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Código: 708210469
Ano de Frequência: 2º
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Índice
1. Introdução...............................................................................................................................5
1.1. Objectivos............................................................................................................................5
1.1.1. Geral..................................................................................................................................5
1.1.2. Específicos........................................................................................................................5
1.2. Metodologias........................................................................................................................5
3. Conclusão..............................................................................................................................14
4. Referências bibliográficas.....................................................................................................16
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1. Introdução
O presente trabalho é referente a cadeira De Linguística Bantu e tem como tema. a
Implementação do Ensino de Línguas Bantu em Moçambique. Neste contexto, a diversidade
linguística de Moçambique é uma das suas principais características culturais. Embora a
língua portuguesa seja a língua oficial do país, existe uma enorme diversidade de idiomas.
Para a maioria da população, estes idiomas nacionais constituem a sua língua materna e a
mais utilizada na comunicação diária. O fato de Moçambique adoptar o português como
língua oficial resulta do seu passado histórico, em que foi colónia portuguesa por um período
de cerca de quinhentos anos. Alcançada a independência, o português passou a ser a língua
oficial do país, porque havia uma necessidade de dar continuidade à administração do país, e
era preciso achar uma língua que dada às circunstâncias do momento seria capaz de dar conta
desse desafio. O português era então, a língua que reunia condições, pela função que
desempenhou durante a época colonial e que não favorecia a nenhum grupo linguístico do
país. As línguas nacionais não foram usadas como língua de ensino, mesmo sabendo-se que
são as línguas mais usadas no país.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
Analisar a Implementação do Ensino de Línguas Bantu em Moçambique.
1.1.2. Específicos
Falar do contexto histórico-social do ensino de línguas bantu e Moçambique;
Caracterizar as línguas moçambicanas;
Caracterizar as línguas moçambicanas no sistema de ensino.
1.2. Metodologias
No que diz respeito neste trabalho, foi usado como metodologia uma Pesquisa Bibliográfica.
A realização desta pesquisa baseou-se na recolha de documentos (material já elaborado e
publicado) constituído principalmente artigos científicos relacionados com o tema. Foi feita a
leitura detalhada e retida informação pertinente para o trabalho. A pesquisa bibliográfica
baseou-se num processo investigativo e enriquecedor na medida em que trouxe a visão de
diferentes autores e permitiu a discussão do tema abordado
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2. A Implementação do Ensino de Línguas Bantu em Moçambique
Moçambique foi uma colónia portuguesa; os portugueses chegaram ao país no século XV,
concretamente no ano de 1498, quando Vasco da Gama e sua expedição chegaram ao
território que hoje se chama Moçambique, marcando assim o início de um longo período de
colonização que durou cerca de quinhentos anos.
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Tendo o país sob seu domínio, os colonos portugueses não se preocuparam com a valorização
das línguas, nem com a cultura dos nativos, obrigando aos moçambicanos a renegarem a sua
própria língua a favor da língua e da cultura do colonizador. Ao moçambicano foi-lhe retirado
o direito à cidadania.
Longos anos se passaram e depois de uma luta pela independência que durou dez anos,
Moçambique conseguiu ascender à independência no dia 25 de Junho de 1975, passando de
uma província ultramarina para uma república soberana.
Com a conquista da independência, vários desafios o país tinha pela frente, um deles era a
educação. A língua portuguesa foi adoptada como língua oficial do país, precisava-se estender
o acesso à educação para os diversos cantos do país, ou seja, havia a necessidade de se fazer
com maior brevidade possível aquilo que o colono não pôde fazer durante quinhentos anos.
Isso significava ter uma educação muito abrangente para que o povo pudesse ter acesso, com
a política de massificação do ensino que se verificou nos anos iniciais depois da
independência.
Várias são as argumentações oficiais para esta decisão, incluindo a de que esta seria uma
língua “neutra” para servir aos objectivos da luta, sobretudo, a de que banindo as línguas
moçambicanas nas comunicações entre os guerrilheiros combater-se-ia e materializar-se-ia o
espírito da unidade nacional quando todos os cidadãos falassem uma só língua. Assim, a
língua portuguesa que passou a ser a língua oficial do país e também passou a ser a língua de
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ensino, deixando as outras línguas nacionais com o papel de manter a comunicação em
lugares menos formais, como no seio da família, nas comunidades e nos ambientes informais.
Porém, estudos linguísticos desenvolvidos sobre as línguas moçambicanas, possibilitaram
com que elas tivessem outro tipo de tratamento, embora o seu nível de documentação não seja
ainda o desejável.
Dentre as diferentes línguas moçambicanas o Makhuwa é a língua mais falada pela população
moçambicana, representando uma ordem percentual de 26.3% da língua materna do país. É
uma língua falada no norte do país, concretamente nas províncias Nampula, Cabo Delgado e
Niassa, para além da província central da Zambézia. Com isso não se quer dizer que esta
língua seja a única falada nestas províncias, existem outras línguas que também são faladas,
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mas Makhuwa chega a ser a mais falada por ser a única língua que abrange quatro províncias,
sendo duas delas as mais populosas do país.
Na tabela que se segue podemos ver em distribuição percentual de que Makhuwa é a língua
materna mais falada em Moçambique.
Numa situação em que o português não é usado em casa pela maior parte dos moçambicanos,
principalmente os que vivem nas zonas rurais, que é a zona onde habita a maior parte dos
moçambicanos, o português torna-se um obstáculo para as crianças que vão à escola para
terem aulas numa língua em não lhes é familiar.
Ngunga (2000) afirma que, nas primeiras séries do sistema escolar, a língua tem sido um dos
factores que inviabilizam a progressão escolar, porque a maioria das crianças que ingressam
na escola pela primeira vez não sabem falar a língua oficial de ensino – no caso, a língua
portuguesa.
Neste contexto, para além de receber os conteúdos leccionados na sala de aula, há uma
necessidade de primeiro aprender a língua, e como se sabe, a aprendizagem de uma língua
leva o seu tempo. Durante esse período em que o aluno vai aprendendo a língua portuguesa,
as aulas de outras disciplinas vão decorrendo normalmente, e de uma forma paradoxal, sem
que o aluno compreenda a língua de ensino, neste caso a língua portuguesa. Com isso exige-se
que haja um resultado satisfatório no final do ano, resultado num sistema de avaliação feita
numa língua que o aluno não tem domínio.
Pode-se afirmar que durante o decorrer do ano lectivo o aluno pela idade que tem facilmente
irá aprender o português e ser capaz de comunicar com os outros em sala de aula. Mas isso só
seria possível se o aluno se encontrasse inserido dentro dum meio em que a tal língua fosse de
uso cotidiano, não é o que acontece com a maioria das crianças moçambicanas, em que esta
língua portuguesa é estranha na comunidade, até olhando pelo seu passado tido como língua
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do colonizador e que em muitos casos o seu não uso era uma forma de resistência no seio dos
moçambicanos. Dentro deste paradigma, os resultados não chegam a ser satisfatórios nas
classes iniciais como se gostaria que fossem.
Um outro factor que o aluno moçambicano falante das línguas nacionais aprendeu a viver
com ele é a intolerância. Intolerância por parte do professor e da escola pelo uso da língua que
não seja o português dentro do recinto escolar, violando claramente o artigo 3º da Declaração
Universal dos Direitos Linguístico, que diz ser “direito individual e inalienável e que deve ser
exercida em todas as situações - o direito ao uso da língua em privado e em público”.
Assim os assimilados eram obrigados a renegarem as suas próprias línguas para poderem
ascender a outro status dentro da sociedade colonial.
O último factor que aqui podemos descrever é a descriminação. Os alunos que são de centros
urbanos, centros urbanos enquanto locais onde o português é usado com fluência, se separam
dos alunos oriundos da periferia ou da zona rural que pouca fluência tem no uso do português.
Em sala de aula este é um motivo de inibição por parte destes alunos mesmo tendo noção do
assunto a ser tratado na aula e que poderiam livremente dar a suas opiniões, preferem manter-
se calados. Este fato é mais notório nas zonas rurais onde o português é menos usados e,
consequentemente, a sua contribuição para os maus resultados escolares, como refere Ngunga
(2000)
As crianças cuja língua materna não é o português levam por vezes três anos sem passar de
classe, o que tem como consequência imediata, para além do desperdício de recursos, os
grandes índices de distância ou, para os que precisam, a conclusão tardia do primeiro nível
primário – a 5 classe – por volta dos 15 ou 16 anos de idade, no meio rural, quando nas
cidades a média é 11 anos. (Ngunga, 2000, p. 37)
E qual seria a solução para estes problemas todos? A resposta encontra-se na intensificação do
ensino das línguas nacionais no Sistema Nacional de Educação, como forma de não só
melhorar a qualidade de ensino, mas também da valorização das línguas nacionais para que
elas se tornem cada vez mais públicas, como afirma Alcalá:
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sociedade alfabetizada que, interpelada por essa língua, produza esses
discursos de carácter público (Alcalá, 2001 p. 144).
Importa aqui referir que sempre existiu um silenciamento por parte do governo no que diz
respeito ao ensino das línguas nacionais em detrimento de línguas estrangeiras como o inglês,
francês para além do português que é língua oficial.
Nos últimos anos verifica-se uma vontade de querer valorizar as línguas nacionais, e isso
levou à sua introdução no Sistema Nacional de Educação, para isso contribuiram bastante os
linguistas que pressionaram ao governo para que fosse elaborada um lei sobre a introdução
das línguas nacionais no ensino.
Para Firmino (2005, p. 67), “qualquer pessoa que fala a sua L1 é socialmente entendida como
um forte indicador da sua identidade étnica”.
O ensino das línguas nacionais decorre no sistema bilingue, ou seja, existe uma coabitação
entre as línguas nacionais e a língua portuguesa dentro do mesmo sistema de ensino, podendo
se afirmar que, “...o modelo de bilinguismo inicial promove o uso de línguas bantu de uma
forma mais humana, justa e harmoniosa (...) reside no fomento da proficiência não só em
português, mas também e crescentemente na língua bantu...”. (Lopes 2004, p. 40).
Podem-se apontar três factores que levaram à sua implementação: razões linguístico-
pedagógicas, razões culturais e de identidade e, a língua como direito.
a) Razões linguístico-pedagógicas
Os alunos contemplados pelo ensino bilingue quando entram pela primeira vez na escola, eles
já têm consigo adquiridas as competências básicas da sua língua materna. Eles já conhecem a
gramática e são capazes de formar frases compreensíveis dentro das suas línguas, inclusive
fazer operações matemáticas.
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b) Razões culturais e de identidade
Do mesmo modo que todo indivíduo tem vários direitos previstos pela constituição e pelas
diferentes leis, direitos tais como acesso a saúde, educação, a escolha de religião, liberdade,
por aí em diante, o mesmo acontece com o direito linguístico previsto pela Declaração
Universal dos Direitos Linguísticos. Partindo deste pressuposto, todas as línguas são
consideradas iguais.
O modelo de ensino bilingue apresenta-se dividido em três fases correspondentes aos ciclos,
que perfazem no total, três (3) ciclos: primeiro ciclo, que abrange os alunos da 1ª e 2ª classes;
segundo ciclo, 3ª, 4ª e 5ª classes e o terceiro ciclo, que abrange os alunos das 6ª e 7ª classes.
No 1º e 2º ciclos “a língua usada como meio não é a língua portuguesa, mas sim as línguas
moçambicanas, e no 3º ciclo acontece o inverso, a língua usada como meio de ensino é a
língua oficial”. (INDE/MINED, 2003, p.78).
Somos da opinião de que a introdução das línguas nacionais no sistema de ensino é um grande
feito para a educação moçambicana, aliás, é isso que temos defendido ao longo deste trabalho,
porque leva a um resgate de valores, identidade e direito linguístico, pelo menos é isso que
transparece ser. Mas é preciso considerar que existem fragilidades dentro desse processo que
não poderíamos deixar de mencionar para que tenham maior espaço para reflexões futuras.
Para Lopes (2004), o modelo transicional de ensino das línguas moçambicanas é ideal e é, no
entanto, problemático porque por um lado, o autor defende o uso das línguas moçambicanas
como meio de ensino para as crianças moçambicanas que as têm como L1’s e, por outro lado,
defende o uso da língua portuguesa como meio de ensino para as crianças moçambicanas que
a têm como L1. Neste contexto, como a língua portuguesa constitui a língua de ensino das
classes mais avançadas, as crianças que têm as línguas moçambicanas como L1’s têm maior
probabilidade de gerar competência empobrecida nessa língua e criar dificuldades às crianças
que não têm a língua portuguesa como língua materna quando forem confrontadas com outras
para quem a língua portuguesa é língua materna.
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Com efeito, o aluno não é capaz de aprender o funcionamento das línguas moçambicanas,
principalmente nas competências de leitura e escrita, e, do mesmo modo, aceder ao
conhecimento científico e técnico por meio dessas línguas, após os primeiros 3 anos de
escolarização (período transicional).
3. Conclusão
O ensino de qualquer língua é sem dúvidas uma das maneiras mais consideráveis de
valorização dessa língua. Em Moçambique esse direito que as línguas têm não se verificou
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com relação as línguas nacionais desde o período colonial ata aos anos após independência
nacional. Um facto importante é que nos últimos anos ganhou-se consciência de dar uma
atenção diferente à essas línguas que constituem língua materna para uma larga maioria da
população moçambicana, atenção essa que culminou com a sua introdução no Sistema
Nacional de Edução como línguas de ensino.
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4. Referências bibliográficas
Alcalá, C. (2001). A Língua Urbana: o Guarani no espaço público da cidade. In:
ORLANDI, Eni Puccinelli (Org.). Cidade Atravessada. Campinas: Pontes.
Firmino, G. (2005). A questão linguística na África pós-colonial. O caso do português
e das línguas autóctones em Moçambique. Maputo: Imprensa Universitária.
INDE/MINED. (2003). Programas das disciplinas do 3º Ciclo – Ensino Básico.
Maputo: Academia Lda.
Lopes, A. (2004). A Batalha das Línguas: Perspectivas sobre Linguística Aplicada em
Moçambique. Maputo: Imprensa Universitária.
Ngunga, A. & Faquir, O. G. (2012). Relatório do III Seminário de Padronização da
Ortografa de Línguas Moçambicanas. Centro de Estudos Africanos. UEM. 2012.
Ngunga, A. (2004). Introdução à Linguística Bantu. Maputo: Imprensa Universitária-
UEM.
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