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Teoria do Design

Processo de fabricação de
Pranchas de surf
Índice

Introdução .....................................................................................................................03
Noções básicas sobre design..........................................................................................03
Outline............................................................................................................................04
Rabetas...........................................................................................................................05
Rocker.............................................................................................................................07
Tipos de fundos..............................................................................................................08
Bordas.............................................................................................................................09
Distribuição de volume..................................................................................................10
Quilhas............................................................................................................................12
Introdução
Por ter uma grande faixa litorânea 8 mil quilômetros de praia, o Brasil tem o ingrediente
principal para agradar à um grande e crescente mercado para a prática de esportes
aquáticos, neste caso, o surf. O mercado atual esta estável, porém, a cada ano o mercado
brasileiro vem demonstrando melhoras significativas. Segundo pesquisas recentes, no
universo que o mercado de surf movimenta, 91% dos consumidores simpatizam com o
esporte e pretendem em alguma oportunidade ingressarem na atividade.Sendo assim, o
mercado de acessórios e pranchas de surf tende a ganhar espaço nesses 91% o que
acarretará na necessidade de mão de obra especializada nos grandes fabricantes e haverá
cada vez mais espaço para os pequenos iniciarem sua própria fábrica uma vez que a
demanda estará sempre em crescimento.

Noções básicas sobre Design


O processo de design de uma prancha de surf é uma ciência não exata, pois a cada dia
novas teorias e modelos são criados e desenvolvidos a fim de buscar a evolução
contínua e ampliar as possibilidades do surfista na onda. Ao longo dos anos testes e
aperfeiçoamentos foram realizados com base nas teorias de hidrodinâmica e imaginação,
dos shapers e surfistas, para atingir o nível de performance atual e a base teórica aqui
descrita.
Ao longo das aulas desse curso você aprenderá noções teóricas de mecanica do fluidos
para entender o porque cada parte do design de uma prancha interfere no funcionamento.
Todo projeto de uma prancha de surf engloba fatores como o tipo de onda a ser surfada,
o perfil físico e estilo do surfista e o modelo de prancha a ser utilizada.
O uso correto do processo de design deixa a prancha funcional. A realidade é o que
percebemos dela, e a realidade de um surfista pode variar. Um surfista experiente com o
design de prancha está equipado com o conhecimento para escolher a prancha correta e
maximizar seu desempenho.
A missão dos shapers designers é buscar criar um design que possibilite a ampliação dos
limites dos surfistas nas ondas, sempre usando a experiência adquirida, a observação
das performances e a imaginação.
OUTLINE

Combinação de curvas (templates) desenvolvido pelo shaper, que são colocados em 4


partes do bloco (bico, meio, wide point e rabeta) definindo assim o design mais
apropriado. Vejamos abaixo como funciona:

OUTLINE MAIS CURVO


O bico e a rabeta são mais estreito que o meio deixando assim o outline mais curvo, a
prancha fica mais solta, diminuindo a projeção .

OUTLINE MAIS PARALELO


É quando é colocado a medida de bico e rabeta mais largo quase próximo da medida do
meio, deixando assim a prancha um pouco mais dura mas com maior velocidade e
projeção.

OUTLINE MAIS LARGO


Quando o outline da prancha é mais largo aumenta a sustentação da prancha na água só
que com resposta mais lenta, ideal para surfistas mais pesados e que imprimem mais
força para manobrar.

OUTLINE MAIS ESTREITO


A prancha fica com menor flutuação, porém muito mais sensível e facilitando muito na
troca das bordas, só que perde na velocidade e pressão é mais indicado para surfistas
mais leves e pequenos.
O wide point influência diretamente no desempenho da prancha, pois o ponto mais largo
poderá deixar a prancha mais solta ou presa, veloz ou lenta. Vejamos abaixo como o
design é alterado de acordo com este ponto:

WIDE POINT ( FRENTE )


Quando deslocado para o bico até 3" polegadas, o
bico fica curto com uma rabeta mais alongada,
aumentando assim seu torque, deixando a prancha
mais presa e com uma linha de surf mais para frente.

WIDE POINT ( MEIO )


Consegue-se o equilíbrio entre a curva de bico e
rabeta tendo um outline mais harmonioso, deixando a
prancha com maior projeção e velocidade este wide
point é o mais utilizado nas pranchas atuais.

WIDE POINT ( ATRÁS )


A prancha fica com a frente do bico mais alongada, deixando a parte da rabeta com mais
área, deixando bastante maleável e com um surf de linha mais curto.

RABETAS

É a parte onde fica o pé de trás, que afunda ou alivia com mais ou menos força. Aliada
ao tipo de fundo e a posição das quilhas, a rabeta vai definir o quanto de precisão e
força será preciso aplicar para completar uma manobra ou como a prancha vai se
comportar ao fazer um movimento na parede.

Uma mudança de rabeta resulta em uma alteração na flutuação da base, influenciando


na segurança e direção da prancha. Assim, a opção deve ser feita de acordo com o tipo
de onda.
A grande diferença entre as rabetas é na realidade, o volume de espuma aplicado. Uma
rabeta maior facilita na pegada de ondas, pois é alçada junto à ondulação
proporcionando um drop mais rápido. O contrário realça o controle especialmente em
mares cavados, mas em ondas pequenas pode afundar a prancha.

Difere da Squash pela suas pontas mais quadradas, faz com


que se tenha uma performace de linha mais quebrada na onda
jogando muito mais água nas manobras, assemelha-se um
pouco com a Swallow.Boa em onda mais cavada, pôr dar uma
ótima aderência na parede da onda.

É uma rabeta que tem uma área maior , fazendo com que a
prancha tenha uma sustentação muito boa para ondas
pequenas e médias, este design de rabeta deixa a prancha
com um surf mais de linha, projetando sempre para frente da
onda é uma das rabetas mais compátivel com o surf atual.

É muito semelhante a Squash, deixando a pranchas com


bastante pressão e velocidade fazendo um surf menos
quebrado, também podendo ser usado em pranchas maiores
deixando a rabeta mais estreita, também é muito funcional a
prancha fica com uma boa sustentação em ondas grandes.
Todo tipo de wing seja um ou dois tem a finalidade de quebrar
a linha do outline, é muito utilizado em pranchas pequenas no
qual o meio dela é bem largo, esta quebra que é o wing deixa
a prancha muito mais sensível e manobrável , é uma prancha
muito solta e muito boa para ondas pequenas.

Utilizada até os dias de hoje, no qual já foi muito usada na


época das (Biquilhas).Esta rabeta permite maior quebra de
linha e manobras em um espaço curto da onda,deixando
a prancha bem solta é indicada para quem busca um estilo
mais agressivo e radical.

Muito utilizada para ondas médias e grandes, pois tem uma


área menor na parte da rabeta deixando a prancha mais
segura e com linhas mais redonda, não é muito indicado para
ondas cheias por ter pouca sustentação na rabeta.Atualmente
também vem sendo muito difundida em pranchas pequenas
por surfista que imprimem muita pressão nas manobras.

Rabeta utilizada para pranchas grandes acima de 7'2" pés , a


rabeta quase se confude com o bico da prancha de tão
semelhante, é muito utilizado este tipo de modelo para ondas
tubulares como Hawaii, G-Land, México. Muitos big riders
utilizam este tipo de rabeta pôr dar muita segurança no drop
(descida) da onda e colocação dentro do tubo, mantendo a
prancha muito estável e segura.
ROCKER

É a curva no sentido longitudinal do fundo da prancha, sendo uma das variáveis mais
importantes por estar direta e constantemente em contato com a água.

A - Entrada d´água - Bico


B - Passagem do fluxo d´água - Meio
C - Saída d´água - Rabeta

Esses três aspectos devem estar sempre em harmonia, pois qualquer erro na curva de
fundo influi radicalmente no funcionamento da prancha. A curva de fundo varia de
acordo com o estilo e linha do surfista, além do tipo de onda a ser surfada.

Com menos curva

>>Proporciona maior velocidade e projeção, com linhas mais longas e menos maleáveis.

Com mais curva

>> Ideal para quem usa mais a troca de borda, pois depende sempre do impulso dado
pelo surfista, tendo menor projeção e velocidade própria. Torna a prancha mais solta e
sensível permitindo subir e descer a onda com maior facilidade.

Com mais curva na rabeta

>> Para quem pisa mais na frente, ou aplica maior pressão no pé dianteiro. A curva no
bico deverá diminuir proporcionalmente para garantir projeção à prancha.

Com menos curva na rabeta

>>Para quem pisa mais atrás ou aplica maior pressão no pé traseiro. Garante maior
projeção. Deve ter proporcionalmente mais curva no bico para não tornar a prancha dura.
TIPOS DE FUNDO

O fundo vai definir a velocidade que a prancha vai pegar em determinado tipo de onda,
dando mais ou menos contato com a água.

Fundo Flat - É o intermediário entre o côncavo (concave) e o


"V". Aumenta a pressão do "V" e a troca de bordas do
côncavo (concave). Normalmente usado da parte mais larga
da prancha até o bico em todo o tipo de prancha, já que se
adapta a uma enorme quantidade de condições.

Fundo em "V" - Facilita a troca de bordas deixando a


prancha mais solta. Se usado com excesso inadequado em
uma parte da prancha pode perder a velocidade e tirar a
pressão das manobras, normalmente usado entre as quilhas.

Concave - Oposto ao fundo em "V" , aumenta a pressão e a


velocidade do fluxo de água, canalizando-a, usado em
pranchas mais finas na altura da parte mais larga da prancha.

Double Concave - Uma variante do concave que pode ser


aplicada a qualquer tipo de fundo, de preferência entre as
quilhas.Geralmente garante um bom funcionamento aliado a
um fundo Flat do meio para o bico ou com single concave.

Canaletas - Canaliza o fluxo de água dirigindo-o em linha


reta para a rabeta aumentando a velocidade e a pressão,
deixando a prancha mais dura.

Single to Double Concave - É um tipo de fundo mais


específico, é a junção do doublé concave que é só no meio das
quilhas com um full concave que começa mais ou menos 24
polegadas do bico, eficaz para ondas rápidas e médias.
BORDA

A espessura da prancha é composta de duas variáveis, a espessura real da prancha que é


medida na longarina e o caimento de borda."Dome Deck" é o nome dado ao caimento
dado desde o centro da prancha (longarina) até a extremidade das bordas.
Podemos ter uma prancha muito espessa no centro e uma borda bem fina, neste caso o
"Dome Deck" aparece bem acentuado.
Um caimento de borda bem equilibrado ajuda bastante nas "trocas de borda"
influenciando diretamente na relação velocidade x manobrabilidade.
Com um caimento em excesso, temos uma borda bem "faca", o que vai dificultar a
execução de algumas manobras onde a borda tem que entrar na água como o cut-back. A
prancha entra na água e não consegue sair.
Na área da rabeta é importante que a borda seja bem quadrada e que não exista a virada
de baixo para que a água não abrace a borda diminuindo a projeção da prancha. Já mais
para o meio, é essencial que a virada de borda inferior (vista por baixo da prancha) seja
suave para que a prancha obedeça bem aos movimentos do surfista.
Chamamos de "edge" a quina existente no limite entre borda e fundo da prancha na área
da rabeta. Um edge bem quinado ajuda substancialmente a projeção da prancha.
FOIL

O volume total da prancha é o resultado da multiplicação do comprimento x largura


(out-line) x espessura. Podemos projetar pranchas pequenas com bastante volume ou
pranchas grandes com pouco volume. Um exemplo seria um surfista de grande estatura
usar uma prancha pequena, provavelmente a largura e a espessura que estariam
compensando o comprimento.
Quando pensamos na distribuição do volume de uma prancha partimos das necessidades
de cada surfista. Menos volume na parte traseira facilita o surfista mais leve e o que tem
menos força no pé de trás, deixando a prancha mais sensível. Inversamente, pranchas
mais volumosas na parte traseira são ideais para os surfistas mais pesados ou que
imprimem muita força no pé de trás. Mais volume significa maior flutuação.
Os bicos menos volumosos deixam as pranchas mais leves nessa área, isso faz com que
se faça menos força para movimentar a prancha nas manobras. Aumentando mais o
volume na área de bico, ganhamos conforto na remada, porém o surfista terá que fazer
mais força para mexer o bico quando for manobrar.
Sabemos que existe uma relação grande entre peso do surfista, comparada com a
flutuação de uma prancha, caso adquirida errada, está prancha na irá oferecer o
desempenho desejado para o seu surf.
Deve ser levado sempre em consideração tempo de surf, habilidade e tipo de onda a ser
surfada para projetar uma prancha com mais ou menos flutuação em relação a altura e
peso do surfista. Pôr Exemplo: Um iniciante deve se preocupar sempre em adquirir uma
prancha maior que sua altura, com medidas de meio mais larga e com uma boa
flutuação(consulte a tabela abaixo).
Assim, com o tempo e experiência saberá o que mais se adapta ao seu estilo, podendo
diminuir o tamanho de suas pranchas e flutuação, dependendo é claro do tamanho e tipo
de onda a ser surfada.

Flutuação/Polegada Flutuação/Centímetro Peso do surfista


2 1/8" pol 5,4 cm 44kg à 49kg
2 1/4" pol 5,7 cm 50kg à 64kg
2 5/16" pol 5,9 cm 65kg à 69kg
2 3/8" pol 6,0 cm 70kg à 74kg
2 1/2" pol 6,3 cm 75kg à 79kg
2 5/8" pol 6,6 cm 80kg à 84kg
2 3/4" pol 7,0 cm 85kg à 89kg
2 7/8" pol 7,3 cm 90kg à 94kg
3'0" pol 7,6 cm 95kg à 99kg
TABELA DE VOLUME LITROS PARA PRANCHINHAS

Peso Kg Iniciante Intermediário Experiente


35 17.50 17.00 16.00
40 18.50 18.00 17.00
45 20.50 19.50 18.00
50 22.50 21.50 19.50
55 23.50 22.50 20.50
60 25.50 24.00 22.00
65 27.50 25.50 23.50
70 29.50 27.00 25.00
75 31.50 28.50 26.00
80 32.50 29.50 27.50
85 34.50 31.00 29.50
90 36.50 34.50 31.50
95 38.50 36.50 33.50
100 40.50 38.50 35.50
105 42.50 40.00 38.00
110 44.50 42.50 40.50

Para fish aumentar 2 litros a cada valor da


tabela

Para Funboards aumentar 10 litros a cada


valor da tabela

Para Longboards aumentar 15 litros a cada


valor da tabela

Para Standup seguir o seguinte calculo:

Volume de flutuação estático será:


Peso surfista/ 0,6
QUILHAS

É o que vai fazer a prancha ficar mais ou menos presa na água na hora da cavada (curva
na base da onda) ou nas desgarradas. As quilhas trabalham como qualquer outra variante
da prancha, dependendo do
shaper ajustar o projeto da
prancha de acordo com a
necessidade do surfista.

Existem dois sistemas de


fixação de quilhas, o que
fixa as quilhas direto na
laminação e o de quilhas
removíveis. O segundo nos
dá a possibilidade de
experimentar vários
designs de quilhas
diferentes mudando
substancialmente o
funcionamento da prancha
de acordo com as
condições do mar, e
também nos proporciona
facilidade no transporte das
pranchas sem as quilhas.
Quanto ao design, uma
quilha maior proporciona
maior segurança em ondas
maiores, ideal também para
surfistas mais pesados, já
as quilhas menores
funcionam bem em ondas
menores e com surfistas
mais leves. Quilhas mais
curvadas para trás
funcionam bem em ondas
fortes e cavadas que
precisam de maior
segurança. Já as com pouca
curva facilitam a
manobrabilidade nas ondas
cheias e menores.
O posicionamento das
quilhas também é o outro ponto relevante. Quilhas mais recuadas deixam as pranchas
mais velozes e direcionais, porém mais duras. Já os conjuntos mais adiantados deixam
as pranchas mais soltas, porém com menos pressão. A direção e a inclinação das quilhas
laterais também refletem no funcionamento da prancha. Quanto mais apontadas para o
bico, mais facilmente serão feitos os movimentos de curva, em contrapartida a prancha
fica menos direcional. Analisando o inverso, quilhas fugindo do bico para fora deixam a
prancha mais direcional, porém mais dura nos movimentos de curva.
A inclinação das quilhas laterais também reflete nesse comportamento, quanto mais
próximo de um ângulo de 90º (mais em pé) deixam a prancha mais direcional, porém
bem dura nos movimentos de curva. Aumentando sua inclinação a prancha se torna
mais maleável nas curvas.

O foil longitudinal é responsável pela entrada e saída d´água.


Segundo o Teorema de Bernoulli, " a pressão é mais baixa quando a velocidade
de um fluido é rápida e é mais elevada quando a velocidade do fluido é baixa." Quando
a quilha corta a água as moléculas do fluido se dividem, uma parte passa pelo lado com
foil e a outra parte passa pelo lado sem foil. Devido a um princípio físico, exatamente as
mesmas moléculas que estavam juntas antes dessa divisão tendem a se encontrar no
final do percurso. Para que isso aconteça a velocidade do fluido no lado do foil tem que
ser maior que do lado sem o foil para que dê tempo de se encontrarem no final.
Voltando a Bernoulli, quando a velocidade do fluido é rápida diminui-se a pressão. O
aumento da pressão prejudica a estabilidade da prancha. Hoje em dia temos alguns
modelos de quilhas laterais com foil nos dois lados, o interno menos curvado que o
externo o que permite uma estabilidade maior e ganho de velocidade.

Sistema FCS de quilhas removíveis

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