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1. Introdução....................................................................................................................................1
1.1. Objectivos da pesquisa........................................................................................................1
1.1.1. Objectivo geral.............................................................................................................1
1.1.2. Objectivos específicos..................................................................................................1
1.2. Metodologia da pesquisa.....................................................................................................1
2. Debate conceptual........................................................................................................................2
3. A história da palavra democracia na história moderna............................................................3
3.1. Os filósofos gregos e a noção de democracia......................................................................4
3.2. A noção de Democracia na Filosofia moderna...................................................................6
3.3. A noção de Democracia na contemporaneidade................................................................7
4. Características da democracia moderna....................................................................................9
5. Tipos de democracia ao longo da história................................................................................10
6. Conclusão...................................................................................................................................11
7. Referencias bibliográficas.........................................................................................................12
1. Introdução
Pretende-se com a pesquisa fazer uma incursão exploratória em torno da História da Palavra
Democracia na História Moderna. A palavra "democracia" vem do grego antigo
"dēmokratía", que significa "governo do povo". A ideia de democracia surgiu na Grécia
antiga, onde a cidade de Atenas foi governada por um sistema democrático no século V a.C.
No entanto, este sistema era limitado, pois somente os cidadãos masculinos nascidos em
Atenas eram considerados elegíveis para votar e participar na tomada de decisões políticas.
A palavra "democracia" passou a ser utilizada para se referir a sistemas políticos nos quais o
poder é exercido pelo povo, seja diretamente ou por meio de representantes eleitos. A ideia
de democracia se espalhou pelo mundo, e hoje é um dos princípios fundamentais da maioria
dos sistemas políticos ocidentais.
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constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não se recomenda trabalhos
oriundos da internet.
2. Debate conceptual
Democracia
A palavra democracia teve a sua origem nos antepassados Gregos, assim como acontece com
muitos outros termos importantes da política (Arblaster, 1988; Ferreira, 1990), ganhando
força durante a Revolução Francesa, tendo em consideração os princípios que assistiam a esta
Revolução (Arblaster, 1988). Santos (2000) associa democracia “à liberdade de expressão
sob qualquer forma, à diferença de todos os cidadãos como seres humanos, à justiça social
em todas as componentes (trabalho, habitação, saúde, ensino), a eleições livres e periódicas, à
inexistência de humilhados e privilegiados” (p. 19).
Touraine (1996) menciona que não há democracia, se não houver “livre escolha, a intervalos
regulares, dos governantes pelos governados” (p. 42); isto é, os cidadãos têm o direito de
exercer o seu direito de voto, pois é necessário garantir “os direitos fundamentais dos
indivíduos [sendo que] é preciso também que estes se sintam cidadãos e participem na
construção da vida coletiva” (pp. 42 - 43).
Para tal, é necessário que se alcance uma forte agregação das reivindicações dos populares e
dos interesses múltiplos e variados da vida social (e.g. atividades profissionais ou familiares,
à segurança, à educação). No mesmo seguimento, a conceção de democracia proposta por
John Rawls (cit. in Touraine, 1996) aponta para dois princípios fundamentais: liberdade e
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igualdade. Para este autor, este binómio significa que a liberdade deve ser primordial em
relação a qualquer outro princípio e que associado à igualdade permite “a igualdade de
oportunidades e a necessidade que a liberdade tem de conduzir à redução das desigualdades”
(p. 53). Autores como Benhabib (1996) e Santos (2004) dão relevo às questões de
multiculturalismo, ou seja, para o reconhecimento das diferenças culturais entre as pessoas,
tendo que haver respeito entre cidadãos quando se vive em comunidade. A este propósito,
Habermas (2003) refere que “a coexistência de formas de vida diferentes como iguais
também exige a integração dos cidadãos (…) no âmbito de uma cultura política comum. Uma
sociedade pluralista baseada em uma constituição democrática garante diferenciação cultural
somente sob a condição de integração política” (p. 9).
Canotilho (2002) define Democracia recorrendo ao princípio democrático que segundo ele
“(...) o princípio democrático é um princípio jurídico-constitucional com dimensões materiais
e dimensões organizativo-procedimentais. (...) normativo substancialmente, porque a
constituição condicionou a legitimidade do domínio político à prossecução de determinados
fins e à realização de determinados valores e princípios (soberania popular, garantia dos
direitos fundamentais, pluralismo de expressão e organização política democrática);
normativo-processualmente, porque vinculou a legitimação do poder à observância de
determinadas regras e processos (Legitimation durch Verfahrem).
É com base na articulação das bondades materiais e das bondades procedimentais que a
Constituição respondeu aos desafios da legitimidade legitimação ao conformar
normativamente o princípio democrático como forma de vida, como forma de nacionalização
do processo político e como forma de legitimação do poder. O princípio democrático
constitucionalmente consagrado, é mais do que um método ou técnica de os governantes
escolherem os governados, pois, como princípio normativo, considerado nos seus variados
aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, ele aspira a tornar-se impulso dirigente de
uma sociedade (Ibidem).
A democracia ateniense foi a base da democracia moderna, apesar das muitas diferenças entre
elas. Em Atenas foi instalada uma democracia direta, onde as decisões políticas eram de
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responsabilidade de todos os cidadãos que pertenciam a pólis. Ou seja, essas decisões eram
tomadas diretamente pelo coletivo e não por meio de representantes do povo, como acontece
na democracia moderna. Além disso, na democracia ateniense somente homens livres gregos
eram considerados cidadãos, o que deixava grande parte da população de fora das decisões
políticas.
Desde a Grécia Antiga até os dias atuais, as disputas em torno do poder foram múltiplas e
diversas. Depois de anos de Estados Absolutistas Europeus, os regimes democráticos
começaram a serem instaurados - não mais em cidades-estado, como na Grécia Antiga - mas
em Estados nacionais. As democracias passaram a se tratar do funcionamento de sociedades
complexas e a via de realização tornou-se o governo representativo, onde representantes
políticos são eleitos pelo povo para governar.
Partindo do princípio de que o fim do Estado é facilitar o alcance do bem comum, tanto
Platão quanto Aristóteles dividem as constituições possíveis (ou seja, as possíveis formas de
governo) em duas categorias: justas e injustas. Afirmam que ocorrem três formas de
constituições justas e outras tantas injustas. Constituições justas são aquelas que servem ao
bem comum e não só aos interesses dos governantes. Estas são a monarquia, isto é, o
comando de um só que cuida do bem de todos; a aristocracia, isto é, o comando dos
virtuosos, dos melhores, que cuidam do bem de todos sem se atribuir nenhum privilégio; a
república ou politia, isto é, o governo popular que cuida do bem de toda a cidade. Ao
contrário, constituições injustas são aquelas que servem aos interesses dos governantes e não
ao bem comum. São elas: a tirania, ou seja, o comando de um só chefe que persegue o
próprio interesse; a oligarquia, ou seja, o comando dos ricos que procuram o bem econômico
pessoal; a toda a diferença social em nome da igualdade (MONDIN, 1980, p. 121)
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Em suas obras, tal como A república, Platão define a democracia como o estado no qual reina
a liberdade e descreve uma sociedade utópica dirigida pelos filósofos, únicos conhecedores
da autêntica realidade, que ocupariam o lugar dos reis, tiranos e oligarcas. Mas o filósofo
ficou desiludido com a forma como a política era direcionada naquela época, sobretudo
depois de algumas experiências frustradas no campo da política. “Outrora na minha
juventude – escreve Platão quando tinha então 70 anos – experimentei o que tantos jovens
experimentam. Tinha o projeto de, no dia em que pudesse dispor de mim próprio,
imediatamente intervir na política”. Platão expressou este sentimento em uma de suas cartas
endereçadas aos parentes e amigos de Dion de Siracusa, a Carta VII. Através da Carta VII
sabe-se que Platão foi por três vezes a Siracusa, numa tentativa, todas malogradas, de
implantar seu ideário filosófico-político. Desta forma, dentre as diversas contribuições que
poderíamos extrair do conjunto da obra de Platão podemos destacar a idéia de que todo
filósofo deve ter um papel ativo – prático – dentro da sociedade. E foi por isso que Platão
tentou repetidas vezes implantar suas idéias em Siracusa até se desiludir completamente e se
voltar quase que exclusivamente para a reflexão filosófica.
Aristóteles, discípulo de Platão e mestre de Alexandre o Grande, deixou a obra política mais
influente na antiguidade clássica e na Idade Média. Em A Política, o primeiro tratado
conhecido sobre a natureza, funções e divisão do estado e as várias formas de governo
defendeu, como Platão, equilíbrio e moderação na prática do poder, apesar de considerar
impraticáveis muitos dos conceitos de seu mestre. Para Aristóteles, a pólis é o ambiente
adequado ao desenvolvimento das aptidões humanas e, como o homem é, por natureza, um
animal político, a associação é natural e não convencional. Na busca do bem, o homem forma
a comunidade, que se organiza pela distribuição das tarefas especializadas. Aristóteles
entendia que o homem nascia para viver em sociedade e por isso não poderia dela se isentar.
Aristóteles procurou demonstrar que somente na cidade-estado o homem seria capaz de
desenvolver todas as suas capacidades. A pólis seria aquela cidade que torna possível a
felicidade obtida pela vida criativa da razão (bios theoretikos). À felicidade individual deve
corresponder o bem comum e, portanto, uma cidade feliz (polis eudaimon).
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aos cargos públicos todos os cidadãos sem exceção. 5) Quaisquer que sejam os direitos
políticos, soberana é a massa e não a lei. Este último caso é o da dominação dos demagogos
ou seja, a verdadeira forma corrupta do Governo popular (BOBBIO, MATTEUCCI,
PASQUINI, 1998, p. 330).
De modo geral, Platão e Aristóteles acreditam que o Estado, para que ele possa cumprir sua
função essencial de garantir a paz, a justiça e o bem-estar para todos, é necessário dispor de
um governo sábio e justo. O bom governo depende da virtude de bons governantes e as
massas devem ser dirigidas por homens que se distinguem pelo saber, sendo levados assim a
conceber uma espécie sofocracia, um governo dos sábios. A proposta de Platão leva a um
modelo aristocrático de poder, mas não a uma aristocracia da riqueza e sim, da inteligência,
em que o poder é confiado aos melhores. Para Platão, a política é a arte de governar os
homens e o político é precisamente aquele que conhece a arte da política. Para governar uma
cidade é preciso conhecer esta arte.
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O Estado, que Rousseau constrói é uma Democracia mas prefere chamá-lo, seguindo a
doutrina mais moderna das formas de Governo, de "república": enquanto chama república à
forma do Estado ou do corpo político, considera a Democracia uma das três formas possíveis
de Governo de um corpo político (retomando a distinção feita por Bodin entre forma de
Estado e a forma de Governo), que, enquanto tal, ou é uma república ou não é nem sequer um
Estado mas o domínio privado deste ou daquele poderoso que tomou conta dele e o governa
através da força.
Maquiavel escreveu que no início da obra que ele dedicou ao principado que "todos os
Estados, todos os domínios que tiveram e têm império sobre os homens, foram e são ou
repúblicas ou principados". Se bem que a república, em sua contraposição à monarquia, não
se identifique com a Democracia, com o "Governo popular", até porque nas repúblicas
democráticas existem repúblicas aristocráticas (para não falar do Governo misto que o
próprio Maquiavel vê como um exemplo perfeito na república romana), na noção idealizada
da república que de Maquiavel passará através dos escritores radicais dos séculos XVII e
XVIII até à Revolução Francesa, entendida em sua oposição ao governo real, como aquela
forma de Governo em que o poder não está concentrado nas mãos de um só mas é distribuído
variadamente por diversos órgãos colegiados, embora, por vezes, contrastando entre si, se
acham constantemente alguns traços que contribuíram para formar a imagem ou pelo menos
uma das imagens da Democracia moderna, que hoje, cada vez mais frequentemente, é
definida como regime policrático oposto ao regime monocrático (BOBBIO, MATTEUCCI,
PASQUINI, 1998, p. 322).
Teórico do iluminismo, junto com Rousseau, Voltaire e tantos outros, Montesquieu descreve
três formas de Governo: república, monarquia e despotismo, sendo que a forma republicana
de Governo compreende tanto a república democrática como a aristocrática, quase sempre
tratadas separadamente. Quando o discurso visa os princípios de um Governo, o princípio
próprio da república, a virtude, é o princípio clássico da Democracia e não da aristocracia.
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o texto “Democracia e ditadura”, inserido no livro Estado, governo e sociedade: para
uma teoria geral da política (1985);
os capítulos “Democracia: os fundamentos” e “Democracia: as técnicas”, integram o
livro Teoria geral da política: a filosofia política e a lição dos clássicos (1999);
em sua obra Do fascismo à democracia: os regimes, as ideologias e a cultura política
Bobbio procura alternativas contra tudo aquilo que o fascismo emblematizou.
Traduzido para o português em 2007 pela editora Elsevier, a obra aprofunda o debate
em torno do regime fascista: sua origem, os acontecimentos que conduziram à gênese
e à afirmação do fascismo, sua ideologia, a difusão da resistência contra o regime, sua
queda e a instauração da democracia constitucional na Itália, além de alguns
personagens ligados ao regime. “O modo pelo qual Bobbio reconstrói a natureza do
regime e da ideologia fascista, isto é, do programa italiano da antidemocracia, oferece
um parâmetro para a análise comparativa de muitos fenômenos análogos”
(Michelangelo Bovero, prefácio à edição brasileira apud BOBBIO, 2007).
a conferência Qual Democracia? (traduzido em 2009 pelas edições Loyola).
É claro que as discussões de Bobbio sobre a Democracia não se esgotam nesses textos ou
obras. Aqui estão apenas alguns exemplos para demonstrar como este pensador italiano tinha,
de fato, um vivo interesse pela questão da democracia e do governo popular.
Vale salientar que é de Bobbio, o verbete "democracia" que consta no Dicionário de Política
(organizado pelo próprio Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino).
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origina o intercâmbio característico do período prérevolucionário entre ideais democráticos e
ideais republicanos e o Governo genuinamente popular é chamado, em vez de Democracia,
de república (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 319)
a) o órgão político máximo, a quem é assinalada a função legislativa, deve ser composto
de membros direta ou indiretamente eleitos pelo povo, em eleições de primeiro ou de
segundo grau;
b) junto do supremo órgão legislativo deverá haver outras instituições com dirigentes
eleitos, como os órgãos da administração local ou o chefe de Estado (tal como
acontece nas repúblicas);
c) todos os cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de raça, de
religião, de censo e possivelmente de sexo, devem ser eleitores;
d) todos os eleitores devem ter voto igual;
e) todos os eleitores devem ser livres em votar segundo a própria opinião formada o
mais livremente possível, isto é, numa disputa livre de partidos políticos que lutam
pela formação de uma representação nacional;
f) devem ser livres também no sentido em que devem ser postos em condição de ter
reais alternativas (o que exclui como democrática qualquer eleição de lista única ou
bloqueada);
g) tanto para as eleições dos representantes como para as decisões do órgão político
supremo vale o princípio da maioria numérica, se bem que podem ser estabelecidas
várias formas de maioria segundo critérios de oportunidade não definidos de uma vez
para sempre;
h) nenhuma decisão tomada por maioria deve limitar os direitos da minoria, de um modo
especial o direito de tornar-se maioria, em paridade de condições;
i) o órgão do Governo deve gozar de confiança do Parlamento ou do chefe do poder
executivo, por sua vez, eleito pelo povo.
Certamente nenhum regime histórico jamais observou inteiramente o ditado de todas estas
regras; e por isso é lícito falar de regimes mais ou menos democráticos. Não é possível
estabelecer quantas regras devem ser observadas para que um regime possa dizer-se
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democrático. Pode afirmar-se somente que um regime que não observa nenhuma não é
certamente um regime democrático, pelo menos até que se tenha definido o significado
comportamental de Democracia. (BOBBIO, MATTEUCCI, PASQUINI, 1998).
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c) Já a social democracia é caracterizada por ter como seus princípios fundamentais a
liberdade, a igualdade e a justiça social. De origem marxista, a social democracia
subordina as organizações econômicas aos interesses da coletividade social é o estado
quem controla os assuntos financeiros e age como regulador do funcionamento
político, econômico e social.
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6. Conclusão
Em conclusão, a história da palavra democracia na história moderna é uma história de
evolução, desafios e adaptações. A ideia de democracia surgiu na Grécia Antiga e passou por
diversos momentos de ascensão e declínio ao longo da história.
Apesar desses desafios, a democracia continua a ser um ideal aspirado por muitos e um dos
pilares fundamentais da liberdade e dos direitos humanos. A sua história mostra que a busca
pela democracia é uma luta constante, mas que vale a pena ser perseguida para a construção
de sociedades mais justas, solidárias e livres.
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7. Referencias bibliográficas
ARBLASTER, A. (1988). A democracia. Lisboa: Estampa
Bastos, Celso Ribeiro. (1992). Curso de Direito Constitucional. 14ª ed., São Paulo: Saraiva
Bonavides, Paulo. (2002). Ciência e política. 10ª ed., São Paulo: Malheiros
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