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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Semiose literária: sitema, código e texto literário

Nome do estudante: Haissa Atanásio Nhambire


Código do estudante: 708226791

Licenciatura Ensino de Português


Introdução aos Estudos Literários
1º Ano

Maputo, Junho de 2022


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cuidada, coerência /
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Conclusão 2.0
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gerais
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Bibliográficas Bibliográficas
bibliográficas
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Índice

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1. Introdução..................................................................................................................5

2. Texto Literário...........................................................................................................6

3. Semiótica Greimasiana...............................................................................................6

3.1. Semiótica Discursiva ……………………………………………………………6

4. Conceito de sistema semiótico literário.....................................................................7

5. Sistemas Modelizantes...............................................................................................7

5.1. Sistema semiótico literário como sistema modelizante ……………………………9

6. Conceito de código literário.......................................................................................9

6.1. Código literário como policódigo ………………………………………….10

7. Conclusão.................................................................................................................12

8. Referências Bibliográficas.......................................................................................13

1. Introdução

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A literatura é uma parte muito significativa do patrimônio cultural da humanidade, que precisa
ser recuperada e preservada, pois é uma das formas de manutenção da identidade de uma nação.
Utilizando como suporte a língua nacional, ela não só veicula a tradição consagrada como
estabelece os vínculos com o que ainda não ocorreu. É a característica dialógica dessa
arteretrospectiva na medida em que promove a manutenção da tradição (Paulino; Cosson, 2004).
O texto literário tem uma dimensão estética, plurissignificativa e de intenso dinamismo, que
possibilita a criação de novas relações de sentido. É, portanto, um espaço relevante de reflexão
sobre a realidade Barros (2012).

A semiótica na Literatura permite a compreensão dos signos verbais e dos signos não verbais,
compondo toda a significação capaz de conceber a valorização temática figurativa na prosa e
poesia literária. É de suma importância o uso da semiótica na Literatura, pois ajuda a
compreender que a expressão literária como um discurso e a relação deste com o mundo. O
estudo da semiótica permite a interação entre os textos literários, arte, música, entre outros
(Mendes, 2016).

É importante realçar que a metodologia do trabalho é essencialmente bibliográfico, sendo que os


conteúdos serão abordados seguindo uma certa sequência, baseando-se nas obras e artigos
vinculados nas referências bibliográficas, na perspectiva de trazer informações claras e
objectivas para uma melhor compreensão.

2. Texto Literário

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O texto literário tem uma dimensão estética, plurissignificativa e de intenso dinamismo, que
possibilita a criação de novas relações de sentido. É, portanto, um espaço relevante de reflexão
sobre a realidade. O texto literário implica na reflexão sobre o real, na reconstrução da
linguagem, na plurissignificação, na exploração de recursos linguísticos, apresenta o uso das
palavras em sentido conotativo, adotando contradições e ambiguidades. Expressa a realidade
subjetiva de quem o escreve. A intencionalidade discursiva busca fazer com que o leitor tenha
sentimentos e emoções específicos, podendo daí surgir várias possibilidades de interpretação do
que foi escrito. São textos que privilegiam a forma e exprimem sentimentos, ideias, conflitos
Barros (2012).

Barros (2012) diz que “O texto literário é um texto entre outros, sem dúvida em posição de
destaque, por razões variadas”; e segundo essa autora, é “imprescindível, para tratar do texto
literário, ter por base uma teoria geral de análise do discurso, como a semiótica”.

3. Semiótica Greimasiana

A palavra semiótica provém da raiz grega „semeion‟, que denota signo. Assim, desta mesma
fonte, temos „semeiotiké‟, a „arte dos sinais‟. Esta esfera do conhecimento existe há um longo
tempo, e revela as formas como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. Ela é, portanto, a
ciência que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem
fenômenos produtores de significado, ela lida com os conceitos, as ideias.

3.1. Semiótica Discursiva

Semiótica Discursiva: fundada por Algirdas Julien Greimas (1917–1992), linguista lituano
radicado na França, tem filiação saussuriana e hjelmsleviana; por isso está ancorada numa teoria
da linguagem de postulados estruturais e na concepção de que a língua é uma instituição social,
que concebe o texto como um simulacro do mundo real, uma vez que nele são representados
sujeitos, fatos, objetos, valores que retratam o mundo.

Greimas (2008) procura explicar o sentido do texto pelo exame de seu plano de conteúdo,
baseando-se nos seus princípios, “considera-se que um texto é o produto da união entre plano da
expressão (aparência) e plano do conteúdo (imanência do conteúdo), a significação do texto se
dá pela união desses dois planos”.

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Para Barros (2005), a semiótica “insere-se, portanto, no quadro das teorias que se (pre) ocupam
com o texto”, ainda segundo a mesma autora, (2005) “A semiótica tem por objeto o texto, ou
melhor, procura descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz”.
Ainda sobre o assunto Barros (2001), acrescenta:

O texto é entendido como objeto de significação e objeto de comunicação. A


teoria semiótica, antes tida como aquela que se dedica à análise interna ou
estrutural do texto, tem procurado conciliar os processos de organização textual
e ao mesmo tempo os mecanismos de enunciação e recepção dos textos, os quais
constituem respectivamente as análises “internas” e “externas” do texto.

4. Conceito de sistema semiótico literário

Depreendendo-se que um sistema corresponde à combinação de partes coordenadas entre si, para
o mesmo fim, assume-se que no fazer e no produzir uma obra literária como um processo de
significação e de comunicação e que resulta num texto e permite a sua funcionalidade como
mensagem, estará subjacente um determinado sistema, o qual será conhecido como sistema
semiótico literário.
Segundo Aguiar e Silva (2004) compreender-se-á que sistema semiótico é uma série finita de
signos interdependentes entre os quais, através de regras, se pode estabelecer relações e
operações combinatórias, de modo a produzir-se semiose.

5. Sistemas Modelizantes

Se para os semioticistas linguagem é um sistema de signo, o mesmo deve ser organizado em


estrutura de códigos, capaz de gerar e transmitir uma informação. No campo da cultura,
modelização passa a ser “regulação de comportamento dos signos para constituir sistemas”
(Ramos et al., 2007).
De acordo com a semiótica da cultura, quanto mais modelos de signos existirem, mais rica será a
cultura.
Vale ressaltar, que os sistemas modelizantes se dividem em:
 Sistemas Primários: a linguagem verbal por possuir uma estrutura;

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 Sistemas Secundários: os demais sistemas culturais, por serem constituídos de uma
estruturalidade, ou seja, utilizam a estrutura da linguagem verbal, porém admitem uma
relação (combinação) com outros sistemas de signos.
Portanto, “do ponto de vista semiótico, todos os sistemas da cultura são suscetíveis de
modelização em diferentes níveis” (MACHADO, 2002, p. 228)
A construção de diferentes sistemas semióticos, um sobre o outro, em que o
superior modeliza o inferior, torna-se possível porque a semântica de cada um
desses sistemas artificiais (...) pode ser discutida não só através de sua relação com
os sistemas superiores, mas também pelo recurso à língua natural que, em última
análise, se lhe serve de fonte (ZALIZNIÁK; IVANOV; TOPOROV, 2010, p. 87).
Diante do exposto, podemos observar que é válida a análise das histórias em quadrinhos sob o
viés semiótico. Assim, identificamos que as HQs são compostas por linguagens – escrita/verbal e
imagem/não-verbal. E, para que haja a modelização, são necessárias no mínimo duas linguagens
(códigos) dos sistemas de signos agindo. Observamos ainda, que essa interação ocorre no espaço
de fronteira, que permite a troca e não o aniquilamento de uma linguagem em relação a outra.
Assim, a fronteira é um mecanismo onde é possível apreender a individualidade e a diversidade
que compõem cada signo. Portanto, “definir a complexidade da fronteira semiótica exige o
confronto com a noção de ambivalente: a fronteira tanto une quanto separa” (RAMOS et al.,
2007).
Dessa forma, fronteira pode ser interpretada como um mecanismo, onde ocorre o encontro dos
diversos sistemas de códigos que produzem novos códigos. Assim, a fronteira serve como um
“filtro” capaz de preservar as características de cada código, ao mesmo tempo em que permite a
interação entre eles. Isso é observado nas histórias em quadrinhos que ao utilizarem de diversos
códigos, encontrados em outros sistemas de signos (pintura, cinema, animação, fotografia etc.),
cria uma nova linguagem (HQ), mas conserva características das linguagens anteriores (pintura,
cinema e etc.).

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5.1. Sistema semiótico literário como sistema modelizante

Como se expôs no parágrafo anterior, antes do sistema de comunicação/significação, se situa um


outro sistema, o sistema modelizante primário, sendo que se entende como sistema de
significação como sistema modelizante secundário. Isto pressupõe que num texto literário
considerar-se-ão dois sistemas: um que será a base para compreensão do segundo, equiparado à
língua natural, e outro que se “constitui e se organiza”, segundo Aguiar e Silva (2004).
Desta feita, embora discutível, o sistema semiótico literário configura-se como uma semiótica
conotativa, ou corresponde a afirmar que o primeiro é uma semiótica denotativa. Portanto, como
advoga Hjelmslev apud Aguiar e Silva (1988: 82/83), existirão igualmente dois planos
diferentes: o plano da expressão e o plano do conteúdo, sendo que, na esteira de Aguiar e Silva
(1988:95/96), o sistema modelizante secundário desenvolver-se-á em indissolúvel interacção
com o plano de expressão e o do conteúdo da língua natural e a sua existência é que possibilita a
produção do texto literário e é que fundamenta a capacidade de estes textos funcionarem como
objectos comunicativos no âmbito de uma determinada cultura, pois a literatura é um sistema
modelizante secundário e é também, consequentemente, um corpus de textos que representam a
objectivação e a realização concreta e particular daquele sistema semiótico.

6. Conceito de código literário

Se uma determinada mensagem é codificada e descodificada através de um determinado código,


é justo que se afirme que um texto literário também será estruturado por meio da operação de
determinadas normas, decorrendo disto o nascimento do código literário.
O código literário, de acordo com Aguiar e Silva (2004), é definido como “conjunto finito de
regras e convenções que permitem ordenar e combinar unidades discretas, no quadro de um
determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e de comunicação que
se consubstanciam em textos.” Portanto, na linha dos mesmo autor, código irá representar “o
instrumento operativo que possibilita o funcionamento do sistema, que fundamenta e regula a
produção de textos e que, por si mesmo, assume uma relevância nuclear nos processos
semióticos.”
Da definição anteriormente feita, na esteira de Aguiar e Silva (1988), depreende-se que o código
literário se configura como “uma rede de opções, de alternativas, de possibilidades, na qual as
permissões, as injunções e a eventualidade de práticas transgressivas se co-articulam de modo
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vário e em função de múltiplos factores endógenos e exógenos ao sistema.” Portanto, será com
base no código literário que, retomando a definição de código na esteira do Grande Dicionário de
Língua Portuguesa (2004), se codificará ou descodificará um texto literário, ou melhor, o texto
literário só será como tal se se tiver em conta um determinado conjunto de opções combinatórias
para o efeito.

6.1. Código literário como policódigo

Em primeiro lugar, refira-se que a abordagem do código literário como policódigo, será feita
com base em Aguiar e Silva (1988).
Em segundo, é importante que se sublinhe que o código literário como resultado da interacção
dos diferentes códigos e sub-códigos pertencentes ao sistema modelizante secundário configura-
se como policódigo. Nele distinguem-se os seguintes códigos:
 Código fónico-rítmico
O código fónico-rítmico regula aspectos importantes do enredo do texto literário, mantém uma
imediata e fundamental relação de interdependência com o código fonológico e ainda com o
código léxico-gramatical, com o código semântico do sistema linguístico, para além das que
mantém com o código grafemático e a interdependência com o código métrico e com o
estilístico.
 Código métrico
O código métrico regula a organização particular da forma de expressão dos textos poéticos,
considerados sub-conjunto dos textos literários, quer no concernente à constituição do verso quer
na combinação e agrupamento dos versos em estrofes. À semelhança dos outros códigos este tem
relações com o código fonológico. Tem também relações de interdependência com o código
léxico-gramatical, visto que a distribuição dos acentos exigida pelo modelo do verso pode impor,
por exemplo, modificação na estrutura frásica. Finalmente relaciona-se com o código semântico.

 Código estilístico
O código estilístico regula a organização das formas do conteúdo e da expressão do texto
literário, considerando a sua relação de interdependência com o código léxico-gramatical e suas
sensíveis variações diacrónicas e sincrónicas. Relaciona-se ainda com os códigos: semântico,
fonológico, pragmático e técnico-compositivo.

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Este código é responsável pela organização da coerência textual a nível semântico (estrutura
profunda) como a nível de textura (estrutura de superfície), mediante microestruturas que operam
no âmbito dos constituintes textuais próximos.

 Código técnico-compositivo
O código técnico-compositivo orienta e ordena a coerência textual, mediante regras opcionais ou
constritivas de aplicação transtópicas. Tem uma elevada autonomia perante o código linguístico.
Desenvolve relações de interdependência com o código métrico, com o código estilístico e com o
código semântico-pragmático.
Segundo Uspensky apud Aguiar e Silva (1988), as influências exercidas sobre o sistema
semiótico literário por outros sistemas modelizantes secundários de natureza estética, sobretudo a
música, a pintura e o cinema, embora verificáveis a qualquer nível do policódigo literário,
ocorrem muito frequentemente ao nível do código técnico-compositivo.

 Código semântico-pragmático
Designação justificada pela simples razão de ser impossível estabelecer uma rígida linha
divisória entre os factores semânticos e os pragmáticos, considera-se que a substância do
conteúdo quer no âmbito sintagmático como no pragmático é sujeita a específicos processos de
semiotização até que seja conteúdo numa forma peculiar.

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7. Conclusão

Toda a actividade artística, particularmente a literária, é levada a cabo tendo em conta um


determinado conjunto de princípios que a regulam. A actividade literária tem como suporte uma
rede de opções que guia a sua produção e consumo, isto é, os signos seleccionados e combinados
numa obra literária são codificados e descodificados de acordo com um determinado instrumento
operativo, o código literário.

O texto literário é um texto entre outros, sem dúvida em posição de destaque, e é imprescindível,
para tratar dos mesmos, deve-se ter como base uma teoria geral de análise do discurso, como a
semiótica.

A semiótica insere-se no quadro das teorias que se ocupam com o texto. A semiótica tem por
objeto o texto, ou melhor, procura descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para
dizer o que diz.

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8. Referências Bibliográficas

Aguiar e Silva, Víctor Manuel de. Teoria da Literatura, 8ª edição, Coimbra, Almedina, 1988.
Aguiar e Silva, Víctor Manuel de. Teoria e Metodologia Literárias. Lisboa, Universidade Aberta,
2004.
Barros, Diana Luz Pessoa de. A semiótica no Brasil e na América do Sul: rumos, papéis e
desvios. Rev. Est. Ling., Belo Horizonte, v. 20, n.1, p. 149-186, jan./jun.2012 2007. Barros,
Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. São Paulo. Ática, 2005.

Grande Dicionário de Língua Portuguesa. Porto, Porto Editora, 2004.


Greimas, A. J. & Courtés, J. Dicionário de semiótica. São Paulo: Contexto, 2008.

Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2004.


Machado, I. Semiótica como Teoria da Comunicação. In: WEBER, Maria Helena; BENTZ, Ione;
HOHLFELDT, Antonio (orgs.. Tensões e objetos da pesquisa em comunicação. Porto Alegre:
Sulina, 2002.
Mendes, Andréa Capote (2016): O texto literário: Caminhos e percursos no discurso da
semiótica.

Paulino, Graça; Cosson, Rildo (org.). Leitura literária: a mediação escolar. Belo
Ramos, A. V. et al. Semiosfera: explosão conceitual nos estudos semióticos. In: Machado, Irene
(org.) Semiótica da cultura e semiosfera. São Paulo: Annablume/FAPESP, 2007.

Zalizniák, A. A; Ivanov, V.V; Toporov, V.N.; Sobre a possibilidade de um estudo tipológico-


estrutural de alguns sistemas semióticos modelizantes (trad. Aurora R. Bernardini). In:
Schnaiderman, Bóris. (org.). Semiótica Russa. São Paulo: Perspectiva, 1979.

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