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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

CENTRO DE RECURSO DE PEMBA

Tema do trabalho

Precursores das literaturas Africanas no Domínio Poético

Nome: Nankite Manuel Nankite

Código: 708203480

Curso de Licenciatura em: Língua Portuguesa

Disciplina: Literaturas Africanas em Língua Portuguesa II

Ano de Frequência: 4º Ano

Pemba, Abril de 2023


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problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
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adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
académico
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Conteúdo (expressão escrita
cuidada,
coerência / coesão
Análise e textual)
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas  Rigor e coerência
Referências APA 6ª edição das
4.0
Bibliográficas em citações e citações/referência
bibliografia s bibliográficas

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Índice:
.................................................................................................................................................3
Introdução:...............................................................................................................................4
Precursores das literaturas africanas no dominio......................................................................5
A África e sua História de Colonização....................................................................................6
Literatura de Autoafirmação, Resistência e Consolidação da Identidade Negra.......................7
Caminhos históricos.................................................................................................................8
Considerações finais.................................................................................................................9
Referências

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Introdução:
Um belo continente que sempre atraiu o olhar do homem por causa de seus atributos,
segredos e belezas inconfundíveis. A África pode ser vista como um local cheio de
belezas naturais, que sempre oferece um enorme campo para a consumação de
realizações incríveis. Muitos idiomas são falados no Continente Africano, destacando-
se: o francês, inglês e o português.

As literaturas africanas podem ser consideradas recém-chegadas, pois os países que


foram colonizados por Portugal receberam sua independência no final do século XX.
No período de colonização, existiu a criação de textos literários nas colônias, entretanto
os textos eram conforme o ponto de vista do colonizador português.

Com o passar dos tempos, os escritores perceberam que deveriam escrever a partir das
perspectivas locais, com isso seus textos começaram a serem entendidos como os de
Cabo-Verde, Moçambique e Angola. A África é um país continental onde existem
várias culturas e, muitas destas culturas, são desconhecidas no Brasil, apesar de existir
inúmeras igualdades.

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Precursores das literaturas africanas no dominio
A literatura africana é o reflexo da vida social do povo, ela é ligada aos processos de
modernização e urbanização; e pode criar novas formas e estilos.  Por consequência do
processo de colonização, a literatura parece ter adquirido um posicionamento especial
na antropologia, criando etnografias sobre como seria o continente e seus habitantes. Tal
processo é diretamente próximo à ocupação colonial.

Elísio Macamo elaborou uma classificação do conhecimento sobre a literatura africana


que são: conhecimento tradicional, africano e colonial (MACAMO, 2002). Nessa
conformidade, desprezando a ideia de cronologia pode-se pensar que a tradição oral
seria uma forma de literatura tradicional, e está presente em todas as culturas africanas,
baseando-se nas relações que são o repertorio histórico pertencente à comunidade, ao
grupo e à sociedade.

A literatura colonial seria aquela elaborada por uma produção de textos de origem
etnográfica, biográfica escrita pelos missionários. Os missionários, também, seriam
reguladores de línguas nativas, agora domesticada em gramáticas, dicionários, etc.
(COUTO, 2009; MENDONÇA, 1999). Francisco Noa, em sua análise sobre literatura
colonial, relata que existe uma literatura produzida a respeito da África a partir de um
“olhar externo”, em constante renovação (NOA, 1999).

Conforme Deize Bebiano (2000), o conhecimento africano era passado por intermédio
da literatura oral. Essa forma sofria muito preconceito, contudo, no decorrer do tempo,
conseguiu ter reconhecimento nos veículos culturais. Até hoje, a oralidade e o som
influenciam a literatura africana conforme as palavras de Pires Laranjeira (1992):

[...] Faz-se por esquecer que a África é ainda um continente da


oralidade e do som, mas do que da escrita ou da imagem, e que
privilegiar, portanto, a literatura escrita é, no mínimo,
postergar as outras formas de criação literária par terreno da
inferioridade discriminatória, da subserviência artesanal, o que
permitiria avaliar os discursos críticos, quer dos próprios países
dessas criações, que dos exógenos, como autênticos baluartes
de metalinguagens demagógicas ou de imprecisas
hermenêuticas reducionistas [...], (LARANJEIRA, 1992, p.36).

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As literaturas africanas escritas em língua portuguesa coincidem na flexibilidade das
narrativas, fazendo, assim, conviver o antigo com o novo; a escrita com a oralidade; em
um discurso mesclado. Também promove uma escrita dinâmica mestiça resultado dos
diálogos entre as formas de textualidade das línguas européias escritas e formas de
textualidade das línguas nativas. 

A literatura africana é uma literatura de luta e conflito, ela discute de forma ambígua
com a tradição, a literatura colonial e com seu tempo. Ela é uma literatura de
características modernas, no sentido de ser aquela que surge da possibilidade de um
conjunto de mudanças, que evidencia um número de conflitos e contradições
(HAMILTON, 1999: AUGEL, 2007).

A África e sua História de Colonização


A narrativa do português, na África, está diretamente associada com a sequência de
colonização portuguesa no continente, a ocupação dos portugueses no continente
aconteceu em Ceuta por volta do ano de 1415. Com dimensões enormes e riquezas
incalculáveis, o explorador preferiu a exploração do tráfico negreiro, e esta atividade
rendeu muitos lucros para a Coroa.

No período da segunda metade do século XV, os portugueses criaram feitorias nos


portos do litoral oeste africano. As feitorias foram importantes para o abastecimento das
caravelas que navegavam em direção as Índias e, depois, para o embarque das pessoas
que foram escravizadas e seriam enviadas para a América. A mão de obra barata e
escrava eram designadas para os engenhos de açúcar instalados na América Portuguesa,
Ilha da Madeira em São Tomé.

O português efetivou-se, fortemente, como língua falada em Moçambique e Angola, nos


outros países africanos, o português é usado no dia a dia juntamente com as outras
línguas nacionais ou crioulos de origem portuguesa. O português falado nestes países
africanos foi ficando distante daquele falado na Europa, por causa da influência das
línguas locais.

A língua portuguesa é o idioma oficial de cinco países africanos são eles: Angola,
Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné Equatorial

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(adotou o idioma português recentemente). O português tornou-se o idioma utilizado no
ensino, na imprensa, na administração e nas relações internacionais destes países.

Os PALOP (Países Africanos de Língua Portuguesa) se uniram e firmaram vários


protocolos de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento em áreas como
educação, economia, cultura, preservação da língua portuguesa e diplomacia. Por causa
das guerras civis em Angola e Moçambique refugiados migraram para países vizinhos
momo África do Sul, Zâmbia, República Democrática do Congo e Namíbia.

Literatura de Autoafirmação, Resistência e Consolidação da Identidade Negra


A idealização de diversos movimentos de resistência contra a ocupação da África pelos
europeus, bem como a luta pelos direitos negros contra o racismo fora e dentro da
África, em que inspirou o desenvolvimento de uma literatura comprometida e militante
na primeira metade do século XX.

Nos Estados Unidos e no Haiti, surgiu um movimento chamado Pan-Africanismo de


grupos afrodescendentes que lutavam em prol da criação e afirmação de um passado
para a etnia negra. Os integrantes do movimento buscavam valorização na sociedade e
opunham-se às práticas de interiorização dos africanos e das pessoas afrodescendentes
que moravam no Ocidente. (SANTOS, 2010, p.1).

Escritores Africanos e Suas Obras Literárias

Ao mesmo tempo em que lutavam por liberdade, os autores de obras literárias começam
a aparecer e a espalhar seus ideais através de seus livros e tentar mudar os pensamentos
de seu povo através da literatura e da cultura. Os autores buscam suas inspirações
literárias na terra, nos conflitos regionais e nas belezas naturais da região.

Como o continente africano é de dimensões continentais e não seria possível relatar


neste artigo todos os autores e suas obras, mas será mostrado alguns de maior
repercussão.

 Wole Soyinka: nascido na Nigéria escreveu obras como: O Leão e a Joia; A Quality
of Violence; The Swamp Dewllers; A Dance in the Forests; The Road; King Baabu.

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 Antônio Agostinho Neto: nascido na Angola, escreveu obras como: Quatro Poemas
de Agostinho Neto; Póvoa do Varzim; Casa dos Estudantes do Império; Sagrada
Esperança; Sá da Costa; A Renúncia Impossível; Luanda.
 Nadine Gordimer: nascida na África do Sul escreveu obras como: A Arma da
Casa; The Lying Days; A World of Strangers; Face to Face; A Soldier´s Embrace;
Loot.
 Naguib Mahfuz: nascido no Egito escreveu, obras como: Miramar; Trilogia do
Cairo; A Taberna do Gato Preto; Os filhos do Nosso Bairro; Noites das Mil e Uma
Noites.
 Mia Couto: nascida em Moçambique, escreveu obras como: Antes de Nascer o
Mundo; Vozes Anoitecidas; Estórias Abensonhadas; O Fio das Missangas; Terra
Sonambula; O Gato e o Escuro; A Confissão da Leoa.
 José Eduardo Agualusa: nascido em Angola, escreveu obras como: A Conjura; A
Feira dos Assombrados; Estação das Chuvas; Nação Crioula; Um Estranho em Goa;
O vendedor de Passados; Teoria Geral do Esquecimento.
 José Luandino Vieira:  nascido em Angola, escreveu obras como: A Cidade e a
Infância; Luanda; A vida Verdadeira de Domingos Xavier; Nosso Musseque; O
Livro dos Rios;
 Paulina Chiziane: nascida em Moçambique, escreveu obras como: Niketche; Uma
História de Poligamia; Balada de Amor ao Vento; O Alegre Canto de Perdiz; Na
Mao de Deus;
 Artur Carlos Mauricio Pestana dos Santos (Pepetela) nascido em Angola,
escreveu obras como: O Planalto e a Estepe; As Aventuras de Ngunga; O Cão e os
Caluandas; Geração de Utopias; Mayombe;

Caminhos históricos
A ligação entre portugueses e africanos foi pactuada no século XV, as relações eram
pelas feitorias de captura de escravos que eram destinados às economias de plantations
na América em principal o Brasil. Com o término do tráfico e a independência
brasileira, os colonizadores começam a pensar na necessidade de criar um novo império.

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Considerações finais:
A literatura africana em língua portuguesa teve uma importância muito grande na
construção cultural e histórica das ex-colônias portuguesas na África. Utilizando a
linguagem dos colonizadores, os escritores de maneira criativa e inovadora, construíram
nas últimas décadas uma tradição literária que se evidencia de forma própria em cada
nação.

Os autores africanos conseguiram passar em suas obras a forma de pensar de seu povo,
sua cultura, sua terra e, principalmente, expressar de forma clara seus sentimentos e
emoções. Os escritores procuraram afastar os horrores vividos pelo povo no período
colonial e, também, na época das guerras.

Uma das maiores lições que os autores deixaram em seus livros, foi o pensamento de
que a África negra não pode, nem deve ser considerado um estorvo para o mundo, deve-
se pensar nela como um pequeno desafio não somente na parte literária, mas, em toda
forma de expressão humana, busca-se contribuir com a África de forma honesta e levar
esperança ao seu povo.

Com o poder da educação e argumentação pode-se lutar por mudanças e conseguir ter
um mundo melhor. No momento atual, percebe-se que a literatura africana encantou o
mundo, com seus grandes autores expressando de maneira natural seus sonhos e anseios
para com sua terra.

A literatura africana em língua portuguesa passou por diversas etapas para construir sua
identidade cultural. As manifestações artísticas e culturais que antes eram oprimidas
pelos governos tiranos, hoje são mostradas ao mundo e tornaram-se muito interessantes.

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Referências:
AUGEL, M. (2007). O Desafio do Escombro: Nação, identidades e pós-colonialismo na
literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Garamond.

COUTO, M. (2009a). A última antena do último insecto - vida e obra de Henri Junod.
In E se Obama Fosse Africano? E Outras Interinvenções (pp. 155-171). Lisboa:
Caminho.

HAMILTON, R. G. (1999). A literatura dos PALOP e a Teoria Pós-colonial. Via


Atlântica, 3, pp. 13-22.

LARANJEIRA, Pires. De letra em riste: identidade, autonomia e outras questões nas


literaturas de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Porto:
afrontamento, 1992.

LARANJEIRA, PIRES. Mia Couto e as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa.


Revista de Filologia Românica. Anejos, 185-205, 2001.

MACAMO, E. (2002). A Constituição de Uma Sociologia das Sociedades


Africanas. Estudos Moçambicanos, 19, pp. 5-26.

MENDONÇA, F. (1999). Identidade(s) Literária(s) e Cânone: biografia e


autobiografias. Estudos Moçambicanos, 16, pp. 105-117.

NOA, F. (1999). Literatura Colonial em Moçambique: o paradigma submerso. Via


Atlântica, 3, pp. 59-68.

SANTOS, Donizth Aparecido dos. Ressonâncias dos movimentos culturais negros na


poesia de Oliveira Silveira. Espéculo: Revista de Estúdios Literários. Madrid, n. 44,
mar./jun. 2010. Disponível em: Acesso em: 10 set. 2019.

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