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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Centro de Recursos de Tete

Direitos Sexuais e Reprodutiva, Gravidez Indesejada no contexto


Moçambicano (olhando para zonas Rurais)

Domingas António Mafunga: 708201500

Curso: Licenciatura em Ensino de Biologia

Ano de frequencia: 2º

Turma: C

Disciplina: Habilidades de vida, saúde


sexual, Reprodutiva, Género e HIV/SIDA

1º Trabalho

Docente:

Tete, Outubro de 2022


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organizacionais  Discussão 0.5
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(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação parágrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas

Normas APA
 Rigor e coerência das
Referências 6ª edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Recomendações de melhoria
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Índice
1.Introdução ................................................................................................................................ 1

1.1.Objectivos: ............................................................................................................................ 1

1.1.1.Geral:… ............................................................................................................................. 1

1.1.2.Específicos:........................................................................................................................ 1

1.2.Metodologia .......................................................................................................................... 1

2.Direitos sexuais e reprodutivos ............................................................................................... 2

2.1.Direitos sexuais .................................................................................................................... 3

2.2.Direitos reprodutivos ............................................................................................................ 4

2.3.Saúde Sexual e Reprodutiva ................................................................................................. 4

2.4.Sexualidade na adolescência ................................................................................................ 5

2.5.As principais componentes dos direitos sexuais e reprodutivos .......................................... 6

3.A gravidez indesejada no contexto moçambicano .................................................................. 6

3.1.Os riscos da gravidez indesejada .......................................................................................... 7

3.2.Consequências da gravidez indesejada ................................................................................. 7

3.3.Gravidez indesejada na adolescência ................................................................................... 7

3.4.A interrupção (propositada) da gravidez .............................................................................. 8

4.Conclusão ................................................................................................................................ 9

5.Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 10


1. Introdução
O presente trabalho é referente a cadeira de Habilidade de Vida, Saúde Sexual e Reprodutiva,
Género e HIV/SIDA, onde debruça sobre sobre direitos sexuais e Reprodutiva, gravidez
indesejada no contexto moçambicano. O trabalho está estruturado em introdução,
desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.
Os direitos sexuais e reprodutivos são parte integrante dos direitos humanos e, basicamente,
abrangem o exercício da vivência da sexualidade sem constrangimento, da maternidade
voluntária e da contracepção autodecidida.
Pode-se afirmar que os direitos reprodutivos são entendidos como “a capacidade de se
reproduzir e a liberdade de decidir-se, quando e com que frequência se reproduzir”. Além
disso, esse conceito é um instrumento de acção política, que permite o deslocamento da
discussão de temas como aborto, homossexualidade, concepção, contracepção e mortalidade
materna, antes restritos aos aspectos legais e de saúde, para o campo dos direitos humanos.
O efectivo exercício dos direitos sexuais e reprodutivos demanda políticas públicas que
assegurem a saúde sexual e reprodutiva que têm na Atenção Primária em Saúde (APS) uma
das suas grandes áreas de actuação.

1.1. Objectivos:
1.1.1. Geral:
 Conhecer os direitos sexuais e Reprodutiva, gravidez indesejada no contexto
moçambicano
1.1.2. Específicos:
 Definir os direitos sexuais e Reprodutiva;
 Descrever a saúde sexual e reprodutiva;
 Falar da Sexualidade na adolescência;
 Mencionar as principais componentes dos direitos sexuais e reprodutivos;
 Falara da gravidez indesejada no contexto moçambicano;
 Identificar os riscos da gravidez indesejada;
 Mencionar as consequências da gravidez indesejada.
1.2. Metodologia
Para a materialização do presente trabalho recorreu-se a consultas bibliográficas de obras e
artigos científicos relacionados com o tema em discussão no presente trabalho.

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2. Direitos sexuais e reprodutivos
Segundo BARSTED (2005), Direitos sexuais e direitos reprodutivos são dois conjuntos de
direitos que, de um lado devem ser entendidos de forma separada, por outro estão
intimamente ligados e se complementam. Os dois conjuntos de direitos pertencem aos direitos
humanos e têm como base os mesmos princípios que são universalidade, indivisibilidade e
interdependência.
O reconhecimento desses direitos como direitos humanos implica o reconhecimento de que a
sexualidade e a reprodução humanas necessitam de um conjunto de normas jurídicas para a
sua promoção e implementação, assim como de políticas públicas desenvolvidas pelo Estado
que assegurem a saúde para o exercício de tais direitos, ou seja, a saúde sexual e a saúde
reprodutiva de cidadãs e cidadãos de uma determinada sociedade.
O conceito de direitos reprodutivos refere-se a um conjunto de normas e leis referentes à
autonomia de homens e mulheres para decidir se querem ou não ter filhos e o tamanho de sua
prole, bem como quando desejam reproduzir.
Segundo ÁVILA (1989), trata-se de direito de autodeterminação, privacidade, intimidade,
liberdade e autonomia individual, em que se clama pela não interferência do Estado, pela não
discriminação, pela não coerção e pela não-violência.
Referem-se ao direito de desfrutar de uma sexualidade saudável de prazer. É essencial.
Pressupõem a escolha livre, autónoma e responsável, promovendo assim o respeito mútuo,
nas relações.
A Declaração da IPPF (Federação Internacional de Planeamento Familiar) de 2008 define:
 Direitos Sexuais são uma componente dos Direitos Humanos.

 São um conjunto de direitos relacionados com a sexualidade, e contribuem para a


liberdade, igualdade e dignidade das pessoas.

 A sexualidade e o prazer que dela deriva são aspectos centrais do ser humano, quer a
pessoa opte por reproduzir-se quer não.

 A garantia dos direitos sexuais para todos inclui um compromisso com a liberdade e a
protecção contra danos.

 Os direitos sexuais devem estar sujeitos apenas a limitações determinadas pela lei,
com a finalidade de garantir o devido reconhecimento e respeito dos direitos e
liberdades de terceiros e do bem-estar geral, em uma sociedade democrática.

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Quer o homem, quer a mulher, todos têm direito a desfrutar de uma sexualidade saudável, ou
seja, todos têm direitos sexuais. Os direitos sexuais são elementos fundamentais dos direitos
humanos. Os direitos sexuais incluem:
Direito à felicidade, sonhos e fantasias.
Direito de explorar a própria sexualidade livre de medo, vergonha, falsas crenças e outros
impedimentos à livre expressão dos próprios desejos.
Direito de expressar a sexualidade independentemente da reprodução.
Direito de desfrutar a sexualidade livre de violência e discriminação.
Direito de escolher ser ou não sexualmente activo(a).
Direito de exigir práticas de sexo seguro para prevenção de gravidez não desejada e infecções
sexualmente transmissíveis.
Direito à informação, educação e serviços de alta qualidade e confidencialidade.

2.1. Direitos sexuais


De acordo com ÁVILA (1996), o conceito de direitos sexuais refere-se a um conjunto de
normas, leis, portanto, direitos, que dizem respeito à liberdade sexual, autonomia, integridade
e segurança, privacidade, prazer, escolhas livres e responsáveis, informação e exercício às
formas de expressão sexual, de maneira segura e livre de pressões.
Embora muitos desses direitos já se encontrem legitimados, seja pela sociedade, seja por leis
específicas ou até mesmo por jurisprudências judiciais, ainda é alvo de críticas de sectores
sociais, especialmente daqueles ligados a correntes religiosas.
Por não serem plenamente reconhecidos, os direitos sexuais, muitas vezes, aparecem
acoplados aos direitos reprodutivos como uma estratégia para o desenvolvimento de políticas,
mas ainda representa a dificuldade que se tem para a sua tradição em políticas públicas
específicas.
A construção dos direitos sexuais e reprodutivos é resultado da discussão sobre a autonomia
do corpo, o controle da fecundidade, pelo acesso à contracepção e reivindicações sobre saúde
reprodutiva, trazidas pelo movimento feminista da década de 70 e também pelas conferencias
internacionais, especialmente a Conferencia Internacional de População e Desenvolvimento
(CIPD), em 1994, realizada no Cairo, que deslocou a discussão sobre desenvolvimento e sua
relação com população da órbita de controle populacional, emergindo a importância do
conceito de igualdade de género.

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2.2. Direitos reprodutivos
Segundo ROSAS (2005), os direitos reprodutivos compreendem o direito básico de todo casal
e de todo individuo de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a
oportunidade de ter filhos/as e de ter a informação e os meios de assim o fazer, gozando do
mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva. Incluem o direito:
 Individual de mulheres e homens em decidir sobre se querem, ou não, ter filhos/as,
em que momentos de suas vidas e quantos/as filhos/as desejam ter;
 De tomar decisões sobre a reprodução, livre de discriminação, coerção ou violência;
 De homens e mulheres participarem com iguais responsabilidades na criação dos/as
filhos/as;
 A serviço de saúde pública de qualidade e acessível, durante todas as etapas da vida;
 A doação e ao tratamento para a infertilidade.

2.3. Saúde Sexual e Reprodutiva


O conceito de saúde sexual e reprodutiva corresponde, hoje, a uma forma alargada de pensar e
agir activamente na promoção de vivências gratificantes, informadas e seguras no domínio da
sexualidade de ambos os sexos.
Tradicionalmente, este domínio da saúde foi definido e encarado de modo mais restrito,
valorizando, sobretudo, os aspectos directamente relacionados com a reprodução, nos quais se
incluíam a gravidez, o parto e a contracepção.
Por isso, até há cerca de duas décadas, a atenção dos serviços e dos profissionais centrava-se
nesses temas, em geral, sob a designação de Saúde Materna e Planeamento Familiar,
dirigindo-se, em particular, para a população feminina.
As mudanças sociais, as necessidades expressas pelos indivíduos em relação às suas
vivências, a reflexão dos profissionais e também algumas medidas das organizações de saúde
vieram reforçar a importância de enquadrar a problemática da reprodução num contexto mais
vasto. Assumiu-se, assim, que esse domínio está intimamente relacionado com a expressão e
o prazer sexuais, as relações conjugais, os papéis sociais atribuídos a cada um dos sexos, ao
bem-estar e à autodeterminação na vivência da sexualidade.
Por isso, quando se fala em saúde sexual e reprodutiva, referimo-nos, entre outros aspectos, à
promoção dos direitos sexuais e reprodutivos de ambos os sexos, através da divulgação de
informação credível e cientificamente sustentada, à facilitação do acesso à contracepção fiável
e a meios de prevenção das infecções sexualmente transmissíveis.

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Por outro lado, contempla-se ainda a disponibilização de recursos que permitam que as
gravidezes e os partos decorram de forma segura e se garanta apoio aos indivíduos e aos
casais no domínio da sexualidade.
Devido a esta abrangência de temas e de áreas de actuação, o sucesso das medidas e
iniciativas de promoção da saúde sexual e reprodutiva depende da acção de vários serviços e
agentes, bem como da adequada articulação entre eles. Para além do papel destacado dos
profissionais e serviços de saúde, deve reconhecer-se a importância do diálogo familiar acerca
destes temas e das actividades de educação sexual desenvolvidas em contexto escolar.
Este empenhamento colectivo é certamente uma das melhores vias para elevar os níveis de
saúde e de bem-estar individual e colectivo neste domínio específico, permitindo agir sobre
alguns dos problemas que, apesar das melhorias significativas, permanecem ainda resistentes,
como sejam as gravidezes não desejadas, as taxas de contágio de infecções sexualmente
transmissíveis e as situações de violência e exploração sexual (PETCHESKY1999).

2.4. Sexualidade na adolescência


A sexualidade e o comportamento reprodutivo de adolescentes e jovens começam a ser vistos,
hoje, menos como um problema social e mais como um tema de direito a educação sexual e
de usufruto de direitos reprodutivos. Sem este enfoque, corre-se o risco de serem adoptadas
posições normalizadoras da sexualidade e reprodução dos\as jovens, impondo lhes modelos
de comportamento que, além de não cobrirem as suas necessidades reais, poderão ferir alguns
dos seus direitos básicas.
A sexualidade e comportamento reprodutivo dos\as adolescentes entram, muitas vezes, com
os projectos que a sociedade lhes atribui de que antes de terem filhos\as é preciso que
terminem os estudos, estejam trabalhando, tenham um bom salário e condições de
constituírem família.
A sociedade, por sua vez, tem respondido de maneira não satisfatória as necessidades e
direitos dos\as adolescentes sobre a sexualidade, reprodução e prevenção das DTS/SIDA, para
não falar de outros direitos sociais básicos como a educação, saúde em geral, lazer, cultura,
desporto, habitação e direito ao trabalho. Não lhes é facultada informação sobre a sexualidade
em geral, sobre serviços de boa qualidade para aconselhamento e fornecimento de métodos
contraceptivos incluindo preservativos para a prevenção das DTS/SIDA. A consciencialização
sobre seus direitos e responsabilidade, sua participação activa em processos relacionados com
a vida particular ou social, também não lhes é, muitas vezes, fornecida.

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A sexualidade, a reprodução e a prevenção das DTS/SIDA na adolescência devem ser
compreendidas na sua inter-relação com aspectos educativos, culturais, psicológicos, sociais,
jurídicos e políticos e cabe ao profissional ficar atento\a a estes aspectos nas suas respectivas
acções (CHIPKEVITCH, 19920.

2.5. As principais componentes dos direitos sexuais e reprodutivos


De acordo com OMS/UNICEF (1979), as principais componentes dos direitos sexuais e
reprodutivos são:
 Igualdade e equidade entre homens e mulheres, a fim de permitir que os indivíduos
façam escolhas livres e esclarecidas, em todas as esferas da vida, sem estarem sujeitos
a qualquer discriminação fundada no sexo;
 Saúde reprodutiva e sexual, como uma componente da saúde em geral, ao longo do
ciclo de vida;
 Tomada de decisão, quanto à reprodução, incluindo a escolha voluntária, quanto ao
casamento, à formação da família, à determinação do número de filhos e ao direito de
ter acesso à informação e aos meios necessários para exercer uma escolha voluntária;
 Segurança sexual e reprodutiva: não sujeição à violência sexual e à coerção sexual.

3. A gravidez indesejada no contexto moçambicano


O contexto social e cultural, incluindo a religião, é um dos importantes factores que
influenciam o planeamento familiar.
Nas sociedades patrilíneares, o “domínio do homem” dificulta a capacidade da mulher de
influenciar a decisão sobre a reprodução.
As relações conjugais e familiares, o nível de educação, o acesso a recursos financeiros e aos
serviços de saúde são também factores determinantes, na capacidade da mulher fazer as suas
opções, acerca das suas necessidades de saúde reprodutiva.
Em Moçambique, onde a sociedade tradicional e as crenças culturais reforçam a dependência
e a ausência de poder da mulher, onde as mulheres são pobres, poucas mulheres podem
exercer os seus direitos reprodutivos e sexuais. As adolescentes são, nestas circunstâncias, as
mais vulneráveis, sendo mais susceptíveis à gravidez indesejada, tornando-se esposas e mães,
numa idade muito precoce. A falta de acesso aos métodos contraceptivos conduz à gravidez
indesejada, que termina, muitas vezes, num aborto inseguro, com todas as suas consequências
sociais e para a saúde das adolescentes.

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A gravidez é mais frequente nas adolescentes: de acordo com o último censo populacional,
17% das adolescentes, entre os 15 e os 19 anos, tiveram já um filho (MISAU, 2003).

3.1. Os riscos da gravidez indesejada


Cerca de 55% das gestações em Moçambique não são planejadas, apesar de haver uma série
de métodos contraceptivos disponíveis.
Gravidez indesejada é aquela que não foi programada pelo casal ou pela mulher. Geralmente,
é causada pela ausência ou o uso incorrecto dos métodos contraceptivos e a falta de
informação.

3.2. Consequências da gravidez indesejada


A decisão sobre a hora certa de engravidar está relacionada ao direito básico que todas as
mulheres devem ter sobre a sexualidade. A gravidez indesejada traz uma série de mudanças:
 Alterações no corpo;
 Mudanças na casa e na rotina;
 Aumento dos cuidados com a saúde, até porque o pré-natal é fundamental para
preservar as vidas da mãe e do bebé.
Além disso, a falta de planejamento da gravidez pode levar a situações mais graves, por
exemplo:

 Interferir no estabelecimento do vínculo com o bebé;


 Interferir na decisão de amamentar;
 Aumentar a chance de a mulher desenvolver depressão pós-parto.

3.3. Gravidez indesejada na adolescência


ROCHA (2009), as adolescentes têm maior risco de uma gravidez indesejada devido a
factores socioeconómicos, que dificultam o acesso a contraceptivos e às informações sobre
sexualidade.
Além disso, a adolescência é um período propenso a desafios e novas descobertas. É muito
comum os adolescentes pensarem que tudo pode acontecer com os outros, não com eles.
Ter um filho nesta fase da vida pode trazer alguns prejuízos ao corpo da mãe, que pode não
estar completamente formado, ou seja, não está pronto para gerar um bebé. Além, das
transformações biológicas e psicológicas, a gravidez indesejada na adolescência é a razão de
muitas evasões escolares.

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Cerca de 40% das mães adolescentes abandonam os estudos segundo o Fundo de População
das Nações Unidas, os principais motivos são:
 Sintomas típicos da gravidez;
 Vergonha;
 Preconceito;
 Pressão familiar, escolar e dos amigos.
Por outo lado, os casos de gravidez na adolescência diminuíram cerca de 17% de acordo com
o Ministério da Saúde. A redução está relacionada à expansão de programas de saúde, a mais
acesso a métodos contraceptivos e à educação sexual nas escolas.

3.4. A interrupção (propositada) da gravidez


Apesar de existirem muitas opções de planificação familiar, e apesar da educação e
informação sobre a sexualidade, mulheres grávidas têm procurado resolver o seu problema,
através do aborto.
O aborto inseguro, em Moçambique, é uma das principais causas da morte materna. Em 2010,
a mortalidade materna, no país, foi de 490 mortes por 100.000 nascimentos vivos2. Não é
conhecida exactamente a magnitude do aborto inseguro. No período de 1990 a 2000, 8 a 11%
das mortes maternas ocorridas foram devidas a complicações do aborto inseguro.
O aborto inseguro é um problema grave de saúde pública, não só devido à morte materna, mas
também devido às suas complicações imediatas e de longo prazo.
As complicações imediatas mais comuns são: laceração do colo do útero, hemorragia,
infecção grave (sepsis), perfuração uterina e peritonite (acumulação de pus, na cavidade
abdominal).
As complicações a médio e longo prazo incluem a dor pélvica crónica, a gravidez fora do
útero, e a infertilidade. São também de destacar as consequências sociais, tais como a
destruição da família e a estigmatização da mulher.
A legislação de Moçambique estipula que o aborto é proibido, e penaliza a mulher e o
abortador. Respondendo à alta taxa de morbi-mortalidade, o Ministério da Saúde autorizou a
interrupção da gravidez, em certos casos, como, por exemplo, a falha de contraceptivos, ou
causas socioeconómicas (MISAU/DNS, 2003).

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4. Conclusão
Após a realização do presente trabalho conclui-se que os direitos sexuais e direitos
reprodutivos são dois conjuntos de direitos que, de um lado devem ser entendidos de forma
separada, por outro estão intimamente ligados e se complementam. Os dois conjuntos de
direitos pertencem aos direitos humanos e têm como base os mesmos princípios que são
universalidade, indivisibilidade e interdependência.
O reconhecimento desses direitos como direitos humanos implica o reconhecimento de que a
sexualidade e a reprodução humanas necessitam de um conjunto de normas jurídicas para a
sua promoção e implementação, assim como de políticas públicas desenvolvidas pelo Estado
que assegurem a saúde para o exercício de tais direitos, ou seja, a saúde sexual e a saúde
reprodutiva de cidadãs e cidadãos de uma determinada sociedade.
O conceito de direitos reprodutivos refere-se a um conjunto de normas e leis referentes à
autonomia de homens e mulheres para decidir se querem ou não ter filhos e o tamanho de sua
prole, bem como quando desejam reproduzir.
O contexto social e cultural, incluindo a religião, é um dos importantes factores que
influenciam o planeamento familiar.
Nas sociedades patrilíneares, o “domínio do homem” dificulta a capacidade da mulher de
influenciar a decisão sobre a reprodução.
As relações conjugais e familiares, o nível de educação, o acesso a recursos financeiros e aos
serviços de saúde são também factores determinantes, na capacidade da mulher fazer as suas
opções, acerca das suas necessidades de saúde reprodutiva.
Em Moçambique, onde a sociedade tradicional e as crenças culturais reforçam a dependência
e a ausência de poder da mulher, onde as mulheres são pobres, poucas mulheres podem
exercer os seus direitos reprodutivos e sexuais. As adolescentes são, nestas circunstâncias, as
mais vulneráveis, sendo mais susceptíveis à gravidez indesejada, tornando-se esposas e mães,
numa idade muito precoce.

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5. Referências Bibliográficas
ÁVILA, M.B. Os Direitos Reprodutivos e a condição feminina. Recife: SOS Corpo, 1989.
ÁVILA, M.B.; GOUVEIA, T. Notas sobre direitos reprodutivos e direitos sexuais. In:
BARSTED, L.L. Conquistas da sexualidade no campo do direito. Sexualidade - Género e
Sociedade, Ano XII, n. 23/24/25, p. 160-172, out. 2005.
CHIPKEVITCH, Puberdade e Adolescência, Editora lglu, São-Paulo, Brasil, 1992.
MISAU/DNS/ Programa de Saúde Sexual e Reprodutiva para Adolescentes e Jovens; Manual
de Educação e aconselhamento em sexualidade, Saúde e Direitos Reprodutivos e
HIV/SIDA para Adolescentes e Jovens, Fundo das Nações Unidas para à Popula População.
Maputo, Moçambique. 2003.
OMS/UNICEF. Cuidados primários de saúde. Brasília (DF); 1979 [Relatório da
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde; 1978, 6-12 set; Alma-Ata,
URSS].
PARKER, R.; BARBOSA, R.M. (Org). Sexualidades brasileiras. Rio de Janeiro: Relume
Dumará, 1996.
PETCHESKY, R.P. Direitos sexuais: um novo conceito na prática política internacional.
In: BARBOSA, R.M.; PARKER, R. (Org). Sexualidades pelo avesso: direitos, identidades e
poder. Rio de Janeiro: IMS/UERJ; São Paulo: Editora 34, 1999.
ROSAS, C.F. Política Nacional de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: rompendo
velhos preconceitos e construindo novos paradigmas. Jornal da Rede Feminista de Saúde,
Florianópolis, n. 27, p.18, Set. 2005.
ROCHA CA. Gravidez na adolescência e evasão escolar; 2009. Disponível em:
https:/www,gineco.com.br/wp-content/up;oads/2018/11gravides-na-adolescencia-e-evasao-
escolar.pdf. Acesso em: 25.10.2022.

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