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1. Resolva os seguintes itens do livro Números e Funções Reais.

(a)
1.6 Escreva as implicações lógicas que correspondem à resolução da equação √𝑥 + 2 = 𝑥, veja quais
são reversíveis e explique o aparecimento de raízes estranhas. Faça o mesmo com a equação √𝑥 +
3 = 𝑥.
√𝑥 + 2 = 𝑥
Subtraímos 2 de ambos os membros da equação, e obteremos uma equivalência reversível:
√𝑥 + 2 = 𝑥 ⇔ √𝑥 = 𝑥 − 2

Poderemos elevar ambos os membros da equação ao quadrado, a implicação não será reversível, pois
nada garante que 𝑥 > 0. Sendo assim, temos:
2
√𝑥 = 𝑥 − 2 ⇒ (√𝑥) = (𝑥 − 2)2
2
Desenvolvemos o produto notável obteremos uma equivalência reversível, pois (√𝑥) = |𝑥|:
|𝑥 | = 𝑥 2 − 4𝑥 + 4
Se 𝑥 > 0, teremos a implicações reversíveis:
5 ± √25 − 16 5±3
𝑥 = 𝑥 2 − 4𝑥 + 4 ⇔ 𝑥 2 − 5𝑥 + 4 = 0 ⇔ 𝑥 = ⇔𝑥= ⇔ 𝑥 = 4 𝑜𝑢 𝑥 = 1.
2 2
Por outro lado, se 𝑥 < 0, teremos as implicações reversíveis:
3 ± √9 − 16 3 ± √−7
−𝑥 = 𝑥 2 − 4𝑥 + 4 ⇔ 𝑥 2 − 3𝑥 + 4 = 0 ⇔ 𝑥 = ⇔𝑥=
2 2
Nesse último caso, as raízes não são reais.
Como nem todas as implicações são reversíveis, então a solução da primeira equação está contida na
solução da última, porém não são iguais.
1.16 Sejam A, B e C conjuntos. Determine uma condição necessária e suficiente para que se tenha
𝐴 ∪ (𝐵 ∩ 𝐶 ) = (𝐴 ∪ 𝐵) ∩ 𝐶.
𝐴 ∪ (𝐵 ∩ 𝐶 ) = (𝐴 ∪ 𝐵) ∩ 𝐶, se, e somente se, 𝐴 ⊂ (𝐵 ∩ 𝐶).
1.19 Prove o teorema de Cantor: se A é um conjunto e P(A) é o conjunto das partes de A, não existe
uma função 𝑓: 𝐴 → 𝑃(𝐴) que seja sobrejetiva.
Sujestão: Suponha que exista uma tal função f e considere 𝑋 = {𝑥 ∈ 𝐴; 𝑥 ∉ 𝑓 (𝑥 )}.
Sendo A um conjunto e P(A) o conjunto das partes de A, vamos supor, por absurdo, que exista uma
função 𝑓: 𝐴 → 𝑃(𝐴) que seja sobrejetiva. Considere o conjunto 𝑋 = {𝑥 ∈ 𝐴; 𝑥 ∉ 𝑓 (𝑥 )}.
Note que:
𝑋 ⊂ 𝐴 ⇒ 𝑋 ∈ 𝑃 (𝐴) ⇒ ∃𝑏 ∈ 𝐴; 𝑓 (𝑏) = 𝑋.
Suponha que 𝑏 ∈ 𝑋 ⇒ 𝑏 ∉ 𝑓 (𝑏) = 𝑋, o que é um absurdo.
Suponha agora que 𝑏 ∉ 𝑋 ⇒ 𝑏 ∈ 𝑓 (𝑏) = 𝑋, o que também é absurdo.
Logo, não existe tal função 𝑓 sobrejetiva.
2. Sejam A, B e C conjuntos. Mostre que
(a) 𝐴 − (𝐵 ∪ 𝐶 ) = (𝐴 − 𝐵) ∩ (𝐴 − 𝐶 )
𝑥 ∈ 𝐴 − (𝐵 ∪ 𝐶 ) ⇔ 𝑥 ∈ 𝐴 e 𝑥 ∉ (𝐵 ∪ 𝐶 ) ⇔ 𝑥 ∈ 𝐴 e 𝑥 ∉ 𝐵 e 𝑥 ∉ 𝐶 ⇔ 𝑥 ∈ (𝐴 − 𝐵) e 𝑥 ∈ (𝐴 − 𝐶) ⇔
⇔ 𝑥 ∈ (𝐴 − 𝐵) ∩ (𝐴 − 𝐶)
(b) 𝐴 − (𝐵 ∩ 𝐶 ) = (𝐴 − 𝐵) ∪ (𝐴 − 𝐶 )
𝑥 ∈ 𝐴 − (𝐵 ∩ 𝐶 ) ⇔ 𝑥 ∈ 𝐴 e 𝑥 ∉ (𝐵 ∩ 𝐶 ) ⇔ 𝑥 ∈ 𝐴 e 𝑥 ∉ 𝐵 ou 𝑥 ∉ 𝐶 ⇔
⇔ 𝑥 ∈ (𝐴 − 𝐵) ou 𝑥 ∈ (𝐴 − 𝐶) ⇔ 𝑥 ∈ (𝐴 − 𝐵) ∪ (𝐴 − 𝐶 )
3. Sejam A e B conjuntos com pelo menos 2 elementos e 𝑓: 𝐴 → 𝐵 uma função.
(a) Prove que se f é bijetora, então 𝑓(𝐴 − 𝑋) = 𝐵 − 𝑓(𝑋), para todo 𝑋 ⊂ 𝐴.
Seja 𝑦1 ∈ 𝑓(𝐴 − 𝑋) logo, existe um único 𝑥1 ∈ 𝐴 − 𝑋, tal que 𝑓 (𝑥1 ) = 𝑦1, pois a função em questão é
bijetora. Como 𝑥1 ∈ 𝐴 e 𝑥1 ∉ 𝑋, então 𝑦1 ∈ 𝐵 e 𝑦1 ∉ 𝑓 (𝑋), portanto 𝑓 (𝐴 − 𝑋) ⊂ 𝐵 − 𝑓(𝑋).
Por outro lado, seja 𝑦2 ∈ 𝐵 e 𝑦2 ∉ 𝑓(𝑋), logo, pela bijetividade da função, existe um único 𝑥2 ∈ 𝐴, tal
que 𝑓(𝑥2 ) = 𝑦2 e como 𝑦2 ∉ 𝑓(𝑋), então 𝑥2 ∉ 𝑋, desse modo 𝑦2 ∈ 𝑓 (𝐴 − 𝑋). Sendo assim, 𝐵 − 𝑓(𝑋) ⊂
𝑓 (𝐴 − 𝑋) e, portanto, 𝑓 (𝐴 − 𝑋) = 𝐵 − 𝑓(𝑋).
(b) Reciprocamente, mostre que, se 𝑓(𝐴 − 𝑋) = 𝐵 − 𝑓(𝑋), para todo 𝑋 ⊂ 𝐴, com 𝑋 ≠ ∅ e 𝑋 ≠ 𝐴, então
𝑓: 𝐴 → 𝐵 é uma função bijetora.
Suponhamos, por absurdo, que a função 𝑓: 𝐴 → 𝐵 não é bijetora. Sejam 𝑥1 , 𝑥2 ∈ 𝐴 e 𝑦1 ∈ 𝐵, tais que
𝑓 (𝑥1 ) = 𝑦1 e 𝑓 (𝑥2 ) = 𝑦1 .
Se 𝑥1 ∉ 𝑋 e 𝑥2 ∈ 𝑋, então 𝑦1 ∉ 𝑓(𝑋) e 𝑦1 ∈ 𝑓(𝑋), o que é absurdo.
4. Seja X um conjunto com n elementos. Mostre que o número de subconjuntos de X com
𝑛!
p elementos é igual a 𝑝!(𝑛−𝑝)!.

Seja P(p) a propriedade em questão. Vamos provar por indução em p que P(p) é verdadeira.
Caso base, para P(1):
Seja X um conjunto com n elementos. É trivial que haverá n subconjuntos com apenas 1 elemento e de
fato temos:
𝑛! 𝑛 ∙ (𝑛 − 1)!
= =𝑛
1! (𝑛 − 1)! (𝑛 − 1)!
Suponhamos agora que a propriedade é verdadeira para um certo p e mostraremos que isso implica que
p + 1 também é verdadeira.
𝑛!
Seja X um conjunto com n elementos, sabemos que há 𝑝!(𝑛−𝑝)! subconjuntos de X com p elementos.
𝑋 = {𝑎1 , 𝑎2 , ⋯ , 𝑎𝑛 }
Seja 𝑋𝑃 um subconjunto de X com p elementos.
𝑋𝑝 = {𝑏1 , 𝑏2 , ⋯ , 𝑏𝑝 }
Adicionando um elemento 𝑥 ∈ 𝑋 e 𝑥 ∉ 𝑋𝑃 , obteremos um subconjunto de X com p + 1 elementos e
podemos fazer isso de 𝑛 − 𝑝 maneiras (pois há n – p elementos 𝑥 ∈ 𝑋 e 𝑥 ∉ 𝑋𝑃 ):
Por exemplo: Suponha que 𝑋 = {𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , 𝑎4 , 𝑎5 } e 𝑋𝑝 = {𝑎1 , 𝑎2 } (nesse caso, 𝑛 = 5 e 𝑝 = 2)
Veja que podemos adicionar em 𝑋𝑝 os elementos 𝑎3 , 𝑎4 ou 𝑎5 , sendo assim obteríamos os subconjuntos
com p + 1 elementos: {𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 }, {𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎4 } e {𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎5 } (Veja que obtemos 𝑛 − 𝑝 subconjuntos)
𝑛!
Como há 𝑝!(𝑛−𝑝)! subconjuntos com 𝑝 elementos (hipótese de indução) então haverá:

𝑛!
∙ (𝑛 − 𝑝)
𝑝! (𝑛 − 𝑝)!
Subconjuntos com 𝑝 + 1 elementos, porém entre eles haverá subconjuntos iguais:
Veja, por exemplo, o caso acima:
𝑋 = {𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , 𝑎4 , 𝑎5 }
Vamos pegar todos os subconjuntos de X com 2 elementos:
{𝑎1 , 𝑎2 }, {𝑎1 , 𝑎3 }, {𝑎1 , 𝑎4 }, {𝑎1 , 𝑎5 }, {𝑎2 , 𝑎3 }, {𝑎2 , 𝑎4 }, {𝑎2 , 𝑎5 }, {𝑎3 , 𝑎4 }, {𝑎3 , 𝑎5 }, {𝑎4 , 𝑎5 }
Ao adicionarmos um elemento de X nos subconjuntos acima, vimos que para cada um haverá três
possibilidades, o que resultará em 15 subconjuntos com 𝑝 + 1 elementos, entretanto, haverá subconjuntos
iguais. Por exemplo, quando adicionarmos 𝑎3 no subconjunto {𝑎1 , 𝑎2 }, obteremos um subconjunto igual
quando adicionarmos esse elemento nos subconjuntos {𝑎1 , 𝑎3 } e , {𝑎2 , 𝑎3 }, ou seja, três subconjuntos
iguais. Note que se o subconjunto tivesse três elementos, ao adicionarmos um quarto elemento obteríamos
quatro subconjuntos iguais, ou seja, se os subconjuntos têm 𝑝 elementos, ao adicionarmos, de todas as
formas possíveis mais um elemento, para cada subconjunto com p elementos, obteremos p + 1 conjuntos
iguais com p + 1 elementos. Desse modo, temos: De cada subconjunto com p elementos, obtemos n – p
subconjuntos com p + 1 elementos.
𝑛! 𝑛−𝑝
𝑃(𝑝 + 1) = ∙ Cada subconjunto com p + 1 elementos se repete p + 1
𝑝! (𝑛 − 𝑝)! 𝑝 + 1
vezes.

Nº de subconjuntos com p elementos.

Desenvolvendo, obtemos:
𝑛! 𝑛−𝑝
𝑃(𝑝 + 1) = ∙
𝑝! (𝑛 − 𝑝)! 𝑝 + 1

𝑛! 𝑛−𝑝
𝑃 (𝑝 + 1) = ∙
𝑝! (𝑛 − 𝑝)(𝑛 − 𝑝 − 1)! 𝑝 + 1
𝑛! 1
𝑃(𝑝 + 1) = ∙
𝑝! (𝑛 − 𝑝 − 1)! 𝑝 + 1
𝑛!
𝑃(𝑝 + 1) =
(𝑝 + 1)! (𝑛 − (𝑝 + 1))!
Portanto, pelo PIF, 𝑃(𝑝) é verdadeira.
5. Seja m e n números naturais.
3
(a) Mostre que 𝑛√𝑛 ≤ √3, para todo 𝑛 ≥ 2.
Vamos mostrar usando indução sobre n que a propriedade é verdadeira.
Caso base, para 𝑛 = 2.
3
√2 ≤ √3 ⇔ 23 ≤ 32 ⇔ 8 ≤ 9
Suponha que a propriedade é verdadeira para algum 𝑛 ≥ 2, vamos provar que ela também é válida para
𝑛 + 1.
𝑛 3
√𝑛 ≤ √3
𝑛3 ≤ 3𝑛 (Hipótese de indução)
Temos que mostrar que:
(𝑛 + 1)3 ≤ 3𝑛+1
𝑛3 + 3𝑛2 + 3𝑛 + 1 ≤ 3 ∙ 3𝑛
𝑛3 + 3𝑛2 + 3𝑛 + 1 ≤ 3𝑛 + 3𝑛 + 3𝑛
Vamos mostrar que:
(i) 3𝑛2 ≤ 3𝑛 , 𝑛 ≥ 3
(ii) 3𝑛 + 1 ≤ 3𝑛 , 𝑛 ≥ 3
Provando (i): Vamos mostrar usando indução sobre 𝑛.
Caso base é trivial.
Suponha que seja válido para algum 𝑛 ≥ 3, vamos mostrar ser válido par 𝑛 + 1.
Temos que mostrar que 3(𝑛 + 1)2 ≤ 3𝑛+1
3𝑛2 + 6𝑛 + 3 ≤ 3𝑛 + 3𝑛 + 3𝑛
Veja que 3𝑛2 ≤ 3𝑛 (Hipótese de indução).
6𝑛 ≤ 2 ∙ 3𝑛 ≤ 3𝑛2
Além disso, 3 ≤ 3𝑛2 . Sendo assim:
3𝑛2 + 6𝑛 + 3 ≤ 3𝑛 + 3𝑛 + 3𝑛
Assim, para 𝑛 ≥ 3
(𝑛 + 1)3 = 𝑛3 + 3𝑛2 + 3𝑛 + 1 ≤ 3𝑛 + 3𝑛 + 3𝑛 = 3𝑛+1
E o resultado é válido para 𝑛 + 1.

3
(b) Mostre que um dos números 𝑚√𝑛 e 𝑛√𝑚 é menor do que ou igual a √3.
(i) Se 𝑚 = 𝑛, o caso foi demonstrado no item anterior.
(ii) Se 𝑚 < 𝑛, então:
𝑛 𝑛 3
√𝑚 < √𝑛 ≤ √3
Pela transitividade:
𝑛 3
√𝑚 < √3
(iii) Se 𝑚 > 𝑛, então:

𝑚 𝑚 3
√𝑛 < √𝑚 ≤ √3
Pela transitividade:
𝑚 3
√𝑛 < √3

6. Seja 𝑓: ℕ → ℕ uma função satisfazendo as condições a seguir:


(i) 𝑓(1) = 2
(ii) 𝑓 (2𝑛) = 2𝑓 (𝑛) + 1
(iii) 𝑓(𝑓(𝑛)) = 4𝑛 + 1
Seja 𝑛 ∈ ℕ; 𝑓 (𝑛) = 2023.

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