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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

NOME: LORENA COELHO VIEIRA


PROFESSORA: TERESA CRISTINA ESMERALDO BEZERRA
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES

REFERÊNCIA: Extrato MARGULIS e URESTI. 2004*, La Juventud Es Más Que


Una Palabra. Argentina: Cogeime.* P. 01-13.

RESENHA DO TEXTO: "LA JUVENTUD ES MÁS QUE UMA PALABRA”

FORTALEZA – CEARA
2023
O trabalho tem como objetivo resenhar o texto “La Juventud Es Mas Que Uma
Palabra” de Mario Margulis e Marcelo Urresti, de modo a explicitar o seguinte aspecto:
Qual o risco de relativizar a juventude e sua categoria?
Vejo o texto de Margulis e Urresti como uma forma de resposta ao texto “A Juventude
É Apenas Uma Palavra”, de Bourdieu, onde o mesmo faz abordagens sobre o que é ser
jovem, como se definiu a palavra juventude, o por quê de falar em juventude e não em
juventudes... São muitas questões que nos acercam a partir das teorias de Pierre Bourdieu,
e o entrevistado pretendeu transpor essa oposição entre as relações indivíduo e sociedade,
subjetivismo e objetivismo, liberdade e determinismo, e ponderar o social.
Entretanto, para esses dois autores estudiosos da juventude e de suas práticas, seria
mais que uma palavra. O próprio título do texto resenhado hoje já apresenta um
contraponto a Bourdieu – “A juventude é mais que uma palavra” – onde Mario Margulis
e Marcelo Urresti propõem a superação de considerações sobre a juventude como mera
categorização por idade, com características uniformes, onde a condição histórico-
cultural de juventude não se oferece de igual forma para todos os integrantes da categoria
estatística jovem. Para eles, a discussão feita por Pierre Bourdieu leva à percepção da
juventude como “mero signo”, como “uma construção cultural desgarrada de outras
condições”. Assim, a noção, como definida por Bourdieu, é desvinculada de seus
condicionantes históricos e materiais.
Os dois autores reforçam a necessidade de atentar para o modo como a condição de
juventude manifesta-se de forma desigual conforme outros fatores, como classe social
e/ou gênero. Não se constitui, portanto, um conceito unívoco. Contudo, ressaltam que
assim como não se deve considerar apenas os critérios biológicos de idade para definir
juventude, não se pode também levar em conta apenas os critérios sociais. Para se pensar
as peculiaridades da juventude em relação às outras gerações e mesmo às especificidades
internas aos diversos modos de vivenciá-la, os dois autores trabalharam com as noções
de moratória social e moratória vital. A ideia de moratória, entendida como um período
de suspensão de obrigações e responsabilidades, é defendida como elemento importante
para permitir aos jovens fazer suas escolhas e experimentar o mundo. Segundo Margulis
e Urresti, a partir dos séculos XVIII E XIX a juventude, como uma etapa da vida, passou
a ser vista também como uma camada que detém certos privilégios. Apareceria, então,
um período, antes da maturidade biológica e social, marcado por uma maior
permissividade, configurando, dessa forma, a moratória social do qual desfrutam alguns
jovens privilegiados por pertencer a setores sociais mais favorecidos. Para os que têm tal
privilégio, o ingresso na vida adulta, com as exigências requeridas para a entrada na
maturidade social, é cada vez mais postergado pelo aumento do tempo de estudo. Dessa
forma, os jovens das camadas populares, devido, entre outras coisas, ao ingresso
prematuro no mercado de trabalho e à assunção de obrigações familiares em idade
reduzida, teriam sua moratória social diminuída e, por consequência, uma vivência
juvenil diversa da dos mais abastados.
Por outro lado, Margulis e Urresti apontam ainda a existência de uma moratória que
consideram complementar à social: a moratória vital. Um período da vida em que se
possui um excedente temporal, um crédito, algo que se tem economizado. Um elemento
que se tem a mais e do qual se pode dispor que os não jovens teriam mais reduzido: um
certo “capital temporal” ou “capital energético”. E sobre essa moratória também
aparecerão as diferenças sociais e culturais, de classe e/ou de gênero no modo de ser
jovem.
É por isso que esse fenômeno não pode ser generalizado, pois não é possível
apreender a ideia de juventude de forma isolada. É preciso, por um lado, como afirma
Bourdieu, pensá-la, ao mesmo tempo, em contraposição e em relação às outras faixas
etárias e gerações e, por outro, contextualizá-la socialmente. As juventudes, portanto,
apresentam elementos comuns e de diferenciação. Atentar para esses aspectos pode ser
crucial para discutir as políticas públicas voltadas para esse segmento e, talvez o principal,
problematizar as especificidades do papel da instituição escolar no mundo atual.

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