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TRABALHO DO CAMPO II
1.1. Objectivos
1.2. Objectivo geral
Falar das dificuldades que a criança encontra quando aprende a escrever.
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CAPITULO II: REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Dificuldades que a criança encontra quando aprende a escrever
Quando Escoriza Nieto (1998) aborda as dificuldades no processo da escrita,
menciona que, entre os diversos modelos explicativos das dificuldades de aprendizagem
e das definições elaboradas, as causas de tais dificuldades podem ser entendidas como
resultantes na criança (critério intrínseco). Reduzir a interpretação das dificuldades de
aprendizagem a causas intrínsecas supõe orientar os processos de diagnóstico à análise
das características da criança, em detrimento da análise de outras causas que podem ter
uma maior potencialidade explicativa. Esse tipo de análise não engloba os fatores
causais como de influência educativa e a sua interação entre outros.
Dessa forma, na concepção do autor, o que deve ser apreciado como importante
pode estar reunido em dois aspectos.
Primeiramente, Escoriza Nieto (1998) considera a análise vygotskiana da incapacidade.
Em tal análise, diz que Vygotski atribuiu uma primazia total da influência dos fatores
socioculturais, tanto sob o ponto de vista da etiologia, quanto da intervenção.
Para Vygotski, uma criança com uma incapacidade não é uma pessoa cujo
desenvolvimento está obstaculizado por algum tipo de déficit. O desenvolvimento de tal
criança seria qualitativamente diferente e não mais lento ou inferior, em termos
qualitativos, do que uma criança sem tal incapacidade. E, ainda, as capacidades
cognitivas seriam diversas e heterogêneas, tanto no caso das crianças com ou sem
incapacidades, pois elas teriam um desenvolvimento relativo ao contexto sociocultural.
Assim, “não existiriam incapacidades, mas sim, uma extensa diversidade de
incapacidades” (Escoriza Nieto, 1998, p.153).
Em segundo lugar, o autor aprecia as propostas formuladas, desde a concepção
construtivista da aprendizagem escolar e do ensino até a fundamentação mais adequada
das dificuldades de aprendizagem que implicam dois fatores descritos a seguir.
A análise da etiologia das dificuldades de aprendizagem deveria focalizar a interação
funcional e simultânea das características e a natureza dos três componentes básicos dos
processos de ensino-aprendizagem: a pessoa que aprende, o professor que guia o
processo de aprendizagem do aluno e os conteúdos que constituem o objeto de
ensinoaprendizagem (situar as causas em um triângulo interativo constituído por aluno-
professorconteúdos), ou considerar os processos de interação aluno-professor-conteúdo
como a unidade de análise mais pertinente e relevante, referindo-se à explicação,
diagnóstico e intervenção das dificuldades de aprendizagem.
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Buscando orientações teóricas para a compreensão destas dificuldades, mais
especificamente na escrita, encontramos na fala de Gregg, na obra de García a seguinte
explicação:
Trata de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das habilidades
relacionadas com a escrita. Esse transtorno não se explica nem pela presença
de uma deficiência mental, nem por escolarização insuficiente, nem por um
déficit visual ou auditivo, nem por alteração neurológica. Classifica-se como
tal apenas se produzem alterações relevantes no rendimento acadêmico ou
nas atividades da vida cotidiana. A gravidade do problema pode ir desde
erros na sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na organização de
parágrafos (1998, p.191).
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ambiente escolar, pois, é necessário conhecer realmente a vida, os sentimentos, os
sofrimentos, a rotina e a família dos alunos que chegam até a escola e que apresentam
tais dificuldades de aprendizagem.
Hila (1999), explica-nos essas condições:
“Ter o que dizer” diz respeito á experiência daquilo que a criança viveu, ou
seja, o ponto de partida para toda a reflexão do aluno deve ser as experiências
por ele trazidas, suas ansiedades e vivências. É fundamental que, ao propor
uma proposta de escrita se parta de conhecimentos já existentes nas crianças.
Por exemplo, se em uma atividade de produção solicita-se á criança que
elabore uma receita, na sala de aula o professor já deve ter trabalhado
atividades de leitura e de escrita que envolva esse gênero. Dessa forma, o
aluno precisa sentir que escrever seja algo importante, em que a experiência
do vivido passe a ser objeto inicial de reflexão na escola: “o vivido é,
portanto, o ponto de partida para a reflexão” (GERALDI, 1993, p. 163).
Sabe-se, que são muitos os desafios enfrentados nos anos iniciais do ensino
fundamental em relação à defasagem da leitura e da escrita dos alunos, não há como
negarmos os desafios, pois eles estão no nosso dia a dia educacional, basta só
observamos.
Portanto, analisa-se, que para se tornar um leitor competente e um escritor
eficiente, será preciso primeiramente de professores capacitados, isto é, educadores
conscientes de sua prática educativa e preparados para os desafios constantes da
atualidade, pois os professores/educadores têm que ser capaz de desenvolver uma
mediação qualitativa no ensino-aprendizagem, com base em estímulos nos mais
diversos contextos sociais, tanto no contexto formal, quanto no contexto não formal, na
busca de formar alunos leitores competentes.
A escola é o ambiente onde a criança tem a oportunidade de se desenvolver
fisicamente e intelectualmente, pois é no contexto escolar que a criança aprender a
conviver e a respeitar as diferenças, como também, ampliar conhecimentos através do
contato com a diversidade cultural, social e com uma variedade de materiais concretos,
para fazer bom uso da leitura e da escrita, como, (livros, gibis, cadernos, mural de
leitura, revistas, jornais, dicionários, textos diversos, entre outros).
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interação com os colegas, professores, diretor e funcionários em geral. Pois o momento
que a escola valoriza seus alunos de forma igualitária, certamente, os mesmos passam a
acreditar mais em si mesmo, em seu desempenho, em seu potencial e em seus sonhos.
Para que isso ocorra de forma concreta, é fundamental que as crianças sejam
incentivadas o mais cedo possível por todos aqueles que convivem, primeiramente por
seus familiares, (pais, avós, irmãos, tios, primos etc.). A família é fundamental em todas
as etapas da vida da criança, desde então, no processo de alfabetização/ letramento ela é
muito mais importante e significativa, por se tratar de uma etapa extraordinária na vida
da mesma.
Se num primeiro momento de sua existência a criança aprende e se situa no
mundo através da atribuição de significados a pessoas, objetos e situações
presentes no seu ambiente familiar, então podem inferir que esse mesmo
ambiente deve ser potencialmente significativo em termos de livros, leitores e
leitura. (SILVA, 1988, p. 56)
O professor/educador deve sempre estar atento aos pequenos textos produzidos
pelos alunos, pois é necessário explorá-los cuidadosamente, assim como saber aceitar e
respeitar as diferenças de opinião e escrita, onde muitas vezes os educandos buscam
deixar sua marca pessoal no texto através da escrita. Heloísa Vilas Boas sugere trabalhar
a leitura e a escrita por etapas ou unidades, trabalhar com palavras-chaves a partir da
seleção da frase que é gerada pelas crianças, iniciando-se com seis ou sete palavras, o
que vai aumentando conforme passam de uma unidade para outra.
Além da diversidade linguística, as crianças em processo de alfabetização e
letramento, irão se deparar com as diferenças entre as duas formas da língua, (a língua
falada e a língua escrita convencional).
O professor dos anos iniciais deve ter conhecimento dos aspectos fônicos da
língua portuguesa para poder ajudar a criança a refletir sobre sua língua
falada e sua complexa relação com a língua escrita. Isso exige do professor
competência técnico-pedagógica específica, para que as dificuldades possam
ser minimizadas (SIMÕES, 2006, p. 16).
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desrespeitar a maneira como as crianças dos anos iniciais do ensino fundamental
costumam falar em sala de aula, obviamente respeitando sua língua materna.
É fato, que no início do processo de ensino-aprendizagem a criança precisará de
uma atenção especial, de uma mediação redobrada e de uma orientação de como
começar e quais os movimentos necessários para a escrita e a soletração de cada letra e
de cada palavra. Com certeza, a criança que apresenta dificuldades de memória
sinestésica não se lembrará da forma do traçado das letras numa escrita espontânea ou
um ditado e copiará com lentidão, escrevendo as letras de forma isolada.
Para o desenvolvimento da competência dos alunos na produção textual, o
professor deve, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 49-
50), implementar uma prática continuada de textos e sugerem, para isso, alguns
procedimentos assim resumidos:
Oferecer textos escritos de boa qualidade para que sirvam de referências para as
futuras produções.
Solicitar aos alunos que produzam textos antes de saberem grafá-los, ditando
para alguém ou gravando.
Propor situações de produção de textos em pequenos grupos, para que possam
dividir as tarefas: produzir, grafar, revisar. Essa estratégia, além de ajudar
aqueles que têm mais dificuldades, pode desenvolvê-los para a atitude
colaborativa.
Conversar com os alunos sobre o processo de escrita para que não criem
fantasias de que escrever é muito fácil para algumas pessoas.
É imprescindível analisar, que nada adianta a escola aceitar o aluno como ele é, se essa
mesma escola e seus educadores não se esforçarem para modificar práticas pedagógicas,
e adequarem recursos e metodologias ás necessidades de aprendizagem dos alunos,
como também, não oferecem materiais concretos e instrumentos necessários para os
educandos enfrentar suas dificuldades de leitura e de escrita no âmbito educacional. É
preciso, portanto, que a escola possibilite aos discentes o acesso amplo ao conjunto de
conhecimentos historicamente produzidos pela sociedade, como, a leitura e a escrita.
Algumas crianças possuem de fato, grandes dificuldades em aprender a ler e
escrever, mesmo com um professor/educador preparado e competente, pois tais crianças
possuem distúrbios na aprendizagem o que dificulta muito o ensino-aprendizagem das
mesmas. A leitura e a escrita são atividades que dependem muito de estímulos internos
e externos, de mediação adequada e motivação contínua dos envolvidos no processo. A
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prática da leitura e da escrita é essencial para a construção de conhecimentos/saberes e
para a formação do indivíduo leitor competente, além de despertar sentimentos, alegrias,
e opiniões críticas, certamente, a prática da leitura e da escrita exerce sobre o indivíduo
o poder de expandir seus horizontes e ir além, tanto na vida profissional, como na vida
social, cultural, acadêmica e afetiva.
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lento/rápido), e também a fatores psicoafetivos, pois o sujeito reflete na escrita o seu
estado e tensão emocionais. As últimas – causas pedagógicas – poderão estar
relacionadas, por exemplo, com uma instrução/ensino rígido e inflexível, com uma
mudança inadequada de letra de imprensa para letra manuscrita e/ou uma ênfase
excessiva na qualidade ou rapidez da escrita.
Um outro autor, Cinel (2003), apresenta-nos cinco grupos de causas promotoras
da disgrafia: - Distúrbios na motricidade ampla e fina, relacionados com a falta de
coordenação entre o que a criança se propõe fazer (intenção) e o que realiza
(perturbações no domínio do corpo); - Distúrbios na coordenação viso motora,
associada à dificuldade no acompanhamento (visual) do movimento dos membros
superiores e/ou inferiores; - Deficiência na organização tempo/espacial
(direita/esquerda, frente/atrás/lado e antes/depois); - Problemas na lateralidade e
direccionalidade (dominância manual); - Erros pedagógicos, relacionados com falhas no
processo de ensino, estratégias inadequadamente escolhidas pelos docentes ou mesmo
desconhecimento deste problema.
A disgrafia compromete a escrita da criança, consequentemente formando uma
letra não legível e confusa, de acordo com Souza:
Disgrafia é uma deficiência na qualidade do traçado gráfico que não deve ter
uma causa “déficit” intelectual e/ou neurológico. Fala-se, portanto, de
crianças de inteligência média ou acima da média, que por vários motivos
apresentam uma escrita ilegível ou demasiadamente lenta, o que impede um
desenvolvimento normal da escolaridade. (SOUZA, 2015, p.13).
Para o autor, a disgrafia não é relacionada a um fator neurológico, e sim pode ser
originada por vários motivos, consequentemente interferindo negativamente no
aprendizado devido a escrita ser ilegível e lenta.
Outra definição apresentada por Pântano (2016) em Psicologias do Brasil é de que A
criança com disgrafia apresenta uma escrita ilegível decorrente de dificuldades no ato
motor de escrever, alterações na coordenação motora fina, ritmo, e velocidade do
movimento, sugerindo um transtorno práxico motor (psicomotricidade fina e visual
alteradas). (PÂNTANO, 2016, s/p).
Muitos são os sinais que a criança emite ao revelar que possui essa dificuldade, o
educador precisa estar atento as seguintes manifestações. Coelho (s/d) cita essas
dificuldades:
Letra muito grande ou muito pequena;
Letra confusa, por vezes difícil de decifrar;
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Traço forte demais que pode acontecer até rasuras no papel, ou traço leve difícil
de enxergar;
Espaçamento das letras e palavras incorretos;
Falta de organização do texto.
A atividade pedagógica com crianças que possuem essa dificuldade exige do
docente conhecimento, empatia, comprometimento e, principalmente, uma boa relação
entre professor/aluno, fazendo com que o educando perceba a sua importância nesse
processo como um bom incentivador. Em concordância com Souza (2015, p. 17), “a
escola tem como principal objetivo instruir o aluno fazendo com que adquira a
habilidade da escrita, sendo esse o principal desafio de um educador”.
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palavras de maneira inadequada à utilização de pouca ou muita força na hora de
escrever. Em muitos casos, a disgrafia está associada a um problema psicomotor. Há
que se lembrar, porém, que o pequeno com disgrafia tem o desenvolvimento intelectual
normal. Embora as características da disgrafia sejam as mais variadas possíveis, é
importante ressaltar que citamos as mais perceptíveis no decorrer da vida acadêmica do
estudante. Utilizamos os principais sinais mostrados pelas crianças para ilustrar como o
transtorno requer preparo dos profissionais que lidarão com os casos.
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CAPITULO III: CONCLUSÕES
Durante a pesquisa foi possível observar que as dificuldades de aprendizagem
podem ser geradas tanto por fatores extrínsecos como intrínsecos ao ser humano, ou
seja, para além dos aspectos psicológicos e biológicos ela envolve principalmente o
ambiente no qual o sujeito está inserido, pois será o meio e os estímulos que irão
determinar a dificuldade em maior ou menor grau da criança. Geralmente os cérebros
das crianças com dificuldades tendem a ter um desenvolvimento e amadurecimento
mais lentos e a isso soma-se o fato das escolas estabelecerem certos padrões para o
desenvolvimento dos alunos e tudo o que não se encaixa no padrão específico, é
considerado um “problema”. Assim, acabam sendo criados enganos, estigmas e rótulos,
sobre os alunos que não aprendem no tempo predeterminado pela escola. Estes enganos
ocorrem principalmente pelo fato de que não é possível encaixar todas as pessoas em
um padrão de desenvolvimento, uma vez que cada ser humano é singular em sua
existência, experiência e possibilidades.
O ambiente escolar torna-se importante, a medida que, deve fornecer condições
adequadas para aprendizagem em um ambiente favorável e facilitador, garantindo o
acesso aos conteúdo de forma lúdica através de jogos educativos, dentre outros recursos
que possam facilitar essa aprendizagem dentro das limitações impostas pelas DA. Cabe
destacar que a DA não diagnosticada e tratada de maneira incorreta poderá acarretar
sérios prejuízos no processo de escolarização das crianças, tais como: baixo rendimento
escolar, repetência, baixa auto-estima e evasão. Portanto, percebe-se que nesse contexto
a escola e a família caracterizam-se como pilares para superação dessas dificuldades
vivenciadas pelos alunos.
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CAPITULO IV: REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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