Você está na página 1de 10

2.

Noções Básicas de Orientação e Mobilidade


2.1. Definições
a) Orientação: "É a habilidade para reconhecer o meio ambiente e estabelecer sua posição em
relação ao meio ambiente. Isto significa: consciência do corpo, consciência dos objectos e do
espaço, comportamento motor perceptual eficaz, e adequado uso dos conceitos. Ela é
desenvolvida por repetidas experiências sensomotoras no meio físico". (Wojnack, 1989)
b) Mobilidade: "É a habilidade física para se mover determinadamente, eficientemente,
seguramente, pelo meio ambiente e, tão independentemente quanto possível de um lugar para
outro. Ela envolve: orientação, movimento do corpo, uma razão para se mover (motivação) e
comunicação". (Wojnack,1989)
c) Orientação e Mobilidade: "É uma disciplina que tem a finalidade de auxiliar as pessoas
visualmente deficientes a desenvolverem ou restabelecerem a capacidade para a motivação
independente, eficiente e segura pelos espaços, para satisfazerem suas próprias necessidades".
(Wojnack,1989)
Uma das tarefas mais difíceis para a pessoa cega é sua locomoção independente. Para que
consiga um bom desempenho em Orientação e Mobilidade deverá compreender o seu meio
ambiente, tornar familiar novos meios ambientes, usar informações através de outros sentidos,
especialmente a audição, obter informação verbal, utilizar-se de guia com visão, técnicas
protectoras (protecção superior, protecção inferior, protecção combinada e protecção social) e
técnicas de bengala longa, conhecida como "bengala de Hoover", concebida pelo Dr. Richard
Hoover, professor de Educação Física.

A bengala Hoover utilizada correctamente, oferece informações precisas para os cegos, como
buracos e superfícies no solo, mostrando desníveis para cima ou para baixo.
2.2 - Objectivo
O objectivo de Orientação e Mobilidade é fazer com que a pessoa cega ou de visão subnormal
caminhe em ambientes internos e externos com eficiência, graciosidade, de maneira segura e
independente. Para que esse objectivo seja atingido há necessidade do desenvolvimento de
algumas habilidades. A acção de assimilar e o efeito de utilizar estas habilidades facilitará o
desempenho na mobilidade e no grau de independência na locomoção.

2.3 - Pré-requisitos
Segundo a apostila elaborada pela professora CURI,1982, os pré-requisitos para o processo de
Orientação e Mobilidade compreendem: área cognitiva, área psicomotora, área afectiva.
2.3.1- Área Cognitiva
Onde o aluno deverá adquirir a formação de conceitos; atenção, resolução de problemas,
poder de decisão, memória e transferência.
A - Formação de Conceitos
o Imagem corporal, que é a referência que o indivíduo tem dele próprio; o conhecimento
das partes do seu corpo, as funções que cada uma delas exerce e sua relação com o
ambiente;
o Natureza do ambiente onde o deficiente vai encontrar os objectos fixos, móveis e em
movimento;
o Relações têmpora-espaciais devem ser exploradas a partir do próprio corpo.
As temporais deverão situar no tempo, ter noções de ontem, antes e depois, movimentos
lentos e rápidos; enquanto que as espaciais são as actividades que envolvem distância, como
perto e longe e as que possam localizar e posicionar dentro, fora, começo, fim, lado direito e
esquerdo, em cima, em baixo, deitado, sentado.

B - Atenção
Quando o cego sai para fazer sua aula, deverá procurar esquecer dos seus problemas pessoais
e pensar somente no trajecto que irá fazer, seguindo correctamente as orientações da
instrutora, assim raramente ocorrerá algum acidente. Deverá ter muita atenção nos
movimentos das pessoas e dos carros, saber exactamente o momento certo de atravessar uma
rua, observando atentamente em qual das ruas precisará pedir ajuda ou não.

C - Resolução de Problemas
O cego terá que saber resolver determinadas dificuldades sem atropelos num momento difícil:
se percebeu que mudou de direcção ou entrou em um estacionamento ou loja, terá que saber
voltar ao local correto observando o máximo de barulho possível que existe ao seu redor.

D - Poder de Decisão
O cego terá que saber tomar as decisões que melhor lhe favoreçam. É difícil para a maioria
das pessoas cegas tomar decisões acerca de si mesma. A partir do momento em que conseguir
tomar decisões corretas se sentirá mais seguro e confiante para alcançar os seus objectivos.
E - Memória e Transferência
Todo e qualquer percurso que o cego fizer terá que ter sempre em mente qual será a próxima
técnica a executar, procurando memorizar o trajecto para que não tenha dificuldades para
fazer o caminho de volta; ou, se desejar voltar por um outro caminho, analisar
cuidadosamente para que não ocorra nenhum transtorno.

F - Utilização dos Sentidos Remanescentes


Toda e qualquer pessoa cega ou de visão subnormal, seja ela, criança, adolescente ou adulto,
com cegueira congénita ou adquirida, para facilitar principalmente a sua locomoção
independente, terá que desenvolver os outros sentidos, ou seja: a audição, tato, olfacto e
gustação. Trataremos deste assunto no próximo capítulo.

2.3.2 - Área Psicomotora


Abordaremos aqui o equilíbrio e a coordenação; a postura e o passo, caminhar em linha recta
e executar voltas que são pontos importantes para a Orientação e Mobilidade.

A - Equilíbrio e Coordenação
Para que a pessoa cega adquira um bom equilíbrio e uma boa coordenação deverá executar
muitos exercícios. Um equilíbrio correto é a base primordial de toda coordenação geral, como
também de toda a acção diferenciada dos membros superiores.

Segundo CAPON,1987, o equilíbrio "é a habilidade de assumir e manter qualquer posição


contra a acção da força da gravidade. A continuidade do equilíbrio resulta da interacção dos
músculos que trabalham para manter o corpo, sobre sua base". Já a coordenação "é a
habilidade do corpo de integrar a acção dos músculos de maneira a executar um movimento
específico ou uma série de movimentos comuns da melhor forma possível".

B - Postura e Passo - Caminhar em Linha Recta e Executar Voltas


A postura é a harmonia ou organização das partes do corpo. A boa postura é um dos pré-
requisitos para Orientação e Mobilidade. A cabeça é que governa o corpo; se o deficiente
visual inclinar a cabeça para a direita provavelmente caminhará para a direita, ele deve
conscientizar-se de que, a partir do momento que a sua cabeça está bem centralizada, irá
conseguir caminhar em linha recta, adquirindo assim um bom equilíbrio. Se a sua lateralidade
está bem definida, e tendo noções espaciais, saberá executar voltas com facilidade. A
lateralidade consiste em diferenciar esquerda e direita, controlando os dois lados do corpo,
facilitando quando necessita dar meia volta ou um quarto de giro, ou seja, metade da meia
volta. Sendo bem ágil e tendo vitalidade conseguirá realizar correctamente o trajecto sem
dificuldades.

2.3.3 - Área Afectiva


Compreende atitude; motivação; valores e autoconfiança.
Para que uma pessoa cega consiga levar adiante o seu treinamento é preciso que tenha uma
motivação, um objectivo a ser alcançado, e que esteja bem psicologicamente. A ideia de ser
capaz de locomover-se com segurança, eficiência e ser independente em diversos ambientes,
não somente aumenta a auto- estima como também a autoconfiança. Conseguir vencer estes
objectivos é muito importante para o cego perante a sua família, amigos e sociedade em geral.
O desenvolvimento da independência e liberdade de movimentos, através da Orientação e
Mobilidade produz um impacto favorável na transformação da personalidade. É importante
porque o liberará da necessidade de ter que depender de familiares e amigos.
A família deve sempre motivá-lo na aprendizagem, valorizando suas actividades, aceitando
suas opiniões e integrando-o no lar e na sociedade. De uma maneira geral, devemos incentivá-
los a encarar a vida comunicando-se, adquirindo informações, buscando aprendizagem no seu
dia-a-dia, assim elevará sua confiança e seus sentimentos de auto-estima.

3 - Estimulação dos Sentidos Remanescentes


O propósito da estimulação dos sentidos remanescentes (audição, tato, olfacto e gustação), é
mostrar como são primordiais na aprendizagem das noções básicas para o desenvolvimento da
locomoção da pessoa cega. Dentro de noções básicas, podemos incluir a distância de um
trajecto, direcção, mudanças de ambiente, conhecimento do meio onde vive (a casa, o bairro,
a escola) e o reconhecimento do esquema corporal (partes do corpo, corpo todo, corpo no
espaço).
Sem essas noções básicas pode ocorrer um atraso em seu amadurecimento global, afectando o
início da fase escolar. Pela falta do estímulo visual a pessoa cega fica imóvel porque nada lhe
chama a atenção. Os pais que têm bebés cegos devem expressar seus sentimentos de carinho,
associando a voz com o contacto físico, tocando-o, acariciando-o e segurando-o nos braços.
Com isso o bebé irá responder e mostrar seu prazer e satisfação. Devem sempre comentar
perto de seu filho todos os ruídos e de onde se originam. Portanto, a criança necessita de ajuda
para obter o controle do corpo, para aprender a andar na idade normal. É preciso que lhe seja
dada a oportunidade de explorar; de conhecer seu meio ambiente, estimulando-a a agir,
deixando que toque as coisas, a fim de enriquecer seus conhecimentos e amadurecer
emocionalmente.

3.1 - Estimulação da Audição


Como a audição é primordial para orientar-se, o silêncio total poderá tornar difícil a
locomoção do cego, não ao ponto de não se locomover, mas de ter um pouco mais de
dificuldade para se situar no espaço. Por este motivo, a estimulação auditiva deve ser iniciada
desde muito cedo. É evidente que ele percebe os sons de seu meio ambiente, a não ser que
tenha também problemas de audição, como o surdo-cego. Este, por sua vez, terá limitações
em seus trajectos, já que a audição é primordial para o deficiente se orientar em sua
caminhada.
Por esse motivo, o surdo-cego terá muito mais dificuldades, uma vez que terá somente o
aroma para auxiliá-lo.
O treinamento da percepção auditiva deve ser feito de todas as maneiras imagináveis. Pode
ser treinado a distinguir ruídos, começando dentro de sua própria casa, com o barulho da
geladeira, de um aparelho electrodoméstico, a campainha de entrada etc., passando depois a
distinguir os ruídos dentro de sua escola, como o telefone, uma porta que bate, o barulho de
uma pessoa caminhando etc.; depois os ruídos nas ruas, como distinguir o barulho de um
carro pequeno, de um grande, motocicleta, chuva, vento etc. Exemplo: no final de uma aula
de educação física, por alguns minutos, os alunos deitados e em silêncio irão ouvir todos os
barulhos existentes, a professora perguntará a cada um que tipo de barulho ouviu, como: o
telefone, o carro na rua, etc.
É muito importante que os pais saibam da necessidade deste treinamento, que mais tarde irá
facilitar a locomoção do deficiente.
O sentido da audição é a fonte principal de informações sobre o ambiente, porque é através da
localização e discriminação de sons que a pessoa pode determinar o ambiente que a rodeia.
Localização do som - "É a habilidade de determinar a origem de um som somente pela
informação auditiva".
Alinhamento do som - "É a habilidade de determinar a localização de um som seguido de um
espaço de tempo contínuo".
Percepção de obstáculos - "A percepção de obstáculos reconhecida como "reflexão auditiva",
é a percepção do obstáculo antes do contacto corporal com ele".
Discriminação do som - "É a habilidade de discriminar o som necessário para a orientação".
Na localização do som a pessoa cega ou de visão subnormal irá buscar a informação auditiva
para tomar decisões seguras; é através do som específico que ela ' consegue determinar a
direcção do seu caminho. Poderá localizar uma casa de tecidos, sabendo que esta casa fica ao
lado de uma loja de discos, ou um banco, supermercado, etc.
No alinhamento do som ela se orientará através de um som em movimento. Seguindo a
direcção do tráfego, conseguirá caminhar em linha recta, pois o carro sempre deverá passar do
lado de seu ombro direito ou esquerdo, dependendo do lado que estiver. Quando o carro
começar a passar na sua frente saberá que está chegando a esquina, conseguindo assim girar
livre mente sem tocar na parede ou meio-fio, e no momento da travessia de rua com semáforo
e mão única, o carro terá que passar na sua frente ou em um dos seus lados, dependendo da
posição onde se encontre.
A percepção de obstáculos é um factor muito importante também para Orientação e
Mobilidade. O cego é treinado para perceber a presença de túneis, pois o local fica mais
fechado, muda o som, formam-se ecos; a presença de paredes; de obstáculos grandes e sólidos
no espaço, percebendo que existe alguma coisa na frente; quando os espaços são abertos,
sentem que ficou mais claro, ou que a brisa ficou mais forte etc.
Na discriminação do som, deverá observar com muita atenção que, dentre vários sons, um
deles é que o auxiliará, a chegar no local desejado. Deverá saber discriminar as diferenças de
som de um carro, de um caminhão, moto etc., e também as diferenças entre as maneiras de
andar de homens, mulheres, crianças, idosos.

3.2 - Estimulação da Percepção Táctil-Cinestésico


O sistema táctil-cinestésico envolve o tato, movimento e a posição do corpo no espaço.
Através dos movimentos das pernas, mãos e tronco obtém-se informações precisas. Nos
lábios e nas pontas dos dedos existe uma grande concentração de receptores. O tato é o
sentido pelo qual recebemos as sensações de dor, quente, frio, áspero etc.
A percepção táctil-cinestésica pode ser desenvolvida através de actividades como colagem,
recorte, modelagem, materiais para identificar formas, tamanho, grosso, fino, macio, suave,
áspero etc. As actividades da vida diária também ajudam a desenvolver o tato, como lavar as
mãos sentindo a água, enxugar as mãos sentindo a maciez da toalha, pentear os cabelos etc.
Para o treinamento de Orientação e Mobilidade a percepção táctil-cinestésica é de
fundamental importância, pois é através dos pés e da ponta da bengala que vão perceber a
diferença dos pisos pelas depressões, a natureza das coisas existentes no caminho por onde
passam, tais como muros, árvores, portões, meios-fios, gramas, etc.
3.3 - Estimulação da Percepção Olfactiva e Gustativa
A percepção dos sentidos do olfacto e do gosto são também elementos importantes para a
orientação e locomoção. Muitas vezes o cheiro de pão, livros, couro, fazenda, podem indicar
as proximidades de uma padaria, livraria, de um sapateiro ou de uma casa comercial,
servindo, assim, de referência para as pessoas cegas. Um odor pode, portanto, constituir-se,
em determinadas circunstâncias, no único factor de orientação para o cego. A pessoa cega ou
de visão subnormal deve ser treinada a usar o olfacto aprendendo a distinguir os odores dos
líquidos que servem como alimentos: vinagre, refrigerante, leite e outros; dos líquidos que
servem como limpeza: álcool, detergente e outros; dos cosméticos: desodorante, perfume e
outros; dos remédios: leite de magnésia e outros; dos odores dos combustíveis; dos animais;
dos aposentos da casa: banheiro, cozinha, garagem e outros; das casas comerciais: padaria,
peixaria, açougue etc.

4 - Domínio sobre a natureza dos Objectos Fixos, Móveis, em Movimento e Natureza do


Terreno
4.1- A Natureza dos Objectos Fixos
A criança que vê conhece os objectos enquanto que a criança cega ou de visão subnormal irá
fazer o aprendizado através do concreto, manejando uma variedade de combinações e
utilizando a percepção táctil. Tanto a criança como o adulto que adquiriu a cegueira
apresentam dificuldades, devem explorar o seu meio ambiente desde escadas, portas, janelas,
armários etc., começando a inteirar-se com o espaço em que está localizado e qual a distância
que existe um do outro, podendo orientar-se através deles. Por exemplo: se caminhar partindo
de uma janela, dando as costas a ela, caminhando em linha recta, localizará a escada.

4.2 A Natureza dos Objectos Fixos


Tanto a criança como o adulto cego ou de visão subnormal deve aprender que os móveis de
sua casa podem ser mudados de lugar e que essas mudanças são normais; portanto, não
podem confiar nestes objectos para a sua orientação. Sempre que um objecto qualquer de sua
casa, da casa de amigos etc..., é mudado de lugar, é preciso avisá-lo e mostrar o que foi
mudado e em que posição foi colocada evitando, assim, que ao locomover-se encontre
objectos diferentes que possam deixá-lo confuso, chegando até a perder-se num espaço
conhecido.
4.3 - A Natureza dos Objectos em Movimento
Deve-se dar oportunidade para que os cegos possam explorar os objectos fixos e em
movimento. Para que sintam um carro, bicicleta, avião etc., deverão explorá-los quando estão
parados e depois usá-los. Deve-se explicar como um objecto em movimento ultrapassa um
objecto fixo e como carrega um outro objecto. Deve-se relacionar o movimento de carrinho de
brinquedo com o movimento de um carro de verdade, inclusive com o som característico.
Sempre que possível deve-se levar os alunos a um parque de diversões para que sintam as
diferenças de movimentos dos objectos existentes.

4.4 - A Natureza do Terreno


É necessário dar aos cegos a oportunidade de perceber os diferentes tipos de terrenos. Desde
pequeno quando está brincando em sua casa no quintal, que poderá ter terra e grama, calçada
ou assoalho, ele perceberá a diferença. Pode-se incluir terrenos feitos com cimento, asfalto
etc., mostrando que há vários outros tipos como: rugoso, liso, áspero, curvo e quebrado.
Exemplo: existe uma técnica que se chama seguir diferentes pisos: o aluno localizará um
determinado portão usando essa técnica. Digamos que deverá encontrar pela frente uma
calçada onde existe também grama, tocando com a ponta de sua bengala ora na grama, ora no
cimento da calçada, no momento em que tocar somente o cimento, automaticamente
localizará o portão desejado.

5 - Pontos de referência
O ponto de referência "é uma característica conhecida no ambiente que o cego pode utilizar
para orientar-se, lhe permite mover-se e caminhar com confiança em certas direcções do
ponto de referência", conforme BARRAZA,1988.
Existem dois tipos de pontos de referência. Um é aquela referência que é inevitável como uma
esquina, degraus, mudança de superfície na calçada etc. A outra, são aqueles pontos de
referência que os cegos têm que encontrar, e compreender para que servem, pois são
essenciais quando estão caminhando. Um ponto de referência deve ter uma característica
própria que o distingue dos outros objectos e que são permanentes ao meio ambiente.
Podem ser observados por características tácteis, olfactivas e auditivas, e têm o propósito de
manter a relação de distância, espaço, direcção, caminhar em linha recta, orientar-se em uma
área. Ter conceito de objectos fixos e móveis, facilidade de localizar sons, familiarizando-se
com os pontos de referência, é de fundamental importância.
Utilização do Guia Vidente
Técnica segura e eficiente para deslocamentos com segurança;
Oferecer à pessoa com deficiência visual oportunidade de vivenciar diferentes ambientes com
descrição dos mesmos.

Técnica do Guia vidente


É a primeira técnica a ser ensinada e se constitui num dos meios mais eficientes para
familiarizar a pessoas com deficiência visual com os espaços físicos dos ambientes que ela
frequentará. O guia vidente, ao deslocar-se com a pessoa com deficiência visual, deverá
descrever detalhes do trajecto para assim enriquecer a construção de um mapa mental daquele
ambiente. A técnica do guia vidente é aceita e empregada universalmente tanto em ambientes
internos ou externos, sendo utilizada tanto no início do aprendizado de orientação e
mobilidade como em situações posteriores.
Já que comumente a mobília urbana encontra-se disposta do lado externo das calçadas, é
importante conduzir a pessoa com deficiência visual do lado interno da mesma, protegendo-a
desses obstáculos.

Técnica Básica
O guia vidente entra em contacto com a pessoa com deficiência visual tocando seu antebraço
levemente no antebraço da pessoa a ser guiada. A pessoa com deficiência visual localiza o
cotovelo do guia, segura seu braço (logo acima do cotovelo) colocando o polegar do lado
externo e os outros dedos na parte interna do braço em forma de pinça, de maneira firme e
segura.
A pessoa com deficiência visual deverá permanecer meio passo atrás do guia, com o seu
ombro na mesma posição que a dele, fornecendo maior proteção e segurança em termos de
reacção. A pessoa com deficiência visual deverá acompanhar o ritmo da marcha do guia
vidente de forma sincronizada, evitando tornar-se um peso para o guia. A pessoa guiada
deverá manter seu braço junto ao seu corpo com o cotovelo flexionado num ângulo de 90°. As
crianças ou pessoas de baixa estatura poderão usar o pulso do guia como referência para
compensar a diferença de altura.

Passagem estreita
Permitir a passagem da pessoa com deficiência visual de forma segura em locais estreitos
quando não é possível ao guia e acompanhante se posicionarem normalmente (portas estreitas,
corredores estreitos, entre peças de móveis, objectos e outros). O guia se posiciona
lateralmente, oferece o antebraço para contacto e desloca-se em passos laterais com
orientação verbal à pessoa guiada, que o segue também em passos laterais.

Subir escadas com guia


Técnica para subida de escadas com segurança e eficiência:
O guia se aproximará da borda do primeiro degrau da escada e fará uma pequena
pausa, descrevendo as características da mesma, altura, largura dos degraus,
patamares;
O guia iniciará a subida permitindo que a pessoa com deficiência visual permaneça um
degrau atrás dele;
O guia deverá segurar no corrimão para poder proteger a pessoa com deficiência
visual caso haja algo inesperado. Porém essa posição pode se inverter quando este
apresentar, além da cegueira, outros comprometimentos.
No fim da escada o guia fará uma pausa para indicar o topo da mesma, evitando que o
aluno dê um passo em falso;
No topo da escada o nível do braço do guia indicará o fim da mesma (através da
estabilização da altura do braço)
Aqui cabe uma ressalva: existem pessoas que se sentem mais seguras subindo
sozinhas as escadas sem o auxílio do guia, que deverá retornar ao seu lugar ao término
da escada.

Você também pode gostar