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EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E DESIGUALDADE


 Aula 1 - Diversidade social e cultural

 Aula 2 - Identidades e diferenças

 Aula 3 - Preconceito, discriminação e desigualdades

 Aula 4 - Educação humanista e inclusiva

 Aula 5 - Encerramento da unidade

 Referências

Aula 1

DIVERSIDADE SOCIAL E CULTURAL

PONTO DE PARTIDA

Nesta aula, você vai estudar a diversidade cultural humana e as relações com a educação. Inicialmente, você

vai refletir sobre o conceito de cultura, seja ele em seu significado antropológico, ou na forma com que
diversos indivíduos e agrupamentos humanos representam a realidade ao longo do tempo. Em seguida, você

verá, com uma abordagem introdutória, as diferentes perspectivas antropológicas sobre o conceito de

cultura: multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo. A ideia é que você perceba, em linhas gerais, o

caráter (e as características) de algumas das principais correntes antropológicas e suas distintas abordagens

em relação ao conceito de cultura.

Por fim, você vai estudar expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes dos mais diversos

indivíduos e agrupamentos humanos, abordados de modo a reconhecer a diversidade étnico-cultural com

que somos constituídos enquanto humanidade plural. A ideia é que possamos estabelecer conexões entre
diversidade cultural e educação.

Para iniciar os estudos desta aula, vamos apresentar algumas problematizações: à luz dos objetivos propostos

na disciplina de educação e diversidade, é possível definir um conceito de cultura? Como o conceito de

cultura pode ser definido a partir das diferentes perspectivas antropológicas? Quais as relações entre

educação, diversidade e as representações culturais? Com esses questionamentos iniciais, damos as boas-

vindas, estudante, recomendando que você aprofunde seus estudos a partir das referências indicadas neste

material.

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VAMOS COMEÇAR

Iniciando as reflexões sobre educação e diversidade, a partir de agora, você vai estudar as culturas humanas

e suas relações sociais, elemento fundamental para que possamos refletir e analisar o conceito de diversidade

na educação. Como apresentado, o exercício proposto para os estudos desta aula consiste em uma

problematização sobre o conceito de cultura a partir das correntes antropológicas, para que se possa analisá-

las mediante o estudo e aprofundamento dos conceitos elencados com a realidade social em que estamos

inseridos.

Cultura: um conceito antropológico plural


A disciplina de educação e diversidade toma como premissa o conceito de cultura pertencente ao conjunto de

perspectivas antropológicas que partem do entendimento de que nós, seres humanos, vivemos em uma

sociedade plural e diversa. A educação está diretamente relacionada à cultura e às diversas possibilidades

com que se realiza nas diferentes sociedades. Assim, nessa perspectiva, devemos reconhecer as diferenças

culturais como fundamento da diversidade com que a vida social se realiza. Perceber as diferenças humanas

como algo normal, nada mais é do que o contínuo exercício de visar o bem viver em sociedade.

Partindo da concepção antropológica do conceito de cultura para a compreensão da diversidade e da


educação, ou seja, daquelas correntes signatárias da ideia de que o ser humano é um ser cultural, e que,

portanto, convive social e culturalmente com outros povos. Para os propósitos desses estudos, devemos

renunciar à concepção de cultura no senso comum, ao menos daquelas abordagens que compreendem a

cultura como um termo classificatório de indivíduos e grupos sociais inteiros, de forma generalizante e/ou até

mesmo preconceituosa. Em educação e diversidade, leva-se em consideração as culturas, no plural, bem como

as diversas possibilidades com que a educação se realiza.

Uma das características do ser humano é a sua capacidade cultural, e isso o distingue de outros seres vivos.
Nesse sentido, podemos afirmar que todos os seres humanos produzem cultura, seja vivenciando o cotidiano

da vida, seja representando a realidade em que se inserem. Na antropologia, sabemos que existem muitas

definições e correntes teórico-metodológicas em torno do conceito de cultura. Visando contemplar os

propósitos desta disciplina, podemos definir, de modo geral, o conceito de cultura como a capacidade da

humanidade como um todo e a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos, de se apropriar dos recursos

naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la (Santos, 1994).

A cultura, vista sob esse ângulo, caracteriza-se como a possibilidade do indivíduo, inserido em seu
agrupamento social, de viver o seu dia a dia, compreender a realidade e atribuir significados a ela, planejar,

calcular e transformar a natureza, além de refletir sobre todas as coisas que estão ao nosso redor. A

abordagem antropológica é uma das maneiras de definir cultura a partir de um conjunto de pressupostos

metodológicos e regras determinados por essa ciência.

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A antropologia, portanto, é uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado do ser humano e suas relações,

é um termo de origem grega, formado por anthropos (homem, ser humano) e logos (conhecimento). Sendo

uma das ciências sociais, a antropologia nasceu e se desenvolveu ao longo do século XIX, tendo o objetivo de

estudar e conhecer a cultura e a diversidade das manifestações culturais dos diferentes povos no tempo e no

espaço.

A Antropologia é a ciência que busca entender como o ser humano pode levar vidas

tão diferentes [...]. Essa diversidade estonteante da experiência humana é o objeto

principal da Antropologia. Podemos dizer que a Antropologia se dedica ao estudo da

diferença, usando como exemplos as várias formas que as sociedades escolheram

para viver e organizar sua coletividade [...]


— (Machado, 2016, p. 14).

Para a antropologia, o autoconhecimento da própria cultura passa necessariamente pelo conhecimento de

outras culturas. Nesse sentido, “devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre

tantas outras, mas não a única” (Oliveira; Costa, 2016, p. 58). Esse é, portanto, o “espírito” que se deve adotar

nos estudos sobre educação e diversidade, tendo em vista as múltiplas possibilidades e pontos de vista com

que as culturas podem (e devem) ser analisadas e compreendidas.

Multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo cultural


Ao longo da história e desenvolvimento da antropologia, há diferentes abordagens em relação ao

entendimento do conceito de cultura, que varia de acordo com a perspectiva metodológica adotada.

Evolucionismo social, relativismo cultural, funcionalismo, estruturalismo, entre outras, são exemplos de

algumas das correntes da antropologia. Para os propósitos desses estudos em educação e diversidade, as

noções relacionadas ao conceito de cultura serão realizadas a partir das diferentes perspectivas:

multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo.

O multiculturalismo parte da premissa da existência de sociedades multiculturais, ou seja, de que diferentes

culturas coexistem no interior de um mesmo espaço social, e suas relações podem se dar por aceitação,

podendo ser até híbridos quanto à inclusão do outro na condução política e econômica de uma determinada

sociedade; de tolerância, como o próprio termo define, ou seja, quando as culturas se toleram em uma mesma

sociedade, mesmo que os interesses da cultura dominante prevaleça, mas sem que ocorra a aceitação; ou de

conflitos, quando se percebem manifestações de diversas formas de violência, por meio de ações

preconceituosas e/ou discriminatórias praticadas por indivíduos e grupos.

Figura 1 | Diversidade cultural - Pure Diversity, Mirta Toledo (1993)

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Fonte: Wikimedia Commons.

Multiculturalismo é um termo que indica a existência de muitas culturas em uma determinada sociedade. O

Brasil, por exemplo, é um país multicultural, o que se evidencia claramente quando refletimos sobre as

particularidades de nossa formação social, política e econômica, marcadas pela inclusão de diversas etnias e

culturas ao longo da história, e pelo estabelecimento de relações culturais com os povos originários e
autóctones aqui estabelecidos. O contato entre os diferentes povos caracteriza-se por relações de dominação e

de exploração.

Na América Latina e, particularmente, no Brasil a questão multicultural apresenta

uma configuração própria. Nosso continente é um continente construído com uma

base multicultural muito forte, onde as relações interétnicas têm sido uma constante

através de toda sua história, uma história dolorosa e trágica principalmente no que

diz respeito aos grupos indígenas e afrodescendentes


— (Moreira; Candau, 2013, p. 18).

A formação histórica de nosso país está marcada na eliminação física do “outro” ou por sua escravização ou
no plano das representações e no imaginário social (Moreira; Candau, 2013). É justamente nesse sentido que o

debate multicultural e sobre a constituição sociocultural do Brasil se fazem relevantes.

No Brasil, as políticas públicas promulgadas nas últimas décadas vêm tendo o entendimento de que a

democracia e a pluralidade cultural são elementos importantes a serem preservados e valorizados em nosso

país, de acordo com os princípios e os valores humanos. Essa é também a visão que outros países do mundo

têm do Brasil. A educação, em suas diferentes formas, deve caminhar no sentido de oportunizar meios

afirmativos de reconhecimento e valorização da diversidade cultural e, nessa perspectiva, a educação deve

valorizar e reconhecer as várias culturas diferentes que coexistem no interior de uma mesma sociedade,

como um fator positivo, pois a mistura dessas diferentes culturas, gerou a especificidade e a particularidade

da cultura brasileira.

O etnocentrismo parte da ideia, do ponto de vista de quem observa, em considerar a sua própria etnia no

centro de tudo, ou seja, é a base (conjunto de princípios e valores) pela qual o observador deve olhar as

demais culturas existentes no mundo. Nesse sentido, a própria etnia (povo) e todos os atributos culturais que

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lhes são peculiares devem estar no centro de referência do sujeito observador, especialmente quando se

relaciona a culturas diferentes. Trata-se de um instrumento comparativo de diferentes culturas.

Na antropologia, o etnocentrismo está presente nas narrativas da evolução, denominadas evolucionismo

social. O inglês Edward Tylor, o norte-americano Lewis Morgan e o escocês James Frazer são autores que

apoiam suas teorias nas narrativas de evolução. Essas perspectivas são, portanto, etnocêntricas, pois

entendem que a cultura dos povos “civilizados” dos quais fazem parte, incluindo seus modelos de

desenvolvimento, correspondem à etapa mais evoluída da humanidade, além de ser tomada como centro de

referência nas comparações entre as diferentes culturas.

A perspectiva etnocêntrica foi responsável por proporcionar formações sociais desiguais desde o advento da

modernidade. A “postura” etnocêntrica foi a base para o colonialismo, contribuindo com o desenvolvimento

do mercantilismo e da economia de mercado, além do avanço do imperialismo e do fenômeno do

neocolonialismo, pelo qual diversos países da África, Ásia e Oceania foram dominados pelas potências
imperialistas que se desenvolviam no contexto da Segunda Revolução Industrial, tendo suas riquezas

exploradas e expropriadas.

As teorias do evolucionismo social serviam de “justificativa” para a dominação exercida pelos europeus no

contexto do imperialismo. O encontro entre os europeus e as diferentes populações não europeias resultou no

fenômeno do etnocentrismo. Uma postura etnocêntrica, portanto, possibilita um entendimento equivocado e

preconceituoso do outro, uma vez que não se reconhece a diferença e todas as dimensões culturais.

Em perspectiva inversa ao evolucionismo, o relativismo cultural toma como referência a ideia de que cada

cultura deve ser analisada a partir dos seus próprios termos. Os olhares, as observações e todas as

possibilidades de percepções de uma cultura diferente devem ser relativas. Esse exame depende

fundamentalmente da forma com que o indivíduo e seu grupo compreendem e enxergam as diferentes

culturas do mundo ao seu redor.

O antropólogo alemão Franz Boas foi quem inaugurou a perspectiva do relativismo cultural e, ao criticar a

postura etnocêntrica do evolucionismo cultural, compreendia o conceito de cultura semelhante a um todo

integrado e ordenado em determinado agrupamento social, movido a partir de princípios vivenciados e

compartilhados pelos indivíduos de uma sociedade específica. Enfim, como você pode perceber, existem

diferentes concepções em torno do conceito de cultura, a partir de uma abordagem socioantropológica e das

relações com a educação.

Expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes


As bases do conceito de cultura que estamos adotando nos estudos sobre a sociedade, a educação e a

diversidade, tomam como referência o reconhecimento da própria diversidade cultural humana como fator

indispensável nesse exercício reflexivo. Expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes são

formas de representações culturais da realidade praticadas por diferentes etnias e culturas ao longo do tempo

e do espaço.

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A educação, mecanismo pelo qual a assimilação das práticas culturais é possível, corresponde a um processo

de socialização dos indivíduos, assumindo um papel importante para a vida em sociedade. O sociólogo

francês Émile Durkheim aponta a educação (e a escola) como uma das instituições sociais responsáveis por

“moldar” os indivíduos para a vida em sociedade, de acordo com os pressupostos estabelecidos pela
consciência coletiva de determinada sociedade.

Como podemos perceber, a educação serve para a socialização das pessoas, pois ela reflete o papel social que

cada indivíduo deve representar naquela sociedade, sendo que, assim, todos aprendem que para serem

adultos, alguns para se tornarem homens, mulheres ou mesmo para se tornarem chefes, feiticeiros, músicos,

de acordo com a posição que vão ocupar no grupo (Previtelli; Vieira, 2017). Segundo a perspectiva de

Durkheim, a educação, assim como outras instituições sociais, promove a coesão social. Para o sociólogo, a

sociedade prevalece e se impõe sobre os indivíduos, a fim de integrá-los à sociedade.

As diversas práticas e representações culturais dos indivíduos e grupos sociais coexistem com os diversos

tipos de educação: educação informal, educação formal, educação não formal e educação popular – exemplos

de como a educação pode ser realizada em determinada sociedade.

A fim de buscar uma definição para as relações entre cultura e diversidade, os estudos do antropólogo norte-

americano Clifford Geertz e sua perspectiva interpretativa de cultura são importantes para este estudo.

Geertz procurou mostrar como os homens se relacionam entre si tendo por base um comportamento pré-

determinado, sendo que o objetivo da antropologia consiste na compreensão dos significados produzidos pelo

homem.

O conceito de cultura que eu defendo é essencialmente semiótico. Acreditado, como

Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele

mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise, portanto, não

como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência

interpretativa, à procura de significado


— (Geertz, 1989, p. 15).

Segundo Geertz, é necessário compreender o significado de cultura, assumindo-o como uma produção

humana que tem sentido. O conceito de cultura deve ser preciso, não muito amplo, relacionado a uma

dimensão justa (Geertz, 1989). Afinal, cultura, para Geertz, sob a influência de Weber, corresponde a teias de

significado por meio das quais o homem estabelece as relações com a natureza e com outros homens. E isso

forma um conjunto de representações simbólicas que dão significado à vida social, e o modo de viver, de estar

e de interpretar e dar sentido ao mundo nos conduz à cultura (Previtelli; Vieira, 2017).

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Para pensarmos a cultura, temos que interpretar os significados atribuídos aos

diversos elementos da sociedade, percebendo o que é do outro e o que é nosso. Pelo

fato de o homem estar sempre construindo novas relações com o mundo e

interpretando a realidade, isto é, tecendo as teias de significados, a cultura é viva e

dinâmica. A cultura é essa construção na qual nada se perde, isto é, em que as coisas

novas vão se misturando com as antigas. Assim, é a partir da lente da cultura que nos

vemos e vemos os outros. Cada cultura tem especificidades, características próprias

que as tornam diferentes entre si, mas nunca superiores/inferiores se comparadas.


— (Previtelli; Vieira, 2017, p. 18)

Compreender a diversidade é entender que cada um de nós pertence a uma cultura. O estranhamento àquilo

a que não estamos acostumados não significa que o outro esteja errado ou que seja ruim (Previtelli; Vieira,

2017), mas nos permite afirmar que ele (o outro) é apenas diferente. Em suma, essa deve ser a postura a ser

adotada nos estudos de educação e diversidade, de modo a reconhecer as diferenças culturais existentes e

valorizá-las.

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VAMOS EXERCITAR

É chegado o momento de encerramento desta aula em que você estudou sobre cultura: um conceito

antropológico plural; as diferentes perspectivas em torno do conceito de cultura: multiculturalismo,

etnocentrismo e relativismo cultural; e as formas diversas de representação cultural: expressões, práticas,

crenças, valores, tradições e costumes. Essas abordagens estão interrelacionadas com educação, diversidade e

desigualdade.

Você deve se lembrar de nossos questionamentos e problematizações para esta aula: à luz dos objetivos

propostos na disciplina de educação e diversidade, é possível definir um conceito de cultura? Como você pôde

perceber, existem muitas definições sobre o conceito de cultura. Para os propósitos deste estudo, podemos

definir cultura como a capacidade da humanidade como um todo e a cada um dos povos, nações, sociedades e

grupos, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la. De

acordo com o que você estudou, cultura se caracteriza como a possibilidade do indivíduo, inserido em seu

agrupamento social, de viver o seu dia a dia, compreender a realidade e atribuir significados a ela, planejar,

calcular e transformar a natureza, além de refletir sobre todas as coisas que estão ao nosso redor.

Outro questionamento colocado em nossas problematizações é: como o conceito de cultura pode ser definido

a partir das diferentes perspectivas antropológicas? Você estudou que o multiculturalismo parte da premissa

da existência de sociedades multiculturais, pois culturas coexistem no interior de um mesmo espaço social.

Você conheceu diferentes abordagens no entendimento sobre cultura: etnocentrismo e relativismo. O

etnocentrismo, presente nas chamadas narrativas da evolução, denominadas de evolucionismo social, parte

do ponto de vista de quem observa, em considerar a sua própria etnia no centro de tudo, ou seja, é a base

(conjunto de princípios e valores) pela qual o observador deve olhar as demais culturas existentes no mundo.

Por outro lado, o relativismo cultural toma como referência a perspectiva de que cada cultura deve ser

analisada a partir dos seus próprios termos, ou seja, os olhares, as observações e todas as possibilidades de

percepções de uma cultura diferente devem ser relativas para o observador.

Por fim, quais as relações entre educação, diversidade e as representações culturais? Para responder a esse

questionamento, você deve se lembrar de que todo ser humano é um ser cultural e que, portanto, convive

social e culturalmente com outros povos. No entanto, é preciso reconhecer que somos uma cultura possível

entre tantas outras, mas não a única. Em outras palavras, devemos reconhecer e valorizar a diversidade

social cultural e as diversas maneiras de representações culturais existentes em nossa sociedade, ou seja,

valorizar a nossa pluralidade cultural.

Em suma, compreender a diversidade significa aceitar que cada um de nós pertencemos a uma cultura,
independentemente de qualquer estranhamento que uma cultura divergente possa produzir.

 Saiba mais

Cultura: um conceito antropológico plural

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Sobre o tema da cultura na abordagem antropológica, você pode ler a Aula 5 – Evolucionismo:

perspectivas e considerações e a Aula 7 – Boas e o conceito de cultura do livro Introdução à Antropologia,


de Igor José de Renó Machado, disponível em nossa Biblioteca Virtual. A ideia é que você possa

aprofundar os seus conhecimentos sobre a historiografia do pensamento antropológico.

Multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo cultural


Sobre o tema do multiculturalismo, você pode aprofundar os seus conhecimentos a partir da leitura do

Capítulo 1 – Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica, escrito por Vera Maria

Candau, no livro Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas, de Antonio Flávio

Moreira e Vera Maria Candau (orgs.). Esse capítulo oferece elementos para o aprofundamento da

compreensão das relações entre educação e cultura(s), particularmente nas sociedades multiculturais

em que vivemos. Aproveite e faça a leitura dos demais capítulos do livro, também importantes para os

estudos em educação e diversidade. Você encontra esse material acessando a nossa Biblioteca Virtual.

Expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes


Para pensar nas formas de representações culturais da realidade e as relações com a educação,

especialmente nas relações que envolvem a escola, recomendamos o filme Entre os muros da escola

(Entre les Murs), dirigido por Laurent Cantent. O filme mostra o choque cultural entre um professor de

francês e seus estudantes pertencentes a diversas culturas.

Aula 2

IDENTIDADES E DIFERENÇAS
Nos estudos desta aula, trazemos algumas problematizações para pensar na educação e na
diversidade: qual a importância do conceito de identidade para pensar a diferença? Quais os
tipos de identidade? O que significa identidade contrastiva?

PONTO DE PARTIDA

Você vai estudar, nesta aula, as identidades e as diferenças. Em um primeiro momento, à luz das reflexões

trazidas sobre a diversidade social e cultural, cujas reflexões foram abordadas na aula anterior, você vai

explorar os conhecimentos sobre as identidades, do ponto de vista de como elas se constroem, sobretudo a

partir das diferenças que caracterizam os indivíduos em relação aos outros; em meio a esse exercício

reflexivo, o conceito de identidade será contextualizado e apresentado de forma introdutória, bem como

algumas das categorias sociais de análise do seu entorno.

Em seguida, você vai estudar as diferentes possibilidades com que se torna possível compreender o conceito

de identidade, ou seja, em suas perspectivas circunstancial, dinâmica e contrastiva. Por fim, você vai analisar

as identidades e as diferenças sob a perspectiva do conceito de alteridade e sua importância para o constante

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exercício de reconhecimento do outro, ou seja, do mosaico cultural que é a vida em sociedade. Com isso, será

realizada uma mediação em torno dessas questões sobre diversidade, diferenças e identidades, que envolvem

o constante repensar do eu e as relações com a sociedade e a educação.

Nos estudos desta aula, trazemos algumas problematizações para pensar na educação e na diversidade: qual

a importância do conceito de identidade para pensar a diferença? Quais os tipos de identidade? O que

significa identidade contrastiva? Pensando em educação e diversidade, qual a validade do conceito de

alteridade? São nesses e outros questionamentos que esta aula será conduzida. A ideia é que você possa

aprimorar os seus estudos e aprofundar suas leituras e conhecimentos acerca do tema. Desejamos excelentes

estudos!

VAMOS COMEÇAR

Em nosso percurso de estudos sobre educação, diversidade e desigualdade, temos buscado oportunizar

reflexões a respeito das diversidades e das relações com a educação. A ideia é proporcionar uma formação
crítica acerca dos conhecimentos em torno da diversidade, das diferenças e das identidades mediante uma

narrativa dialógica, a partir das problematizações propostas para essas reflexões. Os múltiplos aspectos que

envolvem o conceito de identidade serão abordados. No entanto, é preciso ter o entendimento de que o

conceito de identidade é amplamente complexo, assim como a sua abordagem, o que nos exige fazê-la de

forma interdisciplinar.

Identidade e diferença: categorias sociais de análise


Quando falamos em identidade, estamos também falando em diferenças socioculturais. As relações entre

identidade e diferença nos permitem lembrar os aspectos definidores que cada pessoa tem em uma

determinada sociedade. Isso tudo, de forma bastante sucinta, está presente em um documento de identidade,

por exemplo, pois é lá que encontramos o nome e o sobrenome, o ano de nascimento, a filiação e a

naturalidade da pessoa. É claro que essas informações não são suficientes para falar de nossas identidades,

mas esses elementos mais formais dizem algo a respeito de nós, embora de forma bastante superficial.

Os estudos sobre identidade são mais profundos e abrangentes do que se pensa, afinal as preocupações em

torno da relevância da identidade social e cultural ganhou maior destaque a partir de conflitos políticos e

culturais que emergiram no mundo no contexto da década de 1960, sobretudo em países como França e

Estados Unidos, por exemplo. Esses movimentos foram protagonizados pela juventude da época.

Em maio de 1968, na França, os jovens estudantes tomaram as ruas de Paris e protagonizaram as lutas por

melhores condições de vida, de forma crítica em relação aos rumos tomados na política pelo Estado. Antes

dessa experiência, as manifestações e lutas sociais eram organizadas pelos sindicatos, ou seja, pela classe

trabalhadora, sendo também inédito nessas lutas o aspecto político e cultural com que as manifestações se

apresentaram. Além disso, o movimento foi liderado por estudantes naquela ocasião.

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Diante desses fenômenos, as ciências sociais passaram a se debruçar de forma mais intensa sobre a questão

das identidades. Certamente, essa é a área do conhecimento que contribuiu para examinar de forma mais

aprofundada esse conceito ante as mudanças sociais, políticas e econômicas pelas quais o mundo estava

passando naquele contexto da segunda metade do século XX, fornecendo instrumentos e ferramentas

explicativas para a questão das identidades e das diferenças. O conceito de identidade, nesse sentido,

reacende o debate paradigmático na sociologia em torno das questões relacionadas a teoria e método,

sobretudo quando se enfatiza o papel do indivíduo e suas relações, em detrimento das classes sociais, e das

metanarrativas, na compreensão das mudanças da sociedade.

No âmbito da sociologia clássica, o método compreensivo de Max Weber toma como ponto de partida o

indivíduo e suas ações sociais. Essa orientação teórico-metodológica de caráter ideográfico aproxima-se dos

interesses do indivíduo, portanto, dos estudos acerca do conceito de identidade. Por outro lado, as

perspectivas metodológicas de Émile Durkheim, cujo objetivo busca o entendimento e a gênese do

funcionamento das instituições sociais e da sociedade, sendo determinante sobre o conjunto de indivíduos a

partir dos fatos sociais, e de Karl Marx, e seus estudos sobre os conflitos e lutas entre as classes sociais sob as

orientações do materialismo histórico dialético, denominadas de metanarrativas, colocavam-se do ponto de

vista das influências da estrutura social sobre os indivíduos.

Alguns autores sinalizavam a passagem da modernidade para a pós-modernidade que a humanidade estaria

vivenciando naquele contexto. Esse período caracteriza-se como uma crítica às metanarrativas nas

explicações sociológicas. O sociólogo francês Alain Touraine afirmou que as lutas sociais que estouravam no

contexto da década de 1970 estavam mais ligadas ao campo político-cultural, em detrimento do material e

econômico que, até então, pautavam os movimentos sociais. Esses movimentos derivam fundamentalmente

dos conflitos em torno do controle dos modelos culturais. Touraine contribuiu para o pensamento sobre o

papel dos novos movimentos sociais, ligados às questões ecológicas, étnico-raciais, de gênero, entre outras.

O conceito de identidade é, então, bastante debatido nas ciências sociais a partir da década de 1970. O termo

identidade ganha maior destaque por causa da fragmentação social e dos conflitos produzidos pelo avanço do

capitalismo e com o aprofundamento de formas diversas de desigualdades, bem como diante da ascensão das

novas tecnologias de informação e comunicação, características do fenômeno da globalização. Diante desse

contexto social, a identidade torna-se, portanto, um conceito importante para se pensar nas diferenças.

Identidade e suas características: circunstancial, dinâmica e contrastiva


A identidade tem como uma de suas características fundamentais ser compreendida como algo relacionado a

um processo em construção, que se realiza transitoriamente, mas nunca como algo acabado e determinado. É

possível amalgamar várias identidades no sujeito moderno. Afinal, é a vivência social que contribui com a

construção das identidades das pessoas e dos grupos sociais. Além do mais, precisa-se pensar a identidade e

suas características sob as perspectivas circunstancial, dinâmica e contrastiva.

Figura 1 | Identidade cultural e a influência da cultura indígena

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Fonte: Wikimedia Commons.

Nas ciências sociais, diversos autores contribuíram com os estudos do conceito de identidade. Para os estudos

desta aula, você vai conhecer, em caráter introdutório, as contribuições de Stuart Hall, Zygmunt Bauman,

Anthony Giddens e Erving Goffman a respeito das identidades e diferenças.

Em seu livro A identidade cultural na pós-modernidade, o sociólogo jamaicano Stuart Hall sintetiza três

concepções distintas de identidades que se constituíram em torno do sujeito no Ocidente, ao longo do

desenvolvimento da modernidade: iluminismo, sociológico e pós-moderno. O sujeito do iluminismo está

relacionado ao contexto do Renascimento Cultural com o advento do antropocentrismo, que se consolida com

o processo de valorização da razão humana. Tem origem a partir de uma “concepção de pessoa humana

como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado de capacidades de razão, de consciência e de

ação” (Hall, 2004, p. 12).

O sujeito sociológico, surgiu “quando o mundo moderno passou a ser observado como um turbilhão

complexo, associado à corrosão da intimidade, à ditadura do tempo e todas outras alegorias que nos lega a

cultura capitalista, o entendimento da identidade muda de feição” (Previtelli; Vieira, 2017, p. 32). Ou seja, esse

tipo de sujeito ocidental emerge no contexto de desenvolvimento do modo de produção capitalista, vinculado

a uma perspectiva de determinação de classe, sendo que as outras identidades estariam subordinadas a essa

estrutura de mundo do qual o sujeito fazia parte. Nesse sentido, segundo Hall, o sujeito não era independente,
ao invés disso, a identidade era formada em relação às “pessoas que lhe atribuíam valores, sentidos e

símbolos ou a cultura do mundo em que vivia” (Hall, 2004, p. 11).

No sujeito pós-moderno, para Hall, as identidades culturais coexistem nos indivíduos, diante das mudanças

sociais e culturais que o mundo ocidental vivenciava no contexto da década de 1970. Isto é, o sujeito pós-

moderno seria marcado pelas múltiplas identidades pelas quais esses sujeitos são acometidos, ainda que,

muitas vezes, se apresentassem de modo contraditório. Nessa conceituação, acreditava-se que o sujeito tinha

um núcleo, mas também admitia que não era fixo, imutável, pois mantinha um diálogo contínuo com as

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culturas com as quais entrava em contato (Previtelli; Vieira, 2017, p. 32). Essa concepção de identidade

ressaltava as constantes mudanças, contribuindo por tornar o sujeito mais fragmentado, que se constitui de

várias identidades assumidas em momentos diferentes de sua vida social.

O sociólogo canadense Erving Goffman parte do entendimento de que a vida social do indivíduo, por

consequência de sua identidade, pode ser entendida como uma representação teatral. Isso quer dizer que a

ação de um indivíduo em relação a outros não tem somente uma finalidade instrumental, ou seja, não tem

somente o objetivo de fazer algo, mas também é condicionada pelo modo como esse sujeito quer aparecer

diante dos outros (Oliveira; Costa, 2016).

Como você pode perceber, pensar em identidade nada menos é do que um exercício bastante complexo.

Identidade pode ser compreendida sob diversas perspectivas, e possui características importantes a serem

consideradas em torno de sua análise. Nesses termos, a identidade pode ser circunstancial, dinâmica e

contrastiva.

A identidade circunstancial está relacionada às circunstâncias da vida, assim como o próprio termo define. A

identidade circunstancial refere-se às características atribuídas a um indivíduo inserido em sociedade com

base em fatores externos muitas vezes fora de seu controle. Os fatores externos independem da vontade do

indivíduo, ou seja, correspondem à exterioridade, elemento característico dos fatos sociais, segundo Émile

Durkheim. As identidades circunstanciais incluem elementos, como gênero, etnia, nacionalidade, idade e

classe social. Elas são frequentemente usadas para categorizar e rotular as pessoas, algo semelhante à casca

de um indivíduo, aquilo que se vê em primeiro plano a partir da percepção das outras pessoas. Essas

categorias podem influenciar a forma como somos percebidos pelos outros e como interagimos com os

diferentes grupos sociais.

A identidade dinâmica está sujeita a mudanças ao longo do tempo, é algo fluido, que se adapta segundo as

condicionantes da vida. São mudanças que passamos pela vida e que influenciam a construção de nossa

identidade, como algo dinâmico, em constante mudança. A identidade dinâmica realiza-se em meio às nossas

experiências e interações estabelecidas entre indivíduo e sociedade a partir das condições sociais de

existência, e pode ser moldada por suas reflexões, relações interpessoais, educação e eventos significativos.

A identidade contrastiva está relacionada a algo que diferencia, motivado pelo próprio indivíduo. A

identidade contrastiva é a forma como as pessoas se definem em relação aos outros. É o indivíduo definindo a

si mesmo. Esse conceito tem a ver com a conquista de espaços pela juventude no contexto da década de 1960.

A nossa identidade é construída considerando quem somos em comparação a quem não somos, sendo

ressaltadas as diferenças. Trata-se de perceber as diferenças culturais e sociais, o que pode levar à criação e

organização de grupos de pertencimento e ao estabelecimento de fronteiras identitárias.

Reconhecimento do outro e alteridade


Para entender e reconhecer o outro, em suas diferenças, deve-se sempre considerar os elementos

constituintes das identidades sociais e culturais. No entanto, isso tudo deve estar relacionado ao contexto

social no qual os indivíduos se inserem, além de levar em consideração as especificidades das diversas

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realidades sociais. Por isso se faz importante e fundamental para os estudos das diferenças e das identidades

o exercício de reconhecimento do outro em suas múltiplas determinações e condições sociais a que os

indivíduos de uma sociedade são acometidos.

Em suma, você pode constatar que o reconhecimento do outro refere-se à capacidade do indivíduo ou seu

grupo em reconhecer a identidade cultural do outro, daquele que é diferente do indivíduo que observa, em

termos identitários, culturais e/ou experienciais. Tem a ver com a aceitação e a valorização da humanidade

dos outros, independentemente de suas diferenças.

Para o sociólogo britânico Anthony Giddens, as influências globalizantes e a simples sensação de ser presa

das maciças ondas de transformação global é perturbadora. Mas importante é o fato de que tal mudança é

também intensa – cada vez mais, atinge as bases da atividade individual e da constituição do eu (Previtelli;

Vieira, 2017, p. 33).

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2001) analisa a questão da identidade na modernidade, denominando-

a líquida. Nessa fase, os indivíduos incorporam outros e novos elementos de forma mais fluida, líquida e

flexível se comparado ao contexto histórico anterior, no qual se observava a identidade de forma mais rígida.

A modernidade líquida pauta-se pela liquidez em que nada consegue manter sua forma por muito tempo.

A modernidade líquida é o que caracteriza a sociedade contemporânea, uma época em que tudo o que é

sólido desmancha-se no ar. Nesse contexto em que se observam as identidades, verificam-se mudanças na

concepção de Estado nação no capitalismo, em sua fase globalizada. As mudanças advindas com a

modernidade, de sua fase sólida para a fase líquida, apontam para o fenômeno de não haver mais a

necessidade de pertencimento em comum por toda a população, segundo Bauman (2001).

As categorias e aspectos sociológicos analisados e desenvolvidos pelos autores em torno do conceito de

identidade, estudados nesta aula, certamente são importantes e fundamentais, pois nos ajudam a

compreender as características dos sujeitos e suas identidades no contexto da contemporaneidade. Você

percebeu que os autores fizeram uma contextualização histórica em torno do conceito de identidade para a

compreensão das mudanças individuais e sociais ocasionadas ao longo do tempo.

Mesmo com as mudanças advindas com o passar do tempo, que incidem sobre as identidades sociais e

culturais, você pode perceber que as interações sociais são fundamentais para a construção das identidades.

Somos sujeitos sociais e dependemos uns dos outros para a realização da vida em sociedade. Afinal, pode-se

afirmar que há um estado de interdependência entre os seres humanos, uma dependência mútua, que se

realiza de forma recíproca (Barbosa, 2014). Essa interação realizada pelos seres humanos pode ser

denominada alteridade.

[...] eu aprendo, mudo e me transformo com base nas transformações, nas mudanças

e na interação com o outro, e é nesse processo consciente de interação verbal ou

dialógica que construímos a nossa identidade e a identidade do outro. Geralmente

essa interação é baseada na nossa percepção e nossa ideia de valor, ideia essa que tem

sua origem na infância e nos acompanha pelo resto de nossas vidas.


— (Barbosa, 2014, p. 21).
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Perceba a importância das interações na construção das identidades sociais e culturais, independentemente

do contexto histórico em que se analisa a formação das identidades dos indivíduos. Como se pode perceber “a

identidade de cada indivíduo é consequência da alteridade do outro, sendo assim, se a identidade é um

processo dinâmico de transformação, isso significa que quando o outro muda a sua performance

naturalmente estará mudando a minha” (Barbosa, 2014, p. 21).

Você pode compreender que, para pensar nas relações sociais, é preciso ter a sensibilidade para o

reconhecimento do outro, de qualquer forma e em quaisquer das dimensões da vida social e cultural. O

conceito de alteridade, nesse sentido, relaciona-se à ideia de reconhecimento do outro, com as suas diferenças

e particularidades. Isso quer dizer que o exercício da alteridade é significativo para a construção de nossa

própria identidade, ou seja, aquele que pratica a alteridade tem a identidade construída na sua relação com a

de outros.

VAMOS EXERCITAR

Nos estudos desta aula, trouxemos algumas problematizações para pensar nas relações entre educação e

diversidade: qual a importância do conceito de identidade para se pensar a diferença? Você viu que

identidade é relevante e fundamental para pensar nas diferenças socioculturais. É preciso considerar as

características socioculturais de todos os povos que convivem em nossa realidade, assim como pensar nos

povos originários e autóctones, como a população afrodescendente e indígena. Esses são povos originários,

autóctones, que aqui habitavam antes mesmo da chegada dos europeus, realizando o seu próprio modelo de

desenvolvimento e organização social.

Quais são os tipos de identidades? O que significa identidade contrastiva? Como você estudou, a identidade

pode ser circunstancial, dinâmica e contrastiva. A identidade circunstancial está relacionada às


circunstâncias da vida, como o próprio termo define. Ela se refere às características atribuídas a um

indivíduo inserido em sociedade com base em fatores externos, muitas vezes, fora de seu controle. Já a

identidade dinâmica está sujeita a mudanças ao longo do tempo, é algo fluido, que se adapta segundo as

condicionantes da vida. E a identidade contrastiva está relacionada a algo que difere, como o próprio termo

sugere, motivado pelo próprio indivíduo, ou seja, é a forma como as pessoas se definem em relação aos

outros.

Outro questionamento aborda as relações entre educação e diversidade, questionando o conceito de

alteridade. Como você estudou, o conceito de alteridade relaciona-se à ideia de reconhecimento do outro, com

as suas diferenças e particularidades. Isso significa dizer que o exercício da alteridade é significativo para a

construção de nossa própria identidade, ou seja, aquele que pratica a alteridade tem a identidade construída

na sua relação com a de outros. Esse conceito é muito importante para pensar nas relações sociais, sendo que,

para isso, é preciso ter a sensibilidade para o reconhecimento do outro, uma vez que somos sujeitos sociais e

dependemos uns dos outros para a realização da vida em sociedade. Há, portanto, um estado de

interdependência entre os seres humanos, uma dependência mútua, que se realiza de forma recíproca.

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 Saiba mais

Identidade e diferença: categorias sociais de análise


Para o aprofundamento dos seus conhecimentos sobre identidade e as relações com a formação da

sociedade brasileira, sugerimos que você assista ao documentário O povo brasileiro de Darcy Ribeiro.

Nesse documentário, o antropólogo apresenta aspectos interessantes e sua visão sobre a formação do

povo brasileiro e suas identidades.

Identidade e suas características: circunstancial, dinâmica e contrastiva


Para o aprofundamento dos seus conhecimentos sobre identidade e as relações com a formação da

sociedade brasileira, sugerimos que você assista ao documentário O povo brasileiro de Darcy Ribeiro.

Nesse documentário, o antropólogo apresenta aspectos interessantes e sua visão sobre a formação do

povo brasileiro e suas identidades.

Reconhecimento do outro e alteridade


Para pensar a questão da alteridade e do reconhecimento do outro, indicamos o filme Central do Brasil,

dirigido por Walter Salles. Esse excelente filme nacional aborda a questão do autoconhecimento, do

reconhecimento do outro e da humanidade, mediante a interessante interação dos personagens Dora e

Josué. O filme também retrata a questão das diferenças sociais, econômicas e culturais do Brasil.

Aula 3

PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E DESIGUALDADES


Nesta aula, você vai estudar os conceitos de preconceito e discriminação, vai entender as
diferenças e as semelhanças entre eles e as relações com o fenômeno das desigualdades.

PONTO DE PARTIDA

Nesta aula, você vai estudar os conceitos de preconceito e discriminação, vai entender as diferenças e as

semelhanças entre eles e as relações com o fenômeno das desigualdades. Em seguida, você vai analisar as

determinações norteadoras da vida em sociedade no contexto da contemporaneidade e estudar a respeito da

distribuição desigual de recursos, as relações de poder, as oportunidades e as situações diversas que se

apresentam aos indivíduos. Por fim, você vai estudar sobre exclusão e inclusão, e a necessidade de buscar a

justiça social.

Para os estudos desta aula, algumas questões serão problematizadas: quais as diferenças conceituais entre

preconceito e discriminação? Tomando como base a distribuição desigual de recursos em uma determinada

sociedade, quais as implicações desse fenômeno social? Qual é o papel da educação no combate às formas

diversas de desigualdades? Qual a importância da inclusão, em uma sociedade historicamente marcada pela

exclusão, como a brasileira, para a construção de justiça social?

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De modo geral, esses são alguns dos questionamentos que nos ajudam a pensar nas relações entre educação,

diversidade e desigualdade. Nesta aula, você está convidado a estudar sobre a formação histórica da

sociedade brasileira e as relações com a educação. Seja bem-vindo!

VAMOS COMEÇAR

Para que possamos refletir sobre as diversidades e as desigualdades, devemos sempre nos lembrar de um dos

objetivos propostos para a disciplina de Educação e Diversidade: discutir questões relacionadas à

desigualdade, ao preconceito, à discriminação e às diferentes formas de estereótipos. Obviamente o centro

desse debate parte da relação entre as diversidades e a educação, de modo a contribuir com uma formação

crítica, inclusiva, humana e cidadã.

Preconceito e discriminação: conceitos interligados, porém diferentes


Sabemos que as diversidades e as diferenças que se apresentam na vida em sociedade são múltiplas, e se

manifestam de diversas formas. Em um regime democrático e preocupado com a justiça social, como o Brasil,

a educação (e a escola) deve ter um olhar atencioso para a questão das diversidades e das diferenças. A

educação, dessa forma, precisa reconhecer e valorizar as diferenças, bem como as diversidades que
influenciam a forma com que somos construímos cotidianamente, enquanto povo brasileiro.

Isso nos exige um constante repensar dos porquês e das razões pelas quais se dão as condições (e

contradições) sociais de onde estamos inseridos papel também da educação, ou seja, constantemente

provocar e problematizar no sentido de fornecer conhecimentos históricos sobre os processos de luta de

classes para que possamos compreender o nosso meio, e agir, no sentido de buscar a igualdade das condições

materiais de existência para toda a sociedade.

Podemos afirmar que preconceito e discriminação são também expressões das formas diversas de

desigualdades. Apesar de serem conceitos próximos e interligados nas explicações de determinado fenômeno

social, são diferentes, e cada um tem o seu significado particular. Em comum, podemos perceber que ambos

os conceitos representam uma manifestação negativa das relações sociais, podendo desencadear em formas

de violência.

Os preconceitos são julgamentos ou percepções antecipadas acerca de pessoas, crenças ou sentimentos; já a

discriminação se reflete em tratamento diferenciado e/ou exclusão diante de características específicas da

pessoa ou grupo social. Como você pode perceber, preconceitos e discriminações sociais são fenômenos

diferentes, mas estão relacionados. Ideias preconcebidas são comuns, entretanto, quando utilizamos essas

noções para tratamentos diferenciados fazemos discriminação.

Refletindo as experiências dos seres humanos ao longo do tempo, pode-se afirmar que o preconceito

geralmente se manifesta de forma discriminatória. Preconceito e discriminação conectam-se a processos

culturais de identidade e alteridade, e a maneira com que lidamos com a diferença. A discriminação,

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portanto, corresponde à materialização de atos preconceituosos praticados pelos indivíduos, muitas vezes

organizados em coletividade.

De certo modo, tanto os preconceitos quanto as formas de discriminação revelam a maneira com que

ocorrem as manifestações das desigualdades em uma determinada sociedade. Nesse sentido, “entre humanos

também impera a lei do mais forte, permeada por hierarquias, castas, ou divisões, como queiram

denominar”, e os mais aptos nessas relações ganham na luta pela sobrevivência, à custa da vida e do

sofrimento dos semelhantes (Paula, 2013, p. 26).

É fato que cada grupo social acumula experiências de êxitos e fracassos e constrói um

conhecimento prático (mesmo inconsciente) do que está ao alcance da sua realidade

social – o que Bourdieu (2002) denomina causalidade do provável, que é o que

acontece quando os indivíduos internalizam suas chances/probabilidades de acesso.

Se considerarmos que, para as classes populares, as possibilidades de sucesso escolar

se reduzem não só em razão da falta de recursos econômicos, mas de capital cultural,

a distribuição desigual desse capital influencia as trajetórias escolares e a mobilidade

social desses grupos.


— (Paula, 2013, p. 26)

A estratificação social e as condições materiais de existência no contexto do capitalismo, pautadas nas

relações de produção e de mercado, tornam as estruturas de apropriação econômica e de dominação política

bastante nítidas. Isso revela uma estrutura social desigual e o antagonismo entre as classes sociais, segundo

Marx. A escola que deveria ser a instituição alinhada às mudanças sociais, inserida no contexto do modo de

produção capitalista pautado na lógica do mercado, reproduz as desigualdades e a manutenção do status quo,

de modo que a distribuição desigual de recursos econômicos e de capital cultural, segundo Bourdieu (2002),

faz com que dificilmente as classes populares ascendam, do ponto de vista socioeconômico.

O próximo passo de nossos estudos consiste em buscar compreender e agir, quando dotados de uma mínima

consciência de classe, diante dos porquês desses fenômenos, ou seja, entender as razões e as motivações das

desigualdades. Isso nos leva a problematizar e a refletir sobre a formação de nossa sociedade e a distribuição

desigual de recursos, poder e oportunidades.

A distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades


Você analisou as diferenças (e semelhanças) entre preconceito e discriminação, e suas relações com a questão

das desigualdades. Preconceito e discriminação, nesse sentido, também estão relacionados à distribuição

desigual de recursos, poder e oportunidades, que desencadeiam em formas diversas de desigualdades e

injustiças sociais. Essas desigualdades estão relacionadas à distribuição desigual de recursos, e podem se

manifestar em suas formas econômica, social, política, étnico-racial, de gênero, educacionais, regionais, entre

outras.

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Refletir sobre a distribuição desigual de riquezas, poder e oportunidades e as relações com a educação nos
leva a buscar entender que a sociedade capitalista da qual fazemos parte, na sua essência, divide-se em

classes sociais. As desigualdades são características das sociedades modernas e pertencem a esse modo de

produção. Marx toma como central em suas análises a questão das classes sociais e as relações entre capital e

trabalho assalariado, para pensar a forma com que as sociedades são regidas. Nesse sentido, a educação

assume um importante papel no preparo da classe trabalhadora para a reprodução do modo de produção

capitalista e do conjunto de valores da sociabilidade burguesa hegemônica, baseado no consumo, produção e

circulação de mercadorias.

Figura 1 | As faces das desigualdades, por Wilfredo Hernandez

Fonte : Wikimedia Commons.

Marx explicou as contradições sociais produzidas pelas relações materiais de produção e o fenômeno que dá

origem às desigualdades no capitalismo, utilizando o materialismo histórico dialético como método científico.

A sociedade capitalista apresenta-se de modo contraditório, portanto transitório no curso da humanidade. A

classe trabalhadora (classes populares), oprimida no contexto do capitalismo, deveria se organizar e realizar

a revolução social, visando a construção de uma sociedade mais justa entre as classes. As forças produtivas de

uma sociedade são os meios de produção necessários para a realização da vida material dos homens e, nesse

sentido, a relação de produção se configura, no curso da história, pela exploração de uma classe sobre a

outra. Afinal, segundo Marx e Engels, no livro O Manifesto do Partido Comunista, a “história das sociedades é

a história da luta de classes”.

A organização social pautada na exploração do homem pelo homem se perpetua em um contexto de ascensão

do capitalismo e da hegemonia burguesa, classe detentora dos meios de produção (Sanches; Alencar; Ferreira,

2016, p. 90-91). Essa sociedade apresenta-se de forma conflituosa para Marx, revelando as desigualdades

sociais, pois a classe dominante detém maiores privilégios e oportunidades, ao passo que a classe

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trabalhadora, ou seja, as classes populares, não obtêm as mesmas condições. Nesse contexto em que o

trabalhador aparece como vendedor da sua própria força de trabalho, tornando o trabalho assalariado e a

divisão do trabalho característicos desse período, houve o processo de subordinação do trabalho ao capital.

O modo de produção que compõe a realidade social é regido por leis dialéticas

objetivas, como as derivadas das contradições entre as forças produtivas e as relações

de produção, determinada em última instância pela infraestrutura e movida

concretamente pela luta de classes (Marx, 1983). O capitalismo em sua gênese

histórica, se objetiva por ampliar e promover a acumulação de riquezas.


— (Sanches; Alencar; Ferreira, 2016, p. 91).

É justamente nesse sentido que há uma estrutura de poder e de dominação do Estado que se articula

internamente para promover os seus interesses econômicos e o status quo vigente. O Estado, na

Modernidade, está a serviço dos interesses da burguesia, a classe dominante, e isso acentua as desigualdades

sociais e as contradições econômicas. A escola, muitas vezes, contribui por manter e reproduzir essa lógica de

dominação presente em nossa sociedade.

As desigualdades e a distribuição desigual de riquezas ocasionam a pobreza em uma sociedade. Segundo o

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2004), a pobreza é a negação das escolhas e de

oportunidades básicas e necessárias ao desenvolvimento da vida humana, refletida em: vida curta, falta de

educação, falta de meios materiais, exclusão e falta de liberdade e dignidade (Paula, 2013, p. 27).

O Brasil e sua formação histórica não pode ser entendido como algo isolado do contexto do capitalismo

internacional. Para Caio Prado Junior, é preciso utilizar a categoria marxista de totalidade, de modo que seja

possível entender as contradições, a distribuição desigual de riquezas que aqui se desenvolveu

historicamente, desde a colonização até os dias atuais (Prado Junior, 2012).

No capitalismo global, o Brasil é parte integrante do processo de dominação capitalista e as contradições

entre as classes remontam a formação histórica e social brasileira. É justamente nesse sentido que a educação

tem um papel fundamental, no exercício de repensar a estrutura educacional e propor mudanças, para

caminharmos para uma sociedade em que as desigualdades e quaisquer formas de injustiça sejam

erradicadas. Afinal, pode-se afirmar que a pobreza se apresenta de forma multidimensional.

Exclusão e inclusão: em busca de justiça social


É sabido, a partir da perspectiva das ciências humanas e sociais no Brasil, que, ao longo de nossa formação

histórico-social, promoveu-se formas de desigualdades, consequentemente, de exclusão da maioria da

população brasileira no acesso a condições dignas de vida. Nos constituímos ao longo do período colonial,

caracterizado pelo patriarcalismo, como uma sociedade marcada pela escravidão e dominação racial, que

repercute significativamente até os dias atuais.

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As desigualdades provocaram profundas formas de exclusão do povo brasileiro, sendo necessário refletir as

possibilidades de inclusão e de mudança social por meio da educação, de modo a promover a justiça social.

Sabemos que os desafios são enormes para a sociedade brasileira e, além do mais, é preciso considerar que o

fenômeno da globalização capitalista acentuou as múltiplas identidades, as diferenças e as formas de

desigualdades.

Trabalhar com as diferenças, a multiculturalidade e a fragmentação da identidade na

contemporaneidade nos leva, por conseguinte, a pensar os processos de exclusão que

estão presentes na nossa sociedade. O empobrecimento e as carências vividas por

parte da população os destituem de condições mínimas de vida e os afastam do acesso

aos direitos humanos universais. Esse processo fez com que essa questão social

tomasse dimensão nas discussões políticas e teóricas do mundo.


— (Previtelli; Vieira, 2017, p. 42)

Para que possamos trabalhar as diferenças e os processos de exclusão, é preciso analisar as determinações

com que se estrutura a sociedade brasileira. No entanto, a exclusão pode também ser consequência do

fenômeno da pobreza. O excluído é aquele que está à margem da sociedade. Como se pode perceber em nosso

meio social, especialmente no contexto da globalização, existem outras motivações que contribuem para o

processo de exclusão social, “como a perda de emprego, sujeitos pertencentes às minorias sociais como as de

gênero, raciais, religiosas, geracionais, deficientes físicos, pessoas com dificuldades financeiras, favelados,

desapropriados da moradia etc.” (Previtelli; Vieira, 2017, p. 43-44). Atualmente, existem muitos refugiados em

terras brasileiras que são considerados marginalizados, portanto, excluídos.

Há outras categorias para análise que consideramos atravessadores nesse debate:

pertencimentos étnicos, sociais, culturais, religiosos, geracional, de gênero, de

orientação sexual, espacial, temporal. Por exemplo: embora tenha havido um

crescente ingresso das mulheres no mercado de trabalho, sua participação na renda

familiar não significou maior autonomia, mas sobrecarga. A segunda (ou terceira)

jornada de trabalho feminina permanece. Aumentou a vulnerabilidade da mulher,

vítima de assédio sexual e de violência doméstica (o aumento nos casos se explica

também pela possibilidade de denúncia e o estímulo a esta). [...] Sobre a mulher negra

de baixa renda paira, pelo menos, uma tríplice discriminação, em que podemos

estimar as violências e preconceitos derivadas desse pertencer: sexismo, racismo e

classe social. Se analisarmos ainda aspectos relativos à orientação sexual e religião,

acentuam-se os contornos da discriminação, se esses não corresponderem aos

padrões legitimados [...].


— (Paula, 2013, p. 28-29)

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Há, portanto, outras variáveis que agregam elementos para a compreensão da desigualdade social (Paula,

2005; Candau, 2013 apud Paula, 2013). No decorrer da formação histórico-social brasileira, povos indígenas

foram expropriados de suas terras diante da investida de grandes latifundiários, com o amparo do Estado

brasileiro. Para que seja possível pensar em justiça social, é preciso reestruturar os modelos educacionais, de

modo que a educação seja um meio possível para a transformação social. Ou seja, é preciso também pensar o

Brasil, o mundo e suas condições à luz dessas questões sociais, de modo a proporcionar a inclusão desses

povos e proporcionar uma sociedade mais equitativa e com justiça social.

Mesmo que se reconheça a existência do multiculturalismo, as oportunidades não são distribuídas de forma

equitativa. Basta pensarmos na educação formal, ou seja, na educação proporcionada pela escola, na qual se

demonstra a reprodução dos interesses da classe dominante, segundo Pierre Bourdieu (2002). Em todo caso,

“a escola é um lugar de convivência com a diversidade, por isso ela deveria ser inclusiva, sustentável e

plural” (Previtelli; Vieira, 2017, p. 47).

A escola vivencia diariamente a questão da diversidade. É justamente nesse sentido, que entendemos que a

educação é um importante instrumento para a transformação da realidade social, de modo a proporcionar o

engajamento e o consequente empoderamento dos excluídos e dos grupos minoritários, por meio da

conscientização crítica da realidade como nos constituímos enquanto povo brasileiro.

Essa conscientização que a educação pode proporcionar baseia-se na concepção de educação popular, de

acordo com Paulo Freire. A ideia consiste em desenvolver a proposta da pedagogia da autonomia na

educação, de modo que o conhecimento possa libertar a classe oprimida da exploração e da situação de

desigualdade.

A educação popular, proposta por Paulo Freire nos anos de 1960 [...] é baseada na

“conscientização”. Ainda hoje, a “educação popular” é uma grande alternativa em

relação à monoculturalidade da educação formal. Com o passar do tempo e do

acúmulo de experiências educativas nesse campo, a educação popular passou por

transformações. Hoje ela está dentro do aparato do Estado aproveitando-se das

políticas públicas.
— (Previtelli; Vieira, 2017, p. 47-48)

Enfim, você pode perceber que é preciso pensar em meios de inclusão para o desenvolvimento humano e

democrático, e a escola tem um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A

educação popular, na perspectiva de Paulo Freire, leva à conscientização e libertação das classes populares. O

reconhecimento do outro e a consideração pela alteridade são valores centrais, e isso representa a promoção

de igualdade de direitos, a luta contra o preconceito e a discriminação, e a criação de espaços para que todas

as identidades e vozes possam ser valorizadas.

VAMOS EXERCITAR
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Você estudou nesta aula as relações entre educação, diversidade e desigualdade, e pôde compreender que

exclusão e discriminação são também ocasionadas pelas desigualdades e suas formas diversas de

manifestações: econômica, social, política, étnico-racial, gênero, educacionais, regionais, entre outras.

Algumas problematizações foram colocadas para que você pudesse analisar e refletir nesses estudos.

Quais as diferenças conceituais entre preconceito e discriminação? Você estudou que os preconceitos se

referem a julgamentos ou percepções antecipadas acerca de pessoas, crenças ou sentimentos, já a

discriminação se refere em tratamento diferenciado e/ou exclusão diante de características específicas da

pessoa ou grupo social. Nesse sentido, você viu que as ideias preconcebidas são comuns entre os seres

humanos. Entretanto, quando utilizamos essas noções para tratamentos diferenciados, estamos falando em

discriminação. A discriminação corresponde à materialização de atos preconceituosos praticados pelos

indivíduos, muitas vezes organizados em coletividade. O preconceito geralmente se manifesta de forma

discriminatória e, nesse sentido, os conceitos de preconceito e discriminação conectam-se a processos

culturais de identidade e alteridade e à maneira com que lidamos com a diferença.

Tomando como base a distribuição desigual de recursos numa determinada sociedade, quais as implicações

desse fenômeno social? Qual é o papel da educação no combate às formas diversas de desigualdades? Você

pode perceber que as desigualdades e a distribuição desigual de riquezas ocasionam a pobreza em uma

sociedade, pois correspondem à negação das escolhas e de oportunidades básicas e necessárias ao

desenvolvimento da vida humana, refletida em: vida curta, falta de educação, falta de meios materiais,

exclusão e falta de liberdade e dignidade (PNUD, 2004).

Nesse sentido, você pode perceber a importância de analisar e refletir sobre a distribuição desigual de

riquezas, poder e oportunidades, e as relações com a educação. Isso nos leva a buscar entender as

características da sociedade capitalista da qual fazemos parte. Primeiramente, você estudou que esse modelo

de sociedade divide-a em classes sociais. Você deve se lembrar das contribuições de Marx para pensar nas

relações entre capital e trabalho assalariado, características da sociedade moderna, e a forma com que as

sociedades são regidas. No atual contexto em que estamos inseridos, você também estudou que essas

desigualdades também estão relacionadas à distribuição desigual de recursos e podem se manifestar em suas

formas econômica, social, política, étnico-racial, de gênero, educacional, regional, entre outras.

Por fim, qual a importância da inclusão, em uma sociedade historicamente marcada pela exclusão, como a

brasileira, para a construção de justiça social? Você estudou que a inclusão é essencial para a construção de

uma sociedade mais justa e igualitária, por isso se faz necessário refletir sobre as possibilidades de inclusão e

mudança social através da educação. Nesse sentido, é preciso reestruturar os modelos educacionais de modo

que a educação seja um meio possível para a transformação social. Em meio a isso, devemos também pensar

o Brasil e o mundo, suas condições à luz dessas questões sociais, para proporcionar a inclusão desses povos

desejando uma sociedade mais equitativa e com justiça social.

 Saiba mais

Preconceito e discriminação: conceitos interligados, porém distintos


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Para que você aprofunde os conhecimentos sobre racismo, preconceito e discriminação, recomendamos

a leitura dos capítulos Educação infantil – socialização: família, escola e sociedade e Relações étnicas no

Brasil, do livro Do silêncio do lar ao silêncio escolar: Racismo, preconceito e discriminação na educação
infantil, de Eliane Cavalleiro. O livro reflete as experiências vivenciadas pela autora, ao longo de oito
meses, no cotidiano da realidade de uma escola de educação infantil. Você encontra esse material em

nossa Biblioteca Virtual.

A distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades


Para pensar na distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades, características principais do

modo de produção capitalista, sugerimos que você assista ao filme Daens, um grito de justiça, dirigido

por Stijn Coninx. O filme aborda as condições miseráveis e degradantes dos trabalhadores de uma

indústria têxtil no contexto da segunda metade do século XIX.

Exclusão e inclusão: em busca de justiça social


Refletindo sobre as alternativas de inclusão e de justiça social, podemos trazer como exemplo, as ações e

os programas da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI), órgão vinculado ao Ministério

dos Direitos Humanos e da Cidadania. A SNDPI tem como missão formular e coordenar políticas públicas

voltadas para a promoção e defesa dos direitos da pessoa idosa no Brasil. Para que você possa

aprofundar os seus conhecimentos sobre a inclusão, recomendamos que acesse a página da SNPDI e

conheça suas ações e programas.

Aula 4

EDUCAÇÃO HUMANISTA E INCLUSIVA


As políticas públicas educacionais voltadas à inclusão e às ações afirmativas são fundamentais
no combate às desigualdades sociais historicamente constituídas em nossa sociedade, portanto
é o que você vai estudar na primeira parte desta aula.

PONTO DE PARTIDA

As políticas públicas educacionais voltadas à inclusão e às ações afirmativas são fundamentais no combate às

desigualdades sociais historicamente constituídas em nossa sociedade, portanto é o que você vai estudar na

primeira parte desta aula. Em seguida, você vai estudar e perceber a importância do papel da escola nesse

processo de preparação para uma cidadania global. Por fim, você vai compreender a ideia de

representatividade para uma educação humanista e inclusiva, no constante exercício de repensar a escola,

assim como os materiais didáticos, os currículos e o preparo do corpo docente.

Para introduzir as reflexões propostas para esta aula, apresentamos alguns questionamentos: qual a

importância das políticas públicas de educação, inclusão e ações afirmativas em uma sociedade como a

brasileira, constituída historicamente pelas formas diversas de desigualdades? Como as escolas podem

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contribuir para uma cidadania global? De que maneira a escola, seus materiais didáticos, currículos e corpo

docente contribuem com a representatividade?

Sempre que possível, aprofunde os seus conhecimentos, explore a Biblioteca Virtual e faça a leitura das

referências indicadas neste material, entre outros. Organize um planejamento e desenvolva o autoestudo.

Desejamos a você excelentes estudos!

VAMOS COMEÇAR

Você vai estudar nesta aula a educação humanista e inclusiva, um dos eixos para refletir sobre as relações

entre educação, diversidade e desigualdade. Nesses estudos, é importante relembrar da concepção de Paulo
Freire sobre a educação popular e relacioná-la a escopo dos objetivos propostos para a disciplina, de pensar

as diversidades a partir da perspectiva do respeito e da inclusão, bem como de compreender a importância

das políticas públicas voltadas para a inclusão social, o respeito à diversidade e as ações afirmativas.

Políticas públicas de educação, inclusão e ações afirmativas


A Declaração Universal dos Direitos Humanos explicita que “toda pessoa tem direito à educação”. O Brasil é

signatário dos valores universais dos direitos humanos, constituídos mediante lutas sociais históricas. Na

Constituição “Cidadã” de 1988, documento que marca o processo de redemocratização do país, após anos de

regime ditatorial, há um entendimento claro a respeito da compreensão e da importância de valorizar e

reconhecer os direitos humanos.

A construção dos direitos humanos relaciona-se com a perspectiva dos direitos de cidadania: direitos civis,

direitos políticos e direitos sociais, segundo o sociólogo britânico Thomas Marshall . Cidadania é uma

condição que permite àquele que é cidadão participar como igual da discussão política, com uma

reivindicação de que todos participem da “herança comum” da sociedade, da riqueza que ela produz e da

discussão sobre os valores que a sustentam. Observe as características dos direitos de cidadania:

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Direitos civis: aqueles que permitem ao cidadão exercer sua liberdade individual. Por

exemplo, o direito de cada um dizer o que pensa (liberdade de expressão), o direito de

acreditar na religião que quiser (ou não acreditar em nenhuma), o direito de fazer
acordos e contratos com outros cidadãos e o direito à propriedade. Os direitos civis

foram os primeiros a surgir na Inglaterra, se consolidando a partir do século XVII.

Direitos políticos: são aqueles que permitem ao cidadão participar do exercício do

poder político. São exemplos de direitos políticos o direito ao voto, o direito de se

organizar com outros cidadãos para defender propostas (incluindo aí o direito a

formar partidos políticos) e o direito de ser eleito para cargos políticos. Os direitos

políticos se consolidaram na Inglaterra entre o final do século XIX e o começo do

século XX, primeiro com a ampliação do direito ao voto para todos os homens e

depois com o reconhecimento dos direitos políticos das mulheres.

Direitos sociais: são aqueles que garantem ao cidadão um mínimo de bem-estar

econômico e uma vida digna, de acordo com o padrão do país e da época. São

exemplos de direitos sociais o direito à educação, à saúde, a uma aposentadoria na

velhice ou em caso de invalidez. Os direitos sociais ganharam força no século XX,

quando os movimentos operários europeus conseguiram obrigar o Estado a prover a

todos os cidadãos saúde e educação públicas, entre outros direitos


— (Machado, Amorim, Barros, 2016, p. 291-292).

T. Marshall identificou três tipos de direitos que formaram a cidadania moderna na Inglaterra. Obviamente

que devemos analisar o conceito de cidadania e perceber as particularidades e condições histórico-sociais de

cada país, levando em consideração os avanços e retrocessos em relação à conquista desses direitos, quando

se analisa a formação do Brasil, por exemplo.

O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos (1979 apud Oliveira; Costa, 2016) afirma que, no Brasil,

vivemos uma cidadania regulada, ou seja, esses direitos não são previstos em sua totalidade para toda a

população brasileira, especialmente para a população pertencente às classes menos abastadas social e

economicamente. De forma diferente dos países desenvolvidos, “no Brasil, os direitos sociais foram

implementados antes dos direitos civis, que continuavam totalmente precários, e dos direitos políticos que

praticamente deixaram de existir durante o regime autoritário de 1937 a 1945” (Oliveira; Costa, 2016, p. 187).

Em meio à construção desses direitos, é preciso levar em consideração as mudanças sociais e políticas de

nosso país ao longo do século XX. O Art. 6º da Constituição Federal diz que: “São direitos sociais a educação, a

saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (Brasil,

1988). Perceba que a educação é entendida como um dos direitos sociais garantidos pela nossa Constituição e,

nesse sentido, o Estado brasileiro deve reunir esforços junto à sociedade civil para a garantia e manutenção

desse direito básico.

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A Constituição Federal, em seu Art. 6º, diz que, além de outros direitos elementares, todos os cidadãos têm

direito à educação, e sabemos que a educação transforma realidades. As políticas públicas voltadas à

educação, como a Carta Magna, são ferramentas indispensáveis, que ajudam a construir sociedades mais

justas, igualitárias e inclusivas.

É por meio das políticas públicas educacionais que os instrumentos possíveis de correção (e/ou mitigação) de

partes dessas distorções sociais históricas, promovidas pelas contradições entre as classes sociais,

remontando o contexto de formação histórica, social e política brasileira, podem acontecer. A ideia é que, em

conjunto, essas políticas sirvam para o combate de formas de discriminação, de desigualdades diversas em

sociedades como nossa.

As políticas públicas educacionais caracterizam-se por programas, estratégias e iniciativas implementadas

por governos, com vistas a melhorar o sistema educacional de modo geral, bem como garantir o acesso

equitativo à educação de qualidade. Essas políticas são essenciais para garantias de acesso universal à

educação e cultura, a todas as pessoas, de modo que possam receber uma ação de qualidade, de melhora na

qualidade de ensino, ou de redução (ou mitigação) das formas diversas de desigualdade, e a inclusão de

pessoas com deficiência, por exemplo.

As políticas de inclusão visam garantir que todos os indivíduos sejam incluídos na sociedade e tem como

objetivos buscar a acessibilidade, o respeito, a diversidade, o combate à discriminação e desenvolver a

participação cidadã. As ações afirmativas são políticas ou práticas que se objetivam por corrigir

desigualdades históricas e promover a inclusão de grupos que foram historicamente marginalizados. As cotas

para o acesso a universidades e concursos públicos são exemplos de políticas de ações afirmativas, pois

buscam justiça social, redução de disparidades, desafios e controvérsias.

A escola como preparação para uma cidadania global


A escola, como meio de educação formal, é uma instituição que, a partir de seus valores e princípios

orientadores, contribuiu para moldar e preparar os indivíduos para o exercício da cidadania, do ponto de

vista global. Sabemos que muitos problemas enfrentados atualmente pela humanidade em escala global

dependem de ações coordenadas e integradas, envolvendo a participação de pessoas que habitam os quatro

cantos do planeta.

Os desafios para pensar nas possibilidades da cidadania em âmbito global, e na perspectiva dos povos

habitantes do eixo sul do globo, constituídos historicamente através de relações de dominação, são ainda

maiores quando tomamos como referência as epistemologias do Sul, segundo Boaventura de Sousa Santos.

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A turbulência hoje vivida pela constelação dos direitos humanos também permite

entrever horizontes promissores para as agendas emancipatórias apostadas em

superar os entendimentos convencionais dos direitos humanos. Estes horizontes, que

vão se desenhando em várias regiões do mundo, apontam para um efetivo

reconhecimento da inesgotável experiência do mundo à luz das epistemologias do

Sul, na persuasão de que a compreensão do mundo excede em muito a compreensão

ocidental do mundo. [...]

Identifico três tensões que, ao mesmo tempo, são constitutivas da presente

turbulência e representam um desafio para uma ressignificação emancipatória dos

direitos humanos à luz das epistemologias do Sul. A primeira diz respeito à tensão

entre o direito ao desenvolvimento e a incessante devastação ambiental do planeta. A

segunda refere-se à tensão entre as aspirações coletivas de povos indígenas,

afrodescendentes e camponeses e o individualismo que marca o cânone originário

dos direitos humanos. A terceira refere-se à tensão que resulta da inadequação da

linguagem de direitos, e em particular dos direitos humanos, para reconhecer a

existência de sujeitos não humanos


— (Santos, 2019, p. 39-40).

Figura 1 | Estudantes indígenas, Sergio Amaral/MDS

Fonte : Wikimedia Commons.

Com isso, pertencendo à realidade dos países do sul global, obviamente que cada país com as suas

particularidades, pode-se perceber a importância da escola na problematização dessas questões que colocam

em xeque a lógica do modelo de produção e de sociabilidade adotados no capitalismo, que se realiza

essencialmente pela exploração (extração) de recursos da natureza e mediante a exploração da classe

trabalhadora, além do estabelecimento de uma relação assimétrica e de dominação com os países

colonizados.

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No Brasil, com as reformas educacionais vigentes advindas com a BNCC, houve a reorganização dos

conteúdos por competências e habilidades distribuídas nas áreas de conhecimentos: linguagens e

interpretação de textos, matemática e questões relacionadas ao raciocínio lógico, ciências da natureza e

ciências humanas. No entanto, sabemos que a escola, em perspectiva voltada aos valores da educação

popular, deve trabalhar as dimensões do conceito de cidadania, proporcionando aos estudantes reflexões e

estudos críticos acerca dos problemas sociais, políticos e ambientais da sociedade em que estão inseridos.

Pensar a sociedade na qual estamos inseridos leva-nos a refletir sobre aspectos múltiplos, determinados em

âmbitos local, nacional e global, ou seja, essas dimensões estão interligadas para uma cidadania geral. Parte-

se da premissa de que as escolas podem contribuir para formar cidadãos conscientes em torno das questões

globais, possibilitando reflexões e situações que inserem o indivíduo no mundo.

Por ser a escola o lugar por onde o indivíduo, inserido em uma coletividade diversa, pode conhecer questões

relacionadas à cidadania, essa instituição deve se fazer presente na vida de todos os indivíduos, pois todos

devem ter esse direito garantido. Além disso, a criança e o adolescente não podem ter esse direito cerceado

eventualmente pelos seus responsáveis. Escola, educação e diversidade, portanto, são conceitos inter-

relacionados.

A escola prepara os cidadãos para a vida em sociedade em um contexto de globalização das relações

econômicas. Sob o manto da educação e da diversidade, é preciso o estabelecimento de uma proposta

multicultural e intercultural de ensino, que parta do princípio do reconhecimento da coexistência de

múltiplas culturas em nossa sociedade.

Ainda sobre educação e diversidade, devemos nos lembrar sempre da proposta da educação em direitos

humanos, direitos inalienáveis a qualquer cidadão. Com isso, espera-se que possa haver o reconhecimento da

diversidade cultural, mediante o exercício da alteridade, da empatia e da tolerância. Ademais, a escola, como

preparação para a cidadania global, deve estar também preocupada com a questão da sustentabilidade e da

conscientização ambiental.

Representatividade: materiais didáticos, currículos, corpo docente


Você pode perceber que todas essas questões para as quais a escola deve estar preparada na construção e

exercício de uma cidadania em âmbito global, leva-nos a pensar em todos os elementos que envolvem o

processo de ensino e aprendizagem no dia a dia. Isto é, do currículo ao livro didático, do corpo docente aos

componentes curriculares, dos órgãos colegiados da escola às instâncias deliberativas da comunidade escolar,

todos estão envolvidos.

A diversidade presente no conjunto de elementos da escola, que nada mais é que o reflexo da sociedade em

que estamos inseridos, deve ser contemplada pela questão da representatividade diversa e plural da

sociedade brasileira. Isso contribui com a promoção da igualdade de oportunidades na educação, de forma

equitativa e igualitária. Quando os currículos, os materiais didáticos e o corpo docente agem de forma

articulada com a representatividade, a escola torna-se mais inclusiva e democrática. Com isso, contribui para

formar cidadãos conscientes e engajados para a vida em sociedade e para o exercício da cidadania global.

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Os materiais didáticos são ferramentas indispensáveis, que auxiliam o trabalho do professor na mediação

com os alunos no processo de ensino e aprendizagem. Livros, apostilas, textos, plataformas, aplicativos e

outras ferramentas na web, entre outros, são exemplos de materiais didáticos. Desses materiais,

especialmente os livros didáticos devem estar atualizados com a legislação vigente, como, por exemplo, o

Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 10.639/03, que torna a história e cultura afro-brasileira

obrigatória, e a Lei 11.645/08, que trata da obrigatoriedade do ensino e cultura dos povos indígenas.

Essas legislações reforçam as identidades sociais e culturais, suas histórias e perspectivas diversas, essenciais

por abordar a diversidade cultural e a diferença com que se constitui a população brasileira. Nesse sentido,

devem abarcar situações e exemplos de diferentes abordagens socioeconômicas, culturais, étnico-raciais, de

gênero etc., tendo suas histórias de vida mostradas e valorizadas.

A matriz curricular deve estar alinhada aos documentos e legislação norteadores da educação básica
promulgados desde a Constituição Cidadã de 1988: a Lei de Diretrizes e Bases (1996), que introduz as áreas de

sociologia e de filosofia, indispensáveis para a formação cidadã, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
da Educação Básica (2013), que orientam as instituições de ensino a organizarem seus currículos de acordo

com a região e contexto em que se insere, e a Base Nacional Comum Curricular (2017), exemplos de alguns
dos documentos norteadores para trabalhar a questão da diversidade, da diferença e das identidades em

nossas escolas.

O currículo e as matrizes curriculares devem se preocupar em contemplar a diversidade cultural e as

identidades, bem como a legislação e os documentos orientadores para a educação básica. Assim, devem ser
incorporados no currículo e matrizes autores, cientistas, líderes e pensadores de diferentes origens e

abordagens interdisciplinares que tratem das questões sociais e culturais.

Nessa mesma perspectiva, o corpo docente das unidades educacionais deve ser diversificado do ponto de

vista social e cultural. Deve contemplar, ao máximo possível, as características da diversidade cultural e das
identidades, ou seja, as identidades étnico-raciais e culturais nas escolas devem refletir a nossa sociedade. É

interessante que os estudantes se sintam representados pelo corpo docente, bem como em outras situações de
liderança, coordenação ou direção na escola. Isso pode representar uma variedade da diversidade humana,

que contribui para o desenvolvimento de formas e práticas de eliminação do preconceito, da intolerância e


da discriminação.

Podemos perceber, enfim, a necessidade de evidenciar a questão da cidadania e o papel da escola nesse
processo, para que seja possível refletir sobre a necessidade de retomar constantemente as condições e

determinações de nossa formação social e histórica. Para isso, é necessário apontar as contradições e os
conflitos. Veja a importância de um modelo de educação inclusiva a ser adotado pela escola, para que as

formas diversas de desigualdades possam assim ser reduzidas! Afinal, como apontou Wanderley Guilherme
dos Santos, a cidadania no Brasil é uma corrida de obstáculos. Por isso, a educação inclusiva é fundamental,

para que possamos superar esses obstáculos e, algum dia, conquistar todas as dimensões do conceito de
cidadania de forma plena para toda a população brasileira e mundial.

VAMOS EXERCITAR

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Chegamos ao final desta aula e, para isso, devemos nos lembrar dos questionamentos iniciais: qual a

importância das políticas públicas de educação, inclusão e ações afirmativas em uma sociedade como a
brasileira, constituída historicamente pelas formas diversas de desigualdades? Você estudou que, no Brasil, a

construção dos direitos de cidadania se dá de forma diferenciada em relação aos países desenvolvidos. De
acordo com o que aprendemos, “no Brasil, os direitos sociais foram implementados antes dos direitos civis,

que continuavam totalmente precários, e dos direitos políticos que praticamente deixaram de existir durante
o regime autoritário de 1937 a 1945” (Oliveira; Costa, 2016, p. 187) e, se acrescentarmos, durante a ditadura

militar.

Você estudou que as políticas públicas educacionais se caracterizam por programas, estratégias e iniciativas

desenvolvidas por governos para a melhoria do sistema educacional de modo geral. A ideia consiste em
garantir o acesso equitativo à educação de qualidade. Já as políticas de inclusão visam garantir que todos os

indivíduos sejam incluídos na sociedade e têm como objetivos trazer a acessibilidade, o respeito, a
diversidade, o combate à discriminação e desenvolver a participação cidadã. As ações afirmativas, por sua

vez, são políticas ou práticas que objetivam corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão de grupos
que foram historicamente marginalizados.

Como as escolas podem contribuir para uma cidadania global? Você aprendeu que a escola, pertencente ao
sul global, é uma instituição bastante importante que contribui com a problematização de questões que

colocam em xeque a lógica do modelo de produção e de sociabilidade adotados no capitalismo. Você percebeu
que pensar a sociedade envolve-nos a refletir sobre aspectos múltiplos determinados em seus âmbitos local,

nacional e global, pois são dimensões interligadas em uma cidadania geral.

Você estudou que a escola prepara os cidadãos para a vida em sociedade e em meio a um contexto de

globalização das relações econômicas. A fim de preparar a escola para a cidadania global, é preciso o
estabelecimento de uma proposta multicultural e intercultural de ensino, de uma educação em direitos

humanos, além de a escola estar também preocupada com a questão da sustentabilidade e da conscientização
ambiental.

De que maneira a escola, seus materiais didáticos, currículos e corpo docente contribuem com a
representatividade? Você estudou que, quando currículos, materiais didáticos e corpo docente estão

articulados com a representatividade, a escola torna-se mais inclusiva e democrática. A diversidade presente
no conjunto de elementos da escola deve ser contemplada pela questão da representatividade diversa e

plural de nosso povo, afinal, a escola é reflexo da sociedade. A escola, nessa perspectiva, pode contribuir para
a formação de cidadãos conscientes e engajados para a vida em sociedade e para o exercício da cidadania

global, promovendo oportunidades na educação, de forma equitativa e igualitária.

 Saiba mais

Políticas Públicas de educação, inclusão e ações afirmativas

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Saiba mais! Para aprofundar os seus conhecimentos sobre as políticas públicas de educação, inclusão e
ações afirmativas, sugerimos a leitura do artigo Políticas afirmativas e inclusão: formação continuada e

direitos, de Cristina Miyuki Hashizume e Maria Dolores Fortes Alves. Nesse ensaio, as autoras discutem
as políticas afirmativas e os direitos dos estudantes com deficiência e abordam o histórico das políticas

afirmativas no Brasil, tecendo reflexões a partir da educação inclusiva.

A escola como preparação para uma cidadania global


Para o aprofundamento dos estudos acerca da cidadania em sua dimensão global, recomendamos a

leitura do Capítulo 1 – Direitos Humanos, democracia e desenvolvimento, do livro O pluriverso dos


Direitos Humanos: a diversidade das lutas pela dignidade, do livro de Boaventura de Sousa Santos e
Bruno Sena Martins (orgs.). Nesse capítulo, Boaventura de Sousa Santos analisa as tensões e assimetrias
que os direitos humanos terão de considerar para se constituírem enquanto uma efetiva gramática de

contra-hegemonia. O sociólogo analisa a necessidade de uma tradução intercultural entre valores da


matriz ocidental e princípios não-ocidentais da dignidade humana.

Representatividade: materiais didáticos, currículos, corpo docente


Para o aprofundamento dos estudos sobre a questão da representatividade em materiais didáticos,

currículo e corpo docente, indicamos a leitura do Capítulo 4 – O relativismo cultural, o respeito à


diversidade e a Lei n. 10.639, do livro Relações étnico-raciais para o ensino da identidade e da
diversidade cultural brasileira, de Mario Sergio Michaliszyn. Nesse capítulo, o autor apresenta algumas
possibilidades de intervenção na escola para que se contemple a identidade e diversidade cultural

brasileira.

Aula 5

ENCERRAMENTO DA UNIDADE

PONTO DE CHEGADA

Olá, estudante! Para desenvolver a competência desta unidade, que é reconhecer um arcabouço teórico-
conceitual sobre a formação das identidades socioculturais e o papel da educação, cooperando com a

afirmação dos direitos humanos, com o reconhecimento e com valorização da diversidade, você deve ter em
mente alguns conceitos socioantropológicos fundamentais para os estudos sobre educação, diversidade e

desigualdade.

Diversidade social e cultural

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Reconhecer a formação da diversidade sociocultural e valorizar essa diversidade em nosso meio social está

compreendido na competência desta unidade. O conceito de cultura deve ser entendido a partir de uma
perspectiva plural e diversa, ou seja, partindo da concepção de que todo ser humano é um ser cultural e

convive social e culturalmente com outros povos. Ele depende de outros seres humanos para a realização da
sua vida social.

Seres humanos possuem diferenças, assim, em educação e diversidade, a diferença e a diversidade devem ser
respeitadas e preservadas. Nos estudos sobre cultura, existem diferentes definições acerca da forma de
abordar essa qualidade humana. O multiculturalismo parte da ideia de que diferentes culturas coexistem no

interior de um mesmo espaço social.

No campo da antropologia, há diferentes correntes teórico-metodológicas: o etnocentrismo parte do ponto de

vista do observador, levando em consideração a sua própria etnia no centro de tudo; e o relativismo cultural
parte da perspectiva de que cada cultura deve ser analisada de acordo com os seus próprios termos e

predefinições.

Identidade e diferenças
A identidade é um conceito-chave para os estudos das diferenças socioculturais. Reconhecer as identidades
sociais e culturais corresponde à demarcação e estabelecimento das diferenças. A disciplina de educação e

diversidade toma como premissa o reconhecimento das características socioculturais dos povos diversos que
habitam um mesmo lugar.

A sociologia e a antropologia, por sua vez, contribuíram com os estudos sobre identidade. Entre eles, podemos
elencar Stuart Hall (2006) e Zygmunt Bauman (2001): o primeiro indica diferentes características da

identidade a partir do advento da modernidade – sujeito do iluminismo, sujeito sociológico e sujeito pós-
moderno. O sujeito pós-moderno, atrelado às mudanças sociais advindas a partir da década de 1970 e

também sob a influência das novas tecnologias de informação e comunicação, estaria sendo influenciado
pelas múltiplas identidades que constituem o perfil dos indivíduos. Isto é, acreditava-se que o sujeito até

possuía um núcleo “cultural”, mas fixo, imutável, pois mantinha um diálogo contínuo com as culturas com as
quais entrava em contato. Para Bauman (2001), a identidade na modernidade torna-se algo líquido, os

indivíduos incorporam outros elementos culturais, de forma mais fluida e flexível, se comparada ao contexto
histórico anterior, marcado pela rigidez. A modernidade líquida, portanto, não consegue preservar a sua

forma por muito tempo.

A identidade possui algumas características: circunstancial, referindo-se às características atribuídas a um

indivíduo inserido em uma sociedade com base em fatores externos, muitas vezes fora de seu controle;
dinâmica, pois está sujeita a mudanças ao longo do tempo, como algo fluido, que se adapta segundo as

condicionantes da vida; e contrastiva, algo motivado pelo próprio indivíduo, ou seja, é a forma como as
pessoas se definem em relação aos outros. Em suma, podemos perceber a importância da alteridade e do

reconhecimento do outro, conceito elementar nos estudos em educação e diversidade. O exercício da


alteridade é significativo para a construção de nossa própria identidade.

Preconceito, discriminação e desigualdades


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As relações entre educação, diversidade e desigualdades devem ser analisadas de forma crítica, a tomar como

base a formação histórica e social do Brasil. Uma das expressões das diversas formas de desigualdades são as
discriminações praticadas pela não aceitação da diferença. Nesse caso, enquanto estudiosos da disciplina de

educação e diversidade, precisamos definir corretamente os significados de preconceito e discriminação:


preconceitos são julgamentos ou percepções antecipadas sobre as pessoas, crenças ou sentimentos; e

discriminação é o tratamento diferenciado e/ou exclusão diante de características específicas da pessoa ou


grupo social e corresponde à materialização de atos preconceituosos que se conectam a processos culturais

de identidade e alteridade, e à maneira com que lidamos com a diferença. As práticas discriminatórias
surgem, na maioria das vezes, motivadas por formas de desigualdades ocasionadas pela distribuição desigual

de recursos, gerando o fenômeno da pobreza. Essas questões são importantes de serem analisadas e
relacionadas com a educação, o que nos leva a entender as características do modo de produção capitalista

em que estamos inseridos, como procurou fazer Karl Marx. Nesse sentido, faz-se necessário refletir sobre as
possibilidades de inclusão que a educação proporciona e, com isso, alcançar a mudança social para uma

sociedade mais justa, inclusiva e democrática.

Educação inclusiva e humanista


Diante das condições e determinações sociais, econômicas e culturais com que nos constituímos enquanto
população brasileira ao longo de nossa formação, caracterizadas pelas desigualdades sociais e a distribuição

desigual de renda, poder e oportunidades, é preciso pensar na redução das formas diversas de desigualdades:
econômica, social, política, étnico-racial, gênero, educacional, regional, entre outras. Sobretudo quando nos

inserimos em um país marcado historicamente pelas desigualdades, as políticas públicas de educação,


inclusão e ações afirmativas são fundamentais para que seja possível a construção de uma sociedade justa e

igualitária. Essas políticas caracterizam-se por programas, estratégias e iniciativas desenvolvidas por
governos para a melhoria da educação e da sociedade. As políticas de inclusão visam a garantia de todos a

partir da acessibilidade, do respeito, da diversidade, do combate à discriminação e do desenvolvimento da


participação cidadã. Já as ações afirmativas são políticas ou práticas com o objetivo de corrigir desigualdades

históricas e promover a inclusão de grupos historicamente marginalizados. Mediante o conjunto de políticas


públicas educacionais, de inclusão e de ações afirmativas, a escola busca se preparar para a cidadania global,

mediante uma proposta multicultural e intercultural de ensino, preocupada com os direitos humanos, a
sustentabilidade e a conscientização ambiental. Para auxiliar esse processo, você pode perceber a
importância da representatividade nos currículos, materiais didáticos e corpo docente, no qual deve atuar de

forma articulada, contemplando a diversidade plural de nosso povo, e entendendo a escola como reflexo da
sociedade.

 Reflita
1. Qual a importância dos conceitos de diversidade sociocultural e de identidade para os estudos em

educação?

2. Quais as relações entre preconceitos e discriminações com a distribuição desigual de recursos, poder e

oportunidades?

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3. Com quais ações é possível desenvolver uma educação mais inclusiva e humanista na escola?

É HORA DE PRATICAR

No estudo de caso desta unidade, imagine-se como um educador de uma escola localizada em uma cidade de
médio porte, constituída pela integração de múltiplas etnias ao longo de sua formação histórica. Nesse

sentido, a escola atende uma população diversificada social e culturalmente, composta por alunos de
diferentes origens étnicas, culturais e socioeconômicas. A escola vem enfrentando muitos desafios

relacionados à questão da diversidade social e cultural, especialmente nos últimos anos, diante do
agravamento de conflitos relacionados à discriminação e à intolerância.

Entre os principais desafios enfrentados pela escola nas questões relacionadas à diversidade social e cultural,
tem-se percebido que a diversidade não é totalmente refletida nos currículos, nas práticas pedagógicas e na

organização dos órgãos colegiados. A escola acaba priorizando a história da cultura da Europa ocidental em
seu currículo, em detrimento de outras formas de saberes e conhecimentos. Quanto às questões relacionadas

à identidade e às diferenças, os estudantes dessa escola têm enfrentado desafios relacionados à expressão de
sua identidade, seja ela étnica, cultural, de gênero ou de orientação sexual. Além disso, houve o aumento do

número de casos de preconceito e/ou discriminação em decorrência da falta de compreensão e respeito pela
diversidade de identidades na comunidade escolar, registrados com maior frequência recentemente na

escola. Outro desafio para a escola é fazer uma abordagem inclusiva e humanista em educação, a fim de
minimizar a marginalização de certos grupos sociais. Por fim, tem-se verificado a falta de recursos no apoio a

alunos com necessidades especiais.

Como vimos, são muitos os desafios relacionados à educação e à diversidade. Diante dessa situação, em que

medida você, na condição de educador dessa escola, poderia contribuir com a resolução de alguns desses
desafios colocados, tendo em vista um modelo de educação mais inclusivo, democrático e pautado na

diversidade e na valorização das identidades sociais e culturais? Quais as suas sugestões para a diminuição
(ou erradicação) de casos de preconceito, discriminação e violência que têm acontecido na escola? De que

modo você acredita ser possível desenvolver, articulado com a direção, educadores, órgãos colegiados e
comunidade escolar, um modelo de educação representativa na escola, refletindo a diversidade social e

cultural daquela sociedade?

Para a resolução desse estudo de caso sobre as relações entre educação, diversidade e desigualdade, em que

nos compete reconhecer a formação das identidades socioculturais e o papel da educação com o
reconhecimento da valorização da diversidade, é preciso retomar a importância de compreender a

diversidade sociocultural e os processos de formação das desigualdades em nosso país.

Retomando a atividade proposta para esta unidade, em que medida você, na condição de educador da fictícia

escola, poderia contribuir com a resolução de alguns dos desafios apresentados, tendo em vista um modelo de
educação mais inclusivo, democrático e pautado na diversidade e na valorização das identidades sociais e

culturais? Quais as suas sugestões para a diminuição (ou erradicação) de casos de preconceito, discriminação

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e violência que têm acontecido na escola? De que modo você acredita ser possível desenvolver, articulado

com a direção, educadores, órgãos colegiados e comunidade escolar, um modelo de educação representativa
na escola, refletindo a diversidade social e cultural daquela sociedade?

Primeiramente, você deve ter em mente que, em educação, não se faz nada sozinho, mas com parcerias e
apoio, envolvendo o maior número de atores sociais na realização de múltiplos projetos. Você pode

contribuir, ajudando a revisar e adaptar os currículos e as matrizes curriculares de acordo com a diversidade
cultural e social dos estudantes demonstrados naquela sociedade. A ideia é que a diversidade seja refletida

nesses documentos orientadores, demonstrando saberes e conhecimentos das mais diversas origens, como a
história e cultura africana, afro-brasileira e indígena. Você também pode contribuir propondo atividades

integradoras em todos os componentes curriculares a partir da abordagem de temáticas relacionadas à


diversidade, à igualdade e à justiça social, de modo a contemplar os aspectos da formação social e histórica de

nosso país, em perspectiva crítica. Além disso, você pode propor o desenvolvimento de ações e programas de
sensibilização que promovam a compreensão, o respeito e a empatia entre os estudantes, professores e
comunidade escolar.

Em conjunto com a direção da escola, os órgãos colegiados e outros educadores, você pode sugerir o
desenvolvimento de ações e atividades formativas sobre práticas pedagógicas inclusivas, enfatizando a

sensibilidade cultural e social. Além disso, você pode sugerir que se aplique a diversidade no corpo docente
da escola, promovendo uma representação mais ampla das diferentes origens e experiências sociais e

culturais. Para os estudantes em situação de vulnerabilidade, você pode sugerir que haja meios de
acolhimento e de orientação educacional, além de recursos pedagógicos que possibilitem a inclusão dos

estudantes em situação de vulnerabilidade.

Com isso, espera-se que o conjunto de ações propostas, envolvendo as colaborações dos demais atores da

escola, promovam uma cultura mais inclusiva e humanista, fazendo com que todos os estudantes se sintam
incluídos naquela realidade educacional. A educação focada em diversidade e igualdade tem o potencial de

promover um ambiente mais justo e igualitário, mediante a perspectiva humanista, por meio de práticas e
políticas que promovam a inclusão e a igualdade entre todos os estudantes.

DÊ O PLAY!

ASSIMILE

Para que você assimile os conteúdos trabalhados durante a jornada desta unidade, inserimos um mapa
mental que retoma os elementos essenciais e suas correlações para trabalhar educação e diversidade na

escola.

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REFERÊNCIAS

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Aula 3

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Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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