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Menrage António Pirilau

Organização da União Africana (OUA)

Licenciatura em ensino de História com Habilidades em Documentação

Instituto Superior de Recursos Naturais e Ambiente


Montepuez

2024
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Menrage António Pirilau

Organização da União Africana (OUA)

Trabalho de carácter avaliativo a ser apresentado no


Departamento de Letras e Ciências Sociais, na
cadeira de História de África dos meados do Século
XX ao Século XXI - 3°Ano - 1°Semestre.
Recomendado pelo docente da cadeira:

MA: Mouzinho Manhalo Lopes

Instituto Superior de Recursos Naturais e Ambiente


Montepuez

2024
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Índice
Introdução...............................................................................................................................3

1. Criação da Organização da União Africana OUA.............................................................4

1.1. Objectivos da Organização da União Africana...............................................................4

1.1.1. Sucessos da O.U.A.......................................................................................................6

2. Insucessos da OUA.............................................................................................................7

3. Desafios da OUA................................................................................................................7

Conclusão...............................................................................................................................9

Referencia Bibliográfica.......................................................................................................10
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Introdução

O senso comum sobre a África parece limitar a análise do continente aos seus problemas
internos e considerar que sua inserção internacional é pautada pela busca de soluções para
eles. Essa visão ignora uma série de questões, como as tentativas promovidas pelos países
africanos de adoptar uma política autónoma de inserção internacional, as disputas entre eles
pela liderança do continente, os líderes políticos africanos que contribuíram com importantes
debates internacionais e o peso político que os países africanos possuem. Tomando como
estudo de caso a Organização da Unidade Africana (OUA), os seus objectivos, as suas
denúncias e as suas disputas internas pela liderança da África, são exemplos claros de que as
análises de política internacional são deficientes quando descartam a relevância política dos
países africanos.

Geral:

 Compreender a Formação da da OUA.

Específicos:

 Conhecer a Origem da OUA;


 Explicar os Objectivos da OUA;
 Descrever os Desafios da OUA.

O presente trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução onde contem o tema do


trabalho, objectivos do trabalho, metodologias e estrutura do mesmo; em seguida vem o
desenvolvimento aonde vêm abordados os conteúdos essenciais do tema em estudo; a
conclusão que contem a síntese em relação ao tema e por fim a referência bibliográfica onde
constam as obra usadas na elaboração do trabalho. A metodologia usada para a elaboração do
trabalho foi a consulta bibliográfica de varias obras que se debruçam sobre assuntos
relacionados com o tema em destaque cujos nomes dos autores e as respectivas obras se
encontram citadas na referencia bibliográfica final do mesmo.
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1. Criação da Organização da União Africana OUA

Para MAZULA (2002), “A OUA foi criada na reunião da Cúpula dos Estados Africanos
Independentes, acontecida em Adis-Abeba, capital da Etiópia, entre os dias 22 e 25 de Maio
de 1963, com a participação de trinta e um chefes de Estado e de Governos Africanos”.

Desta feita, a OUA foi o resultado de um processo de negociação entre os líderes dos países
africanos independentes naquele ano para que suas diferenças políticas fossem apaziguadas
em prol do objectivo comum de extirpar o colonialismo da África.

A organização teve suas raízes no pan-africanismo, impulsionando os Estados africanos a


manter a unidade política e económica. Nas décadas seguintes à fundação, dentre os
principais objectivos da OUA, passou a constar manutenção da estabilidade entre os Estados.
Entretanto, nas décadas de 1970 e 1990, o continente africano apresentou um contexto
marcado por conflitos internos permeados por disputas de poder, que provocaram crises nos
países

1.1. Objectivos da Organização da União Africana

De acordo com KI-ZERBO (1999:402), “no Artigo 02 da carta da OUA são enumerados os
seguintes objectivos pela qual foi criado esse organismo”:

 Coordenar e intensificar a cooperação entre os Estados Membro;


 Promover a paz, a segurança e a estabilidade no continente;
 Reforçar a unidade e a solidariedade entre os países e povos da África;
 Asseguração da importância da participação dos jovens no desenvolvimento da África;
 A recomendação de que o sistema educacional dos países africanos se modificasse para
fornecer uma educação que fosse capaz de transmitir a realidade do continente;
 Promoção de Igualdade de género;
 Eliminar o colonialismo em todas as suas formas.

Com tudo, podemos encontrar outros objectivos como: Acelerar a integração política e
socioeconómica do Continente, Favorecer a cooperação internacional, tendo devidamente em
conta a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do Homem, Trabalha
em colaboração com os parceiros internacionais relevantes na erradicação das doenças
susceptíveis de prevenção e na promoção da boa saúde no Continente.
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O objectivo comum dentro e entre os dois grupos de acabar com o colonialismo na África
permitiu que eles se reunissem em 1963 em Addis Abeba a fim de resolver as principais
divergências entre eles e estabelecer um espaço de cooperação interafricana.

Na óptica de Appiah, (1997) afiram:


A partir da observação das divisões políticas na África que resultaram na formação
de dois grupos distintos, pode-se afirmar que as elites políticas do continente
travaram uma disputa entre si ao defenderem propostas distintas sobre os melhores
rumos para os países africanos. O fato deles terem vivenciadas experiências comuns
– colonização e escravidão, por exemplo não significou a adopção de políticas
homogéneas a partir da conquista das primeiras independências.

Ao contrário, conforme os regimes coloniais foram chegando ao fim, as elites políticas


africanas tiveram que encarar a missão de construir uma nação para os Estados que herdaram
e lidar com os diferentes interesses dos grupos internos a respeito dos rumos que deveriam
ser adoptados.

A organização teve suas raízes no pan-africanismo, impulsionando os Estados africanos a


manter a unidade política e económica. Nas décadas seguintes à fundação, dentre os
principais objectivos da OUA, passou a constar manutenção da estabilidade entre os Estados.
Entretanto, nas décadas de 1970 e 1990, o continente africano apresentou um contexto
marcado por conflitos internos permeados por disputas de poder, que provocaram crises nos
países.

Por ultimo, no que concerne os objectivos, pode se acrescentar que:

Nos Princípios da OUA, no Artigo 03 da carta da OUA apresenta os seguintes princípios


fundamentais: Igualdade soberana de todos os Estados, Não ingerência nos assuntos internos.,
Respeito recíproco da soberania e da integridade territorial, Harmonização pacífica dos
diferendos, Condenação sem reservas do assassínio político e das actividades subversivas.,
Devotamento sem reservas à total dos territórios ainda colonizados e Politicas de não-
alinhamento em relação a todos os blocos.

Por outro lado, a Estrutura ou Órgãos da OUA, é a seguinte:

 A Conferência dos Chefes de Estado e de Governo é instância suprema que reunia, pelo
menos, uma vez por ano;
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 O Conselho de Ministros que prepara e executa as decisões da Conferência e devendo


reunir-se ordinariamente, duas vezes por ano;
 O Secretariado-Geral Administrativo;
 A Comissão de Mediação, de Conciliação e de Arbitragem, que tinha por missão intervir
por meios pacíficos nos diferendos que surgiam entre os estados-membros.

“Por isso, foram estabelecidas cinco comissões especializadas nos campos seguintes: no
sector económico e social; da educação e cultura; da saúde, higiene e nutrição; defesa;
ciência, técnica e investigação”. (KI-ZERBO, 1999).

1.1.1. Sucessos da O.U.A

A nível político

 Conseguiram manter a organização coesa com assembleias anuais regulares com


rotatividade na presidência. Mantendo assim a imagem de unidade e de vontade de
progresso que lhe granjeou sempre, por parte dos vários blocos económicos e
políticos, apoio real para a resolução de vários problemas
 A OUA teve um importante papel na história da descolonização de África, não só
como grupo de pressão junto da comunidade internacional, mas também fornecendo
apoio directo aos movimentos de libertação, através do seu Comité Coordenador da
Libertação da África.
 Outro campo em que a OUA teve sucesso foi na luta contra o apartheid, tanto ao nível
da ONU onde foram declaradas sanções contra os governos da África do Sul e
da Rodésia, mas ainda conseguindo que aquele regime fosse internacionalmente
condenado como “crime contra a Humanidade” na Conferência de Teerão de 1968.

A nível Económico
Na visão de DOPCKE (2002:78):

“- O s resultados não são tão satisfatório mas é de louvar a divisão de


África em sub-regiões uma ideia pragmatizada em 1980 quando se
percebeu que de que a fragmentação do continente e a concentração
da produção numa pequena gama de produtos primários de
exportação, constituíam grandes obstáculos à diversificação das
actividades económicas pretendia-se no entanto à criação de
mercados modernos e internacionalmente competitivos”.

Duas opções foram discutidas para a implementação da estratégia de integração económica


em África:
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A fórmula pan-africana, que advogava a criação imediata duma organização económica


continental (esta fórmula derivou em parte das ideias do líder ganense Kwame Nkrumah) .

 A fórmula sub-regional, que defendia a implementação de acordos de cooperação


entre países vizinhos que, eventualmente, poderia gerar formas de cooperação
geograficamente mais alargadas.

 Esta ultima prevaleceu e sob proposta da O.N.U e adoptada em consenso pela OUA
África foi repartida em 4 regiões:

 O Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA);

 A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC); e- a Comunidade


Económica dos Estados da África Ocidental

O grande objectivo era fortalecer cooperação económica e se houve-se êxitos conseguir então
instituir a Comunidade Económica Africana no final do século metendo vivo o sonho de
Nkrumam.

2. Insucessos da OUA

Durante quase 40 anos de existência, a OUA não conseguiu evitar os inúmeros conflitos que
assolaram o continente, nem promover de forma efectiva o seu desenvolvimento. Uma das
razões poderia ser o carácter consensual da organização, que nunca puniu os responsáveis por
esses problemas, ao contrário da Commonwealth ou da ONU, a primeira por vezes
suspendendo das suas actividades governos despóticos, a segunda decretando sanções sobre
políticos ou governos.

3. Desafios da OUA

A OUA reúne, uma vez por ano, a Conferência de Chefes de Estado e de Governo, com o fim
de coordenar e harmonizar a política geral. O seu Conselho de Ministros, integrando os
titulares dos Negócios Estrangeiros dos vários países, ou outros ministros acreditados
excepcionalmente, tem a função de preparar as cimeiras de chefes de Estado e de promover a
cooperação inter-africana.

Segundo NGOENHA (2002:145):


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“Ao Secretariado-Geral, como órgão permanente, compete a aplicação das


resoluções acordadas. A OUA dispõe ainda de diversas comissões
especializadas e técnicas. A mais importante, no que concerne à luta
anticolonial, foi um Comité de Ajuda aos Movimentos de Libertação, com
sede em Dar-es-Salam, integrando representantes da Etiópia, Argélia,
Uganda, Egipto, Tanzânia, Zaire, Guiné-Conacri, Senegal e Nigéria. As
ajudas da OUA eram distribuídas pelos diversos movimentos de libertação
tanto para a criação de infra-estruturas, como para o treino militar e para a
compra de armamento”.

Num outro olhar do autor, a OUA procurou resolver os problemas internos do continente,
numa tentativa de dispensar a intervenção de potências externas, mas os conflitos africanos
acabaram, de forma geral, a Organização da Unidade Africana perseguia os seguintes
objectivos: o combate ao colonialismo; a defesa do pan-africanismo; o combate ao apartheid.
Essa Organização visava incrementar a cooperação entre os seus membros, estabelecer a
unidade e a solidariedade dos Estados africanos, defender a integridade territorial, a
independência e a soberania e seus membros. Actuou na economia, na defesa, na segurança
colectiva e na cultura. A Carta da Organização da Unidade Africana tem sido definida como
uma carta de libertação, posto que as verdadeiras preocupações dos Estados africanos nela
contidas eram relativas à unidade africana, à não-interferência nos assuntos internos dos
países tomados individualmente e à libertação, não só do sistema colonial como também do
neocolonial
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Conclusão

Em conclusão, vale ressaltar que, apesar de suas limitações – tais como a incapacidade de
evitar conflitos entre países africanos, os poucos recursos materiais e até mesmo o baixo
comparecimento das delegações nas cúpulas, a OUA conseguiu atender a muitas de suas
aspirações iniciais. Como exemplo pode-se citar a reforma do Conselho de Segurança para a
participação mais equitativa dos países africanos e o convite feito pela ONU para a OUA
participar de suas actividades. Tão importante quanto essas conquistas é a mensagem que a
OUA transmitiu para o mundo desenvolvido, ou seja, de que não se poderia mais negligenciar
a relevância do continente ou privá-lo de ganhos políticos e económicos, embora essa
mensagem tenda a desconsiderar a responsabilidade das próprias elites africanas em muitos
dos problemas locais.
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Referencia Bibliográfica

APPIAH, K. A. Identidades africanas. In: APPIAH, K. A. Na casa de meu pai: a África na


filosofia da cultura. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
Cap. 9, p. 241-252.

ASANTE, S. K. B.; CHANAIWA, D. História Geral da África: África desde 1935. Brasília:
UNESCO, 2010. (O Pan-africanismo e a Integração Regional, 24)

BOAHEN, A. 2010 (ed.). História Geral da África VII: África sob dominação
colonial, 1880-1935. 2. ed. Brasília: UNESCO. p. 657 - 674.

CROWDER, M. A Primeira Guerra Mundial e suas consequências. In:


BOAHEN, A. (ed.). História Geral da África VII: África sob dominação
colonial, 1880-1935. 2. ed. Brasília: UNESCO, 2010. p. 319 – 352

DIALLO, 2005 A. Integração africana: da Organização da Unidade Africana à União


Africana. Espaço Jurídico, Joaçaba, v. 6, n. 1, p. 07 - 20,

KI-ZERBO, J. 1972 História da África Negra. v. I. Viseu: Publicações Europa América.

MAZRUI, A. 2010 “Procurai o reino político...”. In: MAZRUI, A.; WONDJI, C. (Eds.).
História Geral da África VIII: África desde 1935. Brasília: UNESCO, p. 125 - 150.

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