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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema do trabalho
PAPEL DO IDOSO PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-CULTURAL EM
MOÇAMBIQUE, NA OBRA TERRA SONÂMBULA, DO ESCRITOR
MOÇAMBICANO MIA COUTO

Nome: Lisdaria Francisco Daiza


Código da Estudante: 708216223

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Literatura Africana em Língua
Portuguesa
Ano de Frequência: 3º ano
Docente:

Tete, Setembro, 2023.


Classificação

Categorias Indicadores Padrões Nota


Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
Índice 0.5
Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura Discussão 0.5
organizacionais
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução
Descrição dos objectivos 1.0

Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
Articulação e domínio do
Conteúdo discurso académico
3.0
(expressão escrita cuidada,
coerência / coesão textual)
Análise e
discussão Revisão bibliográfica
nacional e internacional 2.0
relevante na área de estudo
Exploração dos dados 2.5
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Paginação, tipo e tamanho
Aspectos
Formatação de letra, paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre linhas
Normas APA
Rigor e coerência das
Referências 6ª edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 5

Geral: .......................................................................................................................................... 6

Específicos:................................................................................................................................. 6

Pesquisa Bibliográfica ................................................................................................................ 6

Papel do idoso para o desenvolvimento sociocultural em Moçambique, na obra Terra


Sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto. .................................................................... 7

I componente teórica .................................................................................................................. 7

A vida e obra do escritor Mia Couto .......................................................................................... 7

Diferentes abordagens sobre o conceito de idoso ....................................................................... 8

O Idoso no passado e no presente ............................................................................................... 9

O papel social e cultural do idoso no mundo e em Moçambique em particular....................... 10

Na componente prática ............................................................................................................. 10

Os diferentes papeis sociais e culturais encontrados na obra Terra Sonâmbula de Mia Couto.
.................................................................................................................................................. 10

Conclusão ................................................................................................................................. 12

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 13

4
Introdução
O presente trabalho de campo é uma pesquisa qualitativa e tem como objectivo desenvolver o
estudo individual e garantir o desenvolvimento formativo no que tange a cadeira de Literatura
Africana em Língua Portuguesa, sendo uma parte integrante do Curso de Licenciatura em
ensino de Português.

Nas diversas abordagens dos temas procurou-se explanar ou detalhar de forma clara e
objectiva fazendo uma ponte entre conhecimentos teóricos e prático de modo a resolver as
questões propostas no presente trabalho. Mas concretamente, em 1992, Mia Couto publicou
“Terra Sonâmbula”, seu primeiro romance, escrito em prosa poética, onde compõe uma bela
fábula passada no Moçambique pós-independência, uma vez que esteve mergulhado na
devastadora guerra civil que se estendeu por dez anos.

Dizia-se daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens dormiam, a terra se
movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os habitantes olhavam o novo rosto da
paisagem e sabiam que, naquela noite, eles tinham sido visitados pela fantasia do sonho
(Couto, 2008, p.6).

A literatura do escritor moçambicano é exaltada não só pela forma como ele descreve e trata a
vida quotidiana em seu país, mas, principalmente, pela inventiva poética da sua escrita, que
mescla o português “culto” com palavras de dialectos da população local. Mia Couto também
demonstra muita preocupação com os problemas do país africano, como, por exemplo,
quando denunciou o crescente número de sequestros em Moçambique.

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Objectivos

De acordo com IVALA, HDZ e LUÍS (2007:19), “objectivos de uma pesquisa relacionam-se
com a visão global do tema e com os procedimentos práticos e, indicam o que se pretende
conhecer, ou medir, ou provar no decorrer da pesquisa, ou seja, as metas que se deseja
alcançar”.

Geral:
 Conhecer o papel do idoso para o desenvolvimento sócio-cultural em Moçambique, na
obra Terra Sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto

Específicos:
 Descrever a vida e obra do escritor Mia Couto;
 Conceituar as diferentes abordagens do idoso;
 Caracterizar a obra no tempo e no espaço.

Metodologia de pesquisa

Consiste em apresentar as fases pelas quais passei para realização do trabalho, principalmente
aspectos relacionados com os métodos e técnicas, instrumentos e procedimentos que
recorreremos para a elaboração deste trabalho. Para Lakatos (1991), a Metodologia “é a
explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida no método
(caminho) do trabalho de pesquisa” (p. 80).

Pesquisa Bibliográfica
Método a partir do qual foi feita a recolha de informações contidas em algumas obras e em
páginas da internet que versam sobre os temas em estudo e que são revestidos de importância
por serem capazes de fornecer dados relevantes. Para a materialização deste trabalho de
campo, abrangeu internet com destaque ao manual designado por Literatura Africana em
Língua Portuguesa I – 3º Ano, propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro
de Ensino à Distância (CED).

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Papel do idoso para o desenvolvimento sociocultural em Moçambique, na obra Terra
Sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto.
Em 1992, Mia Couto publicou “Terra Sonâmbula”, seu primeiro romance, escrito em prosa
poética, onde compõe uma bela fábula passada no Moçambique pós-independência, uma vez
que esteve mergulhado na devastadora guerra civil que se estendeu por dez anos.

Dizia-se daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens dormiam, a terra se
movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os habitantes olhavam o novo rosto da
paisagem e sabiam que, naquela noite, eles tinham sido visitados pela fantasia do sonho
(Couto, 2008, p.6).

Neste romance, um ónibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de abrigo ao velho
Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que grassa por toda parte
em Moçambique.

O veículo está cheio de corpos carbonizados. E, na beira da estrada, um outro corpo está junto
a uma mala que abriga os “cadernos de Kindzu”, o longo diário do morto em questão. As duas
histórias são narradas paralelamente – a viagem de Tuahir e Muidinga e, em flashback, o
percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros tradicionais, abençoados pelos
feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os senhores da guerr

I componente teórica

A vida e obra do escritor Mia Couto


Nascido na cidade de Beira (Moçambique) e filho de uma família de portugueses, Mia Couto
é considerado um dos principais autores do continente africano na actualidade.

Sua carreira começou cedo, aos 14 anos, quando publicou seus primeiros poemas em um
jornal local. A partir da independência do país, em 1975, ingressou na actividade jornalística,
chegando a exercer os cargos de director da Agência de Informação de Moçambique e de
coordenador da revista semanal Tempo e do jornal Notícias de Maputo.

Em meados da década de 1980, regressou à universidade para se formar em Biologia pela


Universidade Eduardo Mondlane, em seu país natal, especializando-se na área de Ecologia.
Desde então, concilia as actividades de biólogo, professor e escritor.

Sua estreia na literatura ocorreu em 1983, com o livro de poesia Raiz de orvalho. Sua obra é
extensa e diversificada, incluindo poemas, contos, romances e crónicas, e seus livros já foram
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traduzidos em diversos idiomas. Seu romance Terra sonâmbula é considerado um dos dez
melhores livros africanos no século XX.

Sua publicação mais recente é A confissão da leoa, lançado em 2012. Admirador da literatura
brasileira, Mia Couto cita entre suas preferências os autores João Guimarães Rosa, Carlos
Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Adélia Prado e Hilda Hilst.

Em 2013, Couto foi agraciado com o Prémio Camões pelo conjunto da obra. A premiação foi
instituída em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal e é considerada uma das mais
importantes no âmbito da língua portuguesa. No mesmo ano, também recebeu o Prémio
Literário Internacional Neustadt, concedido pela Universidade de Oklahoma nos Estados
Unidos e pela World Literature Today desde 1969.

A literatura do escritor moçambicano é exaltada não só pela forma como ele descreve e trata a
vida cotidiana em seu país, mas, principalmente, pela inventiva poética da sua escrita, que
mescla o português “culto” com palavras de dialectos da população local. Mia Couto também
demonstra muita preocupação com os problemas do país africano, como, por exemplo,
quando denunciou o crescente número de sequestros em Moçambique.

Alguns de seus livros foram adaptados para o cinema, caso de O último voo do flamingo,
Terra sonâmbula e um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.

Na área da Biologia, Mia Couto dirige uma empresa que faz estudos de impacto ambiental
em seu país, concentrando-se na gestão de zonas costeiras, além de desenvolver trabalhos de
pesquisa sobre mitos, lendas e crenças que intervêm na gestão tradicional dos recursos
humanos.

Diferentes abordagens sobre o conceito de idoso


Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. Andam bambolentos como se caminhar
fosse seu único serviço desde que nasceram. Vão para lá de nenhuma parte, dando o vindo por
não ido, à espera do adiante. (Couto, 2008, p.9).

Em Terra Sonâmbula, os mais velhos da terra não conseguem ajudar Kindzu, não porque a
tradição em si mesma tenha perdido o seu valor na realidade contemporânea, mas porque
esses velhos sábios são incapazes de procurar novas coordenadas num mundo onde a guerra
destruiu as bússolas. O único conselho que podiam dar era consultar o nganga, o adivinho.

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No entanto, Kindzu tinha de evitar o tema dos naparamas, porque o curandeiro “se iria sentir
magoado de não saber mexer em [seus] pedidos” (Couto, 2008, p.34).

A postura do velho que guia Muidinga pelo mato e lhe dá conselhos sobre relações amorosas
(uma espécie de viagem iniciática) demonstra a importância da transmissão da sabedoria entre
as gerações.

No entanto, uma das lições de Tuahir é justamente a de criar o próprio caminho, de procurar
saídas, de experimentar novas soluções. Esta atitude de abertura para o futuro e para a
aprendizagem sem renunciar à tradição é simbolicamente representada na estrutura do
capítulo: o episódio abre com Tuahir a falar com Muidinga sobre as mulheres e fecha com o
seu pedido para que Muidinga conte mais estórias do “fi da mãe desse Kindzu” que “já vive
quase connosco” (ibid, p.99).

Assim, tanto o velho como a criança vão narrando as suas experiências e aprendendo um com
o outro.

O Idoso no passado e no presente


No caso de Moçambique pós-independência, esta “modernidade imaginada” foi derivada
diretamente do modelo soviético (Chabal, 2008, p.45).

Embora os seus pressupostos económicos sejam distintos da modernidade de tipo europeu de


que fala Chabal, pode-se observar aqui o mesmo tipo de vínculo simbólico entre o discurso da
modernidade e o nacionalismo oficial. A criação da nova ordem social e do novo homem
moçambicano passou a ser um imperativo na construção do independente e moderno estado-
nação.

O paralelo que se estabelece ao longo de Terra Sonâmbula entre os novos dirigentes políticos
e os antigos opressores culmina no episódio em que Estêvão Jonas decide colaborar com o
fantasma do colono Romão Pinto. Sozinho, o administrador – ou “administrador” como o
chama a esposa (Couto, 2008, p.183) – conseguia arranjar uns “negócios de tigela furada,
coisa de pouco brilho” (ibid, p.181). Juntos, seguindo as indicações do português falecido,
teriam a verdadeira oportunidade de enriquecer.

Esta traição dos ideais que Estêvão deveria defender não se deve apenas à sua ganância e
falha de moral, mas tem razões muito mais profundas. Como revela a sua mulher Carolinda, o
administrador “era hoje um homem de mando, amanhã seria um pau-mandado” (ibid., p.186),

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e era frustrado porque se sentia preso em Matimati onde “não entendia a língua nem os
costumes daquela gente” (ibid.). O percurso deste homem “mortiço, acanhado de sonhar,
medroso de pensar cansado de sua militância, exausto por sempre ter que se apagar” (ibid, p.
187) demonstra que o projecto nacionalista do governo moçambicano dos primórdios da
independência não conseguiu criar o desejado sentido de identidade e unidade.

O papel social e cultural do idoso no mundo e em Moçambique em particular


Segundo Santos (1993), tomando em consideração todas as advertências perante o perigo de
simplificação limitante e empobrecedora das complexas práticas sociais e culturais,
modernidade e tradição tornaram-se, porém, referências fundamentais nos discursos de autor
representação e autodenunciarão dos povos africanos.

O paradigma de modernidade, como afirma Boaventura de Sousa Santos, “é um projecto


sociocultural muito amplo, prenhe de contradições e de potencialidades que, na sua matriz,
aspira a um equilíbrio entre a regulação social e a emancipação social” (Santos, 1993, p.33).

No contexto pós-colonial africano, o conceito de modernidade continuou a ter uma profunda


carga ideológica, mas ao mesmo tempo foi um dos pilares do repensar das identidades das
novas nações. Por um lado, existia (e continua a existir) uma expectativa de que as antigas
colónias seguissem o modelo de modernidade ocidental frequentemente partilhado pelas
sociedades africanas.

Por outro lado, as elites dos países recém-independentes procuraram no passado pré-colonial
e nas tradições locais o fundamento para a identidade nacional. O romance Terra Sonâmbula
retracta este movimento bidireccional entre aceitação e rejeição de tradição no processo de
construção de identidade nacional no contexto de modernidade

Na componente prática

Os diferentes papeis sociais e culturais encontrados na obra Terra Sonâmbula de Mia


Couto.

De facto, a narrativa que se segue é intercalada com os clichés linguísticos típicos do discurso
socialista, tais como “o inimigo do povo”, “o comício público” ou “massas populares” (ibid,
p.60-61).
No entanto, estas expressões ritualizadas são utilizadas pelo secretário em contextos
inesperados e ilógicos. Ao recontar o seu testemunho “deixando intactos os modos oficiais de

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seu falar” (ibid, p.60), Kindzu-narrador acaba por parodiar os discursos políticos daquele
período, destacando a irrepresentatividade da linguagem politicizada.

-Às vezes quase desisto de vocês, as massas populares. Penso: não vale pena, é como pedir a
um cajueiro para não entortar seus ramos. Mas nós cumprimos destino de tapete: a História
há-de limpar os pés nas nossas costas. (Ibid, p.61).

Esta passagem demonstra a clara distinção entre “nós” (os funcionários do aparato do Estado)
e “vocês” (as massas populares), sendo que os últimos são vistos como uma unidade abstracta
e uniforme que não tem vontade própria e precisa de ser instruída pelos administradores. Esta
falta de caracterização individualizada e individualizante da população local evoca a
representação do Outro nas narrativas da época dos Descobrimentos.

O governo veementemente desencorajou qualquer manifestação da identidade tribal,


adoptando o português como a língua da unidade nacional. Além disso, comunidades inteiras
que há séculos viviam no campo foram obrigatoriamente deslocadas para as aldeias agrícolas
“para o seu próprio bem”.

Em conclusão, as andanças de Kindzu pelas terras de Moçambique de pós-independência


desencadeiam uma viagem pelos diferentes paradigmas de modernidade e tradição do novo
estado-nação vigentes naquela altura. Desconstruindo tanto a visão tradicionalista do mundo
que exclui qualquer possibilidade de mudança como o projecto nacionalista fundado em
ideologias políticas sem respeito pela herança cultural e identitária dos vários povos
moçambicanos, Terra Sonâmbula desafia o erróneo binaríssimo entre tradição e modernidade.

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Conclusão
Chegado ao fim do presente trabalho, conclui-se que se abriu uma oportunidade de reflexão
sobre os conteúdos da cadeira de Literatura Africana em Língua Portuguesa I.

Acreditando assim que, os objectivos foram alcançados no concerne a resolução dos


problemas patentes no presente trabalho.

Desta feita, pode-se concluir que, Mia Couto publicou “Terra Sonâmbula”, seu primeiro
romance, escrito em prosa poética, onde compõe uma bela fábula passada no Moçambique
pós-independência, uma vez que esteve mergulhado na devastadora guerra civil que se
estendeu por dez anos.

Dizia-se daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens dormiam, a terra se
movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os habitantes olhavam o novo rosto da
paisagem e sabiam que, naquela noite, eles tinham sido visitados pela fantasia do sonho.

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Referências Bibliográficas
Chabal, P. (2008). Nação e nacionalismos em África. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra.

Couto, M. (2008). Terra Sonâmbula. Lisboa: Caminho.

Covane, L.A. (s.d). Literaturas Africanas em Língua Portuguesa I. Beira: CED.

Santos, B. S. (1993). Modernidade, identidade e a cultura de fronteira. Tempo Social.

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