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Definir o que é cultura não é uma tarefa simples. A cultura evoca interesses
multidisciplinares, sendo estudada em áreas como sociologia, antropologia, história,
comunicação, administração, economia, entre outras. Em cada uma dessas áreas, é
trabalhada a partir de distintos enfoques e usos. Tal realidade concerne ao próprio caráter
transversal da cultura, que perpassa diferentes campos da vida cotidiana. Além disso, a
palavra “cultura” também tem sido utilizada em diferentes campos semânticos em
substituição a outros termos como “mentalidade”, “espírito”, “tradição” e “ideologia”
(Cuche, 2002, p.203).
A concepção universalista da cultura foi sintetizada por Edward Burnett Tylor (1832-1917)
que, segundo Cuche (2002, p.39), é considerado o fundador da antropologia britânica. Ele
escreveu a primeira definição etnológica da cultura, em
Tomando em seu amplo sentido etnográfico [cultura] é este todo complexo que inclui
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade (apud Laraia, 2006, p.25).
Todavia, Tylor defendia o princípio do evolucionismo, que acreditava haver uma escala
evolutiva de progresso cultural que as sociedades primitivas deveriam percorrer para chegar
ao nível das sociedades civilizadas.
Em suma, A cultura é parte do que somos, nela está o que regula nossa convivência e nossa
comunicação em sociedade. Ao tratar do conceito de cultura, a sociologia se ocupa em entender
os aspectos aprendidos que o ser humano, em contato social, adquire ao longo de sua
convivência.
Bobbio (2007), também, afirma que o termo democracia sempre foi empregado no sentido
de uma das formas de governo, designando a forma de governo na qual o poder político é
exercido pelo povo. O autor ainda ressalta a importância de se analisar a democracia sob o
enfoque que o uso das teorias das formas de governo assumiram ao longo dos tempos,
dividindo este em: descritivo (sistemático), prescritivo (axiológico) e histórico.
Bobbio afirma que, entre todas as definições de democracia, prefere aquela que define a
democracia como o “poder em público”. O autor afirma que o poder tende a se esconder e
que quanto mais secreta seja uma decisão, proporcionalmente mais ilícita esta será, sendo,
portanto, a democracia a forma de governo que obriga os governantes a tomar suas decisões
às claras, justificando o porquê de determinada escolha em detrimento de outra, abrindo um
espaço para que os indivíduos tomem ciência do que ocorre nos corredores do poder.
O autor ainda diferencia a democracia ideal da democracia real, sendo a ideal aquela
impossível de ser alcançada, porquanto os fatores distintivos entre governos democráticos e
não democráticos são os princípios da liberdade e da igualdade, sendo encartados logo no
início da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Todos os seres humanos nascem
livres em dignidade e direitos.”
Bobbio (2000, p.422) discorda do exposto pela declaração, aduzindo: “A verdade é que os
seres humanos, ao menos a sua grande maioria, não nascem livres, nem iguais. Seria muito
mais exato dizer: ‘Os homens aspiram a tornar-se livres e iguais’. A liberdade e a igualdade
são não um ponto de partida, mas sim um ponto de chegada”.
Canotilho, em sua grande obra intitulada Direito Constitucional e Teoria da Constituição,
aborda a democracia como um processo dinâmico, o qual possibilita que em uma sociedade
aberta e ativa, os cidadãos participem no processo político em condições de igualdade,
tanto política, quanto econômica e social. O autor português afirma que “o princípio
democrático não elimina a existência das estruturas de domínio mas implica uma forma de
organização desse domínio. Desta concepção resulta a visão do princípio democrático como
princípio de organização da titularidade e exercício do poder”. (CANOTILHO, p. 290)
Como pode ser percebido, existem diversas abordagens possíveis, quando o tema é
democracia, sendo uma delas a divisão que reconhece a democracia sob três manifestações
distintas: teoria republicana, liberal e elitista.
a) DEMOCRACIA DIRETA
Os dois maiores obstáculos ao sistema direto foram a dimensão territorial dos Estados,
posto que “não é em toda parte que podem os cidadãos reunir-se para deliberar”, e o grande
número de cidadãos que integravam a sociedade, fatos que acabaram tornando inviável o
comparecimento e efetiva participação do todos eles na vida política “De qualquer forma, o
modelo grego é reminiscência da história dos sistemas políticos, não sendo praticado
modernamente, com exceção de alguns diminutos cantões suíços.”
Por estas e outras razões, o sistema adotado a partir do século XVIII foi o representativo,
onde os cidadãos se fazem presentes indiretamente na elaboração das normas e na
administração da coisa pública através de delegados eleitos para esta função.
O embrião do sistema representativo provém da evolução das instituições inglesas, eis que
com o crescente poderio da burguesia a monarquia começou a perder força e ser muito
contestada, especialmente por força da necessária e constante busca daqueles limitarem os
poderes do rei.
A partir de então, seleto grupo de burgueses, juntamente com os nobres, passaram a contar
com direito a voz antes da tomada de decisões, na tentativa de imporem seus interesses
frente ao poder real, fatos estes que acabaram por culminar a Revolução Gloriosa e o Bill of
Rights.
Este novo sistema passou a ganhar cada vez mais adeptos na Europa, obtendo maior
notoriedade com a Revolução Francesa e com a declaração de independência das 13
colônias Inglesas que formaram os Estados Unidos da América.
Neste passo, foi arquitetado um meio pelo qual a vontade popular continuaria sendo a pedra
fundamental que justifica o poder estatal, contudo, esta vontade passaria a ser representada
por pessoas eleitas periodicamente, que passam a gozar das prerrogativas e
responsabilidades de exercitar as funções políticas, em nome da vontade geral.
Como bem assevera o Emérito Professor José Afonso da Silva, “na democracia
representativa a participação popular é indireta, periódica e formal, por via das instituições
eleitorais que visam a disciplinar as técnicas de escolha dos representantes do povo.”
Destarte, surge com imensa importância o tema do mandato político representativo, que
pode ser conceituado como uma “situação jurídico-política com base na qual alguém,
designado por via eleitoral, desempenha uma função política na democracia
representativa.”
Historicamente, o modelo participativo de democracia teve sua origem no século XIX, com
expansão e prática considerável na Suíça e nos Estados Unidos.
Por fim, vale pontuar que “a doutrina refere as iniciativas dos cidadãos como uma nova
dimensão da democracia dos cidadãos (Bürgerdemokratie). Estas iniciativas não têm de
estar juridicamente conformadas (ex. através de associações dotadas de organização e
formas jurídicas).”
d) Democracia popular
Designação pela qual ficaram conhecidos os regimes comunistas instalados a partir de 1948
nas repúblicas da Europa de Leste que foram libertadas pela URSS na Segunda Guerra
Mundial, sob a batuta de Moscovo e abaluartadas na presença do Exército Vermelho. Estão
na origem da Guerra Fria e foram também experimentadas em alguns países menos
desenvolvidos.
Com base nessa doutrina política, cada uma dessas repúblicas adotou o regime de
"democracia popular", que tinha como principais características:
partido único
coletivização da terra
planificação económica centralizada
prioridade às indústrias de base
perseguição e eliminação de qualquer dissidência
e) Democracia crista
A Democracia Cristã, surge no século XIX, radicando na Doutrina social da Igreja Católica
e com influências das confissões protestantes (particularmente Luteranas e Calvinistas), no
norte da Europa. Muitos partidos democratas-cristãos são constituídos por católicos e
protestantes que coexistem harmoniosamente em vários países. Os primeiros partidos
Democratas-Cristãos são fundados por influência católica na Alemanha, na Áustria, na
Bélgica e na Suíça. Posteriormente, surgem partidos em países historicamente protestantes,
como nos Países Baixos e Suécia.
Democracia em Africa
BOBBIO, Noberto. Teoria Geral da Política: A Filosofia Política e as Lições dos Clássicos.
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FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. A Democracia Possível. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,
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