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Introdução

O trabalho que agora apresentamos tem como tema o pan-africanismo. A libertação da


África diante do colonialismo no século XX encontrou suas bases no referido
movimento que juntou diversos africanos do continente e da diáspora, assim sendo, é
difícil desmembrar os pan-africanistas da história ou filosofia africana.

Todos nossos caminhos de reflexão em torno da causa pan-africana, têm como ponto de
eclosão a seguinte questão: como é que o pan-africanismo reabilitou o verdadeiro
significado de ser negro (ou africano) no mundo?

O pan-africanismo inscreve-se na história Universal da luta pelos Direitos humanos já


que lutou contra Darwinismo social ou racial.

O pan-africanismo é capitão da moralidade porque para além preocupar-se pela união


Africana, reconstrui a dignidade e os valores dos negros.

Objectivo geral:

 Conhecer a génese, ramificação e desenvolvimento do movimento pan-africano


nas suas diferenciadas concepções de abordagem e comparação.

Objectivos específicos:

 Analisar o projecto pan-africano no que é inerente a integração política e


económica de África;
 Compreender os pontos fortes e desafios aquando a luta pela libertação do nosso
continente, assim como reflitir sobre a relação áfro-arabe .

Como recorda-nos Mazrui (2010:901), Nkrumah e restantes membros do pan-


africanismo, reuniram-se em conferências nas quais os dirigentes dos Estados na altura
independentes e dos movimentos de libertação puderam trocar ideias e discutir
estratégias eficientes para a busca a independência para toda África.

A elaboração do presente trabalho embasou-se na exploração de diversos manuais da


autoria de alguns pensadores que ocuparam-se em relatar a historicidade do pan-
africanismo, situando-o no tempo e no espaço.

É uma matéria que compreende os pontos-chave no que diz respeito ao pan-africanismo.


1.Contextualização histórica e conceito do pan-africanismo

Para falarmos do pan-africanismo, cumpri-nos rebuscar linhas históricas que conduzir-


nos-á a uma abordagem mais profunda sobre o seu significado, enquanto um
movimento histórico de capital importância para África. Com efeito, vale a pena
recordar que durante as duas guerras mundiais, a África resolveu-se perante o
imperialismo e sistema colonial em que estava mergulhada. Trata-se de um movimento
nacionalista que ocupou-se em livrar o continente de da dominação colonial,
dependência política, assim como pela rebusca da soberania, no solo africano. “ Maior
parte das colónias obrigava grupos nacionais e historicamente diferentes unidades
derivava… do facto de estarem submetidas a um senhor estrangeiro”
(BOAHEN;2010:658). Analisando a premissa supracitada, é possível recordar do
nacionalismo que imprimiu-se na história da Europa durante o século XIX, cuja base foi
a consciência a nação cultural e a organização da sua vida política como Estado ou seja,
um uma criação de estados nacionais. Em compreensão, é importante destacar que o
nacionalismo africano tomara critérios divergentes dos da Europa, a saber: “ o
nacionalismo africano não se deve ao sentimento unidade político-cultural (…),
representa antes, o esforço (…) para criar novas nacionalidades politicas e culturas a
partir de (…) fronteiras impostas pelo senhor europeu” ( Coleman, apud
BOAHEN;2010:658). É a partir desta diferença que os nossos nacionalistas foram
chamados de pan- africanistas, ou seja Wanasiasa em língua swahili.

Hoje o pan-africanismo é definido como uma doutrina que defende a unidade política de
toda a África, onde procura afirmar a construção do governo dos africanos por africanos
para os Africanos, sem menosprezar as minorias africanos que possam pretender viver
em África com a maioria negra.

Segundo Dos Santos (1968:7) o pan-africanismo resolveu-sub sob varias facetas: racial,
politica, sindical. Este movimento nasce fora de África como um movimento que
procura responder a uma discriminação que lhes foi sujeita, isto é, o sentimento de
pertença a mesma cor, o desejo de luta e a condição social juntou diversos africanos a
lutarem pelos valores do negro, até pela construção de um macro nacionalismo: Estados
unidos da África.
2.Pan-africanismo como força de integração

Para darmos avanço a está abordagem, é preciso recordamos que o pan- africanismo
enquanto um movimento político e cultural, objectiva regenerar e unificar a África, ou
seja, enquanto um movimento de força de integração procura unidade ou cooperação
política, cultural e económica do nosso continente. O pan- africanismo como
movimento de integração ganha força com a conquista de independência do Gana, com
Krumah já que é nesta fase que define seus objectivos, onde traduzira-se com luta Pela
“integração política, cultural e económica em níveis regional, continental, extra-
regional ” (MAZRUI;2010:875). Assim sendo, o destaque do trabalho de krumah é
incontornável, já que para além de ter sido pioneiro pragmático no programa da união
de Estados Africanos, organizou conferências em Estados independentes, que visavam a
eliminação barreiras aduaneiras, criação de um mercado comum, luta pela
independência dos países que ainda estavam em colonização, sendo estes elementos que
resumem-se na união da África, a segurança, revalorização da cultura africana e a
criação de uma estrutura comum de África.

Entre 1960 a 1964 o número de Estados africanos independentes cresçeu, facto que
prejudicou o programa integrativo do krumah, já que houve um divisão de em dois
blocos horizontalmente (pro-ocidental e pro-socialista) e verticalmente (revolucionários,
reacionistas, capitalistas, socialistas, tradicionalistas, moderados). “ em função da
derrubada de Krumah, o pan-africanismo , na qualidade de vector de integração,
perdeu o seu império durante a segunda metade dos anos 1960” ( MAZRUI;2010:
878 ). Passando o défice desta década, a na década 70, o pan-africanismo como forca de
integração renova a seu compromisso, alinhado a ideias de Krumah. Já que nos anos 60,
o foco era político, nos anos 1970 os países africanos conheceram os seus primeiros
passos no que diz respeito a desenvolver África, embora mergulhara-se numa
dependência internacional ocidental, mas traçou-se um plano de acção que visava
reduzir tal dependência. Foi neste contexto que surgiu o regionalismo, que consistiu no
aumento de trocas comercias e investimentos, ou seja, uma integração económica em
África, onde podemos dar destaque a seguintes organizações: SADCC, da UDEAC e da
CEAO.

DOS SANTOS, Eduardo (1968). Pan-africanismo de ontem e de hoje. Lisboa,


MCMLXVIII
Pan-africanismo e pan-arabismo

Enquanto por um lado encontramos o pan-africanismo, como sendo o movimento


nacionalista que solidariza-se com aspectos ligados a raça negra por outro lado entramos
o pan-arabismo, que por sua vez solidarizou-se com uma ceita religiosa islâmica. Trata-
se de movimento de dois movimentos que partilharam o mesmo campo de actuação,
precisamente na África do norte. “O pan-arabismo insistia na ideia de uma “nação
arabe” única. O pan-africanismo elaborava o conceito de uma ‘personalidade africana
unificada’” (MAZRUI;2010:917). A partir da ideia supracitada podemos chegar
consectário de que houve uma atracão e repulsão dos dois movimentos perante a
civilização Europeia, já que enquanto os pan-africanistas defendiam que o Egipto terá
civilizado a Grécia Antiga, o pan-arabistas reivindicam o mesmo no estatuto já que na
sua concepção a Europa teria sido objecto de civilização Árabe na idade média. Foi
nesse contexto que ressurgiu a literatura árabe, ou seja, a negritude como movimento
literário, funda-se nessa linha, factos que encontram o respectivo fundamento na
aproximação dois movimentos que notou-se apôs a segunda guerra mundial.
Após a revolução Egípcia em 1952 onde o reino da altura considerou o Egipto como
centro do mundo Árabe, mundo muçulmano assim como da África, facto que levou o
Egipto a aliar-se na luta contra o Racismo e o imperialismo, assim intensificando a
relação entre os dois movimentos, e o Cairo tornou-se capital do nacionalismo africano,
já que constituía um terreno de preparação da revolução e contando com o apoio da
República Árabe unida.
Segundo Mazrui ( 2010: 919 ) a rádio Le Caire, foi a primeira internacional do nosso
continente e difundir ideias revolucionárias; foi no solo egicio que os Arabes e
Africanos beneficiaram-se de bolsas de estudo.
Refere-se que a nacionalização do Egipto constituiu uma espécie de proclamação dos
direitos dos Africanos, facto obteve mais evidencia quando o Egipto sobre uma invasão
Europeias e do Israel, sendo que a ordem internacional não esteve a favor. Para
secundar-se a ideia a aproximação dos dois movimentos durante a divisão que se
assistiu da união Africana durante a guerra da Argélia. Tal divisão foi resoluta de uma
espécie de amizade da França com Alguns países africanos, numa altura de luta contra o
colonialismo ocidental, ou seja, a Franca pretendia que a Argélia fosse uma extensão
francesa. Sendo que a Guerra da Argélia, um instrumento um divisor da África teve fim
com proclamação da independência da Argélia em 1962, e a criação do OUA
(representante da união afro – árabe). Outro marco desta aproximação foi a guerra entre
Israel e os Árabes quando o Israel refere o OUA por ocupar terras africanas, já que os
árabes apoiavam o regime racista da África do sul. A Nigéria por sua vez constitui um
elo de ligacao entre os dois movimentos dado a politica petrolífera quando ao tornar-se
membro organização da conferência islâmica (OCI) “a religião (…) o petróleo tem
frequentemente uma influência ambígua (…) às relações humanas e internacionais”
(MAZRUI; 2010: 921), podíamos presumir que os Árabes tiveram o papel importante
no enriquecimento da causa do movimento pan-africanista.
É importante dizer que esta cooperação passou de algum desdobramento quando apesar
da cooperação entre as duas partes “ o funcionamento das instituições encontrou-se
muito (…) paralisado pelos conflitos ocorridos no mundo Árabe (…) atrasos
administrativos provocaram irritação em ambas partes” (MAZRUI;2010: 923) Esta
relação obteve resultados positivos no que diz respeito a cultura, economia e
desenvolvimento humano para ambas partes.

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