8
⇔ = 5 1 e obtém-se a equação homogénea 𝑑𝑢 = 𝑢+2𝑣
(verifique!).
𝑑𝑢 (𝑢 − )+2(𝑣 + )+1
4 8

𝑥 =𝑢+ℎ 𝑑𝑣 𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑑𝑦
3
Note que se { , então = × = × 1 (regra de derivação da função composta).
𝑦 =𝑣+𝑘 𝑑𝑢 𝑑𝑥 𝑑𝑢 𝑑𝑥

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Equações diferenciais

Exercícios propostos:

1. Mostre que as equações são homogéneas, e resolva-as:

a) (x + y) dx + (y − x) dy = 0

b) (2√𝑠𝑡 − 𝑠)𝑑𝑡 + 𝑡𝑑𝑠 = 0

𝑦
c) 𝑥𝑦′ = 𝑦 − 𝑥 cos2 (𝑥 )

𝑦 𝑦
d) 𝑥 cos (𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦) = 𝑦 sen (𝑥𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥)
𝑥 𝑥

e) (𝑦 2 − 𝑥𝑦)𝑑𝑥 + 𝑥 2 𝑑𝑦 = 0

𝑦 2 −2𝑥𝑦−𝑥 2
2. Determine a solução particular da equação homogénea 𝑦′ = 𝑦 2+2𝑥𝑦−𝑥 2 , sabendo que

quando se tem x = 1, então y = – 1.

𝑑𝑦 𝑦
3. Seja f uma função diferenciável em R. Mostre que a equação = 𝑓 (𝑥 ) se transforma
𝑑𝑥
𝑑𝑣 𝑑𝑥
na equação de variáveis separáveis = através da substituição y = vx.
𝑓(𝑣)−𝑣 𝑥

4. A taxa de acréscimo do custo total y, à medida que o número de unidades fabricadas 𝑥


aumenta, é igual à razão entre a soma dos quadrados do custo e da quantidade, e o dobro
do produto do custo pela quantidade. Determine a relação entre o custo total e a
quantidade, sabendo que o custo de uma unidade é 3.

𝑦
5. Verifique que a equação 𝑥𝑦′ = 𝑦ln (𝑥 ) é homogénea e resolva-a, concluindo que a

solução é 𝑦 = 𝑥𝑒 𝑐𝑥+1 , em que c é um número real.

Soluções:
𝑦 𝑐 𝑦
1. a) ln(𝑥 2 +𝑦 2 ) − 2arctg (𝑥 ) = 𝑐 b) 𝑠 = 𝑡 ln2 𝑡 c) −tg 𝑥 = ln|𝑐𝑥|

𝑦 𝑥
d) 𝑥𝑦 cos 𝑥 = 𝑐 e) ln|𝑐𝑥| = 𝑦

2. y = − x 4. 𝑦 = √𝑥 2 + 8𝑥

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Equações diferenciais

2.3. Equações exatas (ou de diferencial total)

𝝏𝑴 𝝏𝑵
A equação 𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 = 0 é exata quando = . Nestas condições,
𝝏𝒚 𝝏𝒙

prova-se que a solução desta equação é dada pela igualdade u(x,y) = 0, em que a função
u(x,y) verifica simultaneamente as condições:

(1) 𝑢(𝑥, 𝑦) = ∫ 𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦)

𝜕𝑢
(2) 𝑁(𝑥, 𝑦) = 𝜕𝑦

Exemplos:

𝑑𝑦 6𝑥 2 𝑦 2 −8𝑥𝑦 3 +10𝑥𝑦+3𝑦
1) Resolver a equação =− .
𝑑𝑥 4𝑥 3 𝑦−12𝑥 2 𝑦 2 +5𝑥 2 +3𝑥

Resolução:

Transformando o enunciado, obtemos a forma canónica

(6𝑥 2 𝑦 2 − 8𝑥𝑦 3 + 10𝑥𝑦 + 3𝑦)𝑑𝑥 + (4𝑥 3 𝑦 − 12𝑥 2 𝑦 2 + 5𝑥 2 + 3𝑥)𝑑𝑦 = 0; só assim


podemos verificar as condições pretendidas:

𝜕𝑀
𝑀(𝑥, 𝑦) = 6𝑥 2 𝑦 2 − 8𝑥𝑦 3 + 10𝑥𝑦 + 3𝑦  ⇒ 𝜕𝑦
= 12𝑥 2 𝑦 − 24𝑥𝑦 2 + 10𝑥 + 3 𝜕𝑀 𝜕𝑁
𝜕𝑁
} ⇒ 𝜕𝑦
= 𝜕𝑥
𝑁(𝑥, 𝑦) = 4𝑥 3 𝑦 − 12𝑥 2 𝑦 2 + 5𝑥 2 + 3𝑥 ⇒ 𝜕𝑥
= 12𝑥 2
𝑦 − 24𝑥𝑦 2
+ 10𝑥 + 3

Seguindo a metodologia exposta,

𝑢(𝑥, 𝑦) = ∫(6𝑥 2 𝑦 2 − 8𝑥𝑦 3 + 10𝑥𝑦 + 3𝑦)𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦) = 2𝑥 3 𝑦 2 − 4𝑥 2 𝑦 3 + 5𝑥 2 𝑦 + 3𝑥𝑦 + 𝑓(𝑦)

𝜕𝑢
𝜕𝑦
= 𝑁(𝑥, 𝑦)   ⇔  4𝑥 3 𝑦 − 12𝑥 2 𝑦 2 + 5𝑥 2 + 3𝑥 + 𝑓 ′ (𝑦) = 4𝑥 3 𝑦 − 12𝑥 2 𝑦 2 + 5𝑥 2 + 3𝑥  ⇔ 

⇔ 𝑓 ′ (𝑦) = 0  ⇔  𝑓(𝑦) = 𝑐

Finalmente a solução, 2𝑥 3 𝑦 2 − 4𝑥 2 𝑦 3 + 5𝑥 2 𝑦 + 3𝑥𝑦 + 𝑐 = 0 (𝑐 ∈ 𝑅)

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Equações diferenciais

2) Resolver a equação (cos 𝑥 ⋅ sen𝑥 − 𝑥𝑦 2 ) 𝑑𝑥 + 𝑦(1 − 𝑥 2 ) 𝑑𝑦 = 0

Resolução:

𝜕𝑀 𝜕𝑁
= = −2𝑥𝑦, logo a equação é exata. De acordo com a metodologia sugerida, pretende-
𝜕𝑦 𝜕𝑥

se encontrar a função u(x,y) que verifica as condições enunciadas, ou seja

1 𝑥2
𝑢(𝑥, 𝑦) = ∫(cos 𝑥 ⋅ sen𝑥 − 𝑥𝑦 2 )𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦) = − 2 cos 2 𝑥 − ⋅ 𝑦 2 + 𝑓(𝑦)
2

𝜕𝑢 𝑦2
= 𝑁(𝑥, 𝑦) ⇔ −𝑥 2 𝑦 + 𝑓′(𝑦) = 𝑦 − 𝑥 2 𝑦 ⇔ 𝑓′(𝑦) = 𝑦 ⇔ 𝑓(𝑦) = +𝑐
𝜕𝑦 2

1 𝑥2𝑦2 𝑦2
E finalmente a solução − 2 cos 2 𝑥 − + +𝑐 =0 (𝑐 ∈ 𝑅)
2 2

Exercícios propostos:

1. Resolva as equações exatas:

a) (3𝑥 2 + 6𝑥𝑦 2 )𝑑𝑥 + (6𝑥 2 𝑦 + 4𝑦 3 )𝑑𝑦 = 0

b) (2𝑥𝑦 + 𝑥)𝑑𝑥 + (𝑥 2 + 𝑦)𝑑𝑦 = 0

c) (3𝑥 2 𝑦 − 2𝑦 3 + 3)𝑑𝑥 + (𝑥 3 − 6𝑥𝑦 2 + 2𝑦)𝑑𝑦 = 0

1 2𝑥 1 2𝑥 2
d) (3𝑥 2 + 𝑥 2 + 2𝑦 2 𝑥 + 𝑦 2 ) 𝑑𝑥 + (3𝑦 2 + 𝑦 2 + 2𝑥 2 𝑦 − ) 𝑑𝑦 = 0
𝑦3

𝑥 𝑦
e) 𝑑𝑦 = (𝑥 2 +𝑦 2 − 1) 𝑑𝑥
𝑥 2 +𝑦 2

1 𝑥 𝑦 𝑦 1 𝑦 𝑥 𝑥 1
f) (𝑦 sen 𝑦 − 𝑥 2 cos 𝑥 + 1) 𝑑𝑥 + (𝑥 cos 𝑥 − 𝑦 2 sen 𝑦 + 𝑦 2) 𝑑𝑦 = 0

𝑥+𝑦
g) + 𝑦′ = 0
𝑥

2. Considere a equação diferencial M (x,y) 𝑑𝑥 + (x.exy + 2xy) 𝑑𝑦 = 0. Determine o conjunto


de funções M(x,y) de modo que a equação seja exata.

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Equações diferenciais

3. Dada a equação diferencial 𝑥𝑦′ = −𝑦 − 𝑥 𝑎 𝑦 𝑏 , indique que valores poderão tomar as


constantes reais a e b de modo que a equação seja diferencial exata.

4. Determine o valor da constante a, de modo que seja exata a equação

(𝑒 𝑎𝑥+𝑦 + 3𝑥 2 𝑦 2 ) 𝑑𝑥 + (𝑒 𝑎𝑥+𝑦 + 2𝑥 3 𝑦) 𝑑𝑦 = 0

5. Determine a curva integral que verifica a equação 𝑦 3 (𝑦 + 1)𝑦′ = 1 + 𝑦 + 𝑥𝑦′, sabendo


que intersecta o eixo das abcissas no ponto 3.

Soluções:

1. a) 𝑥 3 + 3𝑥 2 𝑦 2 + 𝑦 4 = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

x2 + y
2
b) x 2y + = c (𝑐 ∈ 𝑅)
2

c) x 3y − 2 x y + 3x + y = c (𝑐 ∈ 𝑅)
3 2

2
d) y 3 − 1 + x 2 y 2 + x + x3 − 1 = c (𝑐 ∈ 𝑅)
y 2 x
y

𝑥
e) arctg (𝑦) − 𝑥 = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

𝑥 𝑦 1
f) − cos 𝑦 + sen 𝑥 + 𝑥 − 𝑦 = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

g) 𝑐 = 𝑥 2 + 2𝑥𝑦 (𝑐 ∈ 𝑅)

2. 𝑀(𝑥, 𝑦) = 𝑒 𝑥𝑦 𝑦 + 𝑦 2 + 𝐶(𝑥)

3. b = 0 e a qualquer

4. a = 1

𝑦4 𝑦5 1
5. 𝑥 = ( 4 + + 3) ∙ 𝑦+1
5

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Equações diferenciais

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Equações diferenciais

2.4. Fator integrante para resolver equações diferenciais

Definição: 𝜇 (x,y) é um fator integrante de uma equação diferencial se e só se, após


multiplicar a equação por 𝜇 (x,y), obtemos uma equação diferencial exata.

Assim, o cálculo de um fator integrante vai permitir resolver equações do tipo

𝜕𝑀 𝜕𝑁
𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 = 0  com   𝜕𝑦 ≠ 𝜕𝑥

Apesar de ser possível usar qualquer fator integrante previamente determinado, apenas serão
abordadas técnicas que permitem calcular fator integrante numa variável, x ou y.

2.4.1. Cálculo de um fator integrante numa variável

Sejam 𝑀1 (𝑥, 𝑦)  e 𝑁1 (𝑥, 𝑦)  funções reais nas duas variáveis reais x e y. Seja a equação
𝑀1 (𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁1 (𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 = 0 não exata; se 𝜇 (x,y) é fator integrante, então

𝜇(𝑥, 𝑦) ⋅ (𝑀1 (𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁1 (𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦) = 0 ⇔ 𝜇(𝑥, 𝑦)𝑀1 (𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝜇(𝑥, 𝑦)𝑁1 (𝑥, 𝑦) 𝑑𝑦 = 0

𝜕 (𝜇𝑀1 ) 𝜕 (𝜇𝑁1 )
é uma equação exata, ou seja = . Forçando aquela igualdade, é possível
𝜕𝑦 𝜕𝑥

determinar a função 𝜇 (x,y) que a verifica, conforme vai ser ilustrado pelo exemplo que se
da equação 𝑥 2 𝑦′ + 𝑥𝑦 = 𝑥 2 − 𝑥 − 1

𝑥 2 𝑦′ + 𝑥𝑦 = 𝑥 2 − 𝑥 − 1 ⇔ ⏟
(𝑥𝑦 − 𝑥 2 + 𝑥 + 1) 𝑑𝑥 + (𝑥
⏟ 2)
𝑑𝑦 = 0 (verifique!)
𝑀1 𝑁1

𝜕𝑀1
=𝑥 𝜕𝑀1 𝜕𝑁1
𝜕𝑦
Calculando as derivadas parciais, 𝜕𝑁1
} ⇒  ≠ , conclui-se que a equação
𝜕𝑦 𝜕𝑥
= 2𝑥
𝜕𝑥

não é exata.

Vamos procurar um fator integrante com recurso à definição (supondo que a equação admite
fator integrante em x):

𝜇(𝑥)(𝑥𝑦 − 𝑥 2 + 𝑥 + 1) 𝑑𝑥 + ⏟
⏟ 𝜇(𝑥)𝑥 2 𝑑𝑦 = 0
𝑀 𝑁

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Equações diferenciais

𝜕𝑀 𝜕𝑁 𝜇′(𝑥) 1
= ⇔ 𝑥𝜇(𝑥) = 𝜇′(𝑥)𝑥 2 + 2𝑥𝜇(𝑥) ⇔ 𝜇′(𝑥)𝑥 2 = −𝑥𝜇(𝑥) ⇔ =−
𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜇(𝑥) 𝑥

ln|𝜇(𝑥)| = − ln|𝑥| = ln|𝑥 −1 |

𝟏
Um fator integrante será então, 𝝁(𝒙) = 𝒙−𝟏 = 𝒙 , como é simples de verificar:

multiplicando a equação inicial pelo fator integrante, fica

𝑥𝑦−𝑥 2 +𝑥+1 𝑥2 1
( ) 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 = 0 ⇔ (𝑦 − 𝑥 − 1 − 𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 = 0
𝑥 𝑥

𝑀(𝑥, 𝑦)  𝑁(𝑥, 𝑦) 

𝜕𝑀 𝜕𝑁
= = 1 e, portanto, trata-se de uma equação diferencial exata.
𝜕𝑦 𝜕𝑥

Nota: 4

Da definição, resulta uma estratégia para determinar se existe um fator integrante em alguma
das variáveis x ou y:
𝜕𝑀 𝜕𝑁

𝜕𝑦 𝜕𝑥
• Se depende só de x, a equação admite fator integrante em x
𝑁

𝜕𝑁 𝜕𝑀

𝜕𝑥 𝜕𝑦
• Se depende só de y, a equação admite fator integrante em y
𝑀

Voltando ao exemplo anterior:


𝜕𝑀 𝜕𝑁
=𝑥 ∧ = 2𝑥
𝜕𝑦 𝜕𝑥

𝜕𝑀 𝜕𝑁
− 𝑥−2𝑥 1
𝜕𝑦 𝜕𝑥
= = −𝑥
𝑁 𝑥2

1
Como − depende só de x, pode-se concluir que a equação admite um fator integrante
𝑥

função de x, como foi verificado através da definição.

4
Os cálculos necessários para a determinação do fator integrante, cedo permitem concluir se a variável
escolhida é a correta, já que na equação a resolver deverá aparecer apenas uma variável, pelo que esta
estratégia é dispensável. Apresenta-se como alternativa.

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Equações diferenciais

2.4.2. Utilização do fator integrante

Para obter a solução da equação, utiliza-se a técnica proposta para equações deste tipo; ainda
no exemplo anterior,

1 𝑥2
𝑢(𝑥, 𝑦) = ∫ (𝑦 − 𝑥 − 1 − 𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦) = 𝑥𝑦 − − 𝑥 − ln|𝑥| + 𝑓(𝑦)
2

𝜕𝑢
como 𝜕𝑦 = 𝑁, obtém-se a igualdade 𝑥 + 𝑓 ′ (𝑦) = 𝑥 ⇔ 𝑓 ′ (𝑦) = 0 ⇔ 𝑓(𝑦) = 𝑐

𝑥2
finalmente a solução 𝑥𝑦 − − 𝑥 − ln|𝑥| + 𝑐 = 0 (𝑐 ∈ 𝑅)
2

Exemplos:

𝑦 𝑙𝑛 𝑦−𝑦𝑒 𝑥
1) Dada a equação diferencial  𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 = 0, integre a equação, sabendo que 𝑦(0) =
𝑥
𝑥
1 e que 𝑔(𝑥, 𝑦) = 𝑦 é um fator integrante da equação dada.

Resolução:

Multiplicando a equação por 𝑔(𝑥, 𝑦):

𝑥 𝑦 𝑙𝑛 𝑦−𝑦𝑒 𝑥 𝑥 𝑥
𝑦
⋅ 𝑥
⏟ 𝑦 − 𝑒 𝑥 )  𝑑𝑥 +
 𝑑𝑥 + 𝑦  𝑑𝑦 = 0 ⇔ (𝑙𝑛

𝑦
 𝑑𝑦 = 0
𝑀
𝑁

𝜕𝑀 1
=𝑦 𝑥
𝜕𝑦
𝜕𝑁 1
} são iguais; então 𝑦 é fator integrante.
=𝑦
𝜕𝑥

𝑢 = ∫(ln𝑦 − 𝑒 𝑥 )𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦) = 𝑥 ln𝑦 − 𝑒 𝑥 + 𝑓(𝑦)

𝜕𝑢 𝑥 𝑥 𝑥
= 𝑦 ⇔ 𝑦 + 𝑓′(𝑦) = 𝑦 ⇔ 𝑓′(𝑦) = 0 ⇔ 𝑓(𝑦) = 𝑐 e a solução geral da equação é
𝜕𝑦

𝑥 ln 𝑦 − 𝑒 𝑥 + 𝑐 = 0.

Dada a condição inicial, 𝑦(0) = 1 ⇔ 0 ⋅ ln 1 − 𝑒 0 + 𝑐 = 0 ⇔ 𝑐 = 1 e está encontrada a


solução particular: 𝑥 ln 𝑦 − 𝑒 𝑥 + 1 = 0.

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Equações diferenciais

2) Dada a equação diferencial (5 + 𝑦 3 sen𝑥)𝑑𝑥 + 3𝑦 2 cos𝑥𝑑𝑦 = 0, calcular um fator


integrante função de x e resolver a equação.

Resolução:

(5 + 𝑦 3 sen𝑥)𝑑𝑥 + 3𝑦 2 cos𝑥𝑑𝑦 = 0

𝑀1 𝑁1

𝜕𝑀1
= 3𝑦 2 sen𝑥
𝜕𝑦
𝜕𝑁1
} são diferentes; então a equação não é exata.
= −3𝑦 2 sen𝑥
𝜕𝑥

Vamos supor, de acordo com o enunciado, que admite um fator integrante função de x, seja
𝜇(𝑥); então, por definição, a equação 𝜇(𝑥)(5 + 𝑦 3 sen𝑥)𝑑𝑥 + 𝜇(𝑥)(3𝑦 2 cos𝑥)𝑑𝑦 = 0 é
exata, ou seja

𝜇(𝑥) ⋅ 3𝑦 2 sen𝑥 = 𝜇′(𝑥)(3𝑦 2 cos𝑥) − 𝜇(𝑥) ⋅ 3𝑦 2 sen𝑥 ⇔ 𝜇′(𝑥)(3𝑦 2 cos𝑥) = 𝜇(𝑥) ⋅ 6𝑦 2 sen𝑥 ⇔
𝜇′(𝑥) sen𝑥 𝜇′(𝑥) sen𝑥
⇔ = 2 ⋅ cos 𝑥 ⇔ = 2 ⋅ cos 𝑥 ⇔
𝜇(𝑥) 𝜇(𝑥)

1
⇔ ln|𝜇(𝑥)| = −2 ln|cos 𝑥| ⇔ ln|𝜇(𝑥)| = ln cos2 𝑥

1
Um fator integrante é, por exemplo5, 𝜇(𝑥) = .
cos2 𝑥

Multiplicando a equação pelo fator calculado, fica a equação diferencial exata

5+𝑦 3 sen𝑥 3𝑦 2 cos𝑥 5 𝑦 3 sen𝑥 3𝑦 2


𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 = 0 ⇔ (cos2 𝑥 + ) 𝑑𝑥 + cos 𝑥 𝑑𝑦 = 0
cos2 𝑥 cos2 𝑥 cos2 𝑥

M N

5 𝑦 3 sen𝑥 𝑦3
𝑢 = ∫ 𝑀𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦) = ∫ (cos2 𝑥 + ) 𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦) = 5tg𝑥 + cos 𝑥 + 𝑓(𝑦)
cos2 𝑥

𝑑𝑢 3𝑦 2 3𝑦 2
= 𝑁 ⇔ cos 𝑥 + 𝑓′(𝑦) = cos 𝑥 ⇔ 𝑓′(𝑦) = 0 ⇔ 𝑓(𝑦) = 𝑐
𝑑𝑦

𝑦3
𝑆: 𝑢 = 0 ⇔ 5tg𝑥 + cos 𝑥 + 𝑐 = 0  (𝑐 ∈ 𝑅)

5
Da definição resulta que o produto de um fator integrante por uma constante real, continua a ser um fator
integrante. No entanto, tendo em conta que vai ser usado na resolução da equação, é conveniente que seja
o menos complexo possível.

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Equações diferenciais

3) Resolver a equação 𝑥𝑦 𝑑𝑦 = 2 𝑑𝑦 − 𝑦 2 𝑑𝑥.

Resolução:

𝑥𝑦 𝑑𝑦 = 2 𝑑𝑦 − 𝑦 2 𝑑𝑥 ⇔ 𝑦 2 𝑑𝑥 + (𝑥𝑦 − 2)𝑑𝑦 = 0

𝜕
(𝑦 2 ) = 2𝑦
𝜕𝑦
𝜕
} são diferentes, logo a equação não é exata.
(𝑥𝑦 − 2) = 𝑦
𝜕𝑥

Vamos procurar um fator integrante 𝜇(𝑦):

𝜇(𝑦)𝑦 2 𝑑𝑥 + 𝜇(𝑦)(𝑥𝑦 − 2)𝑑𝑦 = 0 ⇔ 𝜇′(𝑦)𝑦 2 + 2𝑦𝜇(𝑦) = 𝑦𝜇(𝑦) ⇔ 𝜇′(𝑦)𝑦 2 = −𝑦𝜇(𝑦) ⇔


𝜇′(𝑦) 1 𝜇′(𝑦) 1
⇔ = − 𝑦 ⇔ ∫ 𝜇(𝑦) 𝑑𝑦 = − ∫ 𝑦 𝑑𝑦 ⇔
𝜇(𝑦)

⇔ ln|𝜇(𝑦)| = − ln|𝑦| ⇔ 𝜇(𝑦) = 𝑦 −1

1
Ou seja, é um fator integrante; multiplicando a equação pelo fator integrante, fica
𝑦

1 1 2
∙ 𝑦 2 𝑑𝑥 + 𝑦 ∙ (𝑥𝑦 − 2) 𝑑𝑦 = 0 ⟺ ⏟
𝑦 𝑑𝑥 + (𝑥 − 𝑦) 𝑑𝑦 = 0
𝑦 ⏟
𝑀1
𝑁1

𝜕𝑀1
=1
𝜕𝑦
𝜕𝑁1
} são iguais, então é uma equação diferencial exata (como era esperado)
=1
𝜕𝑥

𝑢 = ∫ 𝑦𝑑𝑥 + 𝑓(𝑦) = 𝑥𝑦 + 𝑓(𝑦)

𝜕𝑢 2 2 2
= 𝑥 − 𝑦 ⇔ 𝑥 + 𝑓′(𝑦) = 𝑥 − 𝑦 ⇔ 𝑓′(𝑦) = − 𝑦 ⇔ 𝑓(𝑦) = −2 ln|𝑦| + 𝑐
𝜕𝑦

A solução é dada pela igualdade 𝑥𝑦 − 2ln|𝑦| + 𝑐 = 0 (𝑐 ∈ 𝑅).

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Equações diferenciais

Exercícios propostos:

1. Encontre um fator integrante e use-o para resolver cada equação:

a) 𝑦 2 𝑑𝑥 − (2𝑥𝑦 + 3)𝑑𝑦 = 0

b) (5 + 𝑦 3 sen𝑥)𝑑𝑥 + 3𝑦 2 cos𝑥 𝑑𝑦 = 0

c) 𝑦𝑑𝑥 + (𝑦 − 𝑥)𝑑𝑦 = 0

d) (1 − 2𝑥𝑦)𝑑𝑥 + 𝑥 2 𝑑𝑦 = 0
𝑦
e) 𝑥 𝑑𝑥 + (𝑦 3 − ln𝑥)𝑑𝑦 = 0

2. Comente a afirmação: "Existe um valor de a real, para o qual a equação diferencial


𝑦 1
 𝑑𝑥 + (𝑦 3 − ln 𝑥) 𝑑𝑦 = 0 admite como fator integrante 𝑦 𝑎 ".
𝑥

3. Considere a equação diferencial


[(𝑥 2 + 𝑦 2 ) ln(𝑥 2 + 𝑦 2 ) + 2𝑦 2 ] 𝑑𝑦 + 2𝑥𝑦𝑑𝑥 = 0.
1
a) Mostre que a equação diferencial admite o fator integrante 𝜆(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 +𝑦 2.

b) Resolva a equação.

Soluções:

1. a) 𝑥 = −𝑦 −1 + 𝑐𝑦 2 (𝑐 ∈ 𝑅)

𝑦3
b) 5tg𝑥 + = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)
cos𝑥

𝑥
c) 𝑦 + ln 𝑦 = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

𝑦 1
d) − 3𝑥 3 = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)
𝑥2

1 𝑦2
e) 𝑦 ln𝑥 + = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)
2

2. Verdade: 𝑎 = 2

3. 𝑦ln(𝑥 2 + 𝑦 2 ) = 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

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Equações diferenciais

2.5. Equações lineares

𝒅𝒚
São equações do tipo + 𝒇(𝒙) ⋅ 𝒚 = 𝒈(𝒙) .
𝒅𝒙

Embora uma equação com esta forma possa, em particular, ser de variáveis separáveis ou
exata, existem técnicas alternativas que permitem encontrar a solução.

Demonstra-se que qualquer equação diferencial linear de 1ª ordem, admite fator


integrante com variável x , 𝝋(𝒙) = 𝒆∫ 𝒇(𝒙)𝒅𝒙 :

𝑑𝑦
+ 𝑓(𝑥) ⋅ 𝑦 = 𝑔(𝑥) ⇔ (𝑓(𝑥) ⋅ 𝑦 − 𝑔(𝑥))𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 = 0
𝑑𝑥

Multiplicando por 𝜑(𝑥):

𝜑(𝑥)(𝑓(𝑥) ⋅ 𝑦 − 𝑔(𝑥))𝑑𝑥 + 𝜑(𝑥) 𝑑𝑦 = 0

𝜑 ′ (𝑥)
Para que 𝜑(𝑥) seja fator integrante, 𝜑(𝑥)𝑓(𝑥) = 𝜑 ′ (𝑥) ⟺ ∫ 𝑑𝑥 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝜑(𝑥)

(aquela igualdade só depende de x, pelo que poderemos concluir que a equação admite um
fator integrante em x).

Continuando o cálculo do fator integrante, ln(𝜑(𝑥)) = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 ⟺ 𝜑(𝑥) = 𝑒 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 .

𝑑𝑦
Ficou provado que 𝑒 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 é um fator integrante da equação + 𝑓(𝑥) ⋅ 𝑦 = 𝑔(𝑥).
𝑑𝑥

Se multiplicarmos a equação pelo fator integrante 𝜑(𝑥) = 𝑒 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 , obtém-se

𝑑𝑦
𝜑(𝑥) 𝑑𝑥 + 𝜑(𝑥)𝑓(𝑥)𝑦 = 𝜑(𝑥)𝑔(𝑥),

𝑑
que pode ser reescrita como 𝑑𝑥 (𝜑(𝑥)𝑦) = 𝜑(𝑥)𝑔(𝑥),

já que a derivada de 𝜑(𝑥)𝑦 em ordem a x, é

𝑑 𝑑𝑦 𝑑 𝑑𝑦 𝑑 𝑑𝑦
𝑑𝑥
(𝜑(𝑥)𝑦) = 𝜑(𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑑𝑥 (𝜑 (𝑥))𝑦 = 𝜑(𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑑𝑥 (𝑒 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 )𝑦 = 𝜑(𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑒 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 𝑓(𝑥)𝑦

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Equações diferenciais

𝑑 𝑑𝑦
ou seja, (𝜑(𝑥)𝑦) = 𝜑(𝑥) + 𝜑(𝑥)𝑓(𝑥)𝑦, expressão que se obtém sempre no 1º membro
𝑑𝑥 𝑑𝑥

depois de multiplicado pelo fator integrante.6


𝑑
Integrando ambos os membros da equação (𝜑(𝑥)𝑦) = 𝜑(𝑥)𝑔(𝑥) em ordem a 𝑥, obtendo-
𝑑𝑥
1
se a solução geral da equação, 𝜑(𝑥)𝑦 = ∫ 𝜑(𝑥)𝑔(𝑥)𝑑𝑥 , ou seja, 𝑦 = 𝜇 ∫ 𝜇𝑔(𝑥)𝑑𝑥.

Exemplos:

1) Resolver a equação 𝑥 2 𝑦 ′ + 𝑥𝑦 = 𝑥 2 + 𝑥 + 1.

Resolução:
1 1 1
Começa-se por reescrever a equação obtém-se 𝑦 ′ + 𝑦 = 1 + +
𝑥 𝑥 𝑥2

1
De seguida calcula-se o fator integrante 𝜇(𝑥) = 𝑒 ∫𝑥𝑑𝑥 = 𝑒 𝑙𝑛𝑥 = 𝑥 e multiplica-se a equação
1
por 𝜇 obtendo-se (𝑥𝑦)′ = 𝑥 + 1 + .
𝑥

Por último integram-se ambos os membros em ordem a 𝑥 e a solução geral da equação é


1 𝑥2
𝑥𝑦 = ∫ (𝑥 + 1 + 𝑥) 𝑑𝑥 ⟺ 𝑥𝑦 = + 𝑥 + ln|𝑥| + 𝑐, ou seja,
2

𝑥 ln|𝑥| 𝑐
𝑦 =2+1+ + 𝑥 (𝑐 ∈ 𝐼𝑅)
𝑥

2) Resolver a equação 𝑦 ′ − 2𝑦 = 𝑥

Resolução:

Calcula-se o fator integrante 𝜇(𝑥) = 𝑒 ∫ −2𝑑𝑥 = 𝑒 −2𝑥 e multiplica-se a equação por 𝜇


obtendo-se (𝑒 −2𝑥 𝑦)′ = 𝑒 −2𝑥 𝑥.

Por último integram-se ambos os membros em ordem a 𝑥 e a solução geral da equação é


𝑒 −2𝑥 1 2𝑥+1
𝑒 −2𝑥 𝑦 = ∫ 𝑒 −2𝑥 𝑥 𝑑𝑥 ⟺ 𝑒 −2𝑥 𝑦 = − (𝑥 + 2) + 𝑐 ⟺ 𝑦 = − + 𝑐𝑒 2𝑥 (𝑐 ∈ 𝑅)
2 4

6
Deste modo, não é necessário recorrer à resolução da equação como exata (já que o fator integrante, por
definição, transforma qualquer equação numa equação exata), embora essa seja uma alternativa válida para
a resolução da equação.

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Equações diferenciais

2.5.1. Equações de Bernoulli.

São equações do tipo

𝒚′ + 𝒇(𝒙). 𝒚 = 𝒈(𝒙) ⋅ 𝒚𝒏 (𝑛 ∈ 𝑅\{0,1}).

Reduzem-se a equações lineares, fazendo a mudança de variável 𝒛 = 𝒚−𝒏+𝟏 e consequente


𝒅𝒚 𝒅𝒛
mudança de diferencial, = (𝟏 − 𝒏)𝒛−𝒏 𝒅𝒙 (verifique!)
𝒅𝒙

Exemplo:

𝑑𝑦
A equação + 𝑥𝑦 = 𝑥 3 𝑦 3 pode ser transformada numa equação linear; com efeito,
𝑑𝑥
𝑑𝑦
dividindo a equação por 𝑦 3 , fica 𝑦 −3 + 𝑥𝑦 −2 = 𝑥 3 .
𝑑𝑥

Fazendo a mudança de variável proposta, 𝑧 = 𝑦 −3+1 = 𝑦 −2 , vem:


𝑑𝑧 𝑑𝑦 𝑑𝑦 1 𝑑𝑧
= −2𝑦 −3 ⋅ 𝑑𝑥 ⇔ 𝑦 −3 ⋅ 𝑑𝑥 = − 2 ⋅ 𝑑𝑥.
𝑑𝑥

1 𝑑𝑧 𝑑𝑧
Substituindo na equação, fica − 2 ⋅ 𝑑𝑥 + 𝑥𝑧 = 𝑥 3 ⇔ 𝑑𝑥 − 2𝑥𝑧 = −2𝑥 3 , que é uma equação

linear em z e x.

Exercícios propostos:

1. Resolva as equações lineares:

2𝑦
a) 𝑦′ − 𝑥+1 = (𝑥 + 1)3

𝑛
b) 𝑦′ − 𝑥 𝑦 = 𝑒 𝑥 𝑥 𝑛

𝑥𝑦
c) 𝑑𝑦 + (𝑥 2−1 − 𝑥) 𝑑𝑥 = 0

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Equações diferenciais

1
d)7 𝑦′ =
2𝑥+𝑦 2

𝑑𝑦 𝑦
e) 𝑑𝑥 = 2𝑦 ln 𝑦+𝑦−𝑥

2. Considere a equação diferencial linear 𝑦′ + 𝑓(𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥).

a) Mostre que a equação dada é de variáveis separáveis quando 𝑓(𝑥) = 𝑘𝑔(𝑥), em que
𝑘 ∈ 𝑅\{0}.

ln(2𝑥)
b) Resolva a equação para 𝑔(𝑥) = 𝑒 𝑓(𝑥) = ln(2𝑥).
2

3. Equações do tipo 𝑦′ + 𝑓(𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥) ∙ 𝑦 𝑛 𝑛 ∈ 𝑅\{0,1} são Equações de Bernoulli.


Verifique que uma equação diferencial de Bernoulli, não admite fator integrante só função
da variável independente x.

Soluções:

𝑥2
1. a) 𝑦 = (𝑥 + 1)2 ( 2 + 𝑥 + 𝑐) (𝑐 ∈ 𝑅) b) 𝑦 = 𝑥 𝑛 (𝑒 𝑥 + 𝑐) (𝑐 ∈ 𝑅)

1 1 𝑦2 𝑦 1
c) 𝑦 = 3 (𝑥 2 − 1) + 𝑐 √𝑥 2 (𝑐 ∈ 𝑅) d) 𝑥 = − − 2 − 4 + 𝑐𝑒 2𝑦 (𝑐 ∈ 𝑅)
−1 2

e) 𝑥𝑦 = 𝑦 2 ln𝑦 + 𝑘 (𝑘 ∈ 𝑅)

1
2. b) −ln |2 − 𝑦| = 𝑥ln(2𝑥) − 𝑥 + 𝑐 (𝑐 ∈ 𝑅)

7 𝑑𝑥
Transforma-se numa equação linear da forma + 𝑓(𝑦)𝑥 = 𝑔(𝑦).
𝑑𝑦

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Equações diferenciais

3. Equações diferenciais de ordem n (n > 1) redutíveis a equações de 1ª ordem8

São equações incompletas nas variáveis x, y, y', y'', …, 𝑦 (𝑛) ; resolvem-se através de mudança
de variável.

3.1. Equações do tipo 𝒚′′ = 𝒇(𝒙, 𝒚′)

Obtém-se uma equação de primeira ordem equivalente à inicial, através da mudança de


𝑑𝑢
variável y' = u, consequentemente 𝑦′′ = 𝑑𝑥 .

Exemplo:
1
Resolver a equação 𝑦′′ − 𝑥 𝑦′ = 0.

Resolução:
𝑑𝑢
Fazendo a mudança de variável proposta, y' = u e consequentemente 𝑦′′ = 𝑑𝑥 , a equação
𝑑𝑢 1
fica − 𝑥 ∙ 𝑢 = 0, que é uma equação de variáveis separáveis.
𝑑𝑥

𝑑𝑢 1 𝑑𝑢 1 1 1
− 𝑥 ∙ 𝑢 = 0 ⟺ 𝑑𝑥 = 𝑥 ∙ 𝑢 ⟺ 𝑢 𝑑𝑢 = 𝑥 𝑑𝑥 ⟺ ln|𝑢| = ln|𝑥| + 𝑐1 ⟺ 𝑢 = 𝑐1 𝑥 (𝑐1 ∈ 𝑅)
𝑑𝑥

Substituindo no enunciado inicial,


𝑑𝑦
= 𝑐1 𝑥 ⟺ 𝑑𝑦 = 𝑐1 𝑥 𝑑𝑥 ⟺ 𝑦 = 𝑐1 𝑥 2 + 𝑐2 (𝑐1 , 𝑐2 ∈ 𝑅)
𝑑𝑥

3.2. Equações do tipo 𝒚(𝒏) = 𝒇(𝒙, 𝒚(𝒏−𝟏) )

Obtém-se uma equação de primeira ordem equivalente à inicial, através da mudança de


𝑑𝑢
variável 𝑦 (𝑛−1) = u, consequentemente 𝑦 𝑛 = 𝑑𝑥 .

8
Estas equações não fazem parte dos objetivos da cadeira de Matemática II. No entanto, descreve-se uma
metodologia de resolução com carater informativo, tendo em conta a relação direta com as equações
diferenciais abordadas.

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Equações diferenciais

Exemplo:

Resolver a equação 𝑥𝑦′′′ + 𝑦′′ = 𝑥 + 1.

Resolução:
𝑑𝑢
Fazendo a mudança de variável proposta, 𝑦′′ = u e consequentemente 𝑦′′′ = 𝑑𝑥 , a equação
𝑑𝑢
fica 𝑥 ∙ 𝑑𝑥 + 𝑢 = 𝑥 + 1, que é uma equação linear.

𝑑𝑢 𝑥2 𝑥 𝑐1
𝑥 ∙ 𝑑𝑥 + 𝑢 = 𝑥 + 1 ⟺ (𝑥𝑢)′ = 𝑥 + 1 ⟺ 𝑥𝑢 = + 𝑥 + 𝑐1 ⟺ 𝑢 = 2 + 1 + (𝑐1 ∈ 𝑅)
2 𝑥

𝑥 𝑐1 𝑥2
Como 𝑢 = 𝑦′′ ⟺ 𝑦′′ = 2 + 1 + ⟺ 𝑦′ = + 𝑥 + 𝑐1 ln|𝑥| + 𝑐2 (𝑐1, 𝑐2 ∈ 𝑅)
𝑥 4

𝑥3 𝑥2
e finalmente 𝑦 = 12 + + 𝑐1 (𝑥 ∙ ln|𝑥| − 𝑥) + 𝑐2 𝑥 + 𝑐3 (𝑐1 , 𝑐2 , 𝑐3 ∈ 𝑅)
2

Exercícios propostos:

1. Determinar a solução geral da equação 𝑦′′′ = 2𝑥+7.

2. Determinar a solução geral da equação 𝑥𝑦′′′ = 2, e a solução particular que satisfaz as


condições iniciais 𝑦(1) = 1, 𝑦′(1) = 1 e 𝑦′′(1) = 3.

3. Determinar a solução geral da equação 𝑥𝑦′′ − 𝑦′ = 𝑥 2 𝑒 𝑥 , e a solução particular que


satisfaz as condições iniciais 𝑦(0) = −1 e 𝑦′(1) = 𝑒.

4. Determinar a solução geral da equação 𝑥𝑦′′′ + 𝑦′′ = 0.

Soluções:

1 7
1. 𝑦 = 12 𝑥 4 + 12 𝑥 3 + 𝑐1 𝑥 2 + 𝑐2 𝑥 + 𝑐3 (𝑐1 , 𝑐2 , 𝑐3 ∈ 𝑅)

2. 𝑦 = 𝑥 2 ln|𝑥| + 𝑐1 𝑥 2 + 𝑐2 𝑥 + 𝑐3 ; solução particular: 𝑦 = 𝑥 2 ln|𝑥| + 1 (𝑐1 , 𝑐2 , 𝑐3 ∈ 𝑅)

3. 𝑦 = 𝑒 𝑥 (𝑥 − 1) + 𝑐1 𝑥 2 + 𝑐2 ; solução particular: 𝑦 = 𝑒 𝑥 (𝑥 − 1) (𝑐1 , 𝑐2 ∈ 𝑅)

4. 𝑦 = 𝑐1 (𝑥ln|𝑥| − 𝑥) + 𝑐2 𝑥 + 𝑐3 (𝑐1 , 𝑐2 , 𝑐3 ∈ 𝑅)

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Equações diferenciais

4. Equações Diferenciais Lineares Ordinárias de 2ª ordem9

São equações do tipo 𝑎𝑦′′ + 𝑏𝑦´ + 𝑐𝑦 = 𝑓(𝑥), em que a, b e c são constantes reais, a  0
e y e f(x) são funções de x. A sua resolução é feita em 3 passos:

1º) Cálculo da solução geral da equação homogénea associada: ay ' '+ by ´+cy = 0

Depende das raízes da equação característica ax2 + bx + c = 0 . Assim, se a equação


característica:

Admite duas raízes reais distintas 𝑘1 e 𝑘2 ⟹ 𝑦ℎ = 𝑐1 𝑒 𝑘1𝑥 + 𝑐2 𝑒 𝑘2 𝑥

Admite uma raiz real dupla 𝑘1 ⟹ 𝑦ℎ = 𝑐1 𝑒 𝑘1𝑥 + 𝑐2 𝑥𝑒 𝑘1𝑥 = 𝑒 𝑘1 𝑥 (𝑐1 + 𝑐2 𝑥)

Admite duas raízes complexas conjugadas 𝛼 ± 𝛽𝑖 ⟹ 𝑦ℎ = 𝑒 𝛼𝑥 (𝑐1 cos 𝛽 𝑥 + 𝑐2 sen𝛽𝑥)


(𝑐1 , 𝑐2 ∈ 𝑅)

2º) Cálculo da solução particular da equação completa:

Esta solução, 𝑦𝑝 , é uma função da família de f (t), eventualmente multiplicada por x ou


por 𝑥 2 em condições que serão esclarecidas posteriormente. É determinada com recurso
ao método dos coeficientes indeterminados, tendo em conta que a solução particular
verifica a equação completa.

3º) Determinar a solução geral da equação completa:

Corresponde à soma das duas soluções anteriores: 𝑦 = 𝑦ℎ + 𝑦𝑝

9
Estas equações não fazem parte dos objetivos da cadeira de Matemática II. No entanto, descreve-se uma
metodologia de resolução com carater informativo, tendo em conta a relação direta com as equações
diferenciais abordadas.

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Equações diferenciais

Exemplos:

1) Resolver a equação 𝑦′′ − 3𝑦′ + 2𝑦 = 2𝑥 3 − 9𝑥 2 + 6𝑥.

Resolução:

− Cálculo da solução da equação homogénea associada:

𝑥 2 − 3𝑥 + 2 = 0 ⇔ 𝑥 = 1 ∨ 𝑥 = 2; então 𝑦ℎ = 𝑐1 𝑒 𝑥 + 𝑐2 𝑒 2𝑥 .

− Cálculo da solução particular da equação completa: deverá ser uma função da família
do 2º membro da equação, ou seja, uma função polinomial de grau 3, 𝑦𝑝 = 𝑎𝑥 3 + 𝑏𝑥 2 +
𝑐𝑥 + 𝑑 ⇒ 𝑦𝑝′ = 3𝑎𝑥 2 + 2𝑏𝑥 + 𝑐 ⇒ 𝑦𝑝″ = 6𝑎𝑥 + 2𝑏.

Substituindo no enunciado inicial, vem

6𝑎𝑥 + 2𝑏 − 3(3𝑎𝑥 2 + 2𝑏𝑥 + 𝑐) + 2(𝑎𝑥 3 + 𝑏𝑥 2 + 𝑐𝑥 + 𝑑) = 2𝑥 3 − 9𝑥 2 + 6𝑥 ⇔


 2a = 2 a = 1
−9a + 2b = −9 b = 0
 
     𝑦𝑝 = 𝑥 3
6a − 6b + 2c = 6 c = 0
2b − 3c + 2d = 0 d = 0

− Construção da solução geral da equação: 𝑦 = 𝑐1 𝑒 𝑥 + 𝑐2 𝑒 2𝑥 + 𝑥 3 (c1, c2  R) .

3
2) Resolver a equação 𝑦 ″ − 𝑦 ′ = 𝑥 + 1, sabendo que 𝑦(0) = 0 𝑒 𝑦(1) = − 2 − 𝑒.

Resolução:

− Cálculo da solução da equação homogénea associada: 𝑥 2 − 𝑥 = 0 ⇔ 𝑥 = 0 ∨ 𝑥 = 1;


então 𝑦ℎ = 𝑐1 + 𝑐2 𝑒 𝑥

− Cálculo da solução particular da equação completa: deverá ser uma função da família
do 2º membro da equação, ou seja, uma função polinomial de grau 1; mas como uma
das parcelas da solução da equação homogénea é constante (portanto, caso particular de
uma função polinomial), 𝑦𝑝 = 𝑥(𝑎𝑥 + 𝑏) ⇒ 𝑦𝑝′ = 2𝑎𝑥 + 𝑏 ⇒ 𝑦𝑝″ = 2𝑎.

Substituindo no enunciado inicial, vem

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Equações diferenciais

−2𝑎 = 1 𝑎 = −1/2 1
2𝑎 − (2𝑎𝑥 + 𝑏) = 𝑥 + 1   ⇔    {  ⇔ {   ⇔ 𝑦𝑝 = 𝑥 (− 𝑥 − 2)
2𝑎 − 𝑏 = 1 𝑏 = −2 2

1
− Construção da solução geral da equação: 𝑦 = 𝑐1 + 𝑐2 𝑒 𝑥 + 𝑥 (− 2 𝑥 − 2)

− Cálculo da solução particular dadas as condições iniciais:

𝑦(0) = 0 𝑐1 + 𝑐2 = 0 𝑐1 = 1
{ ⇔{ ⇔{
𝑦(1) = −3/2 − 𝑒 𝑐1 + 𝑐2 𝑒 − 1/2 − 2 = −3/2 − 𝑒 𝑐2 = −1
1
Finalmente 𝑦 = 1 − 𝑒 𝑥 + 𝑥 (− 2 𝑥 − 2) é a solução nas condições referidas.

3) Resolver a equação 𝑦′′ − 4𝑦′ + 4𝑦 = 3𝑒 2𝑥 .

Resolução:

− Cálculo da solução da equação homogénea associada: 𝑥 2 − 4𝑥 + 4 = 0 ⇔ 𝑥 = 2;


então 𝑦ℎ = 𝑐1 𝑒 2𝑥 + 𝑐2 𝑥𝑒 2𝑥 , já que 2 é uma raiz dupla da equação característica.

− Cálculo da solução particular da equação completa: deverá ser uma função da família
do 2º membro da equação, ou seja, uma exponencial de expoente 2x; mas como
𝑒 2𝑥 aparece nas duas parcelas da solução da equação homogénea, 𝑦𝑝 = 𝑎𝑥 2 𝑒 2𝑥 e
consequentemente

𝑦𝑝′ = 2𝑎𝑥𝑒 2𝑥 + 2𝑎𝑥 2 𝑒 2𝑥 = (2𝑎𝑥 + 2𝑎𝑥 2 )𝑒 2𝑥 e

𝑦𝑝″ = (2𝑎 + 4𝑎𝑥)𝑒 2𝑥 + 2(2𝑎𝑥 + 2𝑎𝑥 2 )𝑒 2𝑥 = (2𝑎 + 8𝑎𝑥 + 4𝑎𝑥 2 )𝑒 2𝑥

Substituindo no enunciado inicial, vem

(𝟐𝒂 + 𝟖𝒂𝒙 + 𝟒𝒂𝒙𝟐 )𝒆𝟐𝒙 − 𝟒(𝟐𝒂𝒙 + 𝟐𝒂𝒙𝟐 )𝒆𝟐𝒙 + 𝟒𝒂𝒙𝟐 𝒆𝟐𝒙 = 𝟑𝒆𝟐𝒙 , ou seja
3
(2𝑎 + 8𝑎𝑥 + 4𝑎𝑥 2 − 8𝑎𝑥 − 8𝑎𝑥 2 + 4𝑎𝑥 2 )𝑒 2𝑥 = 3𝑒 2𝑥   ⇔  2𝑎𝑒 2𝑥 = 3𝑒 2𝑥 ⇔ 𝑎 =
2
3
Então 𝑦𝑝 = 2 𝑥 2 𝑒 2𝑥
3
− Construção da solução geral da equação: 𝑦 = 𝑐1 𝑒 2𝑥 + 𝑐2 𝑥𝑒 2𝑥 + 2 𝑥 2 𝑒 2𝑥 (c1, c2  R) .

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Equações diferenciais

Alguns casos particulares de determinação da solução particular:

0 não é raiz da equação característica ⇒ 𝑦𝑝 = 𝑄𝑛 (𝑥)

𝑓(𝑥) = 𝑃𝑛 (𝑥) 0 é raiz simples da equação característica ⇒ 𝑦𝑝 = 𝑥 𝑄𝑛 (𝑥)

0 é raiz dupla da equação característica ⇒ 𝑦𝑝 = 𝑥 2 𝑄𝑛 (𝑥)

𝛼 não é raiz da equação característica ⇒ y p = k e x

𝑓(𝑥) = 𝑒 𝛼𝑥 𝛼 é raiz simples da equação característica ⇒ y p = kx e x

𝛼 é raiz dupla da equação característica ⇒ y p = kx2 e x

𝛼 não é raiz da equação característica ⇒ y p = Qn ( x)  e x

𝑓(𝑥) = 𝑃𝑛 (𝑥) ⋅ 𝑒 𝛼𝑥 𝛼 é raiz simples da equação característica ⇒ y p = x Qn ( x)  e x

𝛼 é raiz dupla da equação característica ⇒ y p = x2 Qn ( x)  e x

𝑓(𝑥) = 𝑀 𝑐𝑜𝑠(𝛽𝑥) + 𝑁 𝑐𝑜𝑠(𝛽𝑥)

𝛽𝑖 não é raiz da equação característica ⇒ 𝑦𝑝 = 𝐴 cos(𝛽𝑥) + 𝐵 sen(𝛽𝑥)

𝛽𝑖 é raiz da equação característica ⇒ 𝑦𝑝 = 𝑥(𝐴 cos(𝛽𝑥) + 𝐵 sen(𝛽𝑥))

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Equações diferenciais

5. Exercícios globais

1. A população de uma cidade mineira, uma vez encerradas as minas de cuja atividade
dependia, diminuiu a uma taxa proporcional à população existente.

Inicialmente a população era de 5000 habitantes; a variação entre o 3º e 5º anos foi dada
por (𝑒 −2 − 1) ∙ 100%. A população ao fim do 1º ano atingiu menos de metade da
inicial? Justifique de forma completa e clara.

𝑥
2. Dada a seguinte equação diferencial: (1 + 𝑥) ln 𝑦 𝑑𝑥 + 𝑦 𝑑𝑦 = 0,

a) Integre a equação.

b) Determine a solução particular que inclui o ponto (1, e).

c) Determine o valor real de k, de modo que 𝑒 𝑘𝑥 seja fator integrante da equação.

3. A variação do preço y com a quantidade procurada x de um determinado bem, é dada


𝑑𝑦 2𝑥𝑦+24𝑥
por =− . Determine a relação entre o preço e a quantidade, se o preço é 7,5
𝑑𝑥 𝑥 2 +16

quando a quantidade procurada é 4.

4. Considere as equações diferenciais de 1ª ordem:

(i) 𝑥 + 𝑦 2 − 𝑦𝑥𝑦 ′ = 0 (ii) 𝑦 2 − 𝑦 − 𝑥𝑦 ′ = 0 (iii) 𝑥 + 1 + 𝑦 − 𝑥𝑦 ′ = 0

a) Identifique uma equação linear e uma de variáveis separáveis.

b) Determine a solução geral de (iii).


1
c) Verifique que 𝑦(𝑥) = 1+𝑐𝑥 , 𝑐 ∈ 𝐼𝑅, é solução geral de (ii).

d) Determine um fator integrante para a equação (i).

5. Utilize a mudança de variável 𝑧 = 𝑦 − 𝑥 − 1 para determinar a solução da equação


𝑦−𝑥
diferencial 𝑦′ = 𝑦−𝑥−1 sabendo que 𝑦(1) = 1.

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Equações diferenciais

6. Mostre que a equação diferencial representativa da família de funções


𝑦
ln(𝑥 2 + 𝑦 2 ) = 2arctg (𝑥 ) + 𝑐

é homogénea; indique uma solução particular da referida equação.

7. A curva de procura de bicicletas de montanha é dada pela equação diferencial

( ) ( )
2
4 x dx + 1+ x2 dy + 3x 1 + x 2 y dx = 0 para x pertencente ao intervalo [1,4], sendo x

o preço e y a quantidade procurada. Se y (1) = 2, qual é a quantidade procurada quando


o preço é 2?

1
8. Considere a equação diferencial 𝑥 2 𝑦 ′ + 2𝑥𝑦 = 𝑦 𝑎 e 𝜇 = 𝑒 𝑥 , com 𝑎 ∈ 𝑅.

a) Determine 𝑎 de modo que a equação diferencial seja exata e resolva-a.

b) Faça 𝑎 = 1 e mostre que 𝜇 é um factor integrante da equação.


3𝑥
c) Faça 𝑎 = 2 e mostre que 𝑦 = 1−𝑐𝑥 3 , com 𝑐 ∈ 𝑅, é solução da equação diferencial.

9. Mostre que 𝑦 = 3 (𝑐1 − 2𝑥)3/2 + 𝑐2 𝑥 + 𝑐3 é a solução geral de y' ' ' = ( y'') .
1 3

10. Considere a equação diferencial 3𝑥 2 𝑦′ − 𝑦 2 𝑦′ = 2𝑥𝑦:

a) Verifique que não admite fator integrante só função de x.

b) Procure um fator integrante.

c) Integre a equação sabendo que y (1) = 1.

11. Mostre que √𝑠 = (ln√𝑡 + 𝑐) 𝑡 2 é uma solução geral da equação 𝑡𝑠′ − 4𝑠 − 𝑡 2 √𝑠 = 0.

12. Determine a constante real 𝑎 de modo que 𝑦 = 1 + 𝑘𝑒 −𝑡𝑔𝑥 , com 𝑘 ∈ 𝑅, seja solução da
equação diferencial cos2 𝑥 𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑎 .

1
13. Integre a equação 𝑦′ + 𝑦 = 𝑦 2 , sendo 𝑦 = quando x = 0.
2

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Equações diferenciais

𝑑𝑦
14. Considere a equação diferencial 3𝑥 = 2𝑥 𝑛 − 3𝑦, com 𝑛 ∈ ℤ e 𝑥 > 0.
𝑑𝑥

a) Indique, justificando, para qual ou quais valores de 𝑛 esta equação é

a1 ) de variáveis separáveis;

a2 ) homogénea;

a3 ) exata;

a4 ) linear.

b) Determine a solução geral, quando n = 1.

15. Considere a equação diferencial 𝑦′′ = 𝑦 + 𝑥𝑒 −𝑥 :


1
a) Mostre que 𝑦 = 𝑐1 𝑒 𝑥 + 𝑐2 𝑒 −𝑥 − 4 (𝑥 2 + 𝑥)𝑒 −𝑥 (𝑐1 , 𝑐2 ∈ R) é solução da equação.

1
b) Calcule a solução particular que verifica y (0) = 1 e 𝑦′(0) = − 2.

16. Considere a equação diferencial (𝑥 + 𝑦 cos 𝑥)𝑑𝑥 + sen 𝑥 𝑑𝑦 = 0.

𝑥2
a) Verifique que 𝑦 = − é solução da equação.
2sen𝑥

𝜋
b) Determine a solução da equação, sabendo que 𝑦 (− 2 ) = 0.

1
17. Considere a equação diferencial 𝑦 cos 𝑥 + sen 𝑥 (1 − 𝑦) 𝑦′ = 0.

a) Mostre que tem um fator integrante só função de y.


𝜋
b) Integre a equação, sendo 𝑦 (2 ) = 1

𝑑𝑧
18. Determinada empresa verificou que a equação 𝑑𝑝 + 2𝑧 = 𝑧 2 𝑒 −𝑝 ilustra a relação entre

o gasto médio mensal em ferramentas, z, e o número de operários, p.

a) Mostre que o gasto médio mensal que a empresa tem em ferramentas pode ser dado
3
por 𝑧 = .
𝑒 −𝑝 + 𝑐𝑒 2𝑝

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Equações diferenciais

b) Determine o gasto médio mensal que a empresa tem em ferramentas sabendo que
𝑒2
este seria se apenas tivesse dois empregados.
2

19. A taxa de acréscimo do custo total y, à medida que o número de unidades fabricadas x
aumenta, é igual à razão entre a soma dos quadrados do custo e da quantidade, e o
dobro do produto do custo pela quantidade. Determine a relação entre o custo total e a
quantidade, sabendo que o custo de uma unidade é 3.

2+𝑦 3
20. Resolva a equação diferencial 𝑦′ + 2𝑥𝑦 2 (2+𝑥 2) = 0.

21. Estudos realizados pela J.A.B. permitiram estabelecer a relação média entre o número
de veículos x (em milhares de unidades) que passam por dia sobre uma qualquer ponte
e os custos anuais de reparação y (em milhares de euros).
𝑥
Tal relação, válida para x > 1, é dada pela equação ⋅ (𝐴 − 𝑥 + 𝑦 − 𝑦′) = 1, em que A
𝑦

é um parâmetro real dependente da intensidade do trânsito de veículos pesados. Sabe-se


que, relativamente à ponte sobre o rio Chão na E.N. 2001,

𝑒2
y (1) = 1 + e e y (2) = 2 + .
2

Qual é o gasto anual com conservação da referida ponte, se o número de veículos que
passam sobre ela diariamente aumentar para 3 milhares?

22. A equação diferencial 𝑦𝑑𝑥 + 2𝑥𝑑𝑦 = 0, admite fatores integrantes do tipo 𝑥 𝑚 , com
𝑚 ∈ 𝐼𝑅? Justifique.

7
23. Dada a equação 𝑦′′ − 5𝑦′ + 4𝑦 = −3𝑒 𝑥 + 4𝑥, com y(0) = 1 e 𝑦 ′ (0) = 4 , calcule 𝑦′′(0).

24. Dada a seguinte equação diferencial de 1ª ordem: 𝑦 ′ + 3𝑦 + 𝑦𝑥 − 𝑘 = 0, 𝑘 ∈ ℛ.

a) Determine um fator integrante apenas função de 𝑥.

b) Faça 𝑘 = 0; sabendo que 𝑦(0) = 3, calcule 𝑦(1).

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Equações diferenciais

25. A relação entre o lucro, 𝑦, de determinada empresa, e as despesas de marketing, 𝑥, é tal


que a taxa positiva de variação do lucro é proporcional a uma constante, 𝐴, menos o
lucro. Determine a relação entro lucro e as despesas de marketing, se 𝑦(0) = 2

26. O stock de combustível num posto de abastecimento diminui a uma taxa proporcional à
quantidade existente. Se, inicialmente, a quantidade é igual a 50 mil litros e se observa
que, após dois dias, foi vendido 10% do stock inicial, determine:

a) O volume existente ao fim de 4 dias.

b) O tempo necessário para que o stock inicial se reduza a metade.

3𝑥 2 −2𝑥−𝑦
27. Resolva a equação diferencial 𝑦′ + 2𝑦−𝑥+3𝑦 2 = 0 com y(0) = 1.

28. Determine a solução da equação 𝑦′ = 𝑦 (1 + ln 𝑦) com y (0) = e.

29. A função procura de determinado bem depende de um determinado conjunto de


condicionantes, o que origina uma família de curvas de procura representada por
𝐶1
𝑝= + 𝐶2 𝑞 𝐶1 , 𝐶2   ∈ 𝑅; (p - preço; q – quantidade procurada). Mostre que aquela
𝑞

família de curvas se pode representar pela equação diferencial 𝑝 = 𝑝′′𝑞 2 + 𝑝′𝑞.

1
30. A função 𝑦 = 𝑥 + sen𝑥 é solução da equação diferencial de 2ª ordem

𝑦 ′′ 𝑥 2 − 𝑦𝑥 + 𝑥 2 sen𝑥 = 𝑔(𝑥).

Determine 𝑔(𝑥).

31. Verificou-se que a evolução temporal do número 𝑦(𝑡), de infetados por determinado
vírus, é tal que a taxa de variação é proporcional ao número de não infetados, numa
população total de 20.

Não havia infetados no ano A e no ano A+1, o número de infetados é 20(1 − 𝑒 −2 ).

Qual a previsão, de acordo com o modelo descrito, desse número para o ano A+2?

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Equações diferenciais

Soluções:

1. Sim

2. a) ln|𝑥| + 𝑥 = −ln|ln𝑦| + 𝑐 b) ln|𝑥| + 𝑥 = −ln|ln𝑦| + 1 c) k = 1


624
3. 𝑦 = 𝑥 2 +16 − 12

4. a) Equação linear: iii) Equação de variáveis separáveis: ii)

b) 𝑦 = 𝑥ln|𝑥| − 1 + 𝑐𝑥 ( 𝑐 ∈ 𝑅)
1
d) 𝜇(𝑥) =
𝑥3

5. (𝑦 − 𝑥 − 1)2 = 2𝑥 − 1
𝑦
6. ln(𝑥 2 + 𝑦 2 ) = 2arctg (𝑥 )

7. 0,212

8. a = 0 e a solução é 𝑥 2 𝑦 − 𝑥 + 𝑐 = 0 ( 𝑐 ∈ 𝑅)

1
10. b)  = c) y = x ou y = −x
y4

12. 𝑎 = 1
𝑦−1
13. ln | |=𝑥
𝑦

14. a1 ) 𝑛 = 0 a2 ) 𝑛 = 1 a3 ) qualquer 𝑛 ∈ Z a4 ) qualquer 𝑛 ∈ 𝑍


𝑥 𝑐
b) 𝑦 = 3 + 𝑥 ( 𝑐 ∈ 𝑅)

3 5 1
15. b) 𝑦 = 8 𝑒 𝑥 + 8 𝑒 −𝑥 − 4 (𝑥 2 + 𝑥)𝑒 −𝑥

𝑥2 𝜋2
16. b) + 𝑦sen𝑥 − =0
2 8

1
17. a) 𝑒 1/𝑦 b) 𝑦 = 𝑒
ln| |
𝑦 sen 𝑥

3
18. b) 𝑧 =
𝑒 −𝑝 +5𝑒 2𝑝−6

19. 𝑦 = √𝑥 2 + 8𝑥

3 8 𝑥 2 +2
20. √2 + 𝑦 3 = 𝑐 √ ( 𝑐 ∈ 𝑅)
𝑥2

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Equações diferenciais

𝑒3
21. 3 + 3

22. Sim, a equação admite o fator integrante 𝑥 −1/2


7
23. 𝑦 ′′ (0) = 4

𝑥2 7
24. a) 𝜇(𝑥) = 𝑒 3𝑥+ 2 b) 3𝑒 − 2

25. 𝑦 = 𝐴 − (𝐴 − 2)𝑒 −𝑘𝑥

26. a) 40,5 mil litros b) 13,16 dias

27. 𝑥 3 − 𝑥 2 − 𝑥𝑦 + 𝑦 2 + 𝑦 3 − 2 = 0

28. ln|1 + ln 𝑦| = 𝑥 + ln 2
2
30. 𝑔(𝑥) = 𝑥 − 1 − 𝑥sen𝑥

31. 20(1 − 𝑒 −4 )

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Equações diferenciais

Bibliografia:

Larson, R. e Edwards, B. Cálculo com aplicações. Livros Técnicos e Científicos Editora.

Swokowski, E. Cálculo com Geometria Analítica. Makron Books.

Hoffmann, L. e Bradley, G. Calculus for Business, Economics, and the Social Sciences.
McGraw-Hill.

Weber, J. Matemática para Economia e Administração. Harbra.

Pires, C. Cálculo para Economistas. McGraw-Hill.

Piskounov, N. Cálculo Diferencial e Integral (volume I). Lopes da Silva Editora.

Dowling, E. Matemática Aplicada à Economia e Administração. McGraw-Hill.

Demidovitch, B. Problemas e Exercícios de Análise Matemática. McGraw-Hill.

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