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Chapter 1

Finitude, Infinitude e Cardinalidade

1.1 Números Naturais


Assumimos, sem demontração, que é válido:

• Princı́pio da Boa Ordem: Todo subconjunto 𝐴 ⊂ ℕ tem um elemento mı́nimo 𝑥 = 𝑚𝑖𝑛𝐴;

• Princı́pio de Indução: Se um conjunto 𝑋 ⊂ ℕ é tal que 1 ∈ 𝑋 e 𝑠 (𝑋) ⊂ 𝑋 então 𝑋 = ℕ;

• Tricotomia: ∀𝑎, 𝑏 ∈ ℕ apenas um dos três casos pode ser verdade: 𝑎 < 𝑏, 𝑎 = 𝑏 ou 𝑎 > 𝑏.

1.2 Funções
Definição 1.2.1: Funções Injetoras, Sobrejetoras e Bijetoras

Sejam 𝐴 e 𝐵 conjuntos e 𝑓 : 𝐴 → 𝐵 é uma função, dizemos que 𝑓 é:

• Injetora: se ∀𝑎1 , 𝑎2 ∈ 𝐴, 𝑎1 ≠ 𝑎2 ⇐⇒ 𝑓 (𝑎1 ) ≠ 𝑓 (𝑎2 );

• Sobrejetora: se ∀𝑏 ∈ 𝐵, ∃𝑎 ∈ 𝐴; 𝑓 (𝑎) = 𝑏;

• Bijetora: se 𝑓 for injetora e sobrejetora.

Observação
Composição de função preserva injetividade e sobrejetividade.

1.3 Finitude e Infinitude


Definição 1.3.1: Conjunto Finito

Um conjunto 𝑋 é dito finito se 𝑋 é vazio ou existe 𝑛 ∈ ℕ e 𝑓 : 𝑋 → [𝑛] injetiva. Dizemos que 𝑓 atesta a
finitude de 𝑋. Um conjunto é infinito se não exite tal 𝑓 .

Observação
Notação [𝑛] = {𝑝 ∈ ℕ; 𝑝 ⩽ 𝑛}.

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Proposition 1.3.1
Se 𝑋 é um conjunto finito, todo conjunto 𝑌 ⊂ 𝑋 também é finito.

Proof: A restrição de f a 𝑌 preserva a injetividade.

Proposition 1.3.2
Se 𝐶 é um conjunto finito e 𝑔 : 𝑋 → 𝐶 é injetiva, então 𝑋 é finito.

Proof: Se 𝐶 é um conjunto finito, então existe uma função 𝑓 : 𝐶 → [𝑛] injetiva. Assim, como a composição de
funções preserva a injetividade, 𝑔 ◦ 𝑓 : 𝑋 → [𝑛] é injetiva. Portanto, 𝑋 é um conjunto finito.

Proposition 1.3.3
Bijeção preserva finitude e infinitude.

Proof: Considere 𝑋 e 𝑌 conjuntos e 𝑓 : 𝑋 → 𝑌 uma função bijetora. Se 𝑌 for um conjunto finito, 𝑋 também é
pelo corolário acima. Analogamente, 𝑓 −1 : 𝑌 → 𝑋 também é uma função bijetora e, se 𝑋 for um conjunto finito,
𝑌 também é.

Proposition 1.3.4
𝑋 ⊂ ℕ e X é limitado ⇐⇒ 𝑋 é finito

Proof: =⇒ Se 𝑋 é limitado, então existe 𝑛 ∈ ℕ tal que 𝑥 ⩽ 𝑛, ∀𝑥 ∈ 𝑋. Assim, a função identidade 𝑖𝑑 : 𝑋 → [𝑛]
é injetiva. Portanto, 𝑋 é um conjunto finito.
⇐= 𝑋 é finito, sem perda de generalidade suponha que |𝑋 | = 𝑛, 𝑋 ⊂ ℕ então existe 𝑥 1 = 𝑚𝑖𝑛𝑋,
construı́mos o conjunto 𝑋1 = 𝑋 \ {𝑥1 }. Sucessivamente, removemos o elemento mı́nimo 𝑥 𝑖 de 𝑋𝑖 , 1 ⩽ 𝑖 < 𝑛.
Quando 𝑖 = 𝑛 − 1, evidenciamos que 𝑋 é limitado por 𝑥 𝑛 que é o elemeto mı́nimo do conjunto unitário 𝑋𝑛−1 .

Theorem 1.3.1
Se 𝐴 é um subconjunto próprio de [𝑛], não pode existir uma bijeção 𝑓 : 𝐴 → [𝑛]

Proof: Se existe uma bijeção 𝑓 : 𝐴 → [𝑛], 𝐴 ⊂ [𝑛] ⇐⇒ ∃𝑛 𝑖 ∈ [𝑛] : 𝑛 𝑖 ∉ 𝐴, ∀𝑛 ∈ ℕ fixo. Então


∃𝑎 ∈ 𝐴 : 𝑓 (𝑎) = 𝑛. Restringimos o domı́nio de 𝑓 a 𝐴1 = 𝐴 \ 𝑎, preservado a bijeção temos 𝑓 : 𝐴1 → [𝑛 − 1].
Supondo, sem perda de generalidade, que |𝐴| = 𝑛 − 1, repetimos isso 𝑛 − 1 vezes e encontramos 𝐴𝑛−1 =, temos
que 𝑓 : ∅ → [1] é bijetiva, porém isso é um absurdo.

Corollary 1.3.1
Se 𝑓 : [𝑚] → 𝑋 e 𝑔 : [𝑛] → 𝑋 são bijeções, então 𝑚 = 𝑛.

Proof: Como 𝑔 é uma bijeção, podemos escrever 𝑔 −1 : 𝑋 → [𝑛], 𝑓 ◦ 𝑔 −1 : [𝑚] → [𝑛] e 𝑔 ◦ 𝑓 −1 : [𝑛] → [𝑚] são
bijeções. Se 𝑚 ≠ 𝑛, pela tricotomia, temos dois casos:
(i) 𝑚 > 𝑛 =⇒ [𝑛] ⊂ [𝑚]
Contradiz o fato que 𝑔 ◦ 𝑓 −1 : [𝑛] → [𝑚] é bijeção pelo teorema anterior.
(ii) 𝑛 < 𝑚 =⇒ [𝑚] ⊂ [𝑛]
Contradiz o fato que 𝑓 ◦ 𝑔 −1 : [𝑚] → [𝑛] é bijeção pelo teorema anterior. Portanto, é verdade que 𝑚 = 𝑛.
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Corollary 1.3.2
Seja 𝑋 um conjunto finito, uma aplicação 𝑓 : 𝑋 → 𝑋 é injetora se, e somente se, for sobrejetora.

Proof: =⇒ Seja 𝑓 : 𝑋 → 𝑋, então ∀𝑥 ∈ 𝑋 , 𝑓 (𝑥) = 𝑦, mas como é injetiva š𝑥1 , 𝑥2 : 𝑓 (𝑥1 ) = 𝑦 = 𝑓 (𝑥2 ). Assim,
∀𝑦 ∈ 𝑋 , ∃!𝑥 ∈ 𝑋 : 𝑥 = 𝑓 −1 (𝑦), portanto f é sobrejetiva.
⇐= Seja 𝑓 : 𝑋 → 𝑋 sobrejetiva, então ∀𝑦 ∈ 𝑋 , ∃𝑥 ∈ 𝑋 : 𝑓 (𝑥) = 𝑦. Se ∃𝑥1 , 𝑥2 : 𝑓 (𝑥1 ) = 𝑓 (𝑥2 ) = 𝑦, então
restringir o domı́nio para 𝑋1 = 𝑋 \ 𝑥 1 teriamos uma bijeção 𝑓 : 𝑋1 → 𝑋 : 𝑋1 ⊂ 𝑋 que, pelo teorema anterior, é
absurdo. Evidenciamos que f é injetiva.

1.4 Cardinalidade
Definição 1.4.1: Cardinalidade de um Conjunto Finito

Seja 𝑋 um conjunto finito, dizemos que a cardinalidade de 𝑋, denotada por |𝑋 |, é igual a 0 se o conjunto
for vazio e, caso contrário, igual ao menor número 𝑛 ∈ ℕ tal que existe 𝑓 : 𝑋 → [𝑛] injetiva.

Observação
Essa definição é consistente, pois se 𝑋 é finito, temos pelo menos um elemento e, pelo PBO, sempre existirá
um que seja o mı́nimo. Assim, podemos contar quantos elementos tem o conjunto excluindo sempre o menor
elemento até encontrar o conjunto vazio.

Theorem 1.4.1
| [𝑛] | = 𝑛

Proof: Existe uma função injetiva tal que 𝐼𝑑 : [𝑛] → [𝑛]. Assim, |[𝑛]| ⩽ 𝑛. Vamos mostrar que não é possı́vel
o caso em que |[𝑛]| < 𝑛. Para isto, basta que provemos que não existe função injetiva 𝑓 : [𝑚] → [𝑛] para ∀𝑚 > 𝑛
Utilizaremos indução em n:
(i) P(1): [𝑚] → 1 não é injetiva ∀𝑚 > 1.
Negar que š 𝑓 injetiva: 𝑚 > 𝑛 equivale a:

Lenma 1.4.1
Se ∀ 𝑓 : [𝑚] → [𝑛] é injetiva, então 𝑚 ⩽ 𝑛.

(ii) P(k): [𝑚] → [𝑘 + 1], ∀𝑚 ⩽ 𝑘


(iii) P(k+1): [𝑚] → [𝑘 + 1], ∀𝑚 ⩽ 𝑘 + 1

Caso 1: 𝑛 + 1 ∉ 𝐼𝑚( 𝑓 ), então 𝑓 : [𝑚] → [𝑛] continua injetiva. Isto é, 𝑚 ⩽ 𝑛 < 𝑛 + 1.
Caso 2: 𝑓 (𝑚) = 𝑛 + 1, então restringimos 𝑓 | [𝑚−1] : [𝑚 − 1] → [𝑛] injetiva. Então

𝑚 − 1 ⩽ 𝑛 =⇒ 𝑚 ⩽ 𝑛 + 1.

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Caso 3: 𝑓 (𝑎) = 𝑛 + 1, 𝑎 < 𝑚. Definimos uma função auxiliar 𝑔 : [𝑚] → [𝑚]

𝑔(𝑎) = 𝑚







𝑔(𝑚) = 𝑛 + 1


 𝑔(𝑥) = 𝑥, ∀𝑥 ≠ 𝑎, 𝑚



Essa função é uma permutação de a e m, que uma bijeção e, portanto, preserva a injeção de f na composição.
Assim, ( 𝑓 ◦ 𝑔)(𝑚) = 𝑛 + 1 e, pelo caso 2, 𝑚 ⩽ 𝑛.

Theorem 1.4.2
Seja 𝑋 um conjunto finito, toda 𝑓 : 𝑋 → [|𝑋 |] injetora é bijetora.

Proof: Supomos f não ser sobrejetora, então

∃𝑖 ∈ [|𝑋 |] : 𝑓 (𝑎) ≠ 𝑖, ∀𝑎 ∈ 𝑋

Caso 1: 𝑖 = |𝑋 |, então 𝑓 : 𝑋 → [|𝑋 | − 1] continua a ser injetiva, absurdo, pois o cardinal é mı́nimo.
Caso 2: 𝑖 = 𝑛0 , 𝑛0 ⩽ |𝑋 |, então definimos 𝑔 : |𝑋 | → |𝑋 |

𝑔(𝑛0 ) = |𝑋 |







𝑔(|𝑋 |) = 𝑛 0


 𝑔(|𝑋 |) = 𝑛0 , ∀𝑥 ≠ 𝑛0 , |𝑋 |



Assim, (𝑔 ◦ 𝑓 ) é injetiva e (𝑔 ◦ 𝑓 ) : 𝑋 → [|𝑋 | − 1] continua sendo injetiva, absurdo.

Question 1

Se 𝑋 é finito e não vazio, existe único 𝑛 ∈ ℕ para o qual há uma bijeção 𝑏 : 𝑋 → [𝑛]. Mostre que 𝑛 = |𝑋 |.

Solution: Se X é finito então segue que existe uma bijeção 𝑔 : 𝑋 → [|𝑋 |], para [|𝑋 |] ⊂ ℕ e |𝑋 | ⩽ 𝑛. Assim,
temos que [|𝑋 |] ⊆ [𝑛]. Se |𝑋 | < 𝑛 pelo teorema 1.3.1 não pode existir uma bijeção ℎ : [|𝑋 |] → [𝑛], porém,
𝑔 −1 : [|𝑋 |] → 𝑋 e ℎ = 𝑔 −1 ◦ 𝑏 : [|𝑋 |] → [𝑛] são bijeções, absurdo.

Question 2

Se 𝐴 e 𝐵 são finitos, então existe função injetiva 𝑓 : 𝐴 → 𝐵 ⇐⇒ |𝐴| ⩽ |𝐵|.

Solution: =⇒ Se 𝑓 : 𝐴 → 𝐵 é injetiva e B finito, então ℎ : 𝐵 → [|𝐵|] é injetiva. Compondo-as temos que


ℎ ◦ 𝑓 : 𝐴 → [|𝐵|] é injetiva, concluimos que |𝐴| ⩽ |𝐵|

⇐= Se |𝐴| ⩽ |𝐵|, então [|𝐴|] ⊆ [|𝐵|] e existem bijeções 𝑓 : 𝐴 → [|𝐴|] e 𝑔 : 𝐵 → [|𝐵|]. Tem-se que
𝑔 −1 : [|𝐵|] → 𝐵 é uma bijeção. Assim, ( 𝑓 ◦ 𝑔 −1 ) : 𝐴 → 𝐵 é injetiva, pois [|𝐴|] ⊆ [|𝐵|].

Definição 1.4.2: Enumerabilidade

X é um conjunto enumerável se existe uma função injetiva 𝑓 : 𝑋 → ℕ

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Lenma 1.4.2
X é enumerável e 𝑌 ⊂ 𝑋, então Y é enumerável

Theorem 1.4.3
Todo conjunto enumerável infinito está em bijeção com ℕ

Proof: Seja 𝑓 : 𝑋 → ℕ injetiva e X infinito. Se f não for sobrejetiva, ∃𝑦 ∈ ℕ : 𝑦 ∉ 𝐼𝑚( 𝑓 ), segue que
𝑌 = ℕ \ 𝐼𝑚( 𝑓 ) não é vazio. Assim, existe 𝑛 = 𝑚𝑖𝑛𝑌 tal que se (𝑛 − 1) < 𝑛 =⇒ (𝑛 − 1) ∉ 𝑌. O que acabamos de
verificar é que há uma cota superior para 𝐼𝑚( 𝑓 ) e, pelo Corolário 1.3.4, X é finito. Isso contraria a hipótese.

Corollary 1.4.1
Todo subconjunto infinito dos naturais está em bijeção com ℕ

Theorem 1.4.4 Cantor


Não existe função 𝑓 : 𝑋 → 2𝑋 sobrejetiva

Proof: Supomos que exista 𝑓 : 𝑋 → 2𝑋 sobrejetiva. Definimos o conjunto

𝐴 := {𝑥 ∈ 𝑋 : 𝑥 ∉ 𝑓 (𝑥)}, 𝐴 ⊂ 𝒫(𝑋)

Assim, 𝐴 ≠ 𝑓 (𝑥), ∀𝑥 ∈ 𝑋 =⇒ 𝐴 ∉ 𝑓 (𝑥).

Question 3

∃ 𝑓 : 2ℕ → ℝ

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Chapter 2

Espaço Métrico e Sequências

2.1 Espaço Métrico


Definição 2.1.1: Espaço Métrico

Um espaço topológico ou vetorial X munido de uma função métrica 𝑑 : 𝑋 × 𝑋 → ℝ caracterizada por

1. Não-negatividade: 𝑑(𝑥, 𝑦) ⩾ 0 e 𝑑(𝑥, 𝑦) = 0 ⇐⇒ 𝑥 = 𝑦;

2. Simetria: 𝑑(𝑥, 𝑦) = 𝑑(𝑦, 𝑥);

3. Desigualdade Triangular: 𝑑(𝑥, 𝑧) ⩽ 𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧).

A terna (𝑋 , 𝑑) é dito Espaço Métrico.

Example 2.1.1 (𝑋 = ℝ e 𝑑(𝑎, 𝑏) = |𝑏 − 𝑎|)


Tomando 𝑋 como o conjunto dos reais e a função 𝑑 tal que 𝑑(𝑎, 𝑏) = |𝑏 − 𝑎| para todos 𝑎 e 𝑏 reais, é fácil
ver que (𝑋 , 𝑑) é um espaço métrico.

Observação

𝑛
Seja 𝑥 ∈ ℝ𝑛 , dizemos que a norma de 𝑥, denotada por ||𝑥|| 2 = 2
𝑖=1 𝑥 2𝑖 .

||𝑥|| ∞ := lim 𝑛
𝑥 𝑖𝑛 = 𝑚𝑎𝑥{|𝑥 1 |, . . . , |𝑥 𝑛 |}, 𝑥 ∈ ℝ𝑛
𝑛→∞

Question 4

𝑑(𝑥, 𝑦) = ||𝑥 − 𝑦|| ∞ é uma métrica sobre ℝ𝑛

Solution: (i) 𝑚𝑎𝑥{|𝑥1 − 𝑦1 |, . . . , |𝑥 𝑛 − 𝑦𝑛 |} > 0 ⇐⇒ 𝑥 ≠ 𝑦


(ii) ||𝑥 − 𝑦|| ∞ = 𝑚𝑎𝑥{|𝑥1 − 𝑦1 |, . . . , |𝑥 𝑛 − 𝑦𝑛 |} = ||𝑦 − 𝑥|| ∞
(iii) 𝑚𝑎𝑥{|𝑥 1 − 𝑦1 |, . . . , |𝑥 𝑛 − 𝑦𝑛 |} ⩽ 𝑚𝑎𝑥{|𝑥1 − 𝑧1 |, . . . , |𝑥 𝑛 − 𝑧 𝑛 |} + 𝑚𝑎𝑥{|𝑧1 − 𝑦1 |, . . . , |𝑧 𝑛 − 𝑦𝑛 |}

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Question 5

||𝑥|| ∞ ⩽ ||𝑥|| 2 ⩽ 𝑛||𝑥|| ∞

Solution: ! 1/2
𝑛
Õ 𝑛
Õ
2
|𝑥| ∞ = max |𝑥 𝑖 | ≤ |𝑥 𝑖 | = |𝑥 𝑖 | = |𝑥| 2
𝑖∈[𝑛]
𝑖=1 𝑖=1

Por outro lado, temos:

𝑛
! 1/2 v
t 𝑛

Õ Õ q
|𝑥| 2 = |𝑥 𝑖 | 2
≤ (|𝑥| ∞ ) = 2
𝑛 (|𝑥| ∞ )2 = 𝑛 |𝑥| ∞
𝑖=1 𝑖=1

Example 2.1.2 (𝑋 = ℝ𝑛 e 𝑑(𝑎, 𝑏) = ||𝑏 − 𝑎||)


Tomando 𝑋 = ℝ𝑛 e 𝑑 a norma de 𝑏 − 𝑎, podemos mostrar que (𝑋 , 𝑑) é um espaço métrico. Verificando:

1. 𝑑(𝑎, 𝑏) = 0 ⇐⇒ ||𝑏 − 𝑎|| = 0 ⇐⇒ ||𝑏 − 𝑎|| 2 = 0 ⇐⇒ (𝑏 𝑖 − 𝑎 𝑖 )2 = 0∀𝑖 ∈ [𝑛] ⇐⇒ 𝑎 𝑖 = 𝑏 𝑖 ∀𝑖 ∈ [𝑛];

2. ||𝑥|| = || − 𝑥|| ⇒ ||𝑏 − 𝑎|| = ||𝑎 − 𝑏|| ⇒ 𝑑(𝑎, 𝑏) = 𝑑(𝑏, 𝑎);


Í𝑛
3. ||𝑥 + 𝑦|| ⩽ ||𝑥|| + ||𝑦|| ⇐⇒ ||𝑥 + 𝑦|| 2 ⩽ ||𝑥|| 2 + ||𝑦|| 2 + 2||𝑥|| ||𝑦|| ⇐⇒ 𝑖=1 𝑥 𝑖 𝑦 𝑖 ⩽ ||𝑥|| ||𝑦||

O último ponto é verdade pela Desigualdade de Cauchy-Schwarz. Assim, se 𝑥 = 𝑏 − 𝑐 e 𝑦 = 𝑐 − 𝑎,


||𝑏 − 𝑎|| ⩽ ||𝑏 − 𝑐|| + |||𝑐 − 𝑎|| ⇐⇒ 𝑑(𝑎, 𝑏) ⩽ 𝑑(𝑐, 𝑏) + 𝑑(𝑎, 𝑐).

Example 2.1.3
Seja 𝑋 um conjunto e 𝑑 tal que,
 1, 𝑎 ≠ 𝑏



𝑑(𝑎, 𝑏) =
 0, 𝑎 = 𝑏


é possı́vel mostrar que (𝑋 , 𝑑) é um espaço métrico. Verificando:

1. por construção;

2. Se 𝑎 = 𝑏 ⇒ 𝑑(𝑎, 𝑎) = 𝑑(𝑎, 𝑎). Se 𝑎 ≠ 𝑏 ⇒ 𝑑(𝑎, 𝑏) = 1 = 𝑑(𝑏, 𝑎);

3. Se 𝑎 = 𝑏, 𝑑(𝑎, 𝑏) = 0 então vale 𝑑(𝑎, 𝑏) ⩽ 𝑑(𝑎, 𝑐) + 𝑑(𝑏, 𝑐). Se 𝑎 ≠ 𝑏, 𝑑(𝑎, 𝑏) = 1. Por outro lado, 𝑐
deve ser igual a um dos dois, assim 𝑑(𝑎, 𝑐) + 𝑑(𝑏, 𝑐) ⩾ 1 e vale a desigualde.

Lenma 2.1.1
(𝑋 , 𝑑) um espaço métrico e 𝑌 ≠ ∅, 𝑌 ⊂ 𝑋, então (𝑌, 𝑑) também é espaço métrico.

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2.2 Sequências
Definição 2.2.1: Sequência

Uma sequência é uma função 𝑓 : ℕ → 𝑋. {𝑎 𝑛 }∞


𝑛=1 = (𝑎 1 , . . . , 𝑎 𝑛 , . . . )

Definição 2.2.2: Sequência convergente

𝑛=1 uma sequência em um espaço métrico (𝑋 , 𝑑). Dizemos que 𝑥 𝑛 converge para 𝑥 quando n
Seja {𝑥 𝑛 }∞
tende ao infinito e denotamos por

𝑥𝑛 → 𝑥 𝑛→∞

Definição 2.2.3: Convergência sobre Corpo Ordenado

Uma sequência 𝑎 𝑛 ∞
𝑛=1 em 𝑋 converge para 𝑎 quando 𝑛 tende ao infinito e escrevemos

𝑎𝑛 → 𝑎

quando dado 𝜖 > 0 existe 𝑛0 = 𝑛(𝜖) tal que para todo 𝑛 ⩾ 𝑛0

|𝑎 𝑛 − 𝑎| < 𝜖

Example 2.2.1
(−1)𝑛 não converge

Proposition 2.2.1
O limite é único: 𝑎 𝑛 → 𝑎 e 𝑏 𝑛 → 𝑏, então 𝑎 = 𝑏

|𝑎−𝑏|
Proof: Se 𝑎 ≠ 𝑏, para 𝜖 = 3 > 0 temos que
|𝑎 − 𝑏|
∀𝑛 ⩾ 𝑛1 : |𝑎 𝑛 − 𝑎| <
3
|𝑎 − 𝑏|
∀𝑛 ⩾ 𝑛2 : |𝑎 𝑛 − 𝑏| <
3
Fazendo 𝑛3 := 𝑚𝑎𝑥{𝑛1 , 𝑛2 } é válido simultaneamente as duas inequações.

|𝑎 − 𝑏| ⩽ |𝑎 − 𝑎 𝑛 + 𝑎 𝑛 − 𝑏|
⩽ |𝑎 𝑛 − 𝑎| + |𝑎 𝑛 − 𝑏|
|𝑎 − 𝑏|
⩽ 2 .
3
Mas isso não é possı́vel. Então 𝑎 = 𝑏.

Proposition 2.2.2
se 𝑎 𝑛 → 𝑎 e 1 ⩽ 𝑛(1) < 𝑛(2) < . . .
𝑎 𝑛(𝑗) → 𝑎

Proof: Por hipótese ∀𝜖 > 0, ∃𝑛0 ∈ ℕ tal que ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 : |𝑎 𝑛 − 𝑎| < 𝜖. Fazendo 𝑗0 = 𝑛0 , temos que ∀𝑗 ⩾ 𝑗0 resulta
em 𝑛(𝑗) ⩾ 𝑛(𝑛0 ) ⩾ 𝑛0 .
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Proposition 2.2.3
𝑎 𝑛 = 𝑐 ∈ 𝑋, 𝑎 𝑛 → 𝑐

Proof: ∀𝜖 > 0, 𝑛 = 1 : |𝑎 1 − 𝑐| = |𝑐 − 𝑐| = 0 < 𝜖

Proposition 2.2.4
𝑎 𝑛 → 𝑎 e 𝑏 𝑛 → 𝑏 =⇒ 𝑎 𝑛 + 𝑏 𝑛 → 𝑎 + 𝑏

Proof: Por hipótese temos


𝜖
∃𝑛1 ∈ ℕ : ∀𝑛 ⩾ 𝑛1 : |𝑎 𝑛 − 𝑎| <
, ∀𝜖 > 0
2
𝜖
∃𝑛2 ∈ ℕ : ∀𝑛 ⩾ 𝑛2 : |𝑏 𝑛 − 𝑏| < , ∀𝜖 > 0
2
Tomemos 𝑛3 := 𝑚𝑎𝑥{𝑛1 , 𝑛2 } é válido simultaneamente as duas desigualdades anteriores para ∀𝑛 ⩾ 𝑛3 . Assim:

|(𝑎 𝑛 + 𝑏 𝑛 ) − (𝑎 + 𝑏)| ⩽ |𝑎 𝑛 − 𝑎| + |𝑏 𝑛 − 𝑏|
𝜖 𝜖
⩽ + =𝜖
2 2

Proposition 2.2.5
𝑎 𝑛 → 𝑎 e 𝑏 𝑛 → 𝑏 =⇒ 𝑎 𝑛 .𝑏 𝑛 → 𝑎.𝑏

Proof: Por hipótese temos


𝜖1
∃𝑛1 ∈ ℕ : ∀𝑛 ⩾ 𝑛1 : |𝑎 𝑛 − 𝑎| < , ∀𝜖1 ⩾ 𝜖 > 0
2|𝑏|
𝜖2
∃𝑛2 ∈ ℕ : ∀𝑛 ⩾ 𝑛2 : |𝑏 𝑛 − 𝑏| < , ∀𝜖 2 ⩾ 𝜖 > 0
2(|𝑎| + 1)
n o
𝜖1
Fazendo 𝑛3 := 𝑚𝑎𝑥{𝑛1 , 𝑛2 } temos que as duas equações anteriores são válidas e 𝜖3 = 𝑚𝑎𝑥 , 𝜖2
2(|𝑎|+1) 2 |𝑏|
. Assim,
fazemos:

|𝑎 𝑛 .𝑏 𝑛 − 𝑎.𝑏| ⩽ |𝑎 𝑛 .𝑏 𝑛 + 𝑎 𝑛 .𝑏 − 𝑎 𝑛 .𝑏 − 𝑎.𝑏|
⩽ |𝑎 𝑛 |.|𝑏 𝑛 − 𝑏| + |𝑏|.|𝑎 𝑛 − 𝑎|
𝜖2 𝜖1
   
⩽ (|𝑎| + 1) + |𝑏|
2(|𝑎| + 1) 2|𝑏|
𝜖1 𝜖2
⩽ + ⩽ 𝜖3
2 2

Observação
|𝑎 𝑛 − 𝑎| < 𝜖 ⇐⇒ 𝑎 − 𝜖 < an < a + 𝜖. Ao fixar o 𝜖 e dado 𝑛 para o qual é válido, utilizamos uma majoração
superior para limitar a sequência 𝑎 𝑛 a partir dessa desigualdade na demonstração: 𝑎 𝑛 < |𝑎| + 𝜖, 𝜖0 = 1

Observação
A escolha do 𝜖1 e 𝜖 2 se altera de acordo com a escolha dos termos utilizado da soma zero:

0 = 𝑎 𝑛 .𝑏 − 𝑎 𝑛 .𝑏 = 𝑎.𝑏 𝑛 − 𝑎.𝑏 𝑛
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Proposition 2.2.6
𝑎 𝑛 → 𝑎, 𝑎 𝑛 ≠ 0, ∀𝑛 e 𝑎 ≠ 0 =⇒ 1
𝑎𝑛 → 1
𝑎

Proof: ∃𝑛1 ∈ ℕ : ∀𝑛 ⩾ 𝑛1 : |𝑎 𝑛 − 𝑎| < (|𝑎| + 1).|𝑎|.𝜖

− 1 = 𝑎 − 𝑎𝑛 =

1 1 1
. .|𝑎 𝑛 − 𝑎|

𝑎 𝑛 𝑎 𝑎 𝑛 .𝑎 |𝑎 𝑛 | |𝑎|
1 1
⩽ . .((|𝑎| − 1).|𝑎|.𝜖) = 𝜖
|𝑎| − 1 |𝑎|

Observação
|𝑎 𝑛 − 𝑎| < 𝜖 ⇐⇒ a − 𝜖 < an < 𝑎 + 𝜖. Ao fixar o 𝜖 e dado 𝑛 para o qual é válido, utilizamos uma majoração
inferior para limitar a sequência 𝑎 𝑛 a partir dessa desigualdade na demonstração: |𝑎| − 𝜖 < 𝑎 𝑛 , 𝜖0 = 1

Proposition 2.2.7
Se 𝑎 𝑛 ⩽ 𝐴, ∀𝑛 e 𝑎 𝑛 → 𝑎, então 𝑎 ⩽ 𝐴

Proof: Se 𝑎 𝑛 ⩽ 𝐴 implica que ∀𝛿 > 0 : 𝐴 ⩽ 𝑎 𝑛 + 𝛿, então 𝑎 𝑛 − 𝛿 ⩽ 𝐴 ⩽ 𝑎 𝑛 + 𝛿 =⇒ 𝑎 = 𝐴

Proposition 2.2.8
𝑎 𝑛 ⩽ 𝑏 𝑛 ⩽ 𝑐 𝑛 , ∀𝑛, 𝑎 𝑛 → 𝑥 e 𝑐 𝑛 → 𝑥, então 𝑏 𝑛 → 𝑥

Proof: Por hipótese, temos:

∃𝑛1 ∈ ℕ, ∀𝑛 ⩾ 𝑛1 : 𝑥 − 𝛿 ⩽ 𝑎𝑛 ⩽ 𝑥+𝛿
∃𝑛2 ∈ ℕ, ∀𝑛 ⩾ 𝑛2 : 𝑥 − 𝛿 ⩽ 𝑐𝑛 ⩽ 𝑥+𝛿
(2.1)

As duas sequências limitam 𝑏 𝑛 . Desses fatos, tomando 𝑛 = 𝑚𝑎𝑥{𝑛1 , 𝑛2 } é válido que

𝑥 − 𝛿 ⩽ 𝑎 𝑛 ⩽ 𝑏 𝑛 ⩽ 𝑐 𝑛 ⩽ 𝑥 + 𝛿 =⇒ 𝑥 − 𝛿 ⩽ 𝑏 𝑛 ⩽ 𝑥 + 𝛿

Portanto, 𝑏 𝑛 → 𝑥

2.3 Supremo
Definição 2.3.1

Seja A um subconjunto não-vazio de números reais. Dizemos que 𝛼 ∈ ℝ é o supremo de A (menor cota
superior) se:
(1) 𝑎 ⩽ 𝛼, ∀𝛼 ∈ 𝐴
(2) ∀𝛽 ∈ ℝ : 𝑎 ⩽ 𝛽, ∀𝑎 ∈ 𝐴, 𝛽 ⩾ 𝛼

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Example 2.3.1
𝑎+1
𝐸 := {𝑥 : 0 < 𝑥 < 1} 𝑎 ∈ 𝐸 =⇒ 2 ∈ 𝐸, 𝑎 não é o máximo.

Observação
Esse exemplo é para lembrar que máximo não é mesma coisa que supremo.

Proposition 2.3.1 Unicidade


Se 𝑎 e 𝑎 ′ são supremos de A, então 𝑎 = 𝑎 ′.

Proof: Se 𝑎 é cota superior e 𝑎 ′ é supremo, então 𝑎 ′ ⩽ 𝑎. Se 𝑎 ′ é cota superior e 𝑎 ′ é supremo, então 𝑎 ⩽ 𝑎 ′.


Portanto 𝑎 = 𝑎 ′

Proposition 2.3.2 Caracterização


Uma cota superior 𝑢 é o supremo se, e somente se,

∀𝜖 > 0, ∃𝑎 𝜖 ∈ 𝐴 : 𝑎 𝜖 ⩽ 𝑢 < 𝑎 𝜖 + 𝜖

Proof: Seja u uma cota superior e se 𝑣 < 𝑢, então 𝜖 := 𝑢 − 𝑣 > 0. Isso implica que existe 𝑎 𝜖 ∈ 𝐴 tal que
𝑣 = 𝑢 − 𝜖 < 𝑎 𝜖 . Desse modo, v não é uma cota superior de A, concluimos que 𝑢 = 𝑠𝑢𝑝𝐴
∀𝜖 > 0, temos que 𝑢 − 𝜖 < 𝑢, não é cota superior. Logo, ∃𝑎 ∈ 𝐴 : 𝑢 − 𝜖 ⩽ 𝑎 =⇒ 𝑢 ⩽ 𝑎 + 𝜖

Theorem 2.3.1
Todo subconjunto 𝐴 ⊂ ℝ limitado e não-vazio possui um supremo.

Proof: 𝑆𝑒 𝑗𝑎A⊂ ℝ, 𝐴 ≠ ∅, |𝑎| ⩽ 𝑐, ∀𝑎 ∈ 𝐴. Então definimos 𝑎1 = −𝑐 e 𝑏 1 = 𝑐.


𝑎 1 +𝑏 1
Seja 𝑐 1 = 2 ,

• Se ∀𝑎 ∈ 𝐴, 𝑐 1 ⩾ 𝑎, então definimos 𝑎2 = 𝑎1 e 𝑏2 = 𝑐 1 .

• Se não, ∃𝑎 ∈ 𝐴, 𝑐 1 < 𝑎, então definimos 𝑎2 = 𝑐 1 e 𝑏 2 = 𝑏 1 .

Recursivamente, exitem 𝑎 1 ⩽ ... ⩽ 𝑎 𝑛 ⩽ 𝑏 𝑛 ⩽ ... ⩽ 𝑏 1 tais que:

• 𝑎 ⩽ 𝑏 𝑛 , ∀𝑎 ∈ 𝐴

• 𝐴 ∩ [𝑎 𝑛 , 𝑏 𝑛 ] ≠ ∅
𝑏 𝑛−1 −𝑎 𝑛−1 𝑏 1 −𝑎1
• 𝑏𝑛 − 𝑎𝑛 = 2 = 2𝑛−1

𝑏 1 −𝑎 1
Pelo Axioma Fundamental da Análise, {𝑎 𝑛 } e {𝑏 𝑛 } convergem. Além disso, |𝑏 𝑛 − 𝑎 𝑛 | = 2𝑛−1
. Pelo teorema
do confronto, lim(𝑏 𝑛 − 𝑎 𝑛 ) = 0 ⇐⇒ lim 𝑏 𝑛 = lim 𝑎 𝑛 = 𝑑.

Claim 2.3.1
𝑑 = sup{𝐴}

Solution: Utilizaremos as caracterização do Supremo para evidenciar isso:


(i) 𝑎 ⩽ 𝑑, ∀𝑎 ∈ 𝐴

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(ii) 𝑎 ⩽ 𝑒 , ∀𝑎 ∈ 𝐴 =⇒ 𝑑 < 𝑒
(ii’) ∀𝜖 > 0, ∃𝑎 𝜖 ∈ 𝐴 : 𝑑 < 𝑎 𝜖 + 𝜖
Suponha que d não atenda (i), então ∃𝑎 ∈ 𝐴 : 𝑑 < 𝑎. Sabemos que 𝑏 𝑛 → 𝑑:

∀𝜖 > 0, ∃𝑛(𝜖) ∈ ℕ, ∀𝑛 ⩾ 𝑛(𝜖) : |𝑏 𝑛 − 𝑑| < 𝜖

𝑎−𝑑 𝑎+𝑑
Para 𝜖 = 2 =⇒ 𝑏 𝑛 < 2 < 𝑎. Absurdo, implica que 𝑏 𝑛 < 𝑎, mas, por construção, 𝑎 ⩽ 𝑏 𝑛 , ∀𝑎 ∈ 𝐴.
Sabemos que 𝐴 ∩ [𝑎 𝑛 , 𝑏 𝑛 ] ≠ ∅ =⇒ ∃𝑎 ∈ 𝐴 : 𝑎 𝑛 < 𝑎. Assim, dado 𝜖 > 0, ∀𝑛 ⩾ 𝑛(𝜖) temos que
𝑐 − 𝜖 < 𝑎 𝑛 < 𝑎 < 𝑐. Isso leva a conclusão que 𝑐 < 𝑎 + 𝜖. Logo d atende a condição (ii’).
Caso (ii): 𝑑 = 𝑎, então 𝑎1 = 𝑎2 = ... = 𝑎 𝑛 e segue a argumentação do mesmo modo.
Caso (iii): 𝑑 = 𝑏, então 𝑏 1 = 𝑏 2 = ... = 𝑏 𝑛 e segue a argumentação do mesmo modo.

Definição 2.3.2: Ínfimo

𝛼 é o ı́nfimo de um conjunto A, se:


(i) 𝛼 ⩽ 𝑎, ∀𝑎 ∈ 𝐴
(ii) 𝛽 ⩽ 𝑎, ∀𝑎 ∈ 𝐴 =⇒ 𝛽 ⩽ 𝛼
(iii) ∀𝜖 > 0, ∃𝑥 𝜖 ∈ 𝐴 : 𝑥 𝜖 − 𝜖 < 𝛼

Question 6

inf {𝑎} = − sup{−𝑎}

Theorem 2.3.2 TVI


Seja 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → ℝ uma função contı́nua com 𝑓 (𝑎) ⩾ 0 ⩾ 𝑓 (𝑏). Então existe 𝑐 ∈ [𝑎, 𝑏] tal que 𝑓 (𝑐) = 0.

Proof: 𝐸 := {𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏] : 𝑓 (𝑥) ⩾ 0}. ∃𝑎 ∈ 𝐸 =⇒ (𝑖)𝐸 ≠ ∅ e (𝑖𝑖)𝑥 ⩽ 𝑏, ∀𝑥 ∈ 𝐸 =⇒ ∃ sup 𝐸 = 𝑐.

Claim 2.3.2
f(c)=0

Solution: f é contı́nua em c: ∀𝜖 > 0, ∃𝛿 > 0 : |𝑥 − 𝑐| < 𝛿 =⇒ | 𝑓 (𝑥) − 𝑓 (𝑐)| < 𝜖


Então temos que 𝑥 ∈ 𝐸 : 𝑥 − 𝛿 < 𝑐 < 𝑥 + 𝛿

 𝑓 (𝑥) − 𝜖 ⩽ 𝑓 (𝑐)



 𝑓 (𝑥) ⩾ 0


Agora avaliamos na outra parte 𝑦 = 𝑐 + 𝛿, segue da definição de continuidade: |𝑦 − 𝑐| < 𝛿 =⇒ | 𝑓 (𝑦) − 𝑓 (𝑐)| < 𝜖
Então temos que 𝑦 ∉ 𝐸 : 𝑦 − 𝛿 < 𝑐 < 𝑦 + 𝛿

 𝑓 (𝑐) ⩽ 𝑓 (𝑦) + 𝜖



 𝑓 (𝑦) ⩽ 0


Assim, majoramos os valores possı́veis com sendo da forma ∀𝜖 > 0 : −𝜖 ⩽ 𝑓 (𝑐) ⩽ 𝜖 =⇒ 𝑓 (𝑐) = 0

12
Question 7

Provar para os casos em que (a) 𝑐 = 𝑎 (b) 𝑐 = 𝑏

2.4 Bolzano-Weierstrass
Theorem 2.4.1
Seja {𝑥 𝑛 } ⊂ ℝ para a qual existe 𝑘 ∈ ℝ com |𝑥 𝑛 | ⩽ 𝑘, ∀𝑛 (limitada). Então existem 𝑚(1) < 𝑚(2) < ... e
𝑥 ∈ ℝ tais que 𝑥 𝑚(𝑗) → 𝑥 com 𝑗 → ∞.

Proof:
Claim 2.4.1
Apenas um dos casos são verdadeiros:
(i) ∃𝑚(1) < 𝑚(2) < ... tais que 𝑥 𝑚(𝑗) ⩾ 𝑥 𝑚(𝑗−1)
(ii) ∃𝑛(1) < 𝑛(2) < ... tais que 𝑥 𝑛(𝑗) ⩽ 𝑥 𝑛(𝑗−1)

Definição 2.4.1: Termo Destacado

Destacamos um termo 𝑥 𝑚 da sequência quando 𝑥 𝑚 > 𝑥 𝑛 , ∀𝑛 ⩾ 𝑚

Solution: (i) Existem infinitos termos destacados. Então construimos uma subsequência de termos decrescentes
com eles.
(ii) Existem finitos termos destacados. Então ∃𝑛0 ∈ ℕ, ∀𝑛 > 𝑛0 : 𝑥 𝑛(𝑗) > 𝑥 𝑛(𝑗−1) . Concluimos que exite uma
subsequência crescente.

Claim 2.4.2
𝑦𝑛 = sup{𝑥 𝑚 : 𝑚 ⩾ 𝑛}, 𝑦𝑛 ⩽ 𝑦𝑛−1 , ∀𝑛 =⇒ 𝑦𝑛 → 𝑦.

Solution: ∀𝑗, ∃𝑛(𝑗), ∀𝑛 ⩾ 𝑛(𝑗) : |𝑦 − 𝑥 𝑛(𝑗) | < 1𝑗 .


|𝑦 − 𝑥 𝑛(𝑗) | ⩽ |𝑦 − 𝑦 𝑗 | + |𝑦 𝑗 − 𝑥 𝑛(𝑗) |
∀𝑗 : ∃𝑛(𝑗), ∀𝑛 ⩾ 𝑛(𝑗) : |𝑦 − 𝑦𝑚 | < 1
2𝑗
∀𝑗 : ∃𝑛(𝑗), ∀𝑛 ⩾ 𝑛(𝑗) : 𝑥 𝑛(𝑗) + 1
𝑗 > 𝑦 𝑗 =⇒ |𝑥 𝑛(𝑗) − 𝑦| < 1
2𝑗

Observação
Descobrir o que está escrito

Definição 2.4.2: Lim sup

Dada 𝑥 𝑛 𝑛∈ℕ ⊂ ℝ limitada, temos que

lim sup{𝑥 𝑛 } = lim sup{𝑥 𝑚 : 𝑚 ⩾ 𝑛}


𝑛→∞ 𝑛→∞

13
2.5 Funções Contı́nuas
Definição 2.5.1: Função Contı́nua

uma função 𝑓 : 𝐾 → 𝐾 é dita contı́nua no ponto 𝑥0 se

∀𝜖 > 0, ∃𝛿(𝑥 0 , 𝜖) : |𝑥 𝑛 − 𝑥| < 𝛿 =⇒ | 𝑓 (𝑥 𝑛 ) − 𝑓 (𝑥)| < 𝜖

Proposition 2.5.1
As funções contı́nuas verificam as seguintes propriedades:

(i) 𝑓 (𝑥) = 𝑐 é contı́nua em todo ponto.


(ii) Se f e g são contı́nuas em 𝑥0 , então 𝑓 + 𝑔 e 𝑓 .𝑔 são contı́nuas em 𝑥0
(iii) Se 𝑓 (𝑥) ≠ 0, ∀𝑥 e f é contı́nua em 𝑥0 , então 1
𝑓 também é contı́nua.

Proof:

Lenma 2.5.1
Seja 𝑓 : 𝐹 → 𝐹 contı́nua em 𝑥0 . Se 𝑥 𝑛 → 𝑥, então 𝑓 (𝑥 𝑛 ) → 𝑓 (𝑥)

Proof: Tem-se duas hipóteses: f contı́nua e 𝑥 𝑛 convergente

∀𝜖 > 0, ∃𝛿(𝑥0 , 𝜖) : |𝑥 𝑛 − 𝑥| < 𝛿 =⇒ | 𝑓 (𝑥 𝑛 ) − 𝑓 (𝑥)| < 𝜖


∀𝜖, ∃𝑛0 (𝛿) ∈ ℕ : 𝑛 ⩾ 𝑛0 =⇒ |𝑥 𝑛 − 𝑥| < 𝛿

A consistência do enuciado é fazer 𝛿 = 𝛿(𝑥0 , 𝜖), segue que 𝑛 = 𝑛0 (𝛿) tal que |𝑥 𝑛 −𝑥| < 𝛿 =⇒ | 𝑓 (𝑥 𝑛 )− 𝑓 (𝑥)| < 𝜖

Observação
Esse lema permite que, no caso de funções descontı́nuas, exibir um contra-exemplo de uma sequência conver-
gente para o ponto, mas a imagem da função ser divergente.

Example 2.5.1
 −1, 𝑥 2 < 2



Queremos mostrar que 𝑓 : ℚ → ℚ tal que 𝑥 →
↦ é contı́nua.
 1, 𝑥 2 > 2


Analisaremos o caso (i) 𝑥 2 < 2:
Queremos estabelecer qual tamanho do 𝛿 entorno do ponto 𝑥 0 para que a função possa assumir valores na
imagem sem que haja pontos de indefinição. Tomamos uma 𝑥 𝑛 em uma vizinhança 0 < 𝛿 < 1, 𝑥 𝑛 = 𝑥 + 𝛿
e operamos:

|(𝑥 + 𝛿)2 − 𝑥 2 | = |2𝑥𝛿 + 𝛿2 | ⩽ 2|𝑥|𝛿 + 𝛿2 ⩽ 5𝛿, pois 𝑥 2 < 2 e 0 < 𝛿 < 1

Queremos descobrir uma relação entre 𝛿 e 𝑥0 que valide a inequação |𝑥 𝑛 − 𝑥0 | < 𝛿, ∀𝑛. Assim, basta
desenvolvermos as desigualdades:

 𝑥 𝑛 − 𝛿 < 𝑥0 < 𝑥 𝑛 + 𝛿



|𝑥 𝑛 − 𝑥0 | < 𝛿 ⇐⇒
 𝑥0 − 𝛿 < 𝑥 𝑛 < 𝑥0 + 𝛿

14
2−𝑥 02
Utilizamoss o fato de 𝑥 𝑛 < 𝑥0 + 𝛿, ∀𝑛 e 𝑥 2 < (𝑥0 + 𝛿)2 ⩽ x20 + 5𝛿 < 2 ⇐⇒ 𝛿 < 5
Analisaremos o caso (ii) 𝑥 2 > 2:
𝑥 02 −2
Por analogia, tomamos 𝛿 < 5 .

Definição 2.5.2: Axioma Fundamental da Análise

Se 𝑎 𝑛 ∈ ℝ, ∀𝑛 ⩾ 1 : 𝑎1 ⩽ 𝑎2 ⩽ . . . , 𝑎 𝑛 < 𝐴, ∀𝑛, então existe 𝑎 ∈ ℝ tal que 𝑎 𝑛 → 𝑎 com 𝑛 → ∞

Proposition 2.5.2
Se 𝑎1 ⩾ 𝑎2 ⩾ . . . e 𝑎 𝑛 ⩾ 𝐴, ∀𝑛, então existe 𝑎 ∈ ℝ tal que 𝑎 𝑛 → 𝑎

Theorem 2.5.1 Propriedade de Arquimedes dos Reais


1
𝑛 →0

Proof: 1
𝑛 →𝑙e 1
2𝑛 → 2𝑙 , por ser subsequência, 1
2𝑛 → 𝑙, então 𝑙
2 = 𝑙 ⇐⇒ 𝑙 = 2𝑙 =⇒ 𝑙 = 0

Corollary 2.5.1
Dados 𝑎, 𝑦 ∈ ℝ : 𝑎 < 𝑦 então ∃𝑛 ∈ ℕ : 𝑎.𝑛 ⩽ 𝑦 < 𝑎.(𝑛 + 1)

Observação
Foi mostrado que não existe o menor número real positivo

Question 8: Teorema da Densidade dos Racionais

Seja 𝑎 ∈ ℝ : ∀𝜖 > 0, ∃𝑞 ∈ ℚ : |𝑎 − 𝑞| < 𝜖

Solution: (i) Dado 𝑥 ∈ ℝ se 𝑥 > 0, pelo princı́pio arquimediano ∃𝑛 ∈ ℕ : 𝑛 ⩽ 𝑥 < 𝑛 +1, definimos 𝑚 := 𝑛, 𝑚 ∈ ℤ.
Se 𝑥 < 0, segue que existe 𝑛 ∈ ℕ : 𝑛 ⩽ −𝑥 < 𝑛 + 1, seja 𝑛 ∈ ℤ : 𝑚 := −𝑛, então −𝑛 − 1 < 𝑥 ⩽ −𝑛.
(ii) Existe 𝑞 ∈ ℤ para o qual 𝑥 ∈ ℝ é válido que 𝑞 𝑛 ⩽ 𝑛.𝑥 < 𝑞 𝑛 + 1. Então
𝑞𝑛 1
0⩽𝑥− <
𝑛 𝑛
𝑞𝑛
Concluimos que 𝑛 → 𝑥, pois 1
𝑛 → 0.
𝑞
(iii) Dado 𝑦 ∈ ℚ e 𝑥 ∈ ℝ, temos que y é da forma 𝑛 , para 𝑞, 𝑛 ∈ ℤ, 𝑛 > 0. Assim, ∃𝑛1 ∈ ℕ : ∀𝑛 ⩾ 𝑛1 : 1
𝑛 < 𝜖.
Logo
1
|𝑥 − 𝑦| < < 𝜖 para todo 𝑛 ⩾ 𝑛1
𝑛
Definição 2.5.3

Seja 𝑎 𝑛 ∈ ℝ. Dizemos que 𝑎 𝑛 → ∞ com 𝑛 → ∞ quando, dado 𝐴 ∈ ℝ, existe 𝑛0 (𝐴) tal que 𝑎 𝑛 ⩾ 𝐴, ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 .

Observação
A justificativa da notação 𝑛 → ∞ vem do caso 𝑎 𝑛 = 𝑛

15
Theorem 2.5.2 TVI
Seja 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → ℝ continua com 𝑓 (𝑎) ⩽ 0 ⩽ 𝑓 (𝑏). Então existe 𝑐 ∈ [𝑎, 𝑏] tal que 𝑓 (𝑐) = 0

Proof: (i) 𝑓 ( 𝑎+𝑏


2 ) = 0, então 𝑐 =
𝑎+𝑏
2
(ii) 𝑓 ( 𝑎+𝑏
2 ) ⩽ 0, então definimos 𝑎 2 :=
𝑎+𝑏
2 e 𝑏 2 := 𝑏 1
(iii) ⩾ 0, então definimos 𝑎2 := 𝑎1 e 𝑏2 := 𝑎+𝑏
𝑓 ( 𝑎+𝑏
2 ) 2
Contruimos as sequências 𝑎 = 𝑎1 ⩽ . . . ⩽ 𝑎 𝑛 ⩽ 𝑏 𝑛 ⩽ . . . 𝑏1 = 𝑏 que, pelo axioma de que toda sequência
monótona e limitada converge, temos:

𝑎 𝑛 ⩽ 𝑏, ∀𝑛 =⇒ ∃𝑐1 : 𝑎 𝑛 → 𝑐1

𝑎 ⩽ 𝑏 𝑛 , ∀𝑛 =⇒ ∃𝑐 2 : 𝑏 𝑛 → 𝑐 2

Verificamos agora que 𝑐 1 = 𝑐 2 :


𝑏 𝑛 − 𝑎 𝑛 = 2−(𝑛−1) (𝑏 − 𝑎)
1 1
0 ⩽ 𝑛+1 < → 0
2 𝑛
Assim, 𝑏 𝑛 − 𝑎 𝑛 → 0.

Theorem 2.5.3 TVI


Seja F um corpo ordenado onde vale o teorema do valor intermediário. Seja 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐹, 𝑎 < 𝑏, [𝑎, 𝑏] =
𝑥 : 𝑎 ⩽ 𝑥 ⩽ 𝑏 e 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → 𝐹 contı́nua. Se 𝑓 (𝑎) ⩽ 0 ⩽ 𝑓 (𝑏), existe 𝑐 ∈ [𝑎, 𝑏] tal que 𝑓 (𝑐) = 0. Então F
satisfaz o axioma fundamental

𝑎1 ⩽ . . . ⩽ 𝑎 𝑛 ⩽ 𝐴, ∀𝑛 =⇒ ∃𝑎 : 𝑎 𝑛 → 𝑎

Proof: Seja 𝑎 𝑛 uma sequência tal que 𝑎1 ⩽ . . . ⩽ 𝑎 𝑛 ⩽ 𝐴, ∀𝑛 ∈ ℕ. Definimos 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → 𝐹

 𝑓 (𝑥) = 1, ∃𝑛1 ∈ ℕ, 𝑎 𝑛1 < 𝑥





 𝑓 (𝑥) = −1, š𝑛 ∈ ℕ, 𝑎 𝑛 ⩾ 𝑥


Contradiz o Valor Intermediário, pontanto f é descontı́nua em algum ponto c.

Claim 2.5.1
𝑎 𝑛 → 𝑐 : ∀𝛿 > 0, ∃𝑛0 (𝛿) : ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 =⇒ |𝑎 𝑛 − 𝑐| < 𝛿

A vizinhança de 𝑎 𝑛 é descrita por duas leis:

(i) 𝑦 < 𝑎 𝑁 , f é contı́nua em y.


𝛿 = 𝑎 𝑛 − 𝑦, 𝑥 ∈ (𝑦 − 2𝛿 , 𝑦 + 2𝛿 ), então |𝑥 − 𝑦| < 𝛿
2 =⇒ 𝑓 (𝑥) = 𝑓 (𝑦) = 1 ⇐⇒ | 𝑓 (𝑥) − 𝑓 (𝑦)| = 0
A descontinuidade está depois desse intervalo ∀𝑛, 𝑐 ⩾ 𝑎 𝑛 .
(ii) ∃𝛿 > 0, 𝑦 ⩾ 𝑎 𝑛 + 𝛿, ∀𝑛 f é contı́nua em y.
𝛿 = 𝑦 − 𝑎 𝑛 , 𝑥 ∈ (𝑦 − 2𝛿 , 𝑦 + 2𝛿 ), |𝑥 − 𝑦| < 𝛿
2 =⇒ 𝑓 (𝑥) = 𝑓 (𝑦) = −1 ⇐⇒ | 𝑓 (𝑥) − 𝑓 (𝑦)| = 0
Assim, a descontinuidade está antes da vizinhaça 𝛿 de 𝑎 𝑛 . ∀𝑛, 𝛿 : 𝑐 ⩽ 𝑎 𝑛 + 𝛿. Concluimos que ∀𝑛 ∈ ℕ, 𝑎 𝑛 ⩽ 𝑐 ⩽
𝑎 𝑛 + 𝛿, ∀𝛿 > 0 =⇒ 𝑎 𝑛 → 𝑐. A demonstração é análoga para os casos em que 𝑐 = 𝑎 e 𝑐 = 𝑏.

16
2.6 Sequências Cauchy
Definição 2.6.1: Sequência Cauchy

Uma sequência {𝑥 𝑛 } 𝑛∈ℕ ⊂ 𝑋 é Cauchy quando:

∀𝜖 > 0 : ∃𝑛1 ∈ ℕ, ∀𝑛, 𝑚 > 𝑛1 : |𝑥 𝑛 − 𝑥 𝑚 | < 𝜖

X é um espaço métrico completo se toda sequência Cauchy converge.

Question 9

Convergência =⇒ Cauchy

Question 10

(ℝ, 𝑑), 𝑑(𝑎, 𝑏) = |𝑏 − 𝑎| é completo

Question 11
p
(ℝ, 𝑑), 𝑑(𝑎, 𝑏) = (𝑎1 − 𝑏1 )2 + (𝑎 2 − 𝑏 2 )2 é completo

Definição 2.6.2

Sejam (𝑋 , 𝑑 𝑥 ) e (𝑌, 𝑑 𝑦 ) espaços métricos. dizemos que 𝑓 : 𝑋 → 𝑌 é completo quando

𝑥 𝑛 → 𝑥 =⇒ 𝑓 (𝑥 𝑛 ) → 𝑓 (𝑥)

Question 12

Provar que a definição de função contı́nua é equivalente

∀𝑥0 , 𝜖 > 0 : 𝑑 𝑥 (𝑥 0 , 𝑥) < 𝛿 =⇒ 𝑑 𝑦 ( 𝑓 (𝑥0 ), 𝑓 (𝑥)) < 𝜖

Example 2.6.1
A função 1-Lipschitz
𝑑( 𝑓 (𝑥 𝑛 ), 𝑓 (𝑥)) = 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥)

é contı́nua.

17
Chapter 3

Topologia dos Espaços Métricos

3.1 Bola Aberta e Bola Fechada


Definição 3.1.1

Denotamos por 𝐵(𝑥, 𝑟) o conjunto de pontos com distância menor que 𝑟 de 𝑥:

𝐵(𝑥, 𝑟) B {𝑦 ∈ 𝑋; 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝑟}.

Analogamente, denotamos por 𝐵[𝑥, 𝑟] o conjunto de pontos com distância menor ou igual a 𝑟 de 𝑥:

𝐵[𝑥, 𝑟] B {𝑦 ∈ 𝑋; 𝑑(𝑥, 𝑦) ⩽ 𝑟}.

Definição 3.1.2

Um conjunto 𝐴 é aberto quando

𝐴 = {𝑥 ∈ 𝑋 : ∃𝛿 > 0, 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝐴}

Um conjunto 𝐹 é fechado quando 𝐹 𝑐 = 𝑋 \ 𝐹 é aberto.

𝐹 = {𝑥 ∈ 𝑋 : ∀𝛿 > 0, 𝐵(𝑥, 𝛿) ∩ 𝐹 ≠ ∅}

Proposition 3.1.1
𝐵(𝑥, 𝑟) é aberto.

Proof: Dado 𝑦 ∈ 𝐵(𝑥, 𝑟), temos 𝛿 = 𝑟 − 𝑑(𝑥, 𝑦) como maior valor admissı́vel. Seja 𝑧 ∈ 𝐵(𝑦, 𝛿), então 𝑑(𝑦, 𝑧) < 𝛿.
Aplicando a desigualdade triangular, obtemos:

𝑑(𝑥, 𝑧) ⩽ 𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧)


< 𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝛿
= 𝑑(𝑥, 𝑦) + [𝑟 − 𝑑(𝑥, 𝑦)] = 𝑟

Assim, 𝑑(𝑥, 𝑧) < 𝑟 e evidenciamos que 𝐵(𝑦, 𝛿) ⊂ 𝐵(𝑥, 𝑟).

18
Proposition 3.1.2
𝐵[𝑥, 𝑟] é fechado.

Proof: Dado 𝑦 ∈ 𝑋 \ 𝐵[𝑥, 𝑟], então 𝑑(𝑥, 𝑦) > 𝑟. Temos 𝛿 = 𝑑(𝑥, 𝑦) − 𝑟 como maior valor admissı́vel. Dado
𝑧 ∈ 𝐵(𝑦, 𝛿), então 𝑑(𝑧, 𝑦) < 𝛿. Pela desigualdade triangular, obtemos

𝑑(𝑥, 𝑦) ⩽ 𝑑(𝑥, 𝑧) + 𝑑(𝑧, 𝑦)


< 𝑑(𝑥, 𝑧) + 𝛿
= 𝑑(𝑥, 𝑧) + [𝑑(𝑥, 𝑦) − 𝑟]

Temos 𝑑(𝑥, 𝑧) > 𝑟, i.e., 𝑧 ∉ 𝐵[𝑥, 𝑟]. Então 𝑋 \ 𝐵[𝑥, 𝑟] é aberto e, portanto, 𝐵[𝑥, 𝑟] é fechado.

Proposition 3.1.3
Seja Δ uma famı́lia de abertos, então ∪𝐴∈Δ 𝐴 é aberto.

Proof: Dado 𝑥 ∈ ∪𝐴∈Δ 𝐴, então existe 𝐴0 ∈ Δ tal que 𝑥 ∈ 𝐴0 . Isso significa que existe 𝛿 > 0 tal que 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝐴0 .
Logo 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ ∪𝐴∈Δ 𝐴.

Proposition 3.1.4
Se 𝐴1 , . . . , 𝐴𝑚 ⊂ 𝑋 são abertos, então ∩𝑚 𝐴 é aberto.
𝑖=1 𝑖

Proof: Dado 𝑥 ∈ ∩𝑚
𝑖=1
𝐴, então 𝑥 ∈ 𝐴 𝑖 , ∀𝑖 ∈ [𝑚]. Para cada conjunto aberto 𝐴 𝑖 existe um 𝛿 𝑖 > 0 tal que
𝐵(𝑥, 𝛿 𝑖 ) ⊂ 𝐴 𝑖 . Definimos 𝛿 = min 𝛿 𝑖 , assim temos que 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝐵(𝑥, 𝛿 𝑖 ). Portanto, 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ ∩𝑚
𝑖=1
𝐴.
1⩽ 𝑖 ⩽ 𝑚

Question 13

Todo subconjunto de 𝑋 é aberto se a métrica for a métrica discreta.

Solution: Seja 𝑥 ∈ 𝐴, 𝐴 ⊂ 𝑋, para valores 𝛿 ⩽ 1 temos que toda bola aberta 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝐴

3.2 Caracterização Métrica

Proposition 3.2.1
Um subconjunto 𝐹 ⊂ 𝑋 é fechado se, e somente se, toda sequência {𝑥 𝑛 } 𝑛∈ℕ ⊂ 𝐹 convergente lim 𝑥 𝑛 ∈ 𝐹.

Proof: ( ⇐= ) Supomos, por contradição, que existe uma sequência {𝑥 𝑛 } contida em um conjunto fechado 𝐹 e
que converge para 𝑥 em um conjunto aberto 𝐴. Segue do fato que 𝐴 é aberto, existe 𝛿 > 0 tal que 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝐴,
ou seja, {𝑥 𝑛 } ∩ 𝐵(𝑥, 𝛿) = ∅, porque {𝑥 𝑛 } ∉ 𝐴. Mas 𝑥 𝑛 → 𝑥 então ∃𝑛0 (𝛿) ∈ ℕ, 𝑛 ⩾ 𝑛0 : |𝑥 − 𝑥 𝑛 | < 𝛿, contradição.
( =⇒ ) Supomos que F não é fechado. Então existe 𝑥 ∈ 𝐹 𝑐 para todo 𝛿 > 0 tal que 𝐵(𝑥, 𝛿) ∩ 𝐹 ≠ ∅. Definimos
recursivamente 𝛿 = 1
com 𝐵 𝑥, 1
∩ 𝐹 ≠ ∅, assim, construimos uma sequência {𝑥 𝑛 } tal que 𝑥 𝑛 ∈ 𝐵 𝑥, 1
∩ 𝐹.
 
𝑛 𝑛 𝑛
Então 𝑥 𝑛 converge para 𝑥, pois 0 ⩽ 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥) < 1
𝑛 →0

Theorem 3.2.1 Equivalências

1. 𝑓 é contı́nua;

19
2. 𝑓 −1 (𝐴) é aberto em 𝑋, sempre que 𝐴 é aberto em 𝑌;

3. 𝑓 −1 (𝐹) é fechado em 𝑋, sempre que 𝐹 é fechado em 𝑌;

4. ∀𝑥 ∈ 𝑋 e 𝜀 > 0, ∃𝛿 > 0 tal que

𝑑(𝑥, 𝑥 ′) < 𝛿 =⇒ 𝑑( 𝑓 (𝑥), 𝑓 (𝑥 ′)) < 𝜀

Proof: (1) =⇒ (2): {𝑥 𝑛 } ⊂ 𝑓 −1 (𝑥), por f ser contı́nua temos 𝑓 (𝑥 𝑛 ) → 𝑓 (𝑥) e 𝑓 (𝑥) ∈ 𝐹, pois F é fechado. Então
𝑥 ∈ 𝑓 −1 (𝐹) =⇒ 𝑓 −1 (𝐹) é fechado.
(2) =⇒ (3): Dizer que A é aberto é o mesmo que 𝑌 \ 𝐴 ser fechado. Por (2), 𝑓 −1 (𝑌 \ 𝐴) é fechado, logo 𝑓 −1 (𝐴)
é aberto. [Aqui foi usado a seguinte relação de continuidade 𝑓 −1 (𝑌 \ 𝐴) = 𝑌 \ 𝑓 −1 (𝐴)]
(3) =⇒ (4): 𝑥 ∈ 𝑓 −1 (𝐵 𝑦 ( 𝑓 (𝑥), 𝜖)) é aberto, logo ∃𝛿 > 0: 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝑓 −1 (𝐵( 𝑓 (𝑥), 𝜖))
(4) =⇒ (1) :
∃𝛿 > 0 : 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝑓 −1 (𝐵 𝑦 ( 𝑓 (𝑥), 𝜖))

∃𝑛0 ∈ ℕ : ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 : 𝑥 𝑛 ∈ 𝐵 𝑥 (𝑥, 𝛿)

Definição 3.2.1: Interior

Seja (𝑋 , 𝑑) um espaço métrico. O interior de 𝑆 ⊂ 𝑋 denotado por 𝑆0 é defenido por:


Ø
𝑆0 := 𝐴
𝐴⊂𝑆

Definição 3.2.2: Fecho

O fecho do conjunto 𝑆𝑋 denotado por 𝑆 é definido como


Ø
𝑆 := 𝐹
𝐹⊃𝑆

Definição 3.2.3: Pontos de Acumulação

O conjunto dos ponto de acumulação de S, denotado por 𝑆′ é o conjunto dos pontos x tal que ∀𝑟 > 0

(𝐵(𝑥, 𝑟) ∩ 𝑆) \ {𝑥} ≠ ∅

Question 14

Prove que 𝑥0 ∈ 𝑆 0 ⇐⇒ 𝐵(𝑥0 , 𝛿) ⊂ 𝑆 para algum 𝛿 > 0

Question 15

ℕ, ℚ ⊂ ℝ: ℕ′ = e ℚ′ = ℝ

Example 3.2.1
Dados dois intervalos com pelo menos um ponto em comum, a união e a intersecção também é um intervalo.

20
Dado 𝑧 ∈ 𝐼1 ∪ 𝐼2 :
Para o outro caso em que 𝑧 é o máximo e o mı́nimo, o intervalo é degenerado. Se 𝑧 não for cota, então
existem 𝑥 ∈ 𝐼1 e 𝑦 ∈ 𝐼2 tais que 𝑥 ⩽ 𝑧 ⩽ 𝑦 implica que [𝑥, 𝑧] e [𝑧, 𝑦] são intervalos, então [𝑥, 𝑦] é um
intervalo. Assim, dados dois pontos na união, todo número entre eles também está na união.
Analogamente, 𝑧 ∈ 𝐼1 ∩ 𝐼2 , temos:
Se 𝑧 não for cota, então existem 𝑥, 𝑦 ∈ 𝐼1 ∩ 𝐼2 tais que 𝑥 ⩽ 𝑧 ⩽ 𝑦. Isto é, 𝑧 ∈ [𝑥, 𝑦] ⊂ 𝐼1 ∩ 𝐼2 . Para o caso
em que 𝑧 é o máximo e o mı́nimo, o intervalo 𝐼1 ∩ 𝐼2 é degenerado.

Claim 3.2.1 Generalização


Seja ℐ a coleção de intervalos tais que 𝐼, 𝐽 ∈ ℐ : 𝐼 ∩ 𝐽 ≠ ∅. Então
Ø
𝐼
𝐼∈ℐ

é um intervalo.

𝐴= 𝐼, 𝑎 = inf 𝐴 e 𝑏 = sup 𝐴. Sabemos pelo exemplo anterior que (inf 𝐴, sup 𝐴) ⊂ 𝐴. Verificaremos
Ð
Proof: 𝐼∈ℐ
que a união é um intervalo. Dados 𝐼, 𝐽 ∈ ℐ, temos que existe 𝑧 ∈ 𝐼 ∩ 𝐽 e 𝑧 não é cota desses conjuntos, então
existem 𝑎 1 ∈ 𝐼 e 𝑏2 ∈ 𝐽, tais que 𝑧 ∈ [𝑎1 , 𝑏2 ] ⊂ 𝐴. Mostramos que dado dois elementos da coleção, todo elemento
entre eles está na coleção.

Theorem 3.2.2
Todo conjunto aberto de ℝ é união enumerável de intervalos abertos disjuntos.

Solution: ℐ = {𝐼 ⊂ 𝐴 : 𝑞 ∈ 𝐼 ∩ ℚ}. Temos que 𝐼 𝑞 = 𝐼 é o maior intervalo que contém q.


Ð
𝐼∈ℐ𝑞

Claim 3.2.2
𝐼 𝑞 ∩ 𝐼𝑟 ≠ ∅ =⇒ 𝐼 𝑞 = 𝐼𝑟

Se a intersecção dos intervalos que contém 𝑞 e 𝑟 não são vazias, então a união também é um intervalo. Por
definição 𝐼 𝑞 ∪ 𝐼𝑟 ⊂ 𝐼 𝑞 e 𝐼 𝑞 ∪ 𝐼𝑟 ⊂ 𝐼𝑟 isso só é verdade quando 𝐼 𝑞 = 𝐼𝑟

Claim 3.2.3

Ø
𝐴= 𝐼𝑞
𝑞∈ℚ∩𝐴

𝐼 𝑞 ⊂ 𝐴: 𝐴 é aberto, então 𝐼 𝑞 ⊂ 𝐴, ∀𝑞 ∈ 𝐴.
Ð
Solution: I)
II) 𝐴 ⊂ 𝐼 𝑞 : Dado 𝑥 ∈ 𝐴 segue do fato que 𝐴 é aberto que existe uma vizinhança de x contida no conjunto
Ð

aberto 𝐴. Pela Densidade de ℚ sobre ℝ, temos existe um número racional 𝑞 dentro da vizinhança. Assim, 𝑥 ∈ 𝐼 𝑞 .
Concluimos que 𝑥 ∈ 𝑞∈𝐴∩ℚ 𝐼 𝑞
Ð

21
Definição 3.2.4: Distância entre ponto e conjunto

Sendo (𝑋 , 𝑑 𝑥 ) um espaço métrico e dado um conjunto 𝑆 ⊂ 𝑋 definimos

𝑑(𝑥, 𝑆) = inf 𝑑(𝑥, 𝑆)


𝑠∈𝑆

a) 𝑥 ↦→ 𝑑(𝑥, 𝑆) é contı́nua.
b) 𝑆 ≠ ∅, 𝑆 = {𝑥 ∈ 𝑋 : 𝑑(𝑥, 𝑆) = 0}

3.3 Conexidade
Definição 3.3.1: Cisão

Dado 𝑌 ⊂ 𝑋, dizemos que 𝐿 ∪ 𝑅 é uma cisão se:


1) 𝐿 ∪ 𝑅 = 𝑌
2) 𝐿 ∩ 𝑅 = ∅
3) 𝐿 ∩ 𝑅 = ∅
E dizemos que a cisão é trivial se 𝐿 = ∅ ou 𝑅 = ∅ (𝑅 = 𝑌 ou 𝐿 = 𝑌 respectivamente).

Definição 3.3.2: Conjunto Conexo

Um conjunto 𝑌 ⊂ 𝑋 é conexo quando só admite a cisão trivial. Caso contrário, 𝑌 é desconexo

Observação
A cisão é trivial, então 𝐿 = 𝐿 e 𝑅 = 𝑅

Question 16

(𝑋 , 𝑑) é conexo ⇐⇒ os únicos conjuntos que são fechados e abertos (ao mesmo tempo) são ∅ e 𝑋.

Solution: ( =⇒ ) Se 𝑋 é conexo, por definição, 𝑋 só admite a cisão trivial. Suponha que 𝐿 = ∅ e 𝑅 = 𝑋.
(I) 𝐿 = 𝐿 = 𝑋 = é um conjunto fechado. Como 𝑋 é fechado implica em 𝑋 𝑐 ser aberto.
(II) 𝑅 = 𝑅 = ∅, ∅ é fechado, então 𝑋 é aberto.
Como essa é a única cisão que existe no espaço métrico, podemos concluir que esses são os únicos conjuntos
para o qual esse resultado é válido.
( ⇐= ) Se 𝑋 e ∅ são os únicos conjuntos abertos e fechados simultaneamente

Proposition 3.3.1
Sejam 𝐿, 𝑅 ⊂ 𝑋. Então 𝐿 ∩ 𝑅 = ∅ se, e somente se, toda sequência {𝑥 𝑛 } 𝑛∈ℕ , 𝑥 𝑛 → 𝑥, 𝑥 ∈ 𝑅 existe 𝑛0 ∈ ℕ
tal que 𝑥 𝑛 ∉ 𝐿 para todo 𝑛 ⩾ 𝑛0 .

Proof: ( =⇒ ) 𝐴 = 𝑋 \ 𝐿 é aberto e 𝑅 ⊂ 𝐴. Então ∃𝛿 > 0 : 𝐵(𝑥, 𝛿) ⊂ 𝐴. Como 𝑥 𝑛 → 𝑥, existe 𝑛0 ∈ ℕ tal que


𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥) < 𝛿 para todo 𝑛 ⩾ 𝑛0 . Ou seja, 𝑥 𝑛 ∈ 𝐵(𝑥, 𝛿), ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 .
( ⇐= ) Se ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 : 𝑥 𝑛 → 𝑥, 𝑥 ∈ 𝑅, então ∃𝜖 > 0 : ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 : 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝐿) > 𝜖. Portanto, nenhum ponto de
acumulação de R está em L. Isto é, 𝐿 ∩ 𝑅 = ∅.

22
Theorem 3.3.1 Princı́pio de Conexidade
Seja 𝑌 ⊂ 𝑋 , 𝑌 ≠ ∅. 𝑌 é conexo se, e somente se, toda função 𝑓 : 𝑌 → {0, 1} contı́nua é constante ({0, 1}
métrica discreta).

Proof: Sejam 𝐿 = 𝑓 −1 ({0}) e 𝑅 = 𝑓 −1 ({1})

Claim 3.3.1
𝐿∩𝑅 =∅

Solution: Dado {𝑥 𝑛 } ⊂ 𝑌 e 𝑥 ∈ 𝑅, com 𝑥 𝑛 → 𝑥, ∃𝑛0 ∈ ℕ : 𝑥 𝑛 ∉ 𝐿, ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 . Como f é contı́nua, então


𝑓 (𝑥 𝑛 ) → 1 ⇐⇒ ∃𝑛0 : 𝑓 (𝑥 𝑛 ) = 1, ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 ⇐⇒ 𝑥 𝑛 ∈ 𝐿. F é constante ⇐⇒ 𝑌 = 𝑓 −1 ({0}) ou 𝑌 = 𝑓 −1 ({1})

Theorem 3.3.2
Sejam (𝑋 , 𝑑 𝑥 ) e (𝑌, 𝑑 𝑦 ) espaços métricos e 𝑓 : 𝑋 → 𝑌 contı́nua. Se 𝑍 ⊂ 𝑋 é conexo, então 𝑓 (𝑍) ⊂ 𝑌 é
conexo.

Proof: Verificar que 𝑔 ◦ 𝑓 : 𝑍 → {0, 1} constante implica que 𝑔 é constante, sendo 𝑔 : 𝑓 (𝑍) ⊂ 𝑌 → {0, 1}.

Theorem 3.3.3
Seja ℱ uma coleção de conjuntos conexos em (𝑋 , 𝑑) tal que quaisquer 𝐴, 𝐵 ∈ ℱ são tais que 𝐴 ∩ 𝐵 ≠ ∅.
𝐴 é conexo
Ð
Então 𝐴 𝑖 ∈ℱ

Definido uma função 𝑓 : 𝐴 → {0, 1} contı́nua. Como os conjuntos são conexos, 𝑓 | 𝐴 → {0, 1} é
Ð
Proof: 𝐴 𝑖 ∈ℱ
contı́nua e constante.

Claim 3.3.2
𝐴, 𝐵 ∈ ℱ =⇒ 𝜆𝐴 = 𝜆𝐵

Solution: Os conjuntos são conexos, então ∀𝐴 ∈ ℱ , ∃𝜆𝐴 : 𝑓 | 𝐴 (𝑥) = 𝜆𝐴 , ∀𝑥 ∈ 𝐴. A intersecção não é vazio, então
𝑥 ∈ 𝐴 ∩ 𝐵 : 𝑓 | 𝐴 (𝑥) = 𝜆𝐴 , 𝑥 ∈ 𝐴 ∩ 𝐵 : 𝑓 | 𝐴 (𝑥) = 𝜆𝐵 e f é função, então 𝜆𝐴 = 𝜆𝐵

Theorem 3.3.4
Os conjuntos conexos de ℝ não vazios são precisamente os intervalos

Solution:
(I) Se não E é intervalo =⇒ E não é conexo.
∃𝑥0 ∈ (inf 𝐸, inf 𝐸) : 𝑥 ∉ 𝐸. 𝐿 = (−∞, 𝑥0 ) ∩ 𝐸 e 𝑅 = (𝑥 0 , ∞). Vamos provar que 𝐿 ∩ 𝐿 = ∅(𝐿 ∩ 𝑅 = ∅) e 𝐿, 𝑅 ≠ ∅
(definição de inf e sup). 𝐿 ∪ 𝑅 = 𝐸. Temos que 𝐿 ⊂ (−∞, 𝑥0 ], como (−∞, 𝑥0 ) ∩ 𝑅 = ∅ =⇒ 𝐿 ∩ 𝑅 =. Analogamente,
𝑅 ∩ 𝐿 = ∅. Como 𝐿 ∪ 𝑅 não é trivial, 𝐸 não é conexo.
(II) E é intervalo =⇒ E conexo.
É suficiente provar que para 𝐸 = [𝑎, 𝑏], porque todo intervalo é união de intervalos fechados com um ponto em
𝑎 1 +𝑏1
comum. Seja 𝑎1 = 𝑎 e 𝑏1 = 𝑏. Se 𝑓 (𝑎1 ) = 0 e 𝑓 (𝑏 1 ) = 1, então 𝑐 1 = 2 :

• Se 𝑓 (𝑐) = 0, definimos 𝑎 2 = 𝑐 1 e 𝑏2 = 𝑏 1

23
• Se não 𝑓 (𝑐) = 1, definimos 𝑎2 = 𝑎 1 e 𝑏 2 = 𝑐1

Recursivamente, temos 𝑎 = 𝑎 1 ⩽ . . . ⩽ 𝑎 𝑛 ⩽ 𝑏 𝑛 ⩽ . . . ⩽ 𝑏1 = 𝑏. Pelo axioma fundamental da análise


{𝑎 𝑛 } 𝑛∈ℕ e {𝑏 𝑛 } 𝑛∈ℕ convergem. Além disso,

𝑏1 − 𝑎1
|𝑏 𝑛 − 𝑎 𝑛 | <
2𝑛−1
Assim, lim(𝑏 𝑛 − 𝑎 𝑛 ) = 0 =⇒ lim( 𝑓 (𝑏 𝑛 ) − 𝑓 (𝑎 𝑛 )) = 0. Absurdo, pois 𝑓 (𝑏 𝑛 ) ≠ 𝑓 (𝑎 𝑛 ), ∀𝑛 ∈ ℕ, lim | 𝑓 (𝑏 𝑛 ) − 𝑓 (𝑎 𝑛 )| = 1.

Corollary 3.3.1 TVI


Seja 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ, 𝑎 < 𝑏 e 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → ℝ contı́nua. Se 𝑓 (𝑎) ⩽ 0 ⩽ 𝑓 (𝑏), existe 𝑐 ∈ [𝑎, 𝑏] tal que 𝑓 (𝑐) = 0.

Proof: [ 𝑓 (𝑎), 𝑓 (𝑏)] ⊂ 𝐼𝑚( 𝑓 )

Definição 3.3.3: Conexo por Caminhos

Dado (𝑋 , 𝑑 𝑥 ) espaço métrico. 𝑌 ⊂ 𝑋 é dito conexo por caminhos se ∀𝑎, 𝑏 ∈ 𝑌 existe 𝛾 : [0, 1] → 𝑌 continua
com 𝛾(0) = 𝑎 e 𝛾(1) = 𝑏.

Example 3.3.1
𝐵(𝑥, 𝑟) e 𝐵[𝑥, 𝑟] são conexos por caminhos no ℝ𝑛
Para verificar isso, basta definir 𝛾 como

𝛾 : [0, 1] → 𝐵(𝑥, 𝑟)

𝑡 ↦→ (1 − 𝑡).𝑎 + 𝑡.𝑏

Example 3.3.2
𝐴 ⊂ ℝ2 definido por {(𝑥, sin 1
) : 𝑥 ∈ (0, 1]} ∪ {(0, 𝑦) : −1 ⩽ 𝑦 ⩽ 1} é conexo, mas não por caminhos.

𝑥

Proposition 3.3.2
Todo conjunto convexo é conexo por caminhos

Proposition 3.3.3
(I) Conexidade por caminhos =⇒ conexidade
(II) Função continua manda conexo por caminhos em conexo por caminhos

Proof: (I) 𝛾 : [0, 1] → 𝑌 e 𝑓 : 𝑌 → 𝑓 (𝑌). Sabemos que 𝛾 é contı́nua e [0, 1] é conexo. 𝑓 (𝑎) = 𝑓 ◦ 𝛾(0) =
𝑓 ◦ 𝛾(1) = 𝑓 (𝑏), ∀𝑎, 𝑏 ∈ 𝑌. f é constante =⇒ Y conexo.
(II) [0, 1] → 𝑌 → 𝑓 (𝑌), verificamos que

𝛾(0) = 𝑓 −1 (𝑥) =⇒ 𝑓 ◦ 𝛾(0) = 𝑥

𝛾(1) = 𝑓 −1 (1) = 𝑓 −1 (𝑦) =⇒ 𝑓 ◦ 𝛾(1) = 𝑦

24
Proposition 3.3.4
Todo conjunto conexo é convexo por caminhos

Question 17

Seja 𝑓 : 𝑋 → ℝ, 𝑌 ⊂ 𝑋 é conexo se, e somente se, 𝑓 (𝑌) é um intervalo

3.4 Compacidade
Definição 3.4.1

(𝑋 , 𝑑 𝑥 ) espaço métrico e 𝐾 ⊂ 𝑋 um subespaço métrico (𝐾, 𝑑 𝑥 ) é dito compacto e denotado por 𝐾 ⊂⊂ 𝑋


(compactamente contido) quando toda função contı́nua 𝑓 : 𝐾 → ℝ contı́nua existe 𝑥∗ ∈ 𝐾 tal que

𝑓 (𝑥∗) = inf 𝑓 (𝑥)


𝑥∈𝐾

Observação
Compacidade é a completude para o espaço de funções contı́nuas

Theorem 3.4.1
Se um espaço métrico (𝑋 , 𝑑𝑋 ) é compacto, 𝑋 é completo.

Proof: Se (𝑋 , 𝑑𝑋 ) não é completo, ele não é compacto. Seja {𝑥 𝑛 } ⊂ 𝑋 uma sequência de cauchy que não
converge.

Claim 3.4.1
A função 𝑓 (𝑥) := lim 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥) está bem definida.
𝑛→∞

Como {𝑥 𝑛 } é cauchy, temos: ∀𝜖 > 0, ∃𝑁 ∈ ℕ; ∀𝑛, 𝑚 ⩾ 𝑁 : |𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥 𝑚 )| < 𝜖. Segue da desigualdade


triangular que:
|𝑑(𝑥 𝑚 , 𝑥) − 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥)| ⩽ 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥 𝑚 ) < 𝜖

Assim, 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥) é cauchy, i.e., f está bem definida.

Claim 3.4.2
inf 𝑓 (𝑥) = 0 e 𝑓 (𝑥) > 0
𝑥∈𝑋

Temos que 𝑓 (𝑥) > 0, pois 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥) → 0 se 𝑥 𝑛 → 𝑥, mas 𝑥 𝑛 não converge.

∀𝜖 > 0, ∃𝑁 ∈ ℕ, ∀𝑚, 𝑛 ⩾ 𝑁 : 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥 𝑚 ) < 𝜖

Porque a distância da sequência é cauchy. Então 𝑓 (𝑥 𝑚 ) = lim 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥 𝑚 ) < 𝜖 =⇒ inf 𝑓 (𝑥) < 𝜖. Logo inf 𝑓 (𝑥) = 0.
𝑛→∞ 𝑥∈𝑋 𝑥∈𝑋
𝑓 (𝑥) é contı́nua o que implica em {𝑥 𝑛 } convergir em 𝑋, contradição.

25
Definição 3.4.2: Totalmente Limitado

Seja (𝑋 , 𝑑) um espaço métrico. Um conjunto 𝑆 ⊂ 𝑋 é dito separado quando

∃𝛿 > 0, ∀𝑠, 𝑠 ′ ∈ 𝑆, 𝑠 ≠ 𝑠 ′ : 𝑑(𝑠, 𝑠 ′) > 𝛿

𝑋 é dito totalmente limitado se não possui um conjunto infinito separado

Proposition 3.4.1
Ð𝑘
(𝑋 , 𝑑 𝑥 ) é totalmente limitado se, e somente se, ∀𝜖 > 0 existe {𝑥 𝑛 } ⊂ 𝑋 tal que 𝑋 = 𝑖=1 𝐵(𝑥 𝑖 , 𝜖)

Proof: ( =⇒ ) Se existem finitas bolas, então o conjunto é totalmente limitado.


Por contrapositiva, se não existem finitas bolas então o conjunto não é totalmente limitado. Dado 𝜖 > 0 e
um ponto 𝑥 𝑖 ∈ 𝑋, existe 𝛿 = 𝜖 tal que existem infinitos 𝑥 ∈ 𝑋 : 𝑑(𝑥, 𝑥 𝑖 ) > 𝜖, assim 𝑋 é separado.
( ⇐= ) Se é totalmente limitado então existem finitas bolas.
Existe um conjunto finito de pontos 𝑥 𝑖 tais que 𝑑(𝑥1 , 𝑥 𝑖 ) > 𝛿, então dado 𝜖1 = 𝛿, podemos escrever
Ð𝑘
𝑋 = 𝐵(𝑥1 , 𝜖1 ) ∪ {𝑥2 , 𝑥3 , ..., 𝑥 𝑘 }. Portanto, encontramos uma subcobertura finita para 𝑋: 𝑋 = 𝑖=1 𝐵 𝑖 (𝑥, 𝜖).

Proposition 3.4.2
Compacto implica em totalmente limitado

Proof: Verificaremos por contrapositiva

Lenma 3.4.1
Não totalmente limitado implica não compacto.

Tomamos um conjunto infinito de pontos {𝑠 𝑖 } suficientemente distantes: ∃𝛿 > 0 : 𝑑(𝑠 𝑖 , 𝑠 𝑗 ) > 𝛿, 𝑖 ≠ 𝑗.

Claim 3.4.3
𝛿
Dado 𝑟 := 4 temos que existe apenas um 𝑠 𝑖 tal que 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑖 ) < 2𝑟

Se existem dois, então 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑖 ) < 2𝑟 e 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑗 ) < 2𝑟, então 𝑑(𝑠 𝑖 , 𝑠 𝑗 ) ⩽ 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑖 ) + 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑗 ) = 𝛿 =⇒ 𝑖 = 𝑗.
Portanto, o ponto é único.
Definimos 𝑓 : 𝑋 → ℝ uma função contı́nua tal que 𝑓 𝑗 (𝑥) = 𝑗. max{𝑟 − 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑗 ), 0}.

Observação
As funções 𝑥 ↦→ max{0, 𝑟 − 𝑥} e 𝑥 ↦→ 𝑑 𝑗 (𝑥, 𝑠 𝑗 ) são contı́nuas, assim f é a composta dessas duas funções.

Verificaremos que š sup 𝑓 (𝑥). Seja uma sequência 𝑥 𝑛 → 𝑥, então 𝛿 := 2𝑟 , ∃𝑛0 ∈ ℕ, ∀𝑛 ⩾ 𝑛0 : 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥) < 2𝑟 .
𝑥∈𝑋
3𝑟
Caso 1: 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑠 𝑗 ) > 2 , ∀𝑗
Pela desigualdade triangular, temos

𝑟 < 𝑑(𝑥, 𝑥 𝑛 ) + 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑗 ) ⩽ 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑠 𝑗 )

26
Então 𝑟 − 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑗 ) < 0, ou seja, 𝑓 𝑗 (𝑥 𝑛 ) = 0. Concluimos que 𝑓 (𝑥 𝑛 ) → 0 = 𝑓 (𝑥).

3𝑟
Caso 2: 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑠 𝑗 ) ⩽ 2
𝑟 3𝑟
Segue do fato que 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥) < 2 e 𝑑(𝑥, 𝑠 𝑗 ) ⩽ 2 que 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑠 𝑗 ) < 𝑟. Assim, 𝑓 (𝑥 𝑛 ) > 0 e como 𝑗 não é limitado,
então 𝑓 𝑗 (𝑥) → ∞.

Theorem 3.4.2
Seja (𝑋 , 𝑑𝑋 ) um espaço métrico. São equivalentes:
(1) X é compacto.
(2) X é completo e totalmente limitado.
(3) Toda sequência {𝑥 𝑛 } 𝑛∈ℕ ⊂ 𝑋 tem uma subsequência {𝑥 𝑛 𝑖 } 𝑖∈ℕ convergente.

Proof: (1) =⇒ (2) Provado na proposição anterior.


(2) =⇒ (3) ∀𝜖 > 0, ∃𝑁 ⊂ ℕ, ∀𝑚, 𝑛 ∈ 𝑁 : 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑥 𝑚 ) < 𝜖.
Assim, existem 𝑁1 ⊃ · · · ⊃ 𝑁 𝑘 tais que ∀𝑖 ∈ [𝑘], 𝑚, 𝑛 ∈ 𝑁𝑖 : 𝑑(𝑥 𝑛 , 𝑚) < 1
2𝑖
. Construimos recursivamente
uma sequência de ı́ndices tais que 𝑛1 = min 𝑁1 , ..., 𝑛 𝑘 = min 𝑁 𝑘 \ [𝑛 𝑘 ]. A subsequência {𝑥 𝑛 𝑖 } 𝑖∈ℕ é convergente.
(3) =⇒ (1) 𝑓 : 𝑋 → ℝ contı́nua. Seja 𝑙 := sup 𝑓 (𝑥), temos que ∀𝑛, ∃𝑥 𝑛 : 𝑙 < 𝑓 (𝑥 𝑛 ) < 𝑙 + 𝑛1 . Isso implica
𝑥∈𝑋
que 𝑓 (𝑥 𝑛 ) → 𝑙. Dado uma sequência {𝑥 𝑛 } ⊂ 𝑋, existe uma subsquência {𝑥 𝑛 𝑖 } ⊂ 𝑋 convergente 𝑥 𝑛 𝑖 → 𝑥, por
continuidade, temos 𝑓 (𝑥 𝑛 𝑖 ) → 𝑓 (𝑥). Toda subsequência converge para o mesmo valor que a sequência: 𝑓 (𝑥) = 𝑙.
Se existir {𝑥 𝑛 } ⊂ 𝑋 tal que 𝑓 (𝑥 𝑛 ) < −𝑛, então 𝑓 (𝑥 𝑛 ) → −∞. Por hipótese, toda sequência tem uma
subsequência convergente, absurdo. Assim, {𝑥 𝑛 } não pode ser divergente.

27
Chapter 4

Derivadas

Definição 4.0.1

Seja 𝑈 um aberto em ℝ. Dizemos que 𝑓 : 𝑈 → ℝ é diferenciável em 𝑡 ∈ 𝑈 com derivada 𝑓 ′(𝑡) se, para
todo 𝜖 > 0, ∃𝛿(𝑡, 𝜖) > 0 tal que 𝑉𝛿 (𝑡) ⊂ 𝑈 e |ℎ| < 𝛿:
𝑓 (𝑡 + ℎ) − 𝑓 (𝑡)


− 𝑓 (𝑡) < 𝜖


Proposition 4.0.1
Sejam 𝑓 , 𝑔 : 𝐼 → ℝ diferenciáveis em 𝑡 ∈ 𝐼, então:
(1) 𝜆, 𝜇 ∈ ℝ : (𝜆. 𝑓 + 𝜇.𝑔)′(𝑡) = 𝜆. 𝑓 ′(𝑡) + 𝜇.𝑔 ′(𝑡)
(2) ( 𝑓 .𝑔)′(𝑡) = 𝑓 ′(𝑡).𝑔(𝑡) + 𝑓 (𝑡)𝑔 ′(𝑡)
(3)  ′
𝑓 𝑓 ′(𝑡).𝑔(𝑡) + 𝑓 (𝑡).𝑔 ′(𝑡)
(𝑡) =
𝑔 [𝑔(𝑡)]2

Proposition 4.0.2
Se 𝑓 é diferenciável em 𝑡, então é contı́nua em t.

𝜀
Solution: Seja 𝑓 ′(𝑡) = 𝑘. Dado 𝜀 > 0, ∃𝛿 > 0 : 𝛿 < 𝑘 tais que 𝑑(𝑡 + ℎ, 𝑡) < ℎ =⇒ 𝑑( 𝑓 (𝑡), 𝑓 (𝑡 + ℎ)) < ℎ.𝑘, |ℎ| < 𝛿.

Question 18

Se 𝑓 é contı́nua em 𝑡, 𝑓 é diferenciável em 𝑡?

Solution: Não, pois 𝑓 (𝑥) = |𝑥| é contı́nua, temos lim− 𝑓 ′(𝑥) = −1 e lim+ 𝑓 ′(𝑥) = 1, absurdo.
𝑥→0 𝑥→0

Question 19

Seja 𝑓 : 𝐼 → ℝ diferenciável em 𝑡 e 𝑔 : ( 𝑓 ) → ℝ diferenciável em 𝑓 (𝑡). Então

𝑔 ′( 𝑓 (𝑡)) = 𝑓 ′(𝑡).𝑔 ′( 𝑓 (𝑡))

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Theorem 4.0.1
Seja 𝑓 (𝛼, 𝛽) → ℝ, 𝑘 ∈ [0, ∞]) e 𝑎, 𝑏 ∈ (𝛼, 𝛽) com 𝑎 < 𝑏. Se 𝑓 ′(𝑡) ⩽ 𝑘, então

𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎) ⩽ 𝑘(𝑏 − 𝑎)

Proof:
Claim 4.0.1
𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎) ⩽ (𝑘 + 𝜖)(𝑏 − 𝑎), ∀𝜖 > 0

Por contradição, 𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎) > (𝑘 + 𝜖)(𝑏 − 𝑎). Existem as sequências 𝑎 = 𝑎1 ⩽ ... ⩽ 𝑎 𝑛 ⩽ 𝑏 𝑛 ⩽ ... ⩽ 𝑏 1 = 𝑏
tais que 𝑎 𝑛 , 𝑏 𝑛 → 𝑐. Temos que

 𝑓 (𝑐 + ℎ) − 𝑓 (𝑐) ⩽ ℎ.( 𝑓 ′(𝑐) + 𝜖), se ℎ > 0





 𝑓 (𝑐) − 𝑓 (𝑐 + ℎ) ⩽ −ℎ.( 𝑓 ′(𝑐) + 𝜖), se ℎ < 0


Desse modo, fazendo ℎ := 𝑏 𝑛 − 𝑐, temos 𝑓 (𝑏 𝑛 ) − 𝑓 (𝑐) ⩽ (𝑏 𝑛 − 𝑐)(𝑘 + 𝜖). Analogamente, para ℎ < 0
fazemos ℎ := 𝑎 𝑛 − 𝑐 para obter 𝑓 (𝑐) − 𝑓 (𝑎 𝑛 ) ⩽ (𝑐 − 𝑎 𝑛 )(𝑘 + 𝜖). Combinando essas duas desiguadades obtemos:
𝑓 (𝑏 𝑛 ) − 𝑓 (𝑎 𝑛 ) ⩽ (𝑘 + 𝜖)(𝑏 𝑛 − 𝑎 𝑛 ). Isso contradiz a hipótese inicial.

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