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Rio de Janeiro
2017
KWAME NKRUMAH: Pan-africanismo e União africana.
Bacharelado em História
Claudio Pinheiro
Instituto de História
Rio de Janeiro
2017
FOLHA DE APROVAÇÃO
(titulação)
(titulação)
(titulação)
Rio de Janeiro
2017
Agradecimentos
Eu gostaria de agradecer:
Aos meus pais, Dalva Aparecida e Ivan Kloh, pelo apoio incondicional
por todos esses anos.
À minha querida irmã Francine, pois este trabalho não seria o mesmo
sem a sua ajuda. E eu não seria a mesma sem a sua amizade.
À minha avó Conceição, por sua perseverança e sabedoria.
Ao meu orientador, professor Claudio Pinheiro, por acreditar nesse
projeto e todo o apoio no tempo que trabalhamos juntos.
Aos professores e funcionários do Instituto de História da UFRJ.
Aos meus amigos, por fazer essa jornada mais divertida.
Resumo
Kwame Nkrumah was one of the greatest African independence leaders. One of
his biggest concerns, as a politician and intellectual, was to create the
conditions for a united Africa. That was expressed in his Pan-Africanist actions,
the creation of the Organizations for African Unity (OUA), and the conferences
he organized to discuss topics related to the continent as a whole(such as the
apartheid system in South Africa and the Congo crisis). Some of these
concerns and interests are exposed in “Africa must unite”, a book he published
in the same year as the creation of OUA, 1963.
This paper seeks to analyze the thought and political engagement of Nkrumah
related to the independences, the consolidation of institutions that fought for
Pan-Africanism and attempts to organize the non-aligned countries, in a tense
international context, pressured by the Cold War.
Introdução.................................................................7
Conclusão..................................................................47
Bibliografia e fontes...................................................51
7
Introdução
Suas políticas e suas ideias sobre como deveria se dar essa unificação
continental também serão exploradas nos capítulos seguintes, entretanto aqui
cabe explicar a seleção deste objeto e sua relevância para o momento atual.
Muitos intelectuais e políticos africanos poderiam ser escolhidos para análise
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neste trabalho, mas escolhi estudar Nkrumah por alguns motivos, como a
disponibilidade de fontes. Além disso, esta personagem é membro de um grupo
social novo, que passa por um processo de ocidentalização, principalmente
pela educação ocidental, e que posteriormente teve um papel de real
importância nas negociações de independência. No caso de Gana, a ação
política de Nkrumah obteve sucesso tanto com o governo britânico que acaba
cedendo e o coloca como primeiro ministro da Costa do Ouro em 1951, tanto
com o povo Ganense, em suas políticas de ação direta e mobilização de
massas (Ki-Zerbo 1991: 186-7).
São interessantes as comparações com outros lideres africanos de sua
época, como Julius Nyerere da Tanzânia. Apesar de Nyerere e Nkrumah
apresentarem projetos de “socialismo africano” a política internacional do
primeiro é mais moderada em relação à perspectiva unificadora de Nkrumah, o
que certamente influiu na percepção destes dois lideres africanos na mídia
internacional (Eckert 2011). Uma vez presidente Nkrumah atua como uma
liderança com ideias mais radicais que reforçando a necessidade de unir-se
política economicamente e manter-se não alinhados no contexto de Guerra Fria
para assim evitar os perigos do “neocolonialismo”. Este termo específica as
relações entre a África e as antigas metrópoles europeias, foi cunhado por
Nkrumah na década de 1960 e definido em um livro de mesmo nome publicado
em 1965.
Os escritos de Nkrumah
Capítulo 1
Educação e Imperialismo
1
Disponível em < http://www.oldachimotan.net/school/history >acesso em 30/10/2016.
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Disponível em < http://www.oldachimotan.net/school/history >acesso em 30/10/2016.
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Disponível em < http://www.oldachimotan.net/school/history >acesso em 30/10/2016.
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A força Pan-Africanista
You may shackle the hands of men; you may shackle the feet
of men; yes, you may even shackle and enslave the bodies of
men, but there is one thing which even the diabolical forces
of fascism and imperialism cannot do; they cannot enslave
forever, the minds of determined men. (Nkrumah 1943: 39)
Capítulo 2
De Costa do Ouro à Gana
Retornando a África
Em 1947 e aos 38 anos de idade, Nkrumah retorna a uma Costa do
Ouro graduado em ciências sociais, filosofia e pedagogia. Ele encontra a
região em grande efervescência e, ele retorna ao continente devido ao
convite, feito pelo diretor do partido político United Gold Cost Convention
(U.G.C.C.), J.B. Danquah, para ser secretário-geral do partido (Ki-Zerbo
1991: 183). Dr. Joseph Boakye Danquah foi uma figura política muito
importante para a independência de Gana, descendia de uma família da
aristocracia local, sendo formado em direito e filosofia, e um membro
fundador da UGCC. Era comum em vários muitos lugares da África que os
filhos dos lideres tradicionais tivessem uma trajetória educacional diferentes
da maioria do povo (M’Bokolo 2011: 183-4), e que também era recorrente
que estes primeiros partidos políticos fossem organizados por membros da
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CPP (M’Bokolo 2011: 617). Mas como um líder nacionalista que pregava o
“Autogoverno já” se torna primeiro ministro sob um regime colonial?
Com o final da guerra, antigas potências imperialistas começam
lentamente a mudar de opinião em relação aos custos de manutenção de
impérios ultramarinos tão vastos (Ki-Zerbo 1991; M’Bokolo 2011). Esse é o
caso do Império Britânico. Alguns motivos levam a isso, como a necessidade
de investir os recursos na reconstrução de suas cidades atingidas pela
guerra e a pressão estadunidense, muito importante para a Inglaterra no
momento em que estava tão dependente de financiamento norte-americano.
Soma-se a isso a crescente atividade política dos nacionalistas, que eram
cada vez mais dificilmente contidas (M’Bokolo 2011: 579).
É certo que isto foi um processo longo, não uma mudança drástica de
ação ou ideologia. M’Bokolo nos apresenta dois trechos de documentos
britânicos falando sobre a independência das coloniais. O trecho de 1947, de
uma conferência dos governadores africanos do império britânico mostra
maior resistência, afirmando que o continente africano ainda demoraria a ser
suficientemente amadurecido em sua política para se autogovernar, e
mesmo a Costa do Ouro, ainda deveria demorar mais uma geração. Já o
relatório de uma Comissão oficial (de 1954) tem o tom bastante diferente:
assume que a Costa do Ouro, país que já tinha antiga atividade política
organizada em moldes europeus em poucos anos ascenderia a sua
independência, e que isso geraria precedentes para outras colônias, em
relação a entrar na Commomwealth britânica ou não, designando máxima
importância na evolução das negociações da independência a atividade e
força dos grupos nacionalistas, assim sendo em certos casos seria melhor o
império ceder autonomia a colônia do que arriscar prejudicar suas relações
comerciais futuras com a região (M’Bokolo 2011: 580-1).
Vinte anos após a segunda guerra, o governo britânico começa a
pensar formas para garantir a independência de suas colônias que a
exigiam, sem perder o controle comercial. Portanto, áreas estratégicas
demorariam mais a conseguir sua independência. No caso da África
Ocidental, sua importância econômica não era tão significativa, portanto
foram as primeiras colônias britânicas na África subsaariana a serem
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Gana. Ao afirmar que o partido no poder era o mais popular entre o povo,
portanto representante dos interesses nacionais, ceder a oposição seria
quase como trair a confiança do povo que elegeu o CPP Nkrumah também
compara a situação de Gana recém-independente com o passado de outras
nações ocidentais, que não tiveram seus sistemas democráticos
estabelecidos em um dia, e ainda que:
Capítulo 3
Unificação africana
4
Discurso de Independência de Gana, 06/03/1957 tradução e grifos meus. Disponível em <
http://www.bbc.co.uk/worldservice/focusonafrica/news/story/2007/02/070129_ghana50_inde
pendence_speech.shtml > Acesso em 30/10/16
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Conferências Pan-Africanas
Diversas reuniões entre líderes africanos acontecem no continente no
decorrer dos anos 1960. E já no ano seguinte à independência de Gana,
1958, o novo governo organiza duas conferências em Acra, a primeira foi em
abril, a Conferência dos Estados Africanos Independentes, com delegações
de todos os países independentes na época, como o Egito, Libéria, Etiópia,
Sudão, Tunísia, Líbia e o país anfitrião Gana (Asante e Chanaiwa 2010: 875)
e a All-African People’s Conference (Conferência dos Povos Africanos) em
Dezembro do mesmo ano, que contou com a participação de líderes
sindicais e nacionalistas de países que ainda lutavam por sua independência
(Nkrumah 1963: 137).
Sobre a primeira conferencia de Estados independentes, apesar de
contar com delegações de apenas oito países se reuniu com objetivo de
discutir formas de garantir a segurança das independências já conquistadas,
as relações entre os Estados independentes, sua posição no contexto
internacional de guerra-fria, e formas de auxiliar na libertação do restante do
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Conclusão
Bibliografia
HOBSBAWM, Eric J. A Era dos Impérios. 13 ed. São Paulo – SP: Paz e Terra,
2011, 608 p.
M’BOKOLO, Elikia. África negra: história e civilizações. Tomo II. (Do século
XIX aos nossos dias). Tradução de Manuel Resende, revisada
academicamente por Daniela Moreau, Valdemir Zamparoni e Bruno Pessoti.
Salvador: EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2011, 754 p.
CROWDER, Michael. A África sob domínio britânico e belga. In: História geral
da África, VIII: África desde 1935 / editado por Ali A. Mazrui e Christophe
Wondji. – Brasília : UNESCO, 2010.
Fontes