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ÍNDICE

Introdução..........................................................................................................................2

1. Contextualização histórica e conceito do pan-africanismo...........................................3

2. Pan-africanismo como força de integração...................................................................4

3. Pan-africanismo como um movimento de libertação....................................................5

4. Pan-africanismo e pan-arabismo...................................................................................6

Conclusão..........................................................................................................................8

Bibliografia........................................................................................................................9
Introdução
O trabalho que agora apresentamos tem como tema: opan-africanismo. A libertação da
África diante do colonialismo no século XX encontrou suas bases no referido
movimento que juntou diversos africanos do continente e da diáspora, assim sendo, é
difícil desmembraros pan-africanistas da história ou filosofia africana.

Todos nossos caminhos de reflexão em torno da causa pan-africana, têm como ponto de
eclosão a seguinte questão: como é que o pan-africanismo reabilitou o verdadeiro
significado de ser negro (ou africano) no mundo?

O pan-africanismo inscreve-se na história universal da luta pelos direitos humanos, uma


vez que lutou contra o Darwinismo social ou racial.

O pan-africanismo é capitão damoralidade porque para além de preocupar-se pela união


Africana,reconstruiua dignidade e os valores dos negros.

Objectivo geral:

 Conhecer a gênese, ramificação e desenvolvimento do movimento pan-africano


nas suas diferenciadas concepções de abordagem e comparação.

Objectivos específicos:

 Analisar o projecto pan-africano no que é inerente a integração política e


económica de África;
 Compreender os pontos fortes e desafios do pan-africanismo no que concerne a
luta pela libertação do nosso continente, assim como reflectir sobre a relação
áfro-arabe.

Como recorda-nos Mazrui eWondji (2010:901), Nkrumah e restantesmembros do pan-


africanismo,reuniram-se em conferências nas quais os dirigentes dos Estadosna
alturaindependentes e dos movimentos de libertação puderam trocar ideias e
discutirestratégias eficientes para a busca da independência para toda África.

A elaboração do presente trabalho embasou-se na exploração de diversos manuais da


autoria de alguns pensadores que ocuparam-se em relatar a historicidade do pan-
africanismo, situando-o no tempo e no espaço.

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1.Contextualizaçãohistórica e conceito do pan-africanismo
Para falarmos do pan-africanismo, cumpri-nos rebuscar as linhas históricas que
conduzir-nos-ão a uma abordagem mais profunda sobre o seu significado, enquanto um
movimento histórico de capital importância para a África. Com efeito, vale a pena
recordar que durante as duas guerras mundiais, a África resolveu-se perante o
imperialismo e o sistema colonial em que estava mergulhada. Trata-se de um
movimento nacionalista que ocupou-se em livrar o continente de dominação colonial,
dependência política, assim como pela rebusca da soberania, no solo africano. “Maior
parte das colónias criadas obrigava grupos nacionais e historicamente diferentes, cuja
unidades derivava (…) do facto de estarem submetidas a um senhor estrangeiro”
(BOAHEN, 2010:658). Analisando a premissa supracitada, é possível recordar do
nacionalismo que imprimiu-se na história da Europa durante o século XIX, cuja base foi
a consciência da nação cultural e a organização da sua vida política como Estado, ou
seja, um uma criação de estados nacionais. Em compreensão, é importante destacar que
o nacionalismo africano tomou critérios divergentes dos da Europa, a saber: “o
nacionalismo africano não se deve aosentimento de unidade político-cultural (…),
representa antes, o esforço (…) para criar novas nacionalidades políticas e culturais a
partir de (…) fronteiras impostas pelo senhor europeu” (COLEMAN, apudBOAHEN,
2010:658). É a partir desta diferença que os nossos nacionalistas foram chamados de
pan- africanistas, ou seja Wanasiasaem línguaswahili.

Hoje o pan-africanismo é definido como uma doutrina que defende a unidade política de
toda a África, onde procura afirmar a construção do governo dos africanos, pelos
africanos e para os Africanos, sem menosprezar as minorias africanos que possam
pretender viver em África com a maioria negra.

Segundo Dos Santos (1968:7) o pan-africanismo resolveu-se sob várias facetas: racial,
política, sindical. Este movimento nasce fora de África como um movimento que
procura responder a uma discriminação que lhes foi sujeita, isto é, o sentimento de
pertença a mesma cor, o desejo de luta e a condição social, juntou diversos africanos a
lutarem pelos valores do negro, até pela construção de um macro nacionalismo: Estados
unidos da África.

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2.Pan-africanismo como força de integração
Para darmos avanço a está abordagem,é precisorecordamos que o pan-africanismo
enquanto um movimento político e cultural, tenciona regenerar e unificar a África, ou
seja, enquanto um movimento de força de integração procuraa unidade ou cooperação
política, cultural e económica do nosso continente. O pan-africanismo como movimento
de integração ganha força com a conquista de independência do Gana, com Nkrumah já
que é nesta fase que define seus objectivos, que traduzia-se como luta Pela
“integraçãopolítica, cultural e económica em níveis regional, continental, extra-
regional”(MAZRUI& WONDJI, 2010:875). Assim sendo, o destaque do trabalho de
Nkrumah é incontornável, já que para além de ter sido pioneiro pragmático no programa
da união de Estados Africanos, organizou conferências em Estados independentes, que
visavam a eliminação de barreiras aduaneiras,a criação de um mercado comum,a luta
pela independência dos países que ainda estavam em colonização,sendo estes elementos
que resumem-se na união da África, a segurança, a revalorização da cultura africana e a
criação de uma estrutura comum de África.

Entre 1960 a 1964 o número de Estados africanos independentes cresceu, facto que
prejudicou o programa integrativo deNkrumah, já que houve uma divisão de em dois
blocos horizontalmente(pro-ocidental e pro-socialista) e verticalmente
(revolucionários,reacionistas, capitalistas, socialistas, tradicionalistas, moderados). “em
função da derrubada de Nkrumah, o pan-africanismo, na qualidade de vector de
integração, perdeu o seu império durante a segunda metade dos anos 1960”
(MAZRUI& WONDJI, 2010: 878). Passando o défice desta década, na década 70, o
pan-africanismo como força de integração renova o seu compromisso, alinhando a
ideias de Nkrumah. Já que nos anos 60, o foco era político, nos anos 1970 os países
africanos conheceram os seus primeiros passos no que diz respeito a desenvolver
África, embora estivessem mergulhados numa dependência internacional ocidental, mas
não obstante traçou-se um plano de acção que visava reduzir tal dependência. Foi neste
contexto que surgiu o regionalismo, que consistiu no aumento de trocas comercias e
investimentos, ou seja, uma integração económica em África, onde podemos dar
destaque a seguintes organizações: SADCC, da UDEAC e da CEAO.

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3. Pan-africanismo como um movimento de libertação
O pan-africanismo, tendo nascido nos séculos XVIII e XIX, foi um movimento de luta
dos negros em favor da sua libertação contra a dominação e a exploração dos brancos. O
pan-africanismo como um movimento de libertação teve como figura dominante
NkwameNkurumah, visto que este, em favor deste movimento mobilizou os dirigentes
africanos envolvidos nos movimentos de libertação, e dirigentes dos Estados de África
Independentes, organizou congressos pan-africanos. De acordo com Mazrui e Wondji
(2010:900) Nkuruamh, na noite da conquista da soberania do seu país, afirmou que a
independência de Gana não tinha sentido, senão na perspectiva de uma libertação
completa do continente africano. A inauguração dos encontros foi realizada em Accra-
Gana, tendo nela participado países tais como Gana, Tunísia, Sudão, Marrocos, Etiópia,
Libéria.

Esta conferência identificou os principais temas que o pan-africanismo deveria


desenvolver na era da independência; ela lançou, sem dúvida, as bases para a
Organização da Unidade Africana (OUA), estabelecendo princípios, tais como,
o primado da independência política, o apoio aos movimentos de libertação, a
formação de uma frente única no seio da Organização das Nações Unidas e o
não alinhamento (Ibidem, 2010:900).

Após esta conferência inaugural, mais outras conferências dos Estados Africanos
Independentes foram realizadas. A segunda foi realizada em Agosto de1959 na
Monróvia, e a terceira foi realizada em 1960 em Addis-Abeba. Em meio a este período,
KwameNkurumah, outros membros do Pan-Africanismo, dirigentes de Estados libertos
e dos movimentos de libertação, trocaram algumas ideias e debateram em torno de
estratégias que pudessem ser adoptadas, tendo em vista a luta pela independência. Estes
encontros tiveram lugar no que se denomina de Conferências dos Povos Africanos. Três
delas aconteceram, a primeira em Accra, Dezembro de 1958, cujos os temas eram o
anticolonialismo, o anti-racismo, a unidade africana, entre outros. A segunda em Túnis,
1960, e a última em Cairo, 1961.

Entre os anos de 1960 a 1964, muitos Estados Africanos vieram a existência, facto esse
que cooperou para o desenvolvimento do pan-africanismo como movimento de
libertação, visto que os novos dirigentes desses estados estavam unânimes quanto ao
reconhecimento da urgência no que diz respeito a libertação total do continente em
relação ao colonialismo. Esta predisposição unânime dos dirigentes em prol da
libertação colonial resultou na unificação dos grupos que formaram a OUA -
Organização da Unidade Africana. Esta organização foi criada em 25 de Maio de 1963

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em Addis Abeba, Etiópia. Os esforços de KwameNkurumah, SékouTouré, MadiboKeita
foram imprescindíveis para a formação desta organização única, composta por países
tais como:Etiópia, Argélia, Burundi, Camarões, Congo, Costa do Marfim,Gabão, Gana,
Guiné, Libéria, Líbia, Madagáscar, Mali, Mauritânia, Nigéria, Uganda, República
Centro-Africana, Ruanda, Senegal, Somália, Sudão, Tunísia, entreoutros. Os chefes
desses Estados assinaram a denominada Carta da Unidade Africana. No preâmbulo
desta carta consta os aspectos ligados ao seu projecto, tais como: “o ideal da liberdade,
da justiça e da igualdade, um desejo comum de união e de ajuda mútua, a preocupação
em preservar a independência e a soberania dos Estados africanos”(MAZRUI &
WONDJI, 2010:903).

Desta feita, nota-se portanto que o pan-africanismo, como um movimento de libertação,


pautava por princípios éticos e buscava também reforçar a unidade e a solidariedade. E
a OUA, beneficiou bastante o pan-africanismo na busca da libertação, uma das
evidências disso é que na conferência de 1963 em Addis-Abeba, houve uma resolução
relativa à descolonização, na qual eles reconheciam unanimemente que “todos os
Estados africanos independentes têm o dever de ajudar os povos dependentes da África
que lutam pela liberdade e pela independência” (Ibidem,2010:905).

4. Pan-africanismo e pan-arabismo
Enquanto por um lado encontramos o pan-africanismo, como sendo um movimento
nacionalista que solidariza-se com aspectos ligados a raça negra, por outro lado
encontramos o pan-arabismo, que por sua vez solidarizou-se com uma ceita religiosa
islâmica. Trata-se de dois movimentos que partilhavam o mesmo campo de actuação,
precisamente na África do norte. “O pan-arabismo insistia na ideia de uma ‘nação
árabe’única. Opan-africanismo elaborava o conceito de uma ‘personalidade africana
unificada’”(MAZRUI & WONDJI, 2010:917). A partir da ideia supracitada podemos
chegar ao consectário de que houve uma atracção e repulsão dos dois movimentos
perante a civilização Europeia, já que enquanto os pan-africanistas defendiam que o
Egipto terá civilizado a Grécia Antiga, os pan-arabistas reivindicavam o mesmo no
estatuto, já que na sua concepção a Europa teria sido objecto de civilização Árabe na
idade média. Foi nesse contexto que ressurgiu a literatura árabe, ou seja, a negritude
como movimento literário funda-se nessa linha, factos que encontram o

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respectivofundamento na aproximação dos dois movimentos que notou-se apôs a
segunda guerra mundial.

Após a revolução Egípcia em 1952 onde o reino da altura considerou o Egipto como
centro do mundo Árabe, mundo muçulmano assim como da África, facto que levou o
Egipto a aliar-se na luta contra o Racismo e o imperialismo, intensificando a relação
entre os dois movimentos, Cairo tornou-se capital do nacionalismo africano, já que
constituía um terreno de preparação da revolução, contando com o apoio da República
Árabe unida.Segundo Mazrui e Wondji (2010:919) a rádio LeCaire, foi a primeira
internacional do nosso continente a difundir ideias revolucionárias; foi no solo egípcio
que os Árabes e Africanos beneficiaram-se de bolsas de estudo.Refere-se que a
nacionalização do Egipto constituiu uma espécie de proclamação dos direitos dos
Africanos, facto que obteve mais evidências quando o Egipto sofreu sobre uma invasão
Europeia e de Israel, sendo que a ordem internacional não esteve a favor. Para secundar-
se a ideia da aproximação dos dois movimentos durante a divisão que se assistiu da
união Africana durante a guerra da Argélia. Tal divisão foi resoluta de uma espécie de
amizade da França com Alguns países africanos, numa altura de luta contra o
colonialismo ocidental, ou seja, a França pretendia que a Argélia fosse uma extensão
francesa. Sendo que a Guerra da Argélia foi um instrumentodivisor da África, e só teve
fim com a proclamação da independência da Argélia em 1962, e a criação do OUA
(representante da união afro – árabe). Outro marco desta aproximação foi a guerra entre
Israel e os Árabes quando Israel refere a OUA por ocupar terras africanas, já que os
árabes apoiavam o regime racista da África do sul.
A Nigéria por sua vez constitui um elo de ligação entre os dois movimentos dado a
política petrolífera ao tornar-se membro organização da conferência islâmica (OCI) “a
religião (…) o petróleo tem frequentemente uma influência ambígua(…) às relações
humanas e internacionais” (MAZRUI&WONDJI, 2010:921). Podíamos presumir que
os Árabes tiveram o papel importante no enriquecimento da causa do movimento pan-
africanista.É importante dizer que esta cooperação passou de algum desdobramento
quando apesar da cooperação entre as duas partes “ o funcionamento das instituições
encontrou-se muito (…) paralisado pelos conflitos ocorridos no mundo Árabe (…)
atrasos administrativos provocaram irritação em ambas partes” (Ibidem, 2010: 923)
Esta relação obteve resultados positivos no que diz respeito a cultura, economia e
desenvolvimento humano para ambas partes.

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Conclusão
De forma conclusiva, nota-se portanto, que o Pan-Africanismo como um movimento,
trabalhou arduamente com vista a emancipação política de todos os africanos e a
unidade política dos Estados Africanos. Graças a actuação deste movimento, muitos
africanos tiveram a consciência despertada para a urgente necessidade de lutarem: a
favor de seus direitos, de serem tratados como seres humanos, de terem a sua própria
terra, e de alcançarem a liberdade contra os agressores imperialistas brancos, contra as
políticas coloniais que escravizavam os negros e contra a dominação e exploração.
Desta feita, o Pan-Africanismo contribuiu causando um espírito unânime de revolta
contra o sistema colonialista na África, e preparando os Africanos a unirem forças,
quebrando os limites fronteiriços em busca da libertação do colonialismo e do racismo.

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Bibliografia

BOAHEN, Albert (2010). História geral da África. África sob dominação colonial,
1880-1935. Brasília, UNESCO.

DOS SANTOS, Eduardo (1968). Pan-africanismo de ontem e de hoje. Lisboa,


MCMLXVIII.

MAZRUI, Ali & WONDJI, Christophe (2010). História geral da África. África desde
1935. Brasília, UNESCO.

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