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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Centro de Recursos de Cuamba

Morfologia do Português

Nome da Estudante: Dilenia Alfredo

Código:708215678

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Linguística Descritiva do
Português I
Ano de Frequência: 2º
Tutor:

Cuamba, Outubro, 2022


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 Bibliografia 0.5
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(Indicação clara do 1.0
problema)

Introdução  Descrição dos


1.0
objectivos

 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.0
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 1
1.1. Objectivo geral .................................................................................................................... 1
1.2.Objectivos específicos .......................................................................................................... 1
1.3.Metodologia .......................................................................................................................... 1
2. Fundamentação teórica ........................................................................................................... 2
2. 1. Morfologia do português .................................................................................................... 2
2.1.1. Ensino de morfologia na actualidade................................................................................ 3
2.2. Morfologia ........................................................................................................................... 5
2.2.1. Substantivo ....................................................................................................................... 5
2.2.2. Adjectivo .......................................................................................................................... 7
2.2.3. Relações entre Fonologia e Morfologia do Português...................................................... 8
2.2.4. Flexão dos nomes e adjectivos ......................................................................................... 9
3.Conclusão .............................................................................................................................. 11
4. Referências bibliográficas .................................................................................................... 12
1. Introdução
A gramática da Língua Portuguesa, em sua totalidade, é muito ampla. O ensino de gramática,
portanto, pode seguir várias vertentes metodológicas dependendo do objectivo que se deseja
alcançar na aprendizagem. Nada de consultar manuais e guias para saber o que se deve
ensinar, por exemplo, numa sexta série. Nada, portanto, desses programas pré-fabricados para
ir do simples ao complexo, presos a uma tradição que não se justifica a não ser por ser
tradição. Na verdade, quando se trata de estudar a língua, ou quando dela se fala, o primeiro
conceito que aparece é a palavra. Esta tem sido referida como sendo a unidade mínima de
sentido ou seja, um signo linguístico, mas, é lícito compreender que cada palavra também
incluir outras informações. A representação de uma palavra no dicionário deverá dizer-nos se
trata de um substantivo, um verbo, um adjectivo, um advérbio, uma preposição, uma
conjunção.

1.1.Objectivo geral
 Identificar as unidades gramaticais mais elementares (morfemas) de uma língua.

1.2.Objectivos específicos
 Interpretar as regras morfológicas que determinam o modo como os morfemas se
combinam para formarem novas palavras.
 Explicar as relações entre a fonologia e a morfologia;
 Apreender as incidências de certas características da formação da língua na
constituição dos paradigmas de número e género.

1.3.Metodologia
Para o presente trabalho optou-se em pesquisa bibliografia, sob ponto de vista, pesquisa
bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente
de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins,
monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objectivo de colocar o
pesquisador em contacto directo com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa.

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2. Fundamentação teórica
2. 1. Morfologia do português
Sabe-se que a maioria dos alunos brasileiros e moçambicanos tem dificuldade na
aprendizagem escolar de língua portuguesa, a que se dá, principalmente, pelo ensino de
gramática e produção textual.

De acordo com a pesquisa levantada pelo Saeb, Sistema de Avaliação da Educação Básica, a
proficiência média dos alunos de ensino fundamental II de língua portuguesa, precisamente do
9º ano, foi de 260,1, encaixando-se no nível 3, de 8 (MEC/INEP, 2019).

Assim sendo, faz-se necessária uma reflexão sobre essa situação actual do ensino de língua
portuguesa nas escolas e, para isso, foi estabelecido um fio histórico da condição em que a
língua portuguesa é colocada na educação brasileira.

Para Raupp (2005), “a língua portuguesa se instaurou como disciplina no currículo escolar
apenas no século XIX, pois, na colonização brasileira, havia três principais línguas em curso:
o português, o latim e uma terceira língua intermediária, proveniente do tupi” (p. 50).

Dessa forma, o ensino de língua portuguesa nas escolas, ainda que tardiamente, focalizou-se
no embasamento para a aprendizagem da língua latina, a qual, com a reforma pombalina,
deixou de ser utilizada com frequência em relação à língua portuguesa (Soares, 2002, p. 161).

Assim, o ensino de português foi se aperfeiçoando, desta vez predominante à língua latina, o
que deu início aos estudos de gramática.

Na segunda metade do século XIX, esses estudos foram aprimorados em livros didácticos
(Soares, 2002, p. 163).

Para Soares (2002), o ensino de português dividiu-se por muitos anos em três vertentes
principais: a gramática, a retórica e a poética, movimentadas pelo interesse da classe
dominante. É por esse motivo que se continua, ainda hoje, com as três principais vertentes
provenientes das outras três: estudos da língua, literatura e produção textual (p. 164).

Dessa forma, ao pensar sobre o ensino voltado para o texto, a autora discute sobre as
modificações que o ensino de línguas foi sofrendo nos anos 70, por conta da ditadura militar
iniciada em 1964. Nessa época, o nome da disciplina foi alterado para “comunicação e
expressão”, tratando a língua como sistema e nada mais que isso.

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Nessa época, porém, o trabalho com textos se voltou para textos que eram inseridos na
sociedade, como matérias de revistas e jornais, e ampliou-se os estudos de diferentes géneros
textuais. Em 1980, por outro lado, esses estudos foram cada vez mais explorados, trazendo de
volta o nome “português” na disciplina, introduzindo também a linguística e a sociolinguística
para dentro da sala de aula, com materiais didácticos apresentando temas dessas vertentes do
estudo da língua.

Para Soares (2002) afirma que:

Com a redemocratização do país, a escola também passou a ser mais democrática e,


consequentemente, o ensino da língua passou a ser menos mecanizado. A partir dos anos 90, o
conhecimento da língua se tornou mais assíduo, fazendo com que os materiais apresentassem
conteúdos novos e concepções novas da língua (p.169).

Assim, neste contexto do ensino de língua portuguesa, voltando-nos para o ensino de


morfologia, especificamente, já que é necessário observar como o modo actual do ensino de
português contempla esse tema e se está adequado para uma aprendizagem de qualidade.

2.1.1. Ensino de morfologia na actualidade


Actualmente, o ensino de morfologia, que consiste principalmente no “estudo dos morfemas e
de suas associações” (Perini, 2002, p. 50).

Ainda que antiquado, está cada vez mais voltado para o ensino através da prática social, ou
seja, inserindo o tema em assuntos do quotidiano e das vivências do aluno.

Para Saviani (1999,) que “dado o carácter da educação como mediação no seio da prática
social global, a relação pedagógica tem na prática social o seu ponto de partida e seu ponto de
chegada” (p. 87).

Porém, esse trabalho, por parte das escolas, não é feito de forma concreta, essa prática
dificilmente pode ser percebida na maioria das escolas:

Em termos educacionais, segundo a visão tradicional de ensino de gramática, grande parte do


tempo e esforço gasto por professores e alunos durante o processo escolar é destinada ao estudo
da metalinguagem de análise da língua (gem), com exercícios contínuos de prescrição
gramatical, estudo de regras e resoluções de problemas. [...] Além disso, o ensino de gramática
aparece desligado de qualquer utilização prática, tendo o seu objectivo final centrado em si

3
mesmo e os mesmos tópicos gramaticais são repetidos ano após ano, durante os doze anos que
constituem a trajectória oficial de ensino. (Silva, Pilati & Dias, 2010, p. 976-977).

Assim, faz-se necessária uma reflexão sobre o ensino de morfologia nos dias de hoje, visto
que ainda não se atingiu um patamar adequado na aprendizagem. Esse tema tem um peso
muito grande na formação do estudante brasileiro, pois acredita-se que é através da gramática
que se aprende uma língua. Contudo, esse ensino de modo inapropriado acaba trazendo
percepções negativas para os alunos.

Para Bagno (1999), ao referir-se que:

Esse ensino [...] em vez de incentivar o uso das habilidades linguísticas do indivíduo, deixando-
o expressar-se livremente para somente depois corrigir sua fala ou sua escrita, age exactamente
ao contrário: interrompe o fluxo natural da expressão e da comunicação com a atitude correctiva
(e muitas vezes punitiva) cuja consequência inevitável é a criação de um sistema de
incapacidade, de incompetência (p. 107-108).

Com isso, percebe-se que a morfologia tratada nas escolas tem como principal função
apresentar o certo e o errado, o que não é a melhor maneira de se tratar da língua. Além disso,
outro ponto a se ressaltar é o trabalho com os textos. Desde 1950, o texto na sala de aula é
uma ferramenta extremamente importante, mas o que acontece é o uso inadequado desses
textos, apenas servindo de base para análises de frases ou palavras isoladas. Entretanto, o uso
adequado de textos na escola deve ter como função abrir o leque de discursos da língua,
fazendo com que o aluno amplie sua percepção para além das estruturas gramaticais.

Segundo Antunes (2007), ao afirmar que, “é de fundamental importância saber discernir o que
é adequado a cada situação, para se poder, com eficiência, escolher esta ou aquela norma, este
ou aquele padrão vocabular, este ou aquele tom, esta ou aquela direcção argumentativa” (p.
99).

Com os resultados obtidos ao longo deste trabalho, será possível observar, através dos
materiais didácticos seleccionados, esses e outros aspectos presentes no ensino de Língua

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Portuguesa, precisamente de morfologia, como, por exemplo, exercícios de repetição e uso
inadequado de textos.

2.2. Morfologia
Antes de focarmos directamente no ensino de morfologia, torna-se necessário apresentar o
que essa parte gramatical carrega em seu nome.

Figueiredo Silva e Medeiros (2016) resumem o conceito de morfologia em “os estudos sobre
as palavras, suas estruturas, suas diferenças e semelhanças” (p.7).

Para Rosa (2003) define a morfologia como “estudo da forma” sendo essa forma, portanto, a
palavra (p.15).

Com isso, nota-se que morfologia nada mais é do que o estudo da palavra, em que se é
possível atribuir classes, isto é, “um agrupamento de palavras de mesma categoria gramatical”
(Rosa, 2003, p. 28).

Nessas classes de palavras, então, constitui-se a totalidade de funções e flexões atribuídas para
cada uma delas.

Para que se faça uma análise do método utilizado para aprendizagem através do material
didáctico, faz-se necessário apresentar os principais conteúdos linguísticos estudados no
presente trabalho, que são as duas principais classes de palavras nominais da Língua
Portuguesa: o substantivo e o adjectivo, já que são classes pertencentes a núcleos
sintagmáticos.

2.2.1. Substantivo
De acordo com a gramática normativa, nota-se que os substantivos são classificados de
maneira generalizada e descontextualizada, sem levar em conta o papel semântico e sintáctico
da palavra em cada frase em que é empregada. Desta forma, os linguistas passaram a analisar
a palavra conforme ela aparece em seus determinados contextos e estruturas, fazendo com que
a classificação seja mutável, mas precisa.

Para Monteiro (1991), os substantivos são classificados como “a palavra que designa os seres
em geral” (p.204), mas, logo em seguida, o autor explica que a própria definição não vale para
todos os casos

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É preciso antes ser possível identificar o ser para considerar como substantivo a palavra que o
representa. Mas, além de filosófica, a questão do conhecimento do ser, é problemática para o
caso, uma vez que, por um lado, muitos nomes não designam seres [...] e, por outro, qualquer
vocábulo ou expressão assume com facilidade a função de substantivo (Monteiro, 1991, p. 204)

Com isso, é válido reflectir sobre os problemas na classificação dos substantivos, visto que as
palavras são classificadas de diferentes formas em cada contexto de uso.

Para Castilho (2010) reflecte sobre como os critérios morfológicos não são suficientes para a
classificação, e que as palavras flutuam entre as classes com um comparativo entre
substantivos e adjectivos, que se resumem na mesma classe geral dos “nomes”.

Assim, os “nomes” são classificados como substantivos e adjectivos de acordo com o


emprego na frase, ou seja, sua estrutura e seu sentido.

Levando em consideração a forma mais simples da estrutura sintáctica de um sintagma


nominal como: núcleo (NSN) + modificador (Mod), pode-se perceber que, em determinados
casos, consoante ao verbo ou ao núcleo do sintagma, as palavras podem assumir classes
morfológicas diferentes.

Para Perini (2002) exemplifica com a palavra “inimigo”, e diz que não se trata de um
substantivo ou de um adjectivo, mas de:

Uma palavra cujo potencial funcional inclui tanto a possibilidade de ser um núcleo SN, quanto a
de ser um modificador [...]. Não há razões para se considerar uma dessas funções como básica, e
a outra como derivada, já que ambos os sintagmas abaixo são perfeitamente normais. (10) um
avião inimigo [inimigo: mod] (13) um inimigo terrível [inimigo NSN].” (p.323)

Assim sendo, na primeira frase, a palavra “inimigo” está sendo empregada como adjectivo, já
que está funcionando como caracterizador de “avião”, ou seja, modificando semanticamente o
núcleo. Já na segunda frase, a palavra “inimigo” está sendo empregada como substantivo, já
que se trata do núcleo do sintagma nominal.

Com esse exemplo, é reforçado ainda mais o fato de o substantivo não ser apenas algo que
nomeia os seres.

Cunha e Cintra (2017) um “termo determinado” ou seja, que possui significado próprio e
pode ser determinado através de outras palavras que o acompanharem” (p. 260).

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Por fim, conclui-se que não é possível chegar a uma definição concisa do que é substantivo de
fato, mas existem propriedades que ele carrega que, se uma palavra as carregar, será
classificada como tal.

2.2.2. Adjectivo
Para Bechara (2006), “a classe dos adjectivos, de acordo com a gramática de caracteriza-se
por “construir a delimitação, isto é, por caracterizar as possibilidades designativas do
substantivo” (p.142).

Desse modo, percebe-se que não há como estudar o adjectivo sem estudar os substantivos,
pois ele depende do substantivo para existir, restringindo e explicando algo que se refere ao
substantivo.

Há quem diga que o adjectivo é a classe que qualifica o substantivo, porém, nas palavras de
Monteiro o adjectivo não trata da palavra ou do significado que ela tem, mas sim de uma
função:

[...] o adjectivo não se caracteriza pelo sentido, sendo na realidade uma função. Não interessa
muito o significado que a palavra tem para o caso. Ela pode indicar qualidade e funcionar como
substantivo (beleza, o belo) ou então como adjectivo (belo quadro). Inversamente, às vezes não
expressa qualidade e tem a função de adjectivo (Monteiro, 1991, p. 205)

Dessa forma, portanto, em retomada ao que foi mencionado na seção anterior, os linguistas
passaram a analisar não só os substantivos, mas todas as classes gramaticais variáveis a partir
de sua posição e contexto na frase, inclusive os adjectivos.

Assim, pode-se destacar, nos exemplos a seguir, que algumas palavras podem mudar de
classificação dependendo do contexto sintáctico e semântico, por como visto acima, de
modificadores (Perini 2002, p. 322).

A palavra “velha” pode ser considerada tanto um substantivo (A velha) quanto um adjectivo
(“mesa velha”), depende se ela cumpre função modificadora (Mod) ou de núcleo do sintagma
nominal (NSN).

Outro exemplo apresentado pelo linguista é a palavra “verde”, em “o verde está muito na
moda” (Perini, 2002, p. 322).

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A palavra cumpre função de núcleo do sintagma, portanto de substantivo; já na frase “um
carro verde”, essa palavra cumpre função de modificador, ou seja, de adjectivo.

Em vista disso, nota-se que esses traços só podem ser definidos se o contexto for levado em
consideração, então, cabe ao linguista analista averiguar a função de cada classe de palavras,
para que, dessa maneira, não haja confusão na classificação e na denominação do que cada
uma representa.

A aplicação, portanto, nos materiais didácticos, deve ser minuciosamente preparada de acordo
com a série que o conteúdo é apresentado, observando em quais momentos é possível
aprofundar o tema proposto, uma vez que, de acordo com a idade dos alunos, o conteúdo deva
ser aprofundado de forma crescente, e não directa.

2.2.3. Relações entre Fonologia e Morfologia do Português


Para Covane (s/d) ao referir-se que:

O estudo dos sistemas fonológicos das línguas exige naturalmente um conhecimento


desenvolvido das características dos sons, sem que esse estudo se tornaria uma mera construção
teórica sem possibilidade de verificação. A fonologia obriga portanto a um exercício de
abstracção a partir do nível do sonoro das línguas. Na, entanto, a interacção dos níveis
fonológicos e morfológicos, permitem esclarecer questões ligadas à aprendizagem das línguas e
ao funcionamento da sua utilização (p. 57).

O objectivo específico da morfologia consiste no conhecimento das palavras, enquanto


unidades de análise linguística, dos seus constituintes da palavra, ou seja, da sua estrutura
interna, bem como das relações existentes entre as palavras.

Ao interpretar uma frase uma frase, procedemos necessariamente, entre outras operações, a
uma de segmentação e identificação das palavras que a constituem operação em que intervém
o nosso conhecimento dessas unidades no sistema linguístico. Mas interpretação dessas
unidades é frequentemente composicional, ou seja, baseada no reconhecimento dos seus
elementos constituintes.

A estrutura interna das palavras reflecte o modo como caca uma delas foi construída, sendo
possível palavras simples e complexas.

Para Covane (s/d) diz que:

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A forma fonética que assume os morfemas flexionais resulta, por um lado, da aplicação das
regras gerais da fonologia, por exemplo, as regras do vocalismo átono, e por outro permite
apreender certas regularidades da própria flexão que são explicáveis pelo funcionamento do
sistema fonológico (p. 58).

Pode, isto, perceber a partir de certas regras aplicadas à flexão de palavras, como atrás o
dissemos. Por exemplo:

2.2.4. Flexão dos nomes e adjectivos


Para Covane (s/d) diz que, “Os nomes e adjectivos flexiona em português em número e
género. Os morfemas que marcam estas categorias gramaticais são fixos e não dependem de
propriedades sintácticas nem em estratégia de discurso” (p. 59).

A flexão dos nomes e adjectivos será aplicada, sempre que tal se julgue conveniente, a partir
das regras fonológicas que, actuando na língua portuguesa, provocaram a diversidade de
morfemas que hoje caracterizam a expressão dessas categorias gramaticais.

Os nomes são obrigatoriamente integrados na categoria gramatical de número e distribuídos


por duas classes, singular e plural, tendo o singular como referente uma unidade (ou conjunto
de unidades que formam um todo) e o plural mais do que uma unidade (Covane, s/d, p. 59).

Para a análise dos morfemas de número, observam-se os exemplos seguintes:

(i) Rosa/rosas;
Jarro/jarros
(ii) Amor/amores
Português/portugueses
(iii) Som/sons
Homem/homens
Em (i) e (iii) encontram-se as alternâncias mais frequentes e mais produtivas em português:
Ø/s em (i) e (ii)( a alternância m/n é apenas ortográfica), e Ø/s em (iii), com palavras
terminadas em r, s e z. Neste último caso pode considerar-se que o morfema do plural é
também apenas s, tendo em atenção que e final, no singular, é suprimido por estar antecedido
das consoantes referidas

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A flexão gramatical de género distribui-se por dois grupos, masculino e feminino, em que se
integram obrigatoriamente os nomes. Basicamente a categoria gramatical é atribuída pelo
especificador – determinante ou quantificador:

A cadeira/ a cadeira grande

O vaso/ o vaso grande

Os morfemas que marcam o género dos nomes e adjectivos estão indicados necessariamente
no léxico. De outra maneira não seria possível determinar qual o que compete a cada uma das
unidades lexicais, visto que podemos ter nomes masculinos terminados em o (aluno), a
(fantasma) ou e (elefante), e femininos terminados em a (aluna), e (sede) e o (tribo).

As alternâncias de género como em homem/mulher; porco/ porca; teimoso/teimoso, são as


mais frequentes e produtivas em português

Examinem-se agora os seguintes exemplos:

a) Leão/leoa

Irmão /irmã

b) Espertalhão /espertalhona

Em a) encontram-se alternâncias de género que exemplificam a supressão do n latino


intervocálico, característica fonética da formação da língua portuguesa que, neste caso tem
consequências morfológicas.

A diversidade de terminações do feminino explica-se por em irmão/irmã se ter deixado de


pronunciar o n que estava colocado entre as vogais finais dos étimos leoa e irmã, enquanto em
espertalhão/ espertalhona a mesma consoante se ter mantido na terminação ona que se
encontra em palavras formadas dentro do português pela adjunção desse afixo.

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3.Conclusão
Os morfemas de flexão são sempre sufixos, ou seja estão sempre colocados a seguir ao radical
e com ele constituem uma palavra. Na língua portuguesa, os morfemas de flexão são sempre
sufixos, ou seja estão sempre colocados a seguir ao radical e com ele constituem uma palavra.
Dado que a flexão se concretiza em elementos fonológicos da língua, que nunca ocorrem
isolados mas sempre integrados nas palavras, a flexão é um domínio privilegiado de relações
íntimas entre fonologia e morfologia. Baseados em observações, os linguistas estruturalistas
dos anos 40 e 50 concluíram que as palavras são, em geral, constituídas por tais unidades mais
pequenas do que elas, a que denominaram Morfemas. Uma gramática descontextualizada,
amorfa, da língua como potencialidade; gramática que é muito mais "sobre a língua",
desvinculada, portanto, dos usos reais da língua escrita ou falada na comunicação do dia-a-
dia; uma gramática fragmentada, de frases inventadas, da palavra e da frase isoladas, sem
sujeitos interlocutores, sem contexto, sem função; frases feitas para servir de lição, para virar
exercício; uma gramática voltada para a nomenclatura e a classificação das unidades;
portanto, uma gramática dos "nomes" das unidades, das classes e subclasses dessas unidades
(e não das regras de seus usos).

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4. Referências bibliográficas
Antunes, I. C. (2016). Muito além da gramática: Por um ensino sem pedras no caminho. Belo
Horizonte, Brasil: Ed. Parábola.

Bagno, M. (1999). Preconceito linguístico: O que é, como se faz. São Paulo, Brasil: Ed.
Loyola.

Bechara, E. (2006). Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rev. e actual. Rio de Janeiro,
Brasil: Lucerna.

Castilho, A. T. de. (2010). Nova gramática do português brasileiro. São Paulo, Brasil:
Contexto.

Cunha, C. & Cintra, L. (2017). Nova gramática do português contemporâneo: de acordo com
a nova ortografia. Rio de Janeiro, Brasil: Lexicon Editora Digital.

Figueiredo S. M. C. & Medeiros, A. B. (2016). Para conhecer morfologia. São Paulo, Brasil:
Contexto.

Lourenço Covane, L. (s/d) Modulo de Linguística Descritiva do Português I. UCM, Beira


Moçambique: Beira.

MEC/INEP. (2019). Relatório do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica.


Brasília.

Monteiro, J. L. (1991). Morfologia portuguesa. Pontes.

Perini, M. A. (2002). Gramática descritiva do Português. São Paulo: Ática, 2002. 380 p.

Raupp, E. S. (2005). Ensino de Língua Portuguesa: uma perspectiva linguística. Publicatio


UEPG: Ciências Sociais Aplicadas.

Rosa, M. C. (2003). Introdução à morfologia. 3ª ed. Editora Contexto.

Saviani, D. (1999). Escola e democracia. Campinas, São Paulo: Autores Associados.

Silva, K. A da; Pilati, E; & Dias, J. F. de. (2010). O ensino de gramática na


contemporaneidade: delimitando e atravessando as fronteiras na formação inicial de
professores de língua portuguesa. Revista brasileira de linguística aplicada.

Soares, M. (2002). Português na escola. Linguística da norma. São Paulo: Loyola.


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