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SUMÁRIO

1 – PSICOMOTRICIDADE

2 - PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO

3 – ASPECTOS DA PSICOMOTRICIDADE

4 – PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO

5 – ÁREAS PSICOMOTORAS

6 – REFERÊNCIAS

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PSICOMOTRICIDADE

Áreas de atuação da psicomotricidade:

REEDUCAÇÃO EDUCAÇÃO
TERAPIA PSICOMOTORA
PSICOMOTORA PSICOMOTORA

HISTÓRICO

O termo psicomotricidade apareceu pela primeira vez com Dupré em


1920, significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento.
Desde 1909, ele já chamava a atenção de seus alunos sobre o desequilíbrio
motor, denominado o quadro de “debilidade motriz”.

Harrow (1972) faz uma análise sobre o homem primitivo ressaltando


como o desafio de sua sobrevivência estava ligado ao desenvolvimento
psicomotor. As atividades básicas consistiam em caça, pesca e colheita de
alimentos e, para isto, os objetivos psicomotores eram essenciais para a
continuação da existência em grupo.

Piaget (1987), estudando as estruturas cognitivas, descreve a


importância do período sensório-motor e da motricidade, principalmente
antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência.

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PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO

Na educação o conceito de psicomotricidade ganhou novos


contornos e pode ser definida como:

(...) a prática pedagógica que visa contribuir para o


desenvolvimento integral no processo de ensino
aprendizagem, favorecendo os aspectos físico, mental,
afetivo-emocional”. (JOBIM,2013)

EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

A Educação Psicomotora é dirigida à atuação dentro do âmbito


escolar, principalmente nos segmentos da Educação Infantil e no Ensino
Fundamental I. Teve início na França, com o professor de Educação Física
Lê Boulch, na segunda metade da década de 60, já visando o
desenvolvimento global do indivíduo por meio dos movimentos e, mais
especificamente, evitar distúrbios de aprendizagem. Assim, a
Psicomotricidade atua proporcionando ambientes que estimulem as
vivências corporais, ou seja, buscando desafiar os alunos, atingindo suas
zonas de desenvolvimentos, como defende Vygotsky.

NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO SEGUNGO VYGOTSKY

É aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, de forma a torná-


lo capaz de resolver situações utilizando o seu conhecimento de
DESENVOLVIMENTO REAL
forma autônoma.

DESENVOLVIMENTO É determinado pelas habilidades que o indivíduo já construiu,


POTENCIAL porém encontram-se em processo.
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Zona situada entre o nível de desenvolvimento real e o nível de
ZONA DE desenvolvimento potencial em cada momento para determinado
DESENVOLVIMENTO indivíduo. Diferença entre o que a criança consegue aprender sozinha
PROXIMAL e que aquilo que consegue aprender com ajuda de outrem.

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação


básica para a escola. Ela condiciona todas as aprendizagens pré-escolares e
escolares; estas não podem ser conduzidas a bom termo se a criança não
tiver conseguido tomar consciência de seu corpo, lateralizar-se, situar-se no
espaço, dominar o tempo; se não tiver adquirido habilidade suficiente e
coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve
constituir privilégio desde a mais tenra infância; conduzida com
perseverança, permite prevenir certas inadaptações sempre difíceis de
melhorar quando estruturadas.

ASPECTOS DA PSICOMOTRICIDADE

AFETO COGNIÇÃO

MOVIMENTO PERCEPÇÃO

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AFETO

Wallon (1979), um dos pioneiros no estudo da psicomotricidade,


salienta a importância do aspecto afetivo como anterior a qualquer tipo de
comportamento. Existe, para ele, uma evolução tônica e corporal chamada
diálogo corporal e que constitui “o prelúdio da comunicação verbal”. Cita
também que “é sempre a ação motriz que regula o aparecimento e o
desenvolvimento das formações mentais”.

Na evolução da criança, portanto, estão relacionadas a motricidade, a


afetividade e a inteligência.

A boa evolução da afetividade é expressa através da postura, das


atividades e do comportamento. Uma criança muito fechada em si mesma
possui falta de espontaneidade e tem a tendência de “fechar” também seu
corpo, isto é, tende a encolher-se e a trabalhar com um tônus muito tenso.

O aluno sentir-se á bem na medida em que se desenvolver


integralmente através de suas próprias experiências, da manipulação
adequada e constante dos materiais que o cercam e também das
oportunidades de descobrir-se. E isto será mais fácil de se conseguir se
estiverem satisfeitas suas necessidades afetivas, sem bloqueios e sem
desequilíbrios tônico-emocionais.

O afeto está ligado àquelas funções mais centrais, sobretudo no que


diz respeito à formação da personalidade.

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Pontos principais:

Orientação na Indução à criança a


condução de Estímulo à estabelecer uma
problemas que autoestima visão sobre as
surgem ao longo diferenças
do dia a dia individuais

COGNIÇÃO

A cognição pode ser definida como o ato que consiste em processar


as informações. A função dessa habilidade é o de perceber, integrar,
compreender e responder adequadamente a todos os estímulos do ambiente
de uma pessoa.

Pontos principais:

Estímulo a desafios Estímulo ao


pensamento
que instiguem a Estímulo a
questionador e,
curiosidade e a aprendizagem de
consequentemente,
inteligência do conceitos à curiosidade da
pequeno criança

Após o nascimento, o desenvolvimento cognitivo continua vinculado


à genética, às influências do meio e às ações do indivíduo. A combinação

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de maturação do sistema nervoso e de respostas motoras às necessidades de
adaptação promove evolução e define sua capacidade de aprender.

Inicialmente, o bebê desenvolve ações reflexas, que se organizam


conforme orientação céfalo caudal (de cima para baixo) e próximo-distal
(do centro para os extremos). Nos quatro primeiros meses de vida, ele
aprende a controlar os músculos oculomotores. Entre o terceiro e quinto
mês, controla músculos que lhe permitem equilibrar a cabeça e, a partir dos
cinco até dez meses, o bebê terá maior controle dos músculos do tronco, o
que permitirá enfrentar o desafio de se pôr em pé e caminhar. Aos poucos
se desenvolvem: força, destreza e autonomia nos movimentos.

MOVIMENTO

Aspecto motor responsável pela autonomia nas habilidades que


lidam com a coordenação motora fina e grossa. Esse conjunto de
faculdades é essencial já no desenvolvimento da primeira infância.

Pontos principais:

Estímulo à realização de
atividades que promovam Induzir a criança a conhecer
a coordenação motora fina a consciência corporal
e grossa (recortes de (percepção sobre o próprio
papel, colagens, bolinhas corpo) e as potencialidades
de papel, dedoches, entre que a acompanham
outros)

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PRECEPÇÃO

É a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos.


Está ligada à atenção, consciência e memória.

É o fenômeno de captar, distinguir, associar e interpretar sensações.

CAPTAR DISTINGUIR

SENSAÇÕES

ASSOCIAR INTERPRETAR

A percepção divide-se em:

ESPACIAL TEMPORAL VISUAL

AUDITIVA GUSTATIVA TERMO TÁTIL

OLFATIVA PROPRIOCEPÇÃO
PERCEPÇÃO ESPACIAL Envolve a identificação da distância e do
tamanho relativo dos objetos.
PERCEPÇÃO TEMPORAL É a percepção das durações, identificação e a

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produção de ritmos, a percepção da ordem
temporal e da simultaneidade.
PERCEPÇÃO VISUAL É a percepção de objetos, pessoas, formas,
cores, tamanho, espessuras etc.
PERCEPÇÃO AUDITIVA Discriminação através do ouvido de sons,
ruídos e tonalidades.
PERCEPÇÃO GUSTATIVA Verificação de sabores diferentes, azedo,
amargo, salgado, doce, etc.
PERCEPÇÃO TERMO Interpretação tátil, térmica relacionada com
TÁTIL formas, tamanho, textura, peso,
temperatura.
PERCEPÇÃO OLFATIVA Identificação através do olfato de diferentes
perfumes, odores ou cheiros específicos.

PROPRIOCEPÇÃO É a capacidade em reconhecer a localização


espacial do corpo, sua posição e orientação, a
força exercida pelos
músculos e a posição de cada parte do corpo
em relação às demais, sem utilizar a visão.

PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO
Após o nascimento, o desenvolvimento cognitivo continua
vinculado à genética, às influências do meio e às ações do indivíduo. A
combinação de maturação do sistema nervoso e de respostas motoras às
necessidades de adaptação promove evolução e define sua capacidade de
aprender.

Inicialmente, o bebê desenvolve ações reflexas, que se organizam conforme


orientação céfalo caudal (de cima para baixo) e próximo-distal (do centro
para os extremos). Nos quatro primeiros meses de vida, ele aprende a
controlar os músculos oculomotores. Entre o terceiro e quinto mês, controla
músculos que lhe permitem equilibrar a cabeça e, a partir dos cinco até dez
meses, o bebê terá maior controle dos músculos do tronco, o que permitirá
enfrentar o desafio de se pôr em pé e caminhar. Aos poucos se
desenvolvem: força, destreza e autonomia nos movimentos.

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DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

A primeira etapa motora que o bebê deve alcançar é o controle de


cabeça até três meses de vida. O rolar deve aparecer por volta dos cinco
meses. O sentar sozinho aos seis meses. Aos oito meses, a criança deve
assumir a postura sentada sozinha. Aos nove meses deve engatinhar e se
puxar para a postura de pé. Em torno dos 12 meses, a criança começa a
andar livremente.

Controle do pescoço
ATÉ 3 MESES e cabeça

APROXIMADAMENTE 5 Rolar
MESES

APROXIMADAMENTE 6 Sentar
MESES

APROXIMADAMENTE 8 Postura ao sentar


MESES

Engatinhar e se
APROXIMADAMENTE 9 puxar para a postura
MESES de pé

A primeira infância, que abrange


APROXIMADAMENTE 12 a idade entre zero a cinco anos, é a
Andar livremente
MESES
fase em que a criança se encontra mais receptiva aos estímulos vindo do
ambiente e o desenvolvimento das habilidades motoras ocorre muito
rapidamente.

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O aparecimento das atividades motoras inicia-se na cabeça, segue-se
pelos membros superiores, tronco e membros inferiores, por isso o controle
dos movimentos da cabeça deve preceder às novas aquisições do restante
do corpo (BRANDÃO, 1992).

O atraso global no desenvolvimento neuropsicomotor é definido


como um atraso significativo em várias partes do nosso desenvolvimento,
podendo afetar a motricidade fina, motricidade grossa, linguagem,
cognição, interação social e ainda as atividades de vida diária.

Atrasos motores frequentemente associam-se a prejuízos secundários


de ordem psicológica e social, como baixa autoestima, isolamento,
hiperatividade, entre outros, que dificultam a socialização de crianças e o
seu desempenho escolar.

PARA REFLETIR!

Queimar etapas no
desenvolvimento motor é
prejudicial para a criança?

ÁREAS PSICOMOTORAS
As áreas psicomotoras podem ser divididas em primária, secundária
e terciária.

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- Tônus muscular
PRIMÁRIA
- Equilíbrio

- Esquema corporal

SECUNDÁRIA
- Organização espaço
temporal
- Lateralidade

TERCIÁRIA Motricidade global e


fina

Durante o processo de aprendizagem, esses elementos básicos da


psicomotricidade são utilizados com frequência.

Um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa


aprendizagem.

TÔNUS MUSCULAR

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É a tensão fisiológica dos músculos que garante equilíbrio
estático e dinâmico, coordenação e postura em qualquer posição adotada
pelo corpo, esteja ele parado ou em movimento.

Perceber se a criança possui o tônus muscular adequado para


realizar movimentos de controle de cabeça, controle do tronco ao sentar e
escrever, movimentos de escrita e pressão do lápis.

Os músculos são estruturas distribuídas em torno dos ossos e se


contraem quando há um encurtamento do comprimento de alguns
segmentos do corpo. Para cada grupo muscular que se contrai e se
movimenta, existe, do lado oposto, outro grupo muscular que age em
sentido contrário.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: o músculo, mesmo em repouso, possui


um estado permanente de relativa tensão que é conhecido como tono ou
tônus muscular. Para Jean Le Boulch (1984) “o tônus muscular é o alicerce
das atividades práticas”.

O tônus muscular está presente em todas as funções motrizes


do organismo como equilíbrio, a coordenação, o movimento etc. Todo
movimento realiza-se sobre um fundo tônico e um dos aspectos
fundamentais é sua ligação com as emoções.

EQUILÍBRIO

É a capacidade de assumir e manter qualquer posição corporal


contra a força da gravidade, resultante da interação muscular.

Ele se organiza pela experienciação do corpo da criança. É uma


construção mental que a criança realiza gradualmente, de acordo com o uso
que faz de seu corpo.

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A criança nasce com uma bagagem de sensações e percepções
proprioceptivas, mas, por falta de mielinização das fibras nervosas, não
consegue organizá-la.

EQUILÍBRIO E POSTURA

É uma capacidade relacionada a habilidade da criança de


conquistar e manter certas atitudes corporais.

Ela é fundamental para que a criança desenvolva habilidade


como concentração e atenção, pois a falta de postura e
equilíbrio desviam automaticamente à atenção do cérebro
para a correção dos desequilíbrios.

CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE EQUILÍBRIO:

Perceber se a criança:
- Anda em linha reta?
- Anda em linha reta com um pé à frente do outro?
- Anda em linha reta com os olhos vendados?
- Anda apoiado nos calcanhares?
- Anda apoiado na ponta dos pés?
- Anda em zigue-zague?
- Anda por cima de obstáculos?
- Salta no lugar?
- Salta para a frente?
- Salta para trás?
- Salta com um pé só?

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- Salta com um pé só e se equilibra?
- Salta obstáculos?

ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL

Para a Psicomotricidade, o corpo é o meio pelo qual o indivíduo se


exprime, fala de si. Levin (2001) diz que o sujeito fala através de seu corpo,
das variações tônico-motoras, do movimento, dos gestos e do esquema
corporal.

Falar de corpo requer, imprescindivelmente, fazer referências a


parâmetros psicomotores como ESQUEMA e IMAGEM CORPORAL.

Define-se como esquema corporal

“É uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato


que temos de nosso corpo em posição estática ou em movimento, na
relação das suas diferentes partes entre si e sobretudo nas relações
com o espaço e os objetivos que nos circundam.” (Le Boulch, 1983)

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

- Desenhos em diferentes tipos de papéis variados;

- Imagens de pessoas;

- Uso de bonecos de diferentes materiais;

- Jogos cujo tema seja o corpo;

- Atividades coletivas e também individuais que envolvam a movimentação do corpo.

O esquema corporal verifica a organização de si mesmo como ponto


de partida para a descoberta das diversas possibilidades de ação Oliveira,
2010).

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NOÇÃO DO EU, CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL E
PERCEPÇÃO CORPORAL

Esta organização leva a uma percepção e controle por meio da


interiorização das sensações. Pela interiorização a criança volta-se para si
mesma, possibilitando uma automatização das primeiras aquisições
motoras.

A interiorização é uma forma de atenção perceptiva centrada no


próprio corpo que permite à criança tomar consciência de suas
características corporais; representação mental de seu corpo; dos objetos e
do mundo em que vive.

- Conhecimento intelectual das partes do corpo e suas funções.


ESQUEMA
- Capacidade de mover este corpo.
CORPORAL

IMAGEM - É a figura do corpo humano formada na mente.


CORPORAL

ETAPAS DO ESQUEMA CORPORAL

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CORPO
CORPO PERCEBIDO CORPO
VIVIDO OU REPRESENTADO
DESCOBERTO

ETAPA1: CORPO VIVIDO (APROXIMADAMENTE ATÉ OS 03


ANOS DE IDADE)

Ao nascer até mais ou menos 3 meses de idade, a criança apresenta


uma motricidade reflexa e, pouco a pouco, vai inibindo seus reflexos
arcaicos. um bebê, à medida que cresce, mediante um maior
amadurecimento do seu sistema nervoso, vai ampliando suas experiências e
manipulando seu espaço.

Esta fase corresponde à fase da inteligência sensório-motora de Jean


Piaget. É a fase que chamamos vivência corporal. Aprendizagem da
manipulação de objetos e a andar.

Os elementos psicomotores e cognitivos caminham lado a lado, já


que um depende do outro. É a fase do conhecimento das partes do corpo.

A maturação da preensão e da oculomotricidade vai facilitar um


maior domínio sobre o objeto e a criança coordenará melhor seus
movimentos. No final desta fase pode se falar em imagem do corpo, pois o
“eu” se torna unificado e individualizado.

ETAPA 2: CORPO PERCEBIDO OU DESCOBERTO


(APROXIMADAMENTE DE 03 A 07 ANOS DE IDADE)
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A criança passa a ter um maior domínio sobre o corpo. Ela
aperfeiçoa e refina os movimentos adquirindo uma maior coordenação
dentro de um espaço e tempo determinado.

Esta etapa corresponde à organização do esquema corporal devido à


maturação da “função de interiorização”, aquisição esta de suma
importância porque auxilia a criança a desenvolver uma percepção centrada
em seu próprio corpo.

Le Boulch (1984b) define a função de interiorização como “a


possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu corpo
próprio a fim de levar à tomada de consciência”.

A denominação das partes do corpo favorece a tomada de


consciência. É nesta etapa que a criança vai representar-se por intermédio
do desenho. Ela chega à representação mental dos elementos do espaço, a
orientação corporal pela tomada de posição do corpo, isto possibilita a
distinção das diversas orientações no espaço como, por exemplo, a
percepção da orientação das letras e palavras na escrita.

Por meio do eixo corporal a criança, chega à representação e à


assimilação de conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda. Ela
adquire também noções temporais como a duração dos intervalos de tempo,
de ordem e sucessão.

ETAPA 3: CORPO REPRESENTADO (APROXIMADAMENTE DE


07 A 12 ANOS)

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Nesta etapa a criança chega a um espaço representativo. Ela amplia e
organiza seu esquema corporal. Evolui para a descentralização, para a
representação mental de um espaço orientado que não toma somente seu
corpo como ponto de referência, mas utiliza outros pontos exteriores a ela.
O desenho da figura humana torna-se mais elaborado, com mais detalhes.

Consegue desenhar esquematicamente as diferentes fases de um


movimento, representa uma cena vivida, ou sonhada, mostrando as
emoções e sentimentos.

A passagem de imagem de corpo de reprodutora para antecipatória,


revelando um verdadeiro trabalho mental em razão da evolução das
funções cognitivas “correspondentes ao estágio preconizado por Piaget de
“operações concretas” (OLIVEIRA,2010) Esta capacidade de antecipação
permite-lhe encontrar as soluções mais rapidamente e a se organizar
perante elas. ”Ex: a capacidade de prever onde a bola irá cair e adequar
seus gestos para este fim.

ETAPAS DO ESQUEMA CORPORAL

1. Desenho da figura Conhecimento da visão que a criança tem de si.


humana (desenho de si
mesmo) Representação gráfica de sua imagem mental. A
criança desenha o ser humano em função do
conhecimento que possui de si mesma, do que sabe, do
que sente e não somente do que vê. O desenho da
figura humana é uma forma de linguagem, de
expressão de si e evolui com a idade e o
desenvolvimento intelectual e afetivo da criança.
- 3 anos - a criança desenha uns rabiscos; um círculo
com duas linhas simétricas indicando os braços;
podem surgir duas linhas descendentes, imitando as
pernas.
- 4 e 1/2 anos - dois círculos (um é a cabeça e o outro o

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corpo); já aparecem o olho, a boca e o nariz.
- 6 anos - a figura já se parece mais com o real,
começa a se estruturar sua imagem de corpo; aparece
alguns detalhes como vestimentas. No lugar dos dedos,
desenha uma bola imitando as mãos.
- 8 anos - a figura se mostra correta, já aparecem os
cincos dedos; o pescoço; a figura ainda é
esquematizada; aparecem figuras de perfil.
- 9 anos - verifica-se a diferenciação dos sexos por
meio das vestimentas, figuras ricas em detalhes.
- A partir de 10 anos o desenho torna-se mais rico,
mais personalizado e mais próximo do real.
2. Relaxamento Verifica o comando e o controle sobre o corpo.
Capacidade de controle de relaxamento muscular.
Condição ligada aos aspectos afetivos e neurológicos.

3. Conhecimento das Todo objeto, no momento que é nomeado, faz o papel


partes do corpo
de organizador do espaço. A nominação confirma o
que é percebido, reafirma o que é conhecido e permite
verbalizar aquilo que é vivenciado.
4. Imitação de atitudes Aspectos viso cinéticos. Verifica a percepção e o
sentido muscular, o controle do próprio corpo, o nível
de aquisição do esquema corporal, apreciar o grau de
maturação do conhecimento ou percepção da
coordenação dos movimentos necessários para
execução da ação.

Quando não se tem o esquema e a imagem corporal bem desenvolvido:

Não coordenada Atrapalha-se ao Apresenta baixa


bem os movimentos vestir e despir
20 autoestima
Dificuldades nas Dificuldade ao Leitura sem
atividades manuais traçar as letras harmonia, expressão
e ritmo

COMO AVALIAR O ESQUEMA CORPORAL?

Perceber se a criança identifica as partes do corpo em si e no outro:

- Quais partes que identifica?

- Quais partes que não identifica?

- Nomeia em si?

- Nomeia no outro?

- Perceber se faz projeção para o desenho

Obs: Interessante que se faça essa avaliação com a criança em frente a um espelho.

LATERALIDADE

Uso preferencial de um dos lados do corpo obedecendo a três níveis:

• Olho

• Pé

• Mão

De acordo com força, precisão e rapidez.

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Internalização do conhecimento da diferença entre direito e
esquerdo, e a capacidade de controlar os dois lados do corpo juntos ou
separadamente.

A Lateralidade nada mais é do que quando a criança desenvolve um


lado predominante em relação a outro.

ATIVIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DA LATERALIDADE

- Pintar

- Desenhar

- Modelar com massa ou argila recortar imagens e formas

- Atividades que envolvam ações com o lado dominante como chutar e pular e

outras atividades.

COMO AVALIAR A LATERALIDADE?

- Perceber qual o domínio lateral (ocular, manual e pedal).

- Perceber se consegue diferenciar os dois lados de seu corpo.

- Perceber se discrimina os conceitos de direita e esquerda.

- Perceber se reconhece direita e esquerda em si e no outro.

Obs: Interessante que se faça esta avaliação com a criança à frente do espelho, e o professor ao
lado da criança.

QUANDO A LATERALIDADE NÃO ESTÁ BEM DEFINIDA

DIFICULDADES DISCRIMINAÇÃO E INCAPACIDADE DE


SEGUIR A
PARA DIFEENCIAÇÃO
ORIENTAÇÃO
ORIENTAÇÕES ENTRE O LADO GRÁFICA (DIREÇÃO
ESPACIAIS DOMINANTE E O DA ESQUERDA PARA
OUTRO LADO A DIREITA NA
ESCRITA E LEITURA)

ORGANIZAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL
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É a capacidade de orientar-se adequadamente no espaço e no tempo.
Para isso, é preciso ter a noção de perto, longe, em cima, embaixo, dentro,
fora, ao lado de, antes, depois.

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

A estruturação espacial é uma elaboração e uma construção mental.


É a possibilidade de organizar-se perante o mundo, de organizar as coisas
entre si, de compreender as relações das posições dos objetos.

Pela interiorização de seu corpo a criança aprende o espaço que a


cerca, trabalha com a representação deste espaço, prevendo e antecipando
suas ações.

Para a criança assimilar as relações espaciais (progressões de


tamanho, quantidade e transposição) é preciso que tenha uma estrutura de
espaço.

QUANDO A ORIENTAÇÃO ESPACIAL NÃO ESTÁ BEM DESENVOLVIDA

- Não percebe as diferenças entre posições à esquerda/direita/acima/abaixo de letras e


números.

- Não distingue detalhes entre letras e números: ex. b/d, p/q, n/u, 6/9, 12/21.

- Não distingue diferenças entre maior /menor, fora/dentro, longe/perto.

- Tem dificuldade na ordenação das sílabas de uma palavra, das palavras em uma frase, das
frases em um texto.

ORGANIZAÇÃO TEMPORAL
Organização temporal corresponde à capacidade de relacionar ações
a uma determinada dimensão de tempo, onde sucessões de acontecimentos
e de intervalo de tempo são fundamentais.

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Este aspecto diz respeito à noção que a criança deve ter sobre o
tempo. A noção de que ele existe é imprescindível para a organização do
pensamento.

ATIVIDADES QUE AJUDAM A DESENVOLVER A ORGANIZAÇÃO TEMPORAL

- Atividades que envolvam a distinção dos períodos do dia como manhã, tarde e noite.

- Montar as figuras de acordo com uma sequência lógica temporal.

- Atividades que mostram o envelhecimento; estações do ano.

- Quadro de rotinas

A organização temporal é a capacidade de perceber e de ajustar sua


ação aos diferentes componentes do tempo, localização dos acontecimentos
passados e presentes e capacidade para projetar-se para o futuro fazendo
planos. É a capacidade de se organizar no tempo, combinando seus
diversos elementos.

Pela representação mental dos movimentos do tempo e suas relações,


a criança atinge uma maior orientação temporal e adquire a capacidade de
trabalhar no nível simbólico.

A orientação temporal é um aspecto relacionado com a noção que a


criança tem do “EU” em relação ao espaço em que está.

Esta é uma noção fundamental para que a criança estabeleça a si


própria como um “eu” que é igual aos outros, mas que também é diferente
dos outros.

ATIVIDADES QUE AJUDAM A DESENVOLVER A ORGANIZAÇÃO TEMPORAL

1- Reconhecimento das noções temporais

2- Sequência lógica do tempo

3- Ritmo

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COMO AVALIAR A ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL

Perceber se a criança tem conhecimento dos termos espaciais como: embaixo, em cima, ao
lado, à frente, atrás, dentro e fora.

Sabe identificar: data de seu aniversário, dias da semana, em que dia da semana está, em que
ano estamos e sequência dos dias da semana.

Conseguiu repetir adequadamente o ritmo sugerido (palmas, estalar de dedos, etc).

COORDENAÇÃO GLOBAL OU MOTRICIDADE AMPLA

É a ação simultânea de diferentes grupos musculares na execução de


movimentos voluntários, amplos e relativamente complexos.

Para ativar a coordenação motora grossa das crianças nada melhor


que promover tarefas divertidas, como correr, brincar de pega-pega, pular,
brincar de amarelinha e tudo aquilo que fez parte da nossa infância
também.

Essas atividades são muito importantes para enriquecer tais funções


musculares nas crianças. Outra dica é encontrar objetos que sirvam de
complemento para as brincadeiras: bolas, cordas, etc.

A coordenação global diz respeito à atividade dos grandes músculos.


Depende da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo. Este equilíbrio
está subordinado às sensações proprioceptivas cinestésicas e labirínticas.
Através da movimentação e da experimentação, o indivíduo procura seu
eixo corporal, vai se adaptando e buscando um equilíbrio cada vez melhor.
Consequentemente, vai coordenando seus movimentos, vai se
conscientizando de seu corpo e das posturas. Quanto maior o equilíbrio,
mais econômica será a atividade do sujeito e mais coordenadas serão suas
ações.

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A coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir
a dissociação de movimentos.

Para ativar a coordenação motora grossa das crianças nada melhor


que promover tarefas divertidas, como correr, brincar de pega-pega, pular,
brincar de amarelinha e tudo aquilo que fez parte da nossa infância
também.

Essas atividades são muito importantes para enriquecer tais funções


musculares nas crianças. Outra dica é encontrar objetos que sirvam de
complemento para as brincadeiras: bolas, cordas, etc.

Por isso as aulas ao ar livre são indispensáveis, porque as crianças


podem estimular a coordenação motora grossa de maneira lúdica. Em casa,
os pais também devem permitir esses momentos às crianças, seja no quintal
de casa, no playground do prédio ou em uma praça próxima da residência.

MOTRICIDADE FINA

É a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando


pequenos grupos musculares das extremidades.

Ações de pequenos músculos de forma ordenada que levam a


precisão, rapidez e força muscular.

A coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza manual e


constitui um aspecto particular da coordenação global. Uma coordenação
elaborada dos dedos da mão facilita a aquisição de novos conhecimentos. É
através do ato de preensão que uma criança vai descobrindo pouco a pouco
os objetos de seu meio ambiente.
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Só possuir uma coordenação fina não é suficiente. É necessário que
haja também um controle ocular, isto é, a visão acompanhando os gestos da
mão. Chamamos a isto de coordenação óculo-manual ou viso-motora.

COORDENAÇÃO VISO é a integração entre a visão e


MOTORA os movimentos do corpo

envolve o gesto manual e a


COORDENAÇÃO VISO
visão
MANUAL

COORDENAÇÃO ÓCULO Membros inferiores e visão


PEDAL

para a pronúncia correta


MOTRICIDADE LINGUAL

MOTRICIDADE DÍGITO Movimentação ordenada de


MANUAL mãos e dedos

Perceber se a criança apresenta habilidades manuais como:


• abotoar
• alinhavar
• vestir-se
• movimentos de pinça, etc.

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RITMO

Abrange a noção de ordem, sucessão, duração e alternância.


Favorece a percepção da ocorrência e pausa dos sons (duração e sucessão).

Etapas:
PRÉ OPERATÓRIA OPERAÇÕES CONCRETAS OPERAÇÕES ABSTRATAS

criança sente o ritmo Perceber


a criança começa a
simultaneamente à
por meio do seu dominar a noção
sucessão de sons,
corpo (coração, de tempo (antes,
símbolos e
respiração, depois, causa e movimentos. Identificar
deglutição) efeito) melodias.

A falta desta habilidade pode causar:

ERROS DE
LEITURA LENTA E
PONTUAÇÃO E
SILÁBICA
ENTONAÇÃO

NÃO RESPEITO AO
UNIÃO DE PALAVRAS
ESPAÇO ENTRE AS
OU SÍLABAS
PALAVRAS

FALHAS NA
OMISSÃO OU ACENTUAÇÃO
ADIÇÃO DE SÍLABAS (ESCRITA E LEITURA)

A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como:


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- Dominância manual já estabelecida

- Conhecimento numérico para saber quantas sílabas formam uma palavra

- Movimentação dos olhos da esquerda para a direita que são os adequados


para escrita

- Discriminação de sons (percepção auditiva)

- Adequação da escrita às dimensões do papel, bem como proporção das


letras e etc.

- Pronúncia adequada das letras, sílabas e palavras

- Noção de linearidade da disposição sucessiva das letras e palavras

- Capacidade de decompor palavras em sílabas e letras

- Possibilidade de reunir letras e sílabas para formar palavras e etc.

OBJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE

- Oferecimento de um caminho para trocas afetivas;

- Possibilidade de exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço;

- Promoção de habilidades motoras que vão além das dimensões cinéticas e que levem a
criança a aprender e a conhecer seu próprio corpo; e a se movimentar de maneira expressiva;

- Um conhecimento corporal que inclua as dimensões do movimento, desde funções que


indiquem estados afetivos até representações de movimentos mais elaborados de sentidos e
ideias;

- Habilidades motoras finas no desenho, na pintura, na modelagem, na escultura, no recorte e


na colagem, e nas atividades de escrita.

- Apropriação da imagem corporal;

- Facilitação da comunicação e a expressão das ideias;

- Possibilidade de exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço;

- Percepções rítmicas, estimulando reações novas, através de jogos corporais e danças.

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REFERÊNCIAS

HARROW, A.J. A Taxonomy of the Psychomotor Domain: A Guide for


Developing Behavioral Objectives. McKay, New York, 1972.

JOBIM, A. P. Psicomotricidade: histórico e conceito – disponível em:


<http://guaíba.ulbra.br/seminário/eventos/2008/artigos/edfis/358.pdf>.
Acesso em 23/11/2021.

LE BOULCH, Jean. Educação psicomotora: psicocinética na idade


escolar. Porto Alegre: Artmed,1984.

LEVIN, Estevan. O corpo ajuda o aluno a aprender. Disponível em:


http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-pedagogica/
esteban-levincorpo-ajuda-aluno-aprender-423993.shtml. Acesso em:
23/11/2021.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Avaliação psicomotora à luz da


psicologia e da psicopedagogia / 9.ed - Petrópolis, RJ : Vozes, 2010.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e


reeducação num enfoque psicopedagógico - Petrópolis, RJ: vozes, 1997.

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara, 1987. WALLON, Henri. Psicologia e educação da
criança. Lisboa: Vega/ Universidade, 1979.

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