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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Contributo da Negritude e Pan-Africano para as Independências de Expressão


Português

Macadala António Júlio: Código do estudante: 708192048

Curso: Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa.


Disciplina: literaturas africanas de língua portuguesa.
Ano de Frequência: 4° ano.
Regime Ensino á distância.

Gurúe, Maio 2022

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distancia

Contributo da Negritude e Pan-Africano para as Independências de Expressão


Português

Macadala Júlio:
Código do Estudante: 708192048

Docente
Padre Nicau

Trabalho da cadeira de Literatura Africana de Expressão


Portuguesa, dirigido ao Instituto de Educação a Distancia,
para fins avaliativos, em relação a actividade executada na
1ª tutoria.

Licenciatura em Ensino de Português.


Disciplina: Literatura Africana de Expressão
Portuguesa.
Ano de Frequência: 4º Ano.

Gurúe, Maio de 2022

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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuaçã Nota do Subtotal
o máxima tutor
Estrutura Aspectos Capa 0,5
organizaciona Índice 0,5
is Introdução 0,5
Desenvolvimento 0,5
Conclusão 0,5
Bibliográfica 0,5
Introdução Contextualização 1.0
(indicação clara
do problema)
1.0
Metodologia 2.0
adequado ao
Conteúdo objecto do
trabalho
Análise e Articulação e 2.0
discussão domínio do
discurso
Revisão das 2.0
bibliografias
relevantes
Exploração de 2.0
dados
Conclusão Contribuição 2.0
teóricos práticos
Aspectos Formatação Paginação, tipo e 1.0
gerais tamanho de letra,
parágrafos,
espaçamento
entre linhas
Referencias Normas APA Rigor e coerência 4.0
Bibliográfic 6ª edição em das citações ou
as citação e referências
bibliográfico bibliográficas

0
Folha para recomendações de melhoria: A ser Preenchida pelo tutor

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Índice

Introdução..........................................................................................................................3

1. Literatura Africana de Expressão Português.................................................................4

1.1.Contextualização.........................................................................................................4

1.2.Contributo da Negritude e Pan Africano.....................................................................5

1.3.Contributo da Negritude e PanAfricano para as Independências de Expressão


Portugues...........................................................................................................................6

1.4. Negritude para independência Africanas de Expressão português.............................6

1.5. Pan Africanismo para independência Africanas de Expressão português..................7

Conclusão..........................................................................................................................8

Referência bibliográfica....................................................................................................9

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Introdução

O presente trabalho tem como foco principal a literatura africana de expressão


portuguesa que nasce de uma situação histórica originada no século XV, época em que
os portugueses (cronistas, poetas, escritores de viagens, homens de ciências e das
grandes literaturas europeias).
Na minha compreensão de literatura africana, aplicada neste trabalho, se refere à
literatura escrita em língua oficial portuguesa, cujos autores sejam africanos de
nascimento ou estrangeiros que tenham adoptado algum país do continente africano
como sua pátria e esteja alinhado com as posturas críticas em relação ao imperialismo.
Essas literaturas sempre estiveram antenadas com os movimentos políticos, sociais, de
resistência e solidariedade ao povo negro, como o pan-africanismo e a negritude, já que
estes também trazem em seus pensamentos a iniciativa de valoração do passado e a
mitificação do continente.

Assim sendo este trabalho tem como os seguintes objectivos:


Objectivo geral
 Analisar as abordagens em torno, ao contributo da negritude e Pan Africanismo
para independência Africanas de Expressão português.

Objectivos específicos
 Descrever ao contributo da negritude para independência Africanas de
Expressão português;
 Identificar aspectos inerente na literatura e Pan Africanismo para independência
Africanas de Expressão português
 Demonstrar ao contributo da Literatura nos movimentos de negritude e Pan
Africanismo para independência Africanas de Expressão português.
Quanto a metodologia usada para elaboração deste trabalho foi necessária a consulta de
obras bibliográficas e pesquisas feitas na internet, que consistiu na leitura e
interpretação dos dados para compilação da informação para o trabalho.
O trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução onde contém o tema do trabalho,
objectivos do trabalho, metodologias, em seguida vem o desenvolvimento onde vêm
abordados os conteúdos essenciais do tema em estudo, a conclusão que contem a síntese
em relação ao tema e por fim a referência bibliográfica onde constam as obras usadas
para a elaboração do trabalho.

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1. Literatura Africana de Expressão Português
De acordo com Abdala (1989) a literatura africana em língua portuguesa teve uma
importância muito grande na construção cultural e histórica das ex-colónias portuguesas
na África. Utilizando a linguagem dos colonizadores, os escritores de maneira criativa e
inovadora, construíram nas últimas décadas uma tradição literária que se evidencia de
forma própria em cada nação (p.181).
Os autores africanos conseguiram passar em suas obras a forma de pensar de seu povo,
sua cultura, sua terra e, principalmente, expressar de forma clara seus sentimentos e
emoções. Os escritores procuraram afastar os horrores vividos pelo povo no período
colonial e, também, na época das guerras (Idem).

Entretanto, Uma das maiores lições que os autores deixaram em seus livros, foi o
pensamento de que a África negra não pode, nem deve ser considerado um estorvo para
o mundo, deve-se pensar nela como um pequeno desafio não somente na parte literária,
mas, em toda forma de expressão humana, busca-se contribuir com a África de forma
honesta e levar esperança ao seu povo.
De acordo com Fanon, (2005), percebe-se que a literatura africana encantou o mundo,
com seus grandes autores expressando de maneira natural seus sonhos e anseios para
com sua terra. Contudo, a literatura africana em língua portuguesa passou por diversas
etapas para construir sua identidade cultural. As manifestações artísticas e culturais que
antes eram oprimidas pelos governos tiranos, hoje são mostradas ao mundo e tornaram-
se muito interessantes. (P.245).

1.1. Contextualização
Silva, (1996) sustenta que:
A literatura africana de expressão portuguesa incorpora e transmite esses ideais. Ela
passa a ser uma bandeira, um estandarte onde a ideologia da libertação é pintada em
cores fortes e intensas, as ideias da pátria livre e nação autónoma confundem-se com a
própria arte. O escritor é quem porta, transmite os desejos da sociedade a sua
mensagem é um brado de denúncia contra a opressão, Tecto de Silêncio do poeta
guineense António Soares Lopes é um grito contra a violência do opressor.
(p.69).
Chaves, (2000) As literaturas de Moçambique, Angola, Guiné Bissau, Cabo-Verde e
São Tomé e Príncipe se deparam constantemente com a questão da legitimidade. O
problema se torna mais contundente quando se questiona o fato dessas literaturas serem
escritas na língua do colonizador, essa “colagem”, faz com que a produção literária
africana seja encarada como uma espécie de produto neocolonial. p. 248)

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Na óptica de Ferreira (1987) nessa medida, “As literaturas africanas de expressão de
língua portuguesa nascem como uma recusa à literatura e ao pensamento colonial.
Tornam-se um espaço de negação, protesto e reivindicação”. “A intenção é reescrever
sua história, que não será concebida como um simples anexo da história ocidental”
(p.185).

Sendo assim, No discurso literário, o nacionalismo foi a antecipação da nacionalidade,


modo específico de a escrita se naturalizar como própria de uma Nação-Estado em
germinação. A consciência nacional, no discurso literário, atravessou, assim, diversos
estádios de evolução, desde meados do século XIX até à actualidade. A intenção é
mostrar como a história é construída dentro da literatura e como esta funciona como
objecto historiográfico, usando e se inspirando em três factores: Primeiramente,
oralidades tradição oral: ao recorrer a esses elementos presentes nas literaturas
africanas, o escritor busca inspiração nas coisas de sua terra, mas também procura pelas
memórias do que se passou.
Na visão de Chaves (2000), A história sai da memória dos indivíduos e corporifica-se
nas páginas literárias. Em segundo, o passado: o desejo de Buscar o passado reflecte
basicamente duas intencionalidades: desconstruir os argumentos do colonizador,
“comprovando” a historicidade dos povos e a grandeza dos reinos africanos de outrora;
e encontrar um referencial próprio que inspirasse a nação que estava sendo construída,
demonstrando que as glórias do passado poderiam ser ainda maiores no futuro. (p. 248)

1.2. Negritude e Pan Africano


De acordo com Abdala (1989):
Essas literaturas sempre estiveram antenadas com os movimentos políticos, sociais, de
resistência e solidariedade ao povo negro, como o pan-africanismo e a negritude, já que
estes também trazem em seus pensamentos a iniciativa de valoração do passado e a
mitificação do continente. Essas formas de manifestação são guiadas por uma noção de
irmandade simbólica, que visava o combate ao racismo, a luta pela liberdade e a
positivação do negro (p.181).

Essas mobilizações que se efectivaram no âmbito político e académico, repercutiram e


influenciaram ideologicamente na criação de grupos culturais, revistas, grémios,
sindicatos e, principalmente, nas políticas de luta pelas independências. As literaturas
tomadas como objecto neste trabalho, também tiveram esses ideais reflectidos em suas
produções, principalmente os da negritude.

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1.3. O Contributo da Negritude e Pan Africano para as Independências de
Expressão Portuguesa
Na óptica de Ferreira (1987) Negritude e Pan Africano e as literaturas africanas de
expressão de língua português desempenharam um papel muito importante na luta pela
independência e na projecção de uma nação. Foram protagonistas de uma guerra que foi
também ideológica. Hoje, a luta é para se libertar da perifericidade e do status de
subliteratura a que foram reduzidas dentro de um espaço intelectual que toma a
literatura ocidental como referência.
Essas narrativas, muitas vezes, foram julgadas inferiores devido à simplicidade de sua
escrita (principalmente a poesia de combate) e à relação directa dessa escrita com a
política vigente. Além disso, segundo alguns críticos, a produção elaborada nesses
“espaços geográficos” não pode ser encarada como nacional, já que há uma
inviabilidade de se definir o que seria “nacional” numa população composta por etnias
díspares, cuja fronteira territorial é resultado de uma divisão artificial.

1.4. Negritude para independência Africanas de Expressão português


Na concepção Mata (1998) “a negritude é considerada um dos mais importantes
movimentos poético cultural e político-social de crítica ao colonialismo e ao racismo,
foi um dos principais instrumentos ideológicos nas lutas de libertação nacional na
África” (p.263).
Tinha entre seus objectivos:
 A conscientização e reivindicação dos direitos civis dos negros;
 A reversão do sentido pejorativo de elementos que eram associados ao mundo
negro;
 A construção de uma nova identidade baseada no critério racial fosse ostentada
com orgulho.
Assim, negritude, por sua vez, é um discurso do homem negro universal, introduz no
discurso literário uma consciência racial que supera diferenças de classe e etnia para
expor a condição do sujeito explorado e alienado no decurso da história.
Segundo Laranjeira (2001):
O discurso da Negritude constitui, portanto, a emergência estética da ampla doutrina da
africanidade e da ideologia pan-africanista, contributo inestimável para o fazer literário
segundo uma concepção autonomista que, embora aceitando naturalmente os
contributos culturais variados (políticos, ideológicos, científicos, étnicos, populares,
eruditos, etc.), incluindo os europeus, se atém a princípios autonomistas, africanos,

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anticolonialistas, recusando a submissão aos padrões impostos pelas potências
dominantes (p.53).

1.5. Pan Africanismo para independência Africanas de Expressão português


Segundo Leite, (2005) os movimentos políticos, sociais, de resistência e solidariedade
ao povo negro, como o pan-africanismo, essas literaturas a partir de uma perspectiva
histórica é reconhecer o importante papel exercido por elas na construção, ainda que
inacabada, da ideia de nação (p.60).
Podemos delimitar duas posturas diferentes frente à questão nacional no pre-
independência, quando a literatura era realizada como um instrumento político de
combate ao colonialismo, auto firmação, cuja preocupação naquele momento era
derrotar o inimigo colonial. Pós-independência, quando houve uma modificação de
perspectiva no que tange ao aspecto político-instrumental de que a literatura servia à
revolução.
Na concepção Mata (1998) afirma que:
A literatura é uma componente central da identidade cultural de todos os estados nação,
apesar de evidentemente ser muito mais do que isso. Nessa perspectiva, a moderna
literatura é melhor entendida historicamente como uma das mais importantes formas de
produção cultural, através das quais um estado-nação pode ser identificado (p.263).

Mesmo após os processos de independência, as literaturas moçambicana, angolana, são-


tome e, cabo-verdiano e Guineense, continuam sendo um palco de reflexão sobre a
realidade dos recentes estados nacionais. Ocorre apenas uma mudança de perspectiva
dos autores, o foco não é mais um discurso ufanista de oposição ao regime colonial,
agora, de acordo com Salgado (2004) “os escritores pós-coloniais buscam novos
caminhos e experiências ficcionais, continuam ligados ao fenómeno colonial, mas
voltam-se para questões que aflige as sociedades no presente”.
Portanto, a identidade cultural dos países colonizados mostra-se por uma luta que não se
esgota na independência política.
Na óptica de Ferreira (1987) a literatura africana em língua portuguesa nasceu através
de vozes que se uniram pelo mesmo ideal, elas transmitiram as atrocidades sofridas pelo
seu povo, o seu sonho de liberdade e de luta pela independência. Suas belezas e riquezas
foram descritas em prosas e versos que ultrapassaram as fronteiras do continente e
ajudou a escrever toda a sua história.
As literaturas foram e são locais de protestos, representação de sentimentos e ideias,
permanecem empenhada e vigilante no seu dever de pensar em uma África melhor. Sua
missão é desmontar as estranhezas e ideias de uma cultura genuinamente africana.

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Conclusão

As literaturas africanas de língua portuguesa foram instrumentos de busca de afirmação


identitária, de denúncia de exclusão causada pelo sistema colonial. Cada uma a sua
maneira, buscou uma forma de abordar a relação tensa entre colonizador x colonizado:
em Cabo Verde buscava-se, a partir da pressão que o colonialismo acarretava, afirmar a
identidade do país, através da valorização das especificidades locais e do modo de vida
do cabo-verdiano; a literatura de Guiné-Bissau abordava a pobreza, responsabilizando a
colonização portuguesa, marcando a etnicidade, a oralidade (crioulo) e a influência do
PAIGC; em São Tomé e Príncipe, a mestiçagem é muito questionada, marcando ainda a
tensão anticolonial; o projecto literário em Angola foi a luta armada (guerrilha),
literalmente; em Moçambique, a oralidade é a marca do projecto literário.

É necessário frisar que este tipo de literatura, chamada literatura africana de expressão
portuguesa, ganha uma nova especialização, tomando a designação de literatura de raiz
africana. Esta literatura teve a sua origem através do confronto, da rebelião literária,
linguística e ideológica, da tomada de consciência revolucionária a partir da década de
40 (século XIX). Importa referir que era uma literatura dirigida particularmente aos
africanos e escrita em línguas locais em mistura com o "português", pois o propósito era
tornar a escrita inacessível aos europeus, isto é, não permitir ao homem branco
descodificar as suas mensagens.

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Referência bibliográfica

Chaves, R. (2005). Angola e Moçambique Experiência Colonial e Territórios


Literários. São Paulo: Ateliê Editorial.

Fanom, F. (2005). Os Condenados da Terra. Juiz de Fora: UFJF.

Ferreira, M. (1987). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. São Paulo: Ática.

Laranjeira, P. (2001). Mia Couto e as literaturas africanas de língua portuguesa.


Revista de Filologia Românica. Anejos.

Leite, A. M. (1998). Empréstimos da Oralidade na Produção e Crítica Literárias


Africanas. IN Oralidades & Escritas nas Literaturas Africanas. Lisboa: Edições
Colibri.

Mata, I. (1998). A Alquimia da Língua Portuguesa nos Portos da Expansão em


Moçambique, com Mia Couto. Scripta. Belo Horizonte, v.1.

Salgado, Maria Teresa. (2004). Um olhar em Direcção à Narrativa Moçambicana.


Scripta, Belo Horizonte, v.8.

Silva, Manoel de Souza. (1996). Do Alheio ao Próprio: A Poesia em Moçambique. São


Paulo: Edusp.

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