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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Turma: B, Sala São Mateus

TEMA:
Uso de Provérbios como Estratégia Textual na Aula de Língua Portuguesa

Estudante:
Lezito Hortêncio Armando
Código: 708206782

Curso: Português
Disciplina: Didáctica de Literatura
Tutor: Raema Kalima
Ano de Frequência: 4º

Quelimane, Abril de 2023


Folha de Feedback
Classificação
Nota
Categorias Indicadores Padrões Pontuação
do Subtotal
Máxima
Tutor
Capa 0.5
Índice 0.5
Aspectos Introdução 0.5
Estrutura
Organizacionais Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5

Descrição dos objectivos 1.0

Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
Articulação e domínio do
discurso académico
(expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
Discussão Revisão bibliográfica
nacional e internacionais
2.
relevantes na área de
estudo
Exploração dos dados 2.0
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
Gerais parágrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª
Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor


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Índice
1. Introdução ......................................................................................................................... 3
1.1. Objectivos ...................................................................................................................... 3
1.1.1. Geral: .......................................................................................................................... 3
1.1.2. Específicos .................................................................................................................. 3
1.2. Metodologia do Trabalho ............................................................................................... 3
1.3. Estrutura do Trabalho ..................................................................................................... 3
2. Conceito de Provérbio ....................................................................................................... 4
2.1. Características de Provérbios .......................................................................................... 4
2.2. Funções de Provérbios .................................................................................................... 5
2.3. Potencialidades do Provérbio no Ensino ......................................................................... 5
2.4. Provérbio no Programa de Português do Ensino Básico .................................................. 6
2.5. Provérbios Moçambicanos.............................................................................................. 7
3. Conclusão ......................................................................................................................... 9
4. Bibliografia ..................................................................................................................... 10
1. Introdução
Os provérbios apresentam uma grande diversidade das suas estruturas e, sendo muitas
vezes frases curtas e concisas, têm servido como ferramenta para o estudo e o ensino da
língua nas suas diversas componentes - morfologia, fonologia, sintaxe, semântica,
pragmática, entre outros. Dado a sua riqueza linguística e cultural, os provérbios surgem
disseminados nos manuais escolares de Português dos diferentes níveis de escolaridade e
servindo os mais variados propósitos. Perante isto, pretendemos verificar em que níveis de
ensino-aprendizagem são os provérbios referidos nos manuais escolares e os factores
didácticos que promovem a sua utilização, bem como determinar quais os provérbios (e suas
variantes) mais difundidos nos mesmos manuais.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral:
 Conhecer o uso de provérbios como estratégia textual na aula de língua portuguesa .
1.1.2. Específicos
 Descrever as características de provérbios;
 Identificar as funções de provérbios;
 Apontar os provérbios moçambicanos.
1.2. Metodologia do Trabalho
O trabalho em alusão teve como metodologia as fontes bibliográficas que consistiu na
recolha, selecção, leitura e fichamento das obras e documentos normativos que abordam a
temática.
1.3. Estrutura do Trabalho
O presente trabalho de pesquisa apresenta a seguinte estrutura: capa, feedback, índice,
desenvolvimento, conclusão e bibliografia.

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2. Conceito de Provérbio
Leonor Melo (2002, p. 152), os provérbios são breves frases sapiências, com origem
na sabedoria popular, daí o seu carácter de textos anónimos; que o seu êxito se deve
fundamentalmente à sua brevidade e a elementos mnemónicos como a métrica, a rima, os
paralelismos, as metáforas, a deformação intencional de determinadas palavras, entre outros;
que a sua leitura pode ser literal ou metafórica e que o seu carácter sentencioso ou didáctico
tanto serve para “apontar o dedo”, com algum cinismo, a determinados comportamentos
humanos, como para enaltecer virtudes, ou indicar normas de conduta».
Na óptica de Duarte (2006, p. 32), o provérbio adquire, apesar da sua “fixidez”, uma
plasticidade que o torna adequado a diversas situações de comunicação e a diferentes
tipologias textuais.
No entanto, o provérbio distingue-se de expressão idiomática pela sua autonomia de
todo e qualquer contexto linguístico ou extralinguístico, sendo que, do seu ponto de vista, a
expressão idiomática depende do contexto para ser totalmente entendida. enquanto os
primeiros têm «sempre um valor semântico autónomo em termos comunicativos», as últimas
«são apenas constituintes de frase e nunca podem ocorrer como enunciados completos».
Das ideias deixadas pelos autores acima, chega-se a compreender que os provérbios
devem ser encarados como uma herança, um conhecimento que os nossos antepassados
fazem questão de perpetuar e de nos legar, e que deixam à nossa disposição para que dele
possamos desfrutar. Na nossa perspectiva, estes não devem, por este motivo, ser encarados
como preguiça de usar as nossas próprias palavras ou como um empobrecimento da língua e,
portanto, partilhamos a opinião.
2.1. Características de Provérbios
 Constituir uma estratégia que permite despersonalizar o discurso. Neste sentido, o
provérbio pode constituir uma táctica à qual o locutor recorre quando quer dizer algo que
possivelmente não será bem aceite ou que o comprometerá, evitando assim a total
responsabilidade por aquilo que diz;
 Os provérbios são dotados de uma «vantajosa dubiedade referencial, que permite o dizer
sem dizer, prestando-se à actividade argumentativa do sujeito, que os usa em proveito de
seus objectivos ilocutórios»
 Os provérbios «nos podem servir de base para dar um conselho que essa maneira
impessoal, tradicional, nos atreve;

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Por outro lado, reconhece que «optando por um enunciado já pronto e de consenso
geral, o (a) falante evita a necessidade de emitir, por si mesmo(a), um enunciado original»,
(Albuquerque, 1989).
2.2. Funções de Provérbios
De entre as inúmeras funções que o provérbio pode desempenhar, tem-se salientado a
função de «argumentos de autoridade consensualmente aceites, que os falantes invocam para
justificar ou rebater uma determinada elocução» (Lopes, 1992, p. 343).
Constituem, desta forma, um elemento bastante poderoso na argumentação, uma vez
que acumulam anos de experiência e sabedoria, o que lhes confere, como manifesta Regina
Rocha (1995, p. 153), uma «autoridade inatacável» que os torna mais válidos para todos
aqueles que os ouvem e lêem. Quando pronunciamos um provérbio, procuramos, ao apoiar-
nos e apropriar-nos dessa sabedoria ancestral incontestável, adaptá-lo às nossas necessidades
e interesses e, assim, reforçar as nossas ideias e opiniões.
Rocha (1995, p. 151), refere as enormes potencialidades argumentativas que as
parémias oferecem: «É justamente esse dizer sem dizer propiciado pelo provérbio, mais a
sedução produzida por seus elementos prosódicos e mnemónicos, assim como sua essência de
verdade geral incontestável, proveniente de uma fonte de sabedoria admitida como infalível,
que faz dele uma arma apreciada na argumentação».
Duma forma mais concisa tendo em consideração os autores acima citados, referente
as funções de provérbios pode-se entender que se a esta função argumentativa, juntarmos
ainda a função didáctica e moral, pela qual se transmitem também valores e normas com o
intuito de conformar e regular os comportamentos dos nossos interlocutores, concluímos pela
sua complexidade e multivalentes.
2.3. Potencialidades do Provérbio no Ensino
Os provérbios constituíram, ao longo de várias gerações, um veículo privilegiado de
conhecimento. Na China e Índia antigas, eram utilizados para incutir normas morais e
transmitir ideias filosóficas e, na Antiguidade Clássica, os filósofos utilizavam-nos nas suas
peças de oratória para transmitir valores éticos e morais. De igual modo, na Idade Média
eram bastante apreciados, funcionando inclusive como regra jurídica, e no Romantismo,
época por excelência do redescobrimento das raízes dos povos e, portanto da cultura popular,
gozavam de um lugar de destaque. Assim sendo, ao longo de vários séculos «escritores,
filósofos, pensadores tiraram proveito dos provérbios, ora empregando-os em seus textos
(escritores), ora compilando-os (filósofos)» (Nóbrega, 2008, p. 125).

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Segundo Gabriela Funk, o seu poder experimentou, entretanto, um grande abalo com
o aparecimento da Revolução Industrial e com a decorrente massificação do ensino e
consequente sobrevalorização da cultura escrita. A partir desse momento, a cultura oral é
relegada para um segundo plano e perde importância enquanto fonte de transmissão de
conhecimentos, lugar subalterno que, em nossa opinião, ainda ocupa. Por outro lado, como
constatam Helena Vaz Duarte e Gabriela Funk, também a apropriação da cultura popular, que
se verificou por parte dos regimes ditatoriais, quer nacionais quer internacionais, contribuiu,
em grande medida, nos últimos anos, para o exílio dos provérbios das nossas salas de aula.
Apesar desta tentativa de desvalorização e exclusão da cultura popular, várias são as
expressões desta cultura que sobrevivem no nosso inconsciente. Como constata Marlene
Assunção Nóbrega8, a comunicação quotidiana continua a integrar massivamente a
fraseologia, onde o provérbio continua a ter um papel fundamental.
O provérbio é um conhecimento que, quer de forma passiva quer de forma activa,
todos possuímos em maior ou menor grau. Tal crença é partilhada por Marlene Assunção
Nóbrega, que acredita que «qualquer usuário da língua é capaz de citar um provérbio ou de
reconhecer uma frase dela derivada» (José Saramago 2010, 125). Faz, portanto, todo o
sentido incorporar este conhecimento valioso nas nossas escolas e na nossa prática
pedagógica, devolvendo-lhe o papel relevante que outrora teve, renovando-o agora com
novas funcionalidades e novos desafios.
No que diz respeito ao contexto educativo, existe pouca bibliografia relacionada com
a utilização dos provérbios no ensino, e muito pouco material que se dedique à sua
aplicabilidade como recurso pedagógico. Apesar desta escassez geral, notamos, no entanto,
que existe mais material referente ao seu ensino na LE do que relativamente ao seu ensino na
LM. Quanto a esta última, encontramos, sobretudo, alguns estudos aplicados ao seu uso na
obra de autores representativos da Língua Portuguesa
2.4. Provérbio no Programa de Português do Ensino Básico
Em primeiro lugar, convém mencionar que o Programa de Português do Ensino Básico
atribui grande importância à relação da criança/jovem com o mundo e com «aqueles que o
povoam» (Albuquerque, 1989, p. 12). O mesmo salienta ainda a importância da «configuração
de uma consciência cultural no âmbito da qual se vão afirmando e depurando o reconhecimento e
a vivência de uma identidade de feição colectiva».
Tendo em consideração estes propósitos, que evidenciam a função cultural que os
programas pretendem desempenhar, acreditamos que a única forma que temos de
verdadeiramente reconhecer e valorizar a nossa identidade cultural é conhecendo-a bem e que,

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para fazê-lo, temos que incluir, na busca das nossas raízes, esta forma de sabedoria popular que
nos deixa entrever o modo como os nossos antepassados entendiam e se relacionavam com o
mundo que os rodeava: os provérbios. Neste sentido, considera-se que os mesmos podem
configurar um meio privilegiado de contacto com esta identidade cultural colectiva que o
programa apregoa.
De igual forma, os textos literários são um veículo privilegiado de transmitir a cultura
de um povo. No que concerne à educação literária, o programa recomenda uma diversidade
linguística e a escolha de textos representativos «dos vários géneros discursivos orais», assim
como a «selecção de textos representativos das tradições culturais» (Albuquerque, 1989, p.
139). Os provérbios, tal como a literatura, reflectem a experiência humana e, por este motivo,
esta associação parece-nos totalmente pertinente. Para além disso, no referencial de textos
para o 3.º ciclo, o PPEB sugere ainda, a nível de textos literários e paraliterários, o estudo da
literatura popular e tradicional. Sendo que, não raras vezes, as parémias surgem na mesma,
como poderemos nós, enquanto transmissores da nossa cultura e literatura, ignorar o papel
dos provérbios nestes textos?
Este propósito, cabe mesmo mencionar que o nosso mais representativo autor a nível
internacional, José Saramago, recorre com bastante frequência ao texto proverbial, sendo que,
na sua obra A jangada de Pedra, chega mesmo a oferecer-nos uma reflexão metalinguística
sobre o mesmo, referindo que os provérbios «são filosofias populares sobre as quais
poderíamos discorrer infinitamente» (Saramago, 2010, p. 174). Assim sendo, um verdadeiro e
total entendimento das ideias que Saramago nos quer transmitir neste texto só se poderá
entender inteiramente se dominarmos o significado destes provérbios.
2.5. Provérbios Moçambicanos
A escolha lexical dos provérbios apresentados leva em conta o tipo de linguagem
contemporânea, apesar de uns se aproximarem mais dessa linguagem do que outros, que são,
inclusive, menos usuais. Os provérbios acima podem ser analisados também quanto à
linguagem menos ou mais conotativa. Podemos observar que o provérbio “De grão em grão a
galinha enche o papo” é altamente conotativo, enquanto “Quem diz o que quer ouve o que
não quer” é fracamente conotativo, (Albuquerque, 1989).
As actividades referentes a esses provérbios relacionam-se a um texto de Millôr
Fernandes, em que o autor afirma ser a linguagem do provérbio uma linguagem obsoleta,
propondo uma nova “roupagem” aos provérbios. O provérbio “De grão em grão a galinha
enche o papo” se transforma em “De unidade de cereal em unidade de cereal a ave de crista
carnuda e asas curtas e largas da família das galináceas abarrota a bolsa que existe nessa

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espécie por uma dilatação do esófago e na qual os alimentos permanecem algum tempo antes
de passarem à moela. As actividades brincam com o sentido real de cada palavra no
provérbios, mostrando que, “ao traduzi-los”, o sentido se perde. O “grão” torna-se “unidade
de cereal” o que faz o provérbio perder todo o seu sentido figurado, passando, então, a
significar a imagem real do que está sendo enunciado.
A partir, então, da compreensão dos provérbios, a partir da leitura de seus
significados, extraídos de um dicionário de provérbios, os alunos deveriam criar uma fábula,
em que a moral seria um desses provérbios. Essa actividade leva a ideia de que os provérbios
representam ensinamentos, condutas, passadas de geração em geração. Mostra, também, a
capacidade do provérbio de condensar, em poucas palavras, esses ensinamentos, com uma
linguagem muitas vezes poética.
Alguns dos provérbios utilizados nessa actividade são de maior conhecimento dos
jovens, outros são menos usuais. O provérbio “Mais vale um pássaro na mão que dois
voando”, por exemplo, é um provérbio de grande recorrência. Em sua maioria, os enunciados
utilizados nessa actividade são ricos em imagens, ou seja, são provérbios que apresentam
linguagem conotativa, (Albuquerque, 1989).

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3. Conclusão
Os provérbios são expressões populares que constituem parte do léxico da língua e
estão presentes nas diversas esferas discursivas. São enunciados que fazem parte do folclore e
da cultura de um povo. São carregados de ideologia, polifonia, autoridade, sendo por muitas
vezes tidos como uma verdade absoluta e são, dessa forma, consagrados por uma comunidade
linguística que os passa de geração para geração. Seu carácter atemporal e sua forma sucinta,
que conta na maioria das vezes com uma linguagem fortemente conotativa, chama a atenção
e causa curiosidades.
Os provérbios podem funcionar como importantes ferramentas no discurso, pois
podem ser utilizados com diversos objectivos como, por exemplo, consolar, advertir,
praguejar, aconselhar e até mesmo para amenizar certos discursos. Apesar de toda a mudança
de concepção de língua e linguagem trazida pelas ciências linguísticas no final do século
passado e suas contribuições para o ensino de Língua Portuguesa e de esses enunciados
estarem presentes em discursos orais e escritos, formais e coloquiais, os provérbios, mesmo
considerados parte importante do léxico, ficam à margem do ensino de Língua Portuguesa.

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4. Bibliografia
Albuquerque, M. H. T.(1989). Um Exame Pragmático do Uso de Enunciados Proverbiais
nas Interacções Verbais Correntes.
Duarte, H. V. (2006): Provérbios segundo José Saramago. Lisboa: Edições Colibri.
Lopes, A. C. M. (1992): Texto Proverbial Português: Elementos para uma Análise Semântica
e Pragmática. (tese de mestrado), Coimbra: Universidade de Coimbra.
Melo, L. J. M. (2002). Os Textos Tradicionais na Aula de Português: os Provérbios,
Coimbra: Almedina.
Nóbrega, M. A. (2008). Quando os provérbios dão a manchete: a oralidade no texto escrito
jornalístico – o caso Jornal da Tarde (tese de doutoramento), São Paulo: Universidade de
São Paulo.
Rocha, R. (1995). A Enunciação dos Provérbios, São Paulo: Annablume Editora.
Saramago, J. (2010, 16ª ed.). A Jangada de Pedra, Alfragide: Caminho.

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