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Indice

1. Introdução....................................................................................................................................1
1.1. Objectivos da pesquisa........................................................................................................1
1.1.1. Objectivo geral.............................................................................................................1
1.1.2. Objectivos específicos..................................................................................................1
1.2. Metodologia da pesquisa.....................................................................................................1
2. Debate conceptual........................................................................................................................2
3. A história da palavra democracia na história moderna............................................................3
3.1. Os filósofos gregos e a noção de democracia......................................................................4
3.2. A noção de Democracia na Filosofia moderna...................................................................6
3.3. A noção de Democracia na contemporaneidade................................................................7
4. Características da democracia moderna....................................................................................9
5. Tipos de democracia ao longo da história................................................................................10
6. Conclusão...................................................................................................................................11
7. Referencias bibliográficas.........................................................................................................12
1. Introdução
Pretende-se com a pesquisa fazer uma incursão exploratória em torno da História da Palavra
Democracia na História Moderna. A palavra "democracia" vem do grego antigo
"dēmokratía", que significa "governo do povo". A ideia de democracia surgiu na Grécia
antiga, onde a cidade de Atenas foi governada por um sistema democrático no século V a.C.
No entanto, este sistema era limitado, pois somente os cidadãos masculinos nascidos em
Atenas eram considerados elegíveis para votar e participar na tomada de decisões políticas.

Ao longo da história, a ideia de democracia evoluiu e mudou de forma. Na Idade Média, o


conceito de governo democrático praticamente desapareceu na Europa, sendo substituído por
sistemas monárquicos ou teocráticos. Foi apenas na Idade Moderna que a ideia de democracia
começou a ganhar força novamente, com a Revolução Francesa de 1789 e a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão.

A palavra "democracia" passou a ser utilizada para se referir a sistemas políticos nos quais o
poder é exercido pelo povo, seja diretamente ou por meio de representantes eleitos. A ideia
de democracia se espalhou pelo mundo, e hoje é um dos princípios fundamentais da maioria
dos sistemas políticos ocidentais.

No entanto, ao longo da história, a aplicação do conceito de democracia tem sido desafiada


por diversos fatores, como a desigualdade social, a corrupção política, a exclusão de minorias
e o autoritarismo. Mesmo assim, a ideia de democracia continua a ser um ideal aspirado por
muitos e um dos pilares fundamentais da liberdade e dos direitos humanos.

1.1. Objectivos da pesquisa


1.1.1. Objectivo geral
 Descrever a história da democracia na história moderna
1.1.2. Objectivos específicos
 Caracterizar a noção de democracia na concepção dos filósofos gregos;
 Compreender a noção da democracia na filosofia moderna;
 Descrever a noção da democracia na contemporaneidade

1.2. Metodologia da pesquisa


Para a materialização da pesquisa serviu-se do cunho da pesquisa bibliográfica. De acordo
com Gil (2008), pesquisa bibliográfica: é desenvolvida com base em material já elaborado,

1
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não se recomenda trabalhos
oriundos da internet.

2. Debate conceptual
Democracia

A palavra democracia teve a sua origem nos antepassados Gregos, assim como acontece com
muitos outros termos importantes da política (Arblaster, 1988; Ferreira, 1990), ganhando
força durante a Revolução Francesa, tendo em consideração os princípios que assistiam a esta
Revolução (Arblaster, 1988). Santos (2000) associa democracia “à liberdade de expressão
sob qualquer forma, à diferença de todos os cidadãos como seres humanos, à justiça social
em todas as componentes (trabalho, habitação, saúde, ensino), a eleições livres e periódicas, à
inexistência de humilhados e privilegiados” (p. 19).

Já Norberto Bobbio entende democracia como “um conjunto de regras (primárias ou


fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar decisões coletivas e mediante
que processos.” (p. 23). Por sua vez, segundo Crick (2002), democracia inclui liberdades
individuais, direitos humanos, desenvolvimento económico e justiça social.

Touraine (1996) menciona que não há democracia, se não houver “livre escolha, a intervalos
regulares, dos governantes pelos governados” (p. 42); isto é, os cidadãos têm o direito de
exercer o seu direito de voto, pois é necessário garantir “os direitos fundamentais dos
indivíduos [sendo que] é preciso também que estes se sintam cidadãos e participem na
construção da vida coletiva” (pp. 42 - 43).

Como tal, distingue três dimensões de democracia que se completam e correlacionam –


respeito pelos direitos fundamentais, cidadania e representatividade. Segundo este autor, o
respeito pelos direitos fundamentais indica que os cidadãos têm o poder de livre escolha dos
seus governantes, ou seja, os cidadãos votam para que os governantes os representem.
Cidadania refere-se “à integração social, à consciência de pertença não só a uma cidade, a um
Estado (..) mas também a uma comunidade ligada a uma cultura e por uma história” (p. 45).
A representatividade “defende os interesses das categorias populares “ (p. 46).

Para tal, é necessário que se alcance uma forte agregação das reivindicações dos populares e
dos interesses múltiplos e variados da vida social (e.g. atividades profissionais ou familiares,
à segurança, à educação). No mesmo seguimento, a conceção de democracia proposta por
John Rawls (cit. in Touraine, 1996) aponta para dois princípios fundamentais: liberdade e

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igualdade. Para este autor, este binómio significa que a liberdade deve ser primordial em
relação a qualquer outro princípio e que associado à igualdade permite “a igualdade de
oportunidades e a necessidade que a liberdade tem de conduzir à redução das desigualdades”
(p. 53). Autores como Benhabib (1996) e Santos (2004) dão relevo às questões de
multiculturalismo, ou seja, para o reconhecimento das diferenças culturais entre as pessoas,
tendo que haver respeito entre cidadãos quando se vive em comunidade. A este propósito,
Habermas (2003) refere que “a coexistência de formas de vida diferentes como iguais
também exige a integração dos cidadãos (…) no âmbito de uma cultura política comum. Uma
sociedade pluralista baseada em uma constituição democrática garante diferenciação cultural
somente sob a condição de integração política” (p. 9).

Canotilho (2002) define Democracia recorrendo ao princípio democrático que segundo ele
“(...) o princípio democrático é um princípio jurídico-constitucional com dimensões materiais
e dimensões organizativo-procedimentais. (...) normativo substancialmente, porque a
constituição condicionou a legitimidade do domínio político à prossecução de determinados
fins e à realização de determinados valores e princípios (soberania popular, garantia dos
direitos fundamentais, pluralismo de expressão e organização política democrática);
normativo-processualmente, porque vinculou a legitimação do poder à observância de
determinadas regras e processos (Legitimation durch Verfahrem).

É com base na articulação das bondades materiais e das bondades procedimentais que a
Constituição respondeu aos desafios da legitimidade legitimação ao conformar
normativamente o princípio democrático como forma de vida, como forma de nacionalização
do processo político e como forma de legitimação do poder. O princípio democrático
constitucionalmente consagrado, é mais do que um método ou técnica de os governantes
escolherem os governados, pois, como princípio normativo, considerado nos seus variados
aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, ele aspira a tornar-se impulso dirigente de
uma sociedade (Ibidem).

3. A história da palavra democracia na história moderna


Foi nas cidades-estado da Grécia Antiga, aproximadamente no ano 510 a.C, que a democracia
nasceu. Uma rebelião liderada por um aristocrata progressista garantiu a derrubada do último
líder tirano e deu origem às reformas que estabeleceram o regime democrático em Atenas. 

A democracia ateniense foi a base da democracia moderna, apesar das muitas diferenças entre
elas. Em Atenas foi instalada uma democracia direta, onde as decisões políticas eram de

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responsabilidade de todos os cidadãos que pertenciam a pólis. Ou seja, essas decisões eram
tomadas diretamente pelo coletivo e não por meio de representantes do povo, como acontece
na democracia moderna. Além disso, na democracia ateniense somente homens livres gregos
eram considerados cidadãos, o que deixava grande parte da população de fora das decisões
políticas.

Desde a Grécia Antiga até os dias atuais, as disputas em torno do poder foram múltiplas e
diversas. Depois de anos de Estados Absolutistas Europeus, os regimes democráticos
começaram a serem instaurados - não mais em cidades-estado, como na Grécia Antiga - mas
em Estados nacionais. As democracias passaram a se tratar do funcionamento de sociedades
complexas e a via de realização tornou-se o governo representativo, onde representantes
políticos são eleitos pelo povo para governar. 

3.1. Os filósofos gregos e a noção de democracia


É na Grécia Antiga que vamos encontrar aqueles que são considerados como os dois
primeiros grandes mestres do pensamento político e social: Platão e seu discípulo,
Aristóteles. Platão e Aristóteles refletiram sobre as principais questões políticas de sua época
e redigiram algumas obras onde aparece de forma clara suas ideias em torno da política grega
e ateninense e, com base na análise das sociedades e suas respectivas relações sócio-políticas,
procuraram dividi-las naquilo que eles próprios denominaram de as formas justas e
degeneradas do Estado.

Partindo do princípio de que o fim do Estado é facilitar o alcance do bem comum, tanto
Platão quanto Aristóteles dividem as constituições possíveis (ou seja, as possíveis formas de
governo) em duas categorias: justas e injustas. Afirmam que ocorrem três formas de
constituições justas e outras tantas injustas. Constituições justas são aquelas que servem ao
bem comum e não só aos interesses dos governantes. Estas são a monarquia, isto é, o
comando de um só que cuida do bem de todos; a aristocracia, isto é, o comando dos
virtuosos, dos melhores, que cuidam do bem de todos sem se atribuir nenhum privilégio; a
república ou politia, isto é, o governo popular que cuida do bem de toda a cidade. Ao
contrário, constituições injustas são aquelas que servem aos interesses dos governantes e não
ao bem comum. São elas: a tirania, ou seja, o comando de um só chefe que persegue o
próprio interesse; a oligarquia, ou seja, o comando dos ricos que procuram o bem econômico
pessoal; a toda a diferença social em nome da igualdade (MONDIN, 1980, p. 121)

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Em suas obras, tal como A república, Platão define a democracia como o estado no qual reina
a liberdade e descreve uma sociedade utópica dirigida pelos filósofos, únicos conhecedores
da autêntica realidade, que ocupariam o lugar dos reis, tiranos e oligarcas. Mas o filósofo
ficou desiludido com a forma como a política era direcionada naquela época, sobretudo
depois de algumas experiências frustradas no campo da política. “Outrora na minha
juventude – escreve Platão quando tinha então 70 anos – experimentei o que tantos jovens
experimentam. Tinha o projeto de, no dia em que pudesse dispor de mim próprio,
imediatamente intervir na política”. Platão expressou este sentimento em uma de suas cartas
endereçadas aos parentes e amigos de Dion de Siracusa, a Carta VII. Através da Carta VII
sabe-se que Platão foi por três vezes a Siracusa, numa tentativa, todas malogradas, de
implantar seu ideário filosófico-político. Desta forma, dentre as diversas contribuições que
poderíamos extrair do conjunto da obra de Platão podemos destacar a idéia de que todo
filósofo deve ter um papel ativo – prático – dentro da sociedade. E foi por isso que Platão
tentou repetidas vezes implantar suas idéias em Siracusa até se desiludir completamente e se
voltar quase que exclusivamente para a reflexão filosófica.

Aristóteles, discípulo de Platão e mestre de Alexandre o Grande, deixou a obra política mais
influente na antiguidade clássica e na Idade Média. Em A Política, o primeiro tratado
conhecido sobre a natureza, funções e divisão do estado e as várias formas de governo
defendeu, como Platão, equilíbrio e moderação na prática do poder, apesar de considerar
impraticáveis muitos dos conceitos de seu mestre. Para Aristóteles, a pólis é o ambiente
adequado ao desenvolvimento das aptidões humanas e, como o homem é, por natureza, um
animal político, a associação é natural e não convencional. Na busca do bem, o homem forma
a comunidade, que se organiza pela distribuição das tarefas especializadas. Aristóteles
entendia que o homem nascia para viver em sociedade e por isso não poderia dela se isentar.
Aristóteles procurou demonstrar que somente na cidade-estado o homem seria capaz de
desenvolver todas as suas capacidades. A pólis seria aquela cidade que torna possível a
felicidade obtida pela vida criativa da razão (bios theoretikos). À felicidade individual deve
corresponder o bem comum e, portanto, uma cidade feliz (polis eudaimon).

Da Democracia entendida em sentido mais amplo, Aristóteles subdistingue cinco formas: 1)


ricos e pobres participam do Governo em condições paritárias. A maioria é popular
unicamente porque a classe popular é mais numerosa. 2) Os cargos públicos são distribuídos
com base num censo muito baixo. 3) São admitidos aos cargos públicos todos os cidadãos
entre os quais os que foram privados de direitos civis após processo judicial. 4) São admitidos

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aos cargos públicos todos os cidadãos sem exceção. 5) Quaisquer que sejam os direitos
políticos, soberana é a massa e não a lei. Este último caso é o da dominação dos demagogos
ou seja, a verdadeira forma corrupta do Governo popular (BOBBIO, MATTEUCCI,
PASQUINI, 1998, p. 330).

De modo geral, Platão e Aristóteles acreditam que o Estado, para que ele possa cumprir sua
função essencial de garantir a paz, a justiça e o bem-estar para todos, é necessário dispor de
um governo sábio e justo. O bom governo depende da virtude de bons governantes e as
massas devem ser dirigidas por homens que se distinguem pelo saber, sendo levados assim a
conceber uma espécie sofocracia, um governo dos sábios. A proposta de Platão leva a um
modelo aristocrático de poder, mas não a uma aristocracia da riqueza e sim, da inteligência,
em que o poder é confiado aos melhores. Para Platão, a política é a arte de governar os
homens e o político é precisamente aquele que conhece a arte da política. Para governar uma
cidade é preciso conhecer esta arte.

3.2. A noção de Democracia na Filosofia moderna


Na modernidade é sobretudo em Rousseau, pensador francês do séc. XVII e autêntico teórico
revolucionário do iluminismo, que a Democracia vai aparecer como a forma mais legítima de
Governo. Na sua obra Contrato social confluem, até se fundirem, a doutrina clássica da
soberania popular, a quem compete, através da formação de uma vontade geral inalienável,
indivisível e infalível, o poder de fazer as leis, o ideal da doutrina contratualista do Estado
fundado sobre o consenso e sobre a participação de todos na produção das leis e o ideal
igualitário que acompanhou na história, a ideia republicana, levantando-se contra a
desigualdade dos regimes monárquicos e despóticos.

O Contrato Social é um clássico de filosofia e sociologia, um estudo minucioso, profundo e


sistemático das teorias políticas em meados do século XVIII. Nele, são discutidas as questões
da origem, formação e manutenção das sociedades humanas entendidas sobre a base da
celebração de um acordo ou contrato entre os homens. O povo aparece como a origem
legítima do poder soberano e não mais a figura do monarca. O povo passa a ser o soberano e
o governante (monarca ou administrador eleito) restringe-se à função de agente do soberano.
Rousseau torna-se, desta forma, um dos maiores defensores da democracia.

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O Estado, que Rousseau constrói é uma Democracia mas prefere chamá-lo, seguindo a
doutrina mais moderna das formas de Governo, de "república": enquanto chama república à
forma do Estado ou do corpo político, considera a Democracia uma das três formas possíveis
de Governo de um corpo político (retomando a distinção feita por Bodin entre forma de
Estado e a forma de Governo), que, enquanto tal, ou é uma república ou não é nem sequer um
Estado mas o domínio privado deste ou daquele poderoso que tomou conta dele e o governa
através da força.

Maquiavel escreveu que no início da obra que ele dedicou ao principado que "todos os
Estados, todos os domínios que tiveram e têm império sobre os homens, foram e são ou
repúblicas ou principados". Se bem que a república, em sua contraposição à monarquia, não
se identifique com a Democracia, com o "Governo popular", até porque nas repúblicas
democráticas existem repúblicas aristocráticas (para não falar do Governo misto que o
próprio Maquiavel vê como um exemplo perfeito na república romana), na noção idealizada
da república que de Maquiavel passará através dos escritores radicais dos séculos XVII e
XVIII até à Revolução Francesa, entendida em sua oposição ao governo real, como aquela
forma de Governo em que o poder não está concentrado nas mãos de um só mas é distribuído
variadamente por diversos órgãos colegiados, embora, por vezes, contrastando entre si, se
acham constantemente alguns traços que contribuíram para formar a imagem ou pelo menos
uma das imagens da Democracia moderna, que hoje, cada vez mais frequentemente, é
definida como regime policrático oposto ao regime monocrático (BOBBIO, MATTEUCCI,
PASQUINI, 1998, p. 322).

Teórico do iluminismo, junto com Rousseau, Voltaire e tantos outros, Montesquieu descreve
três formas de Governo: república, monarquia e despotismo, sendo que a forma republicana
de Governo compreende tanto a república democrática como a aristocrática, quase sempre
tratadas separadamente. Quando o discurso visa os princípios de um Governo, o princípio
próprio da república, a virtude, é o princípio clássico da Democracia e não da aristocracia.

3.3. A noção de Democracia na contemporaneidade


Um dos pensadores contemporâneos cuja ideia de Democracia é um tema recorrente em suas
obras é Noberto Bobbio. Podemos verificar facilmente isso no contexto de suas obras dentre
as quais podemos destacar:

 O futuro da democracia (cuja segunda edição ampliada é de 1991);

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 o texto “Democracia e ditadura”, inserido no livro Estado, governo e sociedade: para
uma teoria geral da política (1985);
 os capítulos “Democracia: os fundamentos” e “Democracia: as técnicas”, integram o
livro Teoria geral da política: a filosofia política e a lição dos clássicos (1999);
 em sua obra Do fascismo à democracia: os regimes, as ideologias e a cultura política
Bobbio procura alternativas contra tudo aquilo que o fascismo emblematizou.
Traduzido para o português em 2007 pela editora Elsevier, a obra aprofunda o debate
em torno do regime fascista: sua origem, os acontecimentos que conduziram à gênese
e à afirmação do fascismo, sua ideologia, a difusão da resistência contra o regime, sua
queda e a instauração da democracia constitucional na Itália, além de alguns
personagens ligados ao regime. “O modo pelo qual Bobbio reconstrói a natureza do
regime e da ideologia fascista, isto é, do programa italiano da antidemocracia, oferece
um parâmetro para a análise comparativa de muitos fenômenos análogos”
(Michelangelo Bovero, prefácio à edição brasileira apud BOBBIO, 2007).
 a conferência Qual Democracia? (traduzido em 2009 pelas edições Loyola).

É claro que as discussões de Bobbio sobre a Democracia não se esgotam nesses textos ou
obras. Aqui estão apenas alguns exemplos para demonstrar como este pensador italiano tinha,
de fato, um vivo interesse pela questão da democracia e do governo popular.

Vale salientar que é de Bobbio, o verbete "democracia" que consta no Dicionário de Política
(organizado pelo próprio Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino).

Segundo Bobbio, na teoria contemporânea da Democracia confluem três grandes tradições do


pensamento político: a) a teoria clássica, divulgada como teoria aristotélica, das três formas
de Governo, segundo a qual a Democracia, como Governo do povo, de todos os cidadãos, ou
seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania, se distingue da monarquia, como
Governo de um só, e da aristocracia, como Governo de poucos; b) a teoria medieval, de
origem "romana, apoiada na soberania popular, na base da qual há a contraposição de uma
concepção ascendente a uma concepção descendente da soberania conforme o poder supremo
deriva do povo e se torna representativo ou deriva do príncipe e se transmite por delegação do
superior para o inferior; c) a teoria moderna, conhecida como teoria de Maquiavel, nascida
com o Estado moderno na forma das grandes monarquias, segundo a qual as formas
históricas de Governo são essencialmente duas: a monarquia e a república, e a antiga
Democracia nada mais é que uma forma de república (a outra é a aristocracia), onde se

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origina o intercâmbio característico do período prérevolucionário entre ideais democráticos e
ideais republicanos e o Governo genuinamente popular é chamado, em vez de Democracia,
de república (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 319)

Neste mesmo Verbete encontramos a seguinte definição de Democracia na teoria política


contemporânea de acordo com um conjunto de características que definiriam um regime
democrático:

a) o órgão político máximo, a quem é assinalada a função legislativa, deve ser composto
de membros direta ou indiretamente eleitos pelo povo, em eleições de primeiro ou de
segundo grau;
b) junto do supremo órgão legislativo deverá haver outras instituições com dirigentes
eleitos, como os órgãos da administração local ou o chefe de Estado (tal como
acontece nas repúblicas);
c) todos os cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de raça, de
religião, de censo e possivelmente de sexo, devem ser eleitores;
d) todos os eleitores devem ter voto igual;
e) todos os eleitores devem ser livres em votar segundo a própria opinião formada o
mais livremente possível, isto é, numa disputa livre de partidos políticos que lutam
pela formação de uma representação nacional;
f) devem ser livres também no sentido em que devem ser postos em condição de ter
reais alternativas (o que exclui como democrática qualquer eleição de lista única ou
bloqueada);
g) tanto para as eleições dos representantes como para as decisões do órgão político
supremo vale o princípio da maioria numérica, se bem que podem ser estabelecidas
várias formas de maioria segundo critérios de oportunidade não definidos de uma vez
para sempre;
h) nenhuma decisão tomada por maioria deve limitar os direitos da minoria, de um modo
especial o direito de tornar-se maioria, em paridade de condições;
i) o órgão do Governo deve gozar de confiança do Parlamento ou do chefe do poder
executivo, por sua vez, eleito pelo povo.

Certamente nenhum regime histórico jamais observou inteiramente o ditado de todas estas
regras; e por isso é lícito falar de regimes mais ou menos democráticos. Não é possível
estabelecer quantas regras devem ser observadas para que um regime possa dizer-se

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democrático. Pode afirmar-se somente que um regime que não observa nenhuma não é
certamente um regime democrático, pelo menos até que se tenha definido o significado
comportamental de Democracia. (BOBBIO, MATTEUCCI, PASQUINI, 1998).

4. Características da democracia moderna


O desenvolvimento filosófico e político da democracia levou ao entendimento de valores e
princípios fundamentais que a definem e norteiam: 

 A garantia da liberdade individual;


 A liberdade de opinião e expressão;
 A liberdade de eleger seus representantes, independente do regime político
(presidencialista, parlamentarista, etc.);
 A igualdade de condições, direitos políticos e oportunidades favoráveis entre os
indivíduos;
 O voto universal, garantindo que todas as pessoas (a partir de uma certa idade)
tenham direito ao voto, independente de sexo, classe, religião, raça, etc;
 Os candidatos e partidos eleitos são aqueles que possuem o maior número de votos
(sob critérios específicos das eleições de cada país);
 A garantia dos direitos das minorias.
O estado democrático é hoje considerado responsável pela garantia dos direitos fundamentais
da cidadania, sejam eles civis, políticos ou sociais. Além disso, acredita-se que ele garante
maior liberdade e direitos além de reduzir as possibilidades dos abusos de poder político.

5. Tipos de democracia ao longo da história


a) A democracia pode ser directa, como era na Grécia Antiga, em que as decisões
políticas são tomadas diretamente pelo grupo de cidadãos. Já na democracia indireta,
regime adotado por grande parte dos países ocidentais, as decisões políticas devem ser
tomadas de acordo com a vontade do povo, entretanto, feitas pelos governantes eleitos
pela maioria da população. Na democracia semidirecta existem os representantes
eleitos e algumas decisões podem também ser tomadas diretamente pela população. 
b) A democracia liberal é um regime político democrático baseado nas concepções do
liberalismo econômico. Nela, o Estado não intervém na economia, as instituições
financeiras e empresariais não possuem restrições de contrato entre si e a iniciativa
privada detém do comando do mercado. 

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c) Já a social democracia é caracterizada por ter como seus princípios fundamentais a
liberdade, a igualdade e a justiça social. De origem marxista, a social democracia
subordina as organizações econômicas aos interesses da coletividade social é o estado
quem controla os assuntos financeiros e age como regulador do funcionamento
político, econômico e social.

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6. Conclusão
Em conclusão, a história da palavra democracia na história moderna é uma história de
evolução, desafios e adaptações. A ideia de democracia surgiu na Grécia Antiga e passou por
diversos momentos de ascensão e declínio ao longo da história.

Na Idade Moderna, a democracia ganhou força novamente com a Revolução Francesa e a


Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. A partir daí, a ideia de democracia evoluiu
para se tornar um ideal de governo baseado na soberania popular e na proteção dos direitos
individuais e coletivos.

Ao longo do século XX, a democracia passou por um momento de expansão significativa em


todo o mundo, mas ainda enfrenta desafios como a corrupção, o populismo e a exclusão de
minorias.

Apesar desses desafios, a democracia continua a ser um ideal aspirado por muitos e um dos
pilares fundamentais da liberdade e dos direitos humanos. A sua história mostra que a busca
pela democracia é uma luta constante, mas que vale a pena ser perseguida para a construção
de sociedades mais justas, solidárias e livres.

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7. Referencias bibliográficas
ARBLASTER, A. (1988). A democracia. Lisboa: Estampa

Bobbio, Norberto; Matteucci, Nicola; Pasquino, Gianfranco. (1998). Dicionário de


Política. trad. Carmen C, Varriale et al.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e
Luis Guerreiro Pinto Cacais. Brasília: Editora Universidade de Brasília

Bobbio, N. (2007). Do Fascismo à Democracia: os regimes, as ideologias, os personagens e


as culturas políticas. Rio de Janeiro: Elsevier

Davies, J. K. (1978). Democracy and classical Greece. Londres: Fontana

Finley, M. I. (1988). A democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal

Forrest, W. G. (1966). The emergence of greek democracy. Londres: Weidenfeld &


Nicolson,

Jones, A. H. M. (1957). Atheniam democracy. Oxford: Basil Blackwell,

Mondin, B. (1980). Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. Tradução


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Mossé, Claude. (1987). História de una democracia, Atenas. Madrid: Akal Ediciones,

____. (1999). O cidadão na Grécia Antiga. Lisboa: Edições 70

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Bastos, Celso Ribeiro. (1992). Curso de Direito Constitucional. 14ª ed., São Paulo: Saraiva

Bonavides, Paulo. (2002). Ciência e política. 10ª ed., São Paulo: Malheiros

Canotilho, José Joaquim Gomes. (2002). Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 5ª


ed., Coimbra: Almedina

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