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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distância

Resolução da 1ª Actividade de campo

Bento Alberto Afonso

Codigo: 708203591

Docente: Antonio João Baptista

Curso de Licenciatura em Ensino da Lingua Portuguesa

Disciplina : Linguistica Bantu

Ano de frequencia :2º Ano

Tete, Maio de 2021

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Folha de feedback

Categoria Indicadores Padrões Classificação


Pontuação Nota
Máxima do Subtotal
tutor
Estrutura Aspecto  Capa 0.5
organizacional  Índice 0.5
 Introdução 0.5
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
Conteúdo Introdução  Contextualização (indicação
clara do problema) 1.0
 Descrição dos objectivos 1.0
 Metodologia adequada ao 2.0
objecto do trabalho
Analise e  Articulação e domínio do 2.0
discussão discurso académico (expressão
escrita cuidada, coerência
/coesão textual)
 Revisão bibliográfica nacional e 2.0
internacionais relevantes na área
de estudo
 Exploração dos dados 2.0
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
Aspectos Formulação  Paginação, tipo e tamanho de 1.0
gerais letra, paragrafo, espaçamento
entre linhas
Referênci Normas APA 6  Rigor e coerência das citações
as edição em /referências bibliográficas
bibliográf citações e 4.0
icas bibliográfica

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Recomendações de melhoria:

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Conteú do
Introdução....................................................................................................................................6

1. Debruce-se sobre a classificação das línguas bantu de Moçambique e evidencie com mais
incidência sobre a classificação das línguas bantu segundo Guthrie (1967-71).....................7

Conclusão...................................................................................................................................11

Bibliografia................................................................................................................................12

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Introdução
A construção da leitura e da escrita das e nas línguas moçambicanas orienta-se numa
dinâmica educativa inserida num país real, linguística e culturalmente diverso e
heterogéneo, como ilustra a seguinte citação: A visão da relevância do currículo
fundamenta-se na percepção de que a educação tem de ter em conta a diversidade dos
indivíduos e dos grupos sociais, para que se torne num factor, por excelência, de coesão
social e não de exclusão. Efectivamente, muitas vezes, acusamse os sistemas educativos
formais de impor aos educandos os mesmos modelos culturais e intelectuais, sem
prestar atenção suficiente à diversidade dos talentos, da imaginação, atitudes,
predilecções, fobias, dimensão espiritual e habilidade manual. (PCEP)1 O currículo de
formação de professores não é alheio a esta realidade. Isto significa que os(as)
professores(as) devem ser preparados para fazer face a este contexto, o que requer
estratégias pedagógicas e metodologias apropriadas. Para o efeito, são introduzidos dois
módulos, designadamente, o de Línguas Moçambicanas e o de Didáctica de Língua
Primeira, nos Institutos de Formação de Professores (IFP’s).

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1. Debruce-se sobre a classificação das línguas bantu de Moçambique e
evidencie com mais incidência sobre a classificação das línguas bantu
segundo Guthrie (1967-71).

As línguas moçambicanas estão distribuídas em diferentes zonas linguísticas, de acordo


com a classificação de Guthrie (1967-1971), a saber: zona G, zona P, zona N e zona S.
A proposta de Guthrie (1967-1971) .

Aqui se faz pertinente tecer alguns comentários sobre essa classificação. A proposta de
Guthrie é bastante difundida e utilizada entre os linguistas. Está organizada por áreas
cujas línguas representam certa uniformidade ou similaridade de fenômenos
linguísticos. São representadas por letras maiúsculas e um código numérico de dois a
três dígitos, os quais têm a função de sinalizar a que grupo linguístico determinada
língua pertence. A esse código de três ou quatro dígitos ainda pode ser acrescentada
uma letra minúscula ao final para indicar um dialeto de alguma língua específica. Para
um conhecimento mais acurado dessa classificação, tomemos como exemplo a
classificação da língua makonde e de outras línguas que estão na mesma zona
linguística

A palavra Bantu significa pessoas ou povos. Inicialmente, foi usada para se referir às
línguas da África Sub-Sahariana que exibem um sistema comum de concordância por
prefixo. Actualmente, o termo Bantu é usado para se referir a um grupo de cerca de 600
línguas faladas por perto de 220 milhões de pessoas numa vasta região da África
contemporânea, que se estende a sul da linha que vai desde os montes Camarões, junto à
costa atlântica, até à foz do rio Tana, no Quénia, abrangendo os seguintes países: África
do Sul, Angola, Botswana, Burundi, Camarões, Congo, Gabão, Guiné Equatorial,
Lesoto, Madagáscar, Malawi, Moçambique, Namíbia, Quénia, República Democrática
do Congo, Ruanda, Swazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbabwe.

Breve historial

Existem várias hipóteses sobre a dispersão dos Bantu. A partir de um estudo feito em
cerca de 300 línguas bantu, das quais foram seleccionadas 28 consideradas mais
documentadas de cada área, os estudiosos sugerem que os falantes das línguas bantu
teriam inicialmente emigrado dos Camarões em direcção ao sul. Julga-se que um
importante centro de dispersão bantu deve- se ter estabelecido na região de Shaba, na

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actual República Democrática do Congo. Uma evidência destas constatações é o facto
de que as línguas faladas nesta região - por exemplo, Bemba, Kasai e Luba - possuem
um alto índice do vocabulário bantu.

Guthrie (1976-1979) fez uma classificação das línguas bantu, agrupando-as em 15 zonas
codificadas em letras maiúsculas (A, B, C, D, E, F, G, H, K, L, M, N, P, R, S) conforme
mostra o mapa abaixo. Internamente, cada zona divide-se em vários grupos de línguas
estabelecidos conforme a aproximação e distanciamento linguístico e geográfico. De
acordo com esta classificação, as línguas bantu de Moçambique distribuem-se por
quatro zonas diferentes, a saber: G, P, N e S.

As línguas Bantu, no geral, e as de Moçambique, em particular, são por excelência


prefixais, com um sistema de géneros gramaticais em número não inferior a cinco. O
género nestas línguas não é a oposição entre o feminino e o masculino. É sim, uma
referência ha pares de classes de nomes que se opõem entre si em singular e plural.

As principais características das línguas Bantu de Moçambique são resumidamente


apresentadas a seguir.

 Os indicadores de género devem ser prefixos, através dos quais os nomes podem
ser distribuídos em classes cujo, número varia, geralmente, entre 10 e 20;

Exemplos:

Emakhuwa Osoma
mwalapwa “cão” ihopa “peixes”
: “estudar/ler”

muhevbudzi guhodza
Gitonga: Sanana “crianças”
“professor” “comer”

 As classes devem associar-se regularmente em pares que opõem


o singular ao plural de cada género. Todavia, há géneros de uma classe, em que
não se verifica a oposição entre o singular e o plural e há géneros tripartidos, em
que há oposição entre o singular, plural e o colectivo ou coisas incontáveis.

Exemplos:

Xichangana: munhu vs vanhu “pessoa vs pessoas”

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sokoti vs tisokoti vs vusokoti
“formiga/formigas/colónia”

Shimakonde: ng’avanga vs vang’avanga “cão vs cães”

 Não há correlação entre o género e a noção sexual ou qualquer outra categoria


semântica claramente definida;

Exemplos:

Xichangana: yena “ele/ela” mujondzi “aluno/aluna”

Cinyungwe: uye “ele/ela” mpfundzi “aluno/aluna”

 Têm um vocabulário comum, a partir do qual se pode formular uma hipótese


sobre a possível existência de uma língua ancestral comum.

Exemplos:

Xirhonga: mhunu, mati, nyama “pessoa, água, carne”

Emakhuwa: mutthu, maasi, enama “pessoa, água, carne”

Cisena: munthu, madzi, nyama ‘pessoa, água, carne’

Cicopi: nthu, mati, nyama ‘pessoa, água, carne’

As línguas bantu de Moçambique

Quantas e quais são as línguas faladas em Moçambique? Leia o texto que se segue!

Geograficamente, Moçambique situa-se na África Sub-Sahariana. Esta região


continental é linguisticamente caracterizada pela coexistência de várias línguas, na sua
maioria de origem Bantu, o que faz de Moçambique, um país com uma grande
diversidade étnica, linguística e cultural, como a maior parte dos países africanos. O
multilinguismo de Moçambique é caracterizado pela coexistência entre línguas de
origem africana, europeia, principalmente a língua portuguesa, a língua oficial do país,
também considerada a língua de unidade nacional. Neste mosaico linguístico

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encontramos, ainda, algumas línguas de origem árabe e asiática, usadas em contextos
familiares e religiosos.

Existem, no país, cerca de vinte e quatro línguas moçambicanas, também conhecidas


como línguas locais ou línguas bantu. Dezanove destas línguas têm a ortografia
padronizada e são usadas na educação bilingue. Nas zonas rurais, as interacções diárias
desenvolvem-se quase que unicamente nestas línguas.

A diversidade cultural, étnica e geográfica da África também reflecte na grande


diversidade linguística que o continente apresenta. Estipula-se que existam cerca de
duas mil línguas nativas no continente, o que representa um quarto das línguas faladas
no planeta. É importante ressaltar que as várias línguas africanas não se distribuem
homogeneamente pelo continente. Nota-se que a região fronteiriça entre Camarões e
Nigéria possui grande diversidade linguística. Em conformidade com Childs (2003, p.
21), pode-se afirmar que as línguas africanas apresentam vários fenômenos areais, que
Conforme dados apurados a partir de Ngunga (2012, p. 3), podemos afirmar com certa
segurança que a situação linguística nesse país é marcada pela existência de uma grande
diversidade de povos e línguas. Nesse sentido, assim como a maioria dos países
africanos, pode-se considerar que Moçambique é um país multilíngue, tendo em vista
que coexistem com o português uma variedade de línguas nativas, todas pertencentes à
família linguística bantu. Em consonância com Ngunga, Rego (2012) caracteriza o país
com um mosaico de povos, culturas, religiões, etnias e línguas, resultado da convivência
de vários povos autóctones (como khoi-khoi e san), oriundos da migração de povos
bantu, persas (árabo- -swahilis), árabes, indianos, chineses, portugueses, ingleses,
franceses, belgas, dentre outros. Ngunga considera ainda que as línguas bantu
constituem o principal substrato linguístico do país, visto que essas são as línguas
maternas de mais de oitenta por cento de moçambicanos.

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Conclusão

A diversidade linguística sugerida pelos dados acima aponta para a urgente necessidade
de pesquisas voltadas para as línguas nativas de Moçambique, uma vez que mais da
metade dessas línguas ainda carece de descrições gramaticais bem detalhadas. Essa
situação se deve ao fato de os estudos linguísticos não terem sido prioridade durante o
período colonial, o que explica a escassez de materiais sobre as línguas nacionais. Em
suma, nota-se que há uma lacuna que precisa ser preenchida em relação à descrição,
documentação e valorização das línguas moçabicanas. Nesse sentido, Ngunga (2008
apud REGO, 2012, p. 15, tradução nossa) observa o seguinte: a diplomacia
internacional, as negociações com outras pessoas podem ser realizadas em qualquer
idioma, mas a linguagem de desenvolvimento de qualquer povo é a sua própria língua.
Não se admira que depois de muitos anos de uso do latim e do grego como línguas de
Ciência nas universidades, os europeus decidiram adotar suas próprias línguas. Foi sob
esse movimento que a Alemanha decidiu no século XVIII a mudar a partir dessas
línguas para a sua própria língua, o alemão. Assim, Os Africanos e seus amigos
precisam investir em educação através das línguas que as crianças africanas já falam
simplesmente porque ninguém vai para a lua como uma expedição científica em uma
linguagem emprestada, ninguém na Terra se desenvolve sem desenvolver sua própria
língua.

Bibliografia
Referências BLEEK, W. H. I. A comparative grammar of south african languages – part
1: phonology. Cape Town: J. C. Juta; London: Trübner & Co., 1862. ______. A

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comparative grammar of south african languages – part 2: the concord. Cape Town: J.
C. Juta; London: Trübner & Co., 1869. CHILDS, G. T. An introduction to african
languages. Philadelphia: John Benjamin’s, 2003. CRYSTAL, D. The Cambridge
encyclopedia of language. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. DIAMOND,
J.; BELLWOOD P. Farmers and their languages: the first expansions. Science 300, p.
596-603, 2003. DUARTE, F. B. Tense encoding, agreement patterns, definiteness and
relativization strategies in Changana. In: BOKAMBA, E. G. et al. (Ed.). Selected
proceedings of the 40th annual conference on african linguistics. Somerville: Cascadilla
Proceedings Project, p. 80-94, 2011. GREENBERG, J. H. The languages of Africa.
Indiana: Indiana Univ., 1966. ______. Classificação das línguas da África. In: KI-
ZERBO J. (Ed.). História geral da África I – metodologia e pré-história da África. 2. ed.
Brasília, DF: Unesco, 2010. p. 317-336. GUTHRIE, M. Comparative Bantu: an
introduction to the comparative linguistics and prehistory of the Bantu languages.
Farnborough: Gregg International, 1967-1971. v. 4. KRÖGER, O. Algumas notas
gramaticais sobre a língua emakhuwa. Nampula: Sociedade Internacional de
Linguística, 2005. LEACH, M. B. Things hold together: foundations for a systemic
treatment of verbal and nominal tone in Plateau Shimakonde. 2010. Dissertação
(Doutorado) – Universiteit Leiden. Leiden, 2010. 435 p. LOPES, A. J. Política
linguística: princípios e problemas. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane, 1997.

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