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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E SOCIEDADE.
Nome: ISABEL PEDRO BIZEQUE BULACHO - Codigo do estudante: 708225901

Curso: Licenciatura em Ensino de


Lingua Portuguesa
Disciplina: Linguística Geral
Ano de Frequência: 1º Ano

TETE, NOVEMBRO 2022


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organizacionais  Discussão 0.5
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problema)
Introdução
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 Metodologia adequada ao 2.0
objectivo do trabalho
 Articulação e diminio do
Conteúdo discurso académico
(expressão escrita cuidada, 2.0
coerência/coesão textual)
Análise e  Revisão bibliográfica
discussão nacional e internacionais
relevantes na área de 2.0
estudo
 Exploração dos dados
2.0
 Contributos teóricos
Conclusão práticos 2.0

Aspectos  Paginação, tipo e tamanho 1.0


gerais Formatação de letra, paragrafo,
espaçamento entre linhas
Referências Normas APA 6ª  Rigor e coerência das 4.0
Bibliográficas edição e citações / referencias
citações e bibliográficas
bibliografia

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Índice
1. Introdução. ........................................................................................................................... 4
2. OBJECTIVOS...................................................................................................................... 5
2.1. Geral.................................................................................................................................. 5
2.2. Específicos........................................................................................................................ 5
3. Metodologia ......................................................................................................................... 5
3.1. Quanto aos procedimentos. ............................................................................................. 5
4. RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E SOCIEDADE ............................................................... 6
4.1. Linguística Cognitiva....................................................................................................... 6
4.1.1. Pequeno historial .......................................................................................................... 6
4.1.2. Teorias que defendem a lingua como caráter social .................................................. 6
4.2. A Sociolinguística Laboviana ......................................................................................... 7
4.2.1. O preconceito linguístico ............................................................................................. 7
4.2.1.1. Preconceito como variação linguística .................................................................... 7
4.2.2. Língua ........................................................................................................................... 8
4.2.3. Fala ................................................................................................................................ 9
4.2.3.1. A noção da comunidade de fala............................................................................... 9
4.2.3.2. Limites do falante ..................................................................................................... 9
4.2.3.2.1. Hipótese do Labov ................................................................................................... 9
4.2.3.2.2. Característica da comunidade de fala .................................................................... 10
4.2.3.2.3. Hipótese de Guy .................................................................................................... 10
4.2.3.2.4. Limites postos por Guy .......................................................................................... 10
4.2.4. Linguagem .................................................................................................................. 11
4.3. Variação .......................................................................................................................... 11
4.3.1. Código linguístico na variação da lingua. ................................................................ 12
4.4. Relação entre língua e factores sociais ......................................................................... 12
4.5. Mudanças linguísticas, entre outros relacionados. ....................................................... 12
4.6. O PAPEL DO SOCIAL NA LÍNGUA ......................................................................... 13
5. Conclusão ........................................................................................................................... 14
6. Referências Bibliograficas ................................................................................................ 15

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1. Introdução.
A relação entre língua e sociedade é aceita por muitos pesquisadores que se dedicam ao
estudo da língua e, apesar de algumas teorias da linguagem apresentarem interpretações
diversas dos fenômenos linguísticos, aproximando-os ou distanciando-os de seu papel na vida
social, os estudos sociolinguísticos comprovam ser inegável a relação entre língua e
sociedade, sendo, portanto, imprescindível o entendimento desse vínculo quando se discute o
fenômeno linguístico.
Compreende se neste trabalho como base que suporta a inter-relação língua / sociedade /
cultura, elementos indissociáveis nos estudos lingüísticos, antropológicos e sociais.
Este trabalho buscará apresentar o percurso realizado pelos estudos linguísticos até se chegar
à Sociolinguística atual e tratará da imprescindível colaboração de William Labov (1978,
1982, 2008) na estruturação, organização e reconhecimento dessa área como campo
específico de estudo da linguagem, abordará os pressupostos teóricos-metodológicos
desenvolvidos por William Labov para a realização de uma pesquisa sociolinguística. Por fim,
tratará a resposta de como a Sociolinguística pode contribuir para a diminuição do preconceito
linguístico em relação às variações da lingua na sociedade.
Dessa forma, serão analisadas as posições de alguns teóricos da linguagem como Bakhtin
(1990), Chomsky (1965, 1977) e Benveniste (1989) sobre a relação entre língua e fatores
sociais. As teorias da Sociolinguística foram baseadas em Labov (1978, 1982, 2008), e
recorreu-se à Tarallo (1994) e Monteiro (2000) para melhor interpretação teórica.
Conhecer o contexto sócio-histórico-cultural-pragmático- discursivo em que determinados
usos se constroem e se consolidam (ou não) possibilita-nos, em certa medida, entender
possíveis variações e mudanças linguísticas experimentadas por uma dada sociedade como
resultado de um processo dinâmico, natural e contínuo, que reflete não apenas as
transformações dos grupos sociais que empregam essa língua e suas variedades no devir do
tempo, como também possíveis características linguageiras dos sujeitos que delas fazem uso.

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2. OBJECTIVOS
2.1.Geral
 Conhecer como a sociolinguística pode contribuir para a diminuição do preconceito
linguístico em relação às variações da lingua na sociedade e relação entre língua com
sociedade.

2.2.Específicos
 Explicar com base em um dado fenômeno linguístico, como pode ser evidenciada a
relação entre língua e sociedade;
 Descrever como a sociolinguística pode contribuir para a diminuição do preconceito
linguístico em relação às variações da lingua na sociedade

3. Metodologia
3.1.Quanto aos procedimentos.
Quanto aos procedimentos trata se de uma pesquisa bibliográfica porque é feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
electrónicos, com o livros, artigos científicos, páginas de website.

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4. RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E SOCIEDADE
4.1.Linguística Cognitiva
A Linguística Cognitiva, no entanto, não é exclusivamente cognitiva, como o termo que a
denomina poderia fazer pensar alguém desavisado, então, estudiosos da área ressaltam que se
trata de uma abordagem, além de cognitiva, social e cultural da linguagem. Silva (2010b).
No âmbito da Linguística Cognitiva, a cognição é vista como: inerentemente social e cultural,
não apenas em termos de as pessoas compartilharem os tópicos ou os resultados de suas
interações, mas em termos das práticas interpretativas por meio das quais as pessoas
constituem os tópicos e os resultados de suas interações. (SAFERSTEIN, 2010, p. 113).

4.1.1. Pequeno historial


De acordo com o trabalho intitulado Variação e Mudança Linguística (SALOMÃO, 2011), o
termo ‘sociolinguística’ surgiu no ano de 1939 no artigo Sociolinguistics in India (HODSON,
1939). Contudo, em virtude do objetivo a que se propõe este trabalho, que é o de realizar
resumidamente uma retrospectiva do surgimento da Sociolinguística, serão apresentados, nas
próximas linhas, apontamentos de alguns teóricos da linguagem sobre a relação entre língua e
sociedade antes do ano de 1939.

4.1.2. Teorias que defendem a lingua como caráter social


A teoria de Saussure, Michail Bakhtin (1990) defendeu a ideia de que a língua possuía um
caráter social, que se realizava através de atos enunciativos em determinada circunstância de
interação verbal.
A teoria Jakobson (1973) em 1960, criticou a homogeneidade da língua defendida por
Saussure por compreender que existem inúmeras situações e comunidades linguísticas nas
quais os sujeitos interagem de diversas formas e, de acordo com a função e os objetivos de
uma dada situação de interação comunicacional, esses indivíduos escolhem determinado
código linguístico dentre uma variedade de outros.
Em 1965, Chomsky (1965, 1997) defende a ideia da existência de um falante ideal, inserido
em uma comunidade linguisticamente homogênea, cuja competência linguística - a
capacidade de compreender e delimitar as regras combinatórias e articulatórias de sua língua,
seria o verdadeiro objeto de estudo do linguista e a heterogeneidade da língua não seria
considerada.

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Benveniste (1989) afirma a possibilidade de estudo, descrição e compreensão da sociedade
através da língua, que funcionaria como um instrumento de análise do meio social.

4.2.A Sociolinguística Laboviana


Labov foi o criador da Sociolinguística – que consiste em uma ciência da linguagem social
que estuda a coexistência de variantes linguísticas e suas probabilidades de uso. Esse modelo
de análise linguística trabalha com números e estatística dos dados coletados e sua principal
característica, em contraposição ao modelo gerativista, é que Labov “o propôs como uma
reação à ausência do componente social no modelo gerativo” (TARALLO, 1994, p. 7).
Labov a língua não é propriedade do indivíduo, mas sim da comunidade, fato que o leva a crer
que o novo modo de fazer linguística é “estudar empiricamente as comunidades de fala”
(LABOV, 2008, p.259).

4.2.1. O preconceito linguístico


A diferença de posições no tabuleiro social e a hierarquização dos grupos que compõem uma
sociedade permitem que as variedades linguísticas destaquem a posição social de seus
falantes, consideradas superiores ou inferiores, e proporcionem o surgimento de atitudes e
comportamentos preconceituosos em relação a variedades da língua que fogem à regra
padrão. Segundo Bagno (2004).
O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe, uma única língua portuguesa
digna de ser aceita, ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas normativas e catalogadas
nos dicionários e qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola -
gramática-dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, errada, feia,
estropiada, rudimentar, deficiente (BAGNO, 2004, p. 38).

4.2.1.1.Preconceito como variação linguística


Monteiro aponta o fato de que “um dos preconceitos mais fortes numa sociedade de classes é
o que se instaura nos usos da linguagem” (MONTEIRO, 2000, p. 65), e reforça que uma
variação linguística pressupõe valor social, ou seja, variantes empregadas por falantes de
estratos mais baixos da população em grande parte são estigmatizadas; todavia, à proporção
que essas variantes passam a ser usadas por outros grupos, o estigma vai diminuindo até
deixar de existir completamente, se aceita pela classe dominante.

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Uma maneira de possibilitar o entendimento das variações linguísticas é a utilização de textos
como letras de música, notícias de jornal, recursos de áudio e vídeo, e outros que mostrem as
variações sendo utilizadas como recurso para a construção de sentido ou como uma
ferramenta para caracterizar um tipo de personagem em dada obra, que pode vir a colaborar
para o despertamento da consciência dos alunos no uso das variantes linguísticas e possibilitar
que eles utilizem várias formas, segundo a circunstância e o contexto de comunicação.

4.2.2. Língua
A sociologia da linguagem, teria como foco estudar e compreender a influência da linguagem
no comportamento de uma sociedade, onde cientistas sociais e alguns linguistas procurariam
interpretar o efeito da língua na sociedade (PAULSTON; TUCKER, 2003).
Estudar a língua e a sua imbricação com a sociedade ultrapassa o exclusivo conhecimento dos
seus componentes fonético fonológicos, morfossintáticos, semântico-lexicais, pragmático-
discursivos ou histórico-culturais, uma vez que, ao entendê-la como um construto que engloba
tudo isso, passamos a ter uma compreensão holística e, portanto, interdisciplinar dos
fenômenos linguísticos que se manifestam seja na oralidade, seja na escrita, seja no
pensamento, e cuja explicação pode ser dada recorrendo-se a diferentes perspectivas teóricas
que, antes de se oporem, complementam-se, evidenciando uma visível convergência de
conhecimentos acerca de um mesmo objeto de estudo: a linguagem.
Sabemos que toda língua tem por função primordial facultar a comunicação entre os seres
viventes e, por meio desse vínculo linguístico, refletir a identidade dos grupos que a utilizam,
de modo que o seu estudo, em uma dimensão social, permite-nos compreender melhor como,
por que e em quais situações sociocomunicativas determinados processos linguísticos
ocorrem.
Saussure (2006), considerando que a língua possuía uma estrutura fixa e imutável, elabora
uma teoria que separa língua e fala, e concentra sua atenção na análise da língua, pois para
esse linguista “[...] a Linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua considerada em si
mesma e por si mesma” (SAUSSURE, 2006, p. 271).
A língua é vista como uma entidade não autônoma, situada e integrada a sua sócio-história,
uma vez que sua força simbólica se constrói a partir da força do grupo social que a produziu
ao longo da sua formação e do que se estabeleceu como norma característica desse grupo.
Portanto, a língua é um fenômeno que permeia as manifestações culturais do ser humano.
Nessa direção, Câmara Jr (1954, p. 193) afirma que “ a língua, considerada em sua essência, é

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mais do que uma simples manifestação cultural: é o veículo através do qual toda cultura se
consolida, se intercambia e se transmite”. Biderman (1989, p. 399).
A língua é um conjunto infinito de frases, que se define não apenas pelas já existentes, mas
também pelas frases possíveis, aquelas passíveis de criação através da interiorização das
regras da língua, o que torna os falantes aptos a produzir frases mesmo que nunca tenham sido
ouvidas por ele. Chomsky (1965, 1997)

4.2.3. Fala
4.2.3.1.A noção da comunidade de fala
Labov propõe "o estudo da estrutura e da evolução da línguadentro do contexto social da
comunidade de fala "(1972: 184 grifo meu).Interessa a ele, sobretudo, um certo tipo de
macro-lingüística, que "coloca o lócus da linguagem em algum tipo de ordem social (a
comunidade de fala) ao invés do indivíduo" (Figueroa 1994: 70).
A preocupação de Labov com a fala da comunidade fica patente em sua definição de
linguagem como "o instrumento de comunicação utilizado por uma comunidade de fala, um
sistema comumente aceito de associações entre formas arbitrárias e seus significados" (Labov
1994:09).

4.2.3.2.Limites do falante
Para o sociolingüista, os limites não estão presentes no fato de um falante seconsiderar
pertencente a uma dada comunidade, mas sim nas características essenciais - as regras
gramaticais - do sistema lingüístico abstrato da quele falante, em relação à comunidade a que
pertence. A aquisição desse sistema lingüístico não se dá conscientemente, ou seja,não diz
respeito à vontade do falante de falar de determinada forma; a aquisição da gramática ocorre
de forma inconsciente, como também são inconscientes, em grande parte, as reações
subjetivass dos falantesem relação à língua.
4.2.3.2.1. Hipótese do Labov
Considera que os limites de uma comunidade de fala devem ser buscados no sistema
lingüístico abstrato dos falantes, além do compartilhamento de atitudes sociais , como
também operacionaliza uma forma de medir o partilhamento de traços lingüísticos pelos
falantes.

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4.2.3.2.2. Característica da comunidade de fala
A característica principal da comunidade de fala está no fato de que seus integrantes
devemcompartilhar as mesmas atitudes e os mesmos valores em relação à língua:"atitudes
socias em relação à língua são extremamente uniformes numacomunidade de fala" (Labov
1972: 248).
Guy (2001), com base em Labov, aponta três características essenciais na definição de uma
comunidade de fala:
 Os falantes devemcompartilhar traços lingüísticos que sejam diferentes de outros
grupos;
 Devem ter uma freqüência de comunicação alta entre si;
 Devemter as mesmas normas e atitudes em relação ao uso da linguagem.
Guy considera aspectos quantitativos e qualitativos para limitar uma comunidade de fala.
Avançando em suas reflexões, o lingüista aponta duas possibilidades:
 Pode haver diferenças de freqüência em diferentes comunidades de fala, sendo que o
efeito de contexto permanecesemelhante;
 Pode haver diferenças em termos do efeito de contexto (peso relativo) entre as
comunidades, o que determinaria diferenças estruturais ao invés de diferenças
simplesmente quantitativas.

4.2.3.2.3. Hipótese de Guy


Os falantes que variam apenas na freqüência possuem amesma gramática e falantes que
variam em termos de efeito de contexto possuem gramáticas diferentes.

4.2.3.2.4. Limites postos por Guy


As diferenças em uma mesma comunidade de fala implicam diferenças em uma mesma
gramática (não-gramaticais) enquanto que diferentes comunidades de fala fazem uso de
diferentes gramáticas.
Diante do exposto parece possível falar em um certo determinismo lingüístico, uma vez que
usos lingüísticos de uma mesma gramática funcionariam como identificadores de uma mesma
comunidadede fala, ao passo que usos de gramáticas diferentes apontariam paradiferentes
comunidades de fala. Em outras palavras, a estrutura gramatical estaria delineando a
comunidade de fala. As bases para a identificação de uma comunidade de fala seriam, nesse
sentido, de natureza lingüística'.

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4.2.4. Linguagem
O homem utiliza-se da linguagem para se relacionar com seus semelhantes e para interagir
com o mundo a sua volta. Acredita-se que ele não conseguiria viver sem a utilização da
linguagem e sem a interação social. Nesse processo interativo, à medida que as relações vão
se tornando mais complexas, faz-se necessária a criação de novos objetos e o estabelecimento
de novas relações, criam-se novas necessidades, desejos e anseios.
Através do uso da linguagem, o homem deixa registrados sua história, sua cultura, sua língua,
seus costumes, suas crenças, seus valores e suas formas de ver e conceber o mundo
circundante. Segundo Teixeira (2019), É incontestável a relação da língua com a cultura. É
através da língua que o homem demonstra seus pensamentos e percepções, evidencia suas
experiências da sociedade e reflete suas práticas culturais e significados compartilhados, por
isso, ao considerar o caráter social da língua, devemos incluir a cultura como um elemento
entre o aspecto social e o aspecto linguístico.

4.3. Variação
Assim toda língua falada apresenta variações decorrentes da heterogeneidade presente nos
fenômenos linguísticos, as quais são identificadas e analisadas por meio de pesquisas de
campo, em que o sociolinguista registra, descreve e analisa sistematicamente diferentes
falares, relacionando essas variações com fatores sociais, numa tentativa de identificar qual
fator ou grupo de fatores é o responsável por determinada variação.
A variação linguística pode ser verificada em todas as sociedades, até mesmo em
comunidades primitivas, e conforme as sociedades vão se tornando mais complexas, seus
integrantes assumem mais papéis sociais, possibilitando que ocorram mais fenômenos de
variação linguística (LÓPEZ MORALES, 1993, p. 111).
Essa posição, que considera como característica de todas as línguas a capacidade de sofrerem
variações, é compartilhada por muitos linguistas brasileiros como Faraco (2008), Mussalin e
Bentes (2009) e Silva e Moura (2000) e outros.
Contrária à ideia de homogeneidade linguística das teorias estruturalistas (SAUSSURE,
2006), a Teoria da Variação, também conhecida como Sociolinguística Quantitativa ou
Laboviana, considera a língua dotada de “heterogeneidade sistemática”, o que indica,
portanto, ser parte da competência linguística dos indivíduos, o domínio das estruturas
heterogêneas. Essa heterogeneidade permite a identificação dos vários grupos sociais que
compõem uma sociedade, e sua ausência seria considerada disfuncional (WEINREICH;
LABOV; HERZOG, 2006, p.101).
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Bright definiu os fatores condicionantes do fenômeno da diversidade linguística como aqueles
ligados ao falante, ao destinatário, às suas identidades sociais e ao contexto em que se dá a
comunicação, mas ainda deu à Sociolinguística um papel complementar, ou subordinado às
três áreas que lhe deram origem: a Linguística, a Sociologia e a Antropologia. Monteiro
(2000).

4.3.1. Código linguístico na variação da lingua.


Para a Sociolinguística, não existe um único código linguístico absoluto que deva nortear a
fala de todos porque a própria variedade linguística reflete a variedade social, e dentro de uma
variação, uma sentença pode não estar de acordo com as normas gramaticais propostas pela
norma padrão, mas pode estar linguisticamente correta, pois realiza uma comunicação efetiva.
Nesse sentido, os estudos sociolinguísticos oferecem valiosa contribuição no sentido de
destruir preconceitos e de relativizar a noção de erro, ao buscar descrever o padrão real que a
escola, por exemplo, procura desqualificar e banir como expressão linguística natural e
legítima (MOLLICA, 2003).

4.4.Relação entre língua e factores sociais


O entendimento da relação entre língua e fatores sociais favorece a compreensão sobre a
origem e uso das variações linguísticas, permitindo a desconstrução de preconceitos e uma
mudança de postura em relação à predominância de uma política monolíngue, que prega o uso
da norma padrão, e pode contribuir para a elaboração de futuras políticas linguísticas que
levem em consideração o caráter pluricultural e multilíngue da sociedade atual e a
coexistência entre variantes linguísticas e normas padrão e culta.
As línguas são dinâmicas, sofrem variações e se transformam com o tempo, o uso e, apesar de
estarem sempre em movimento, as línguas continuam oferecendo recursos capazes de atender
plenamente às necessidades do falantes, sem perder o caráter de sistema estruturado e
organizado (FARACO, 2005).

4.5.Mudanças linguísticas, entre outros relacionados.


A Sociolinguística é também conhecida como Teoria da Variação, pois seus pesquisadores
procuram analisar as variações que estão em coocorrência, as usadas ao mesmo tempo, e as
concorrentes, as formas linguísticas que concorrem entre si.

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A Teoria da Variação de Labov, cujo propósito é estudar as variações linguísticas, suas
estruturas e evolução no contexto social de determinada comunidade, cobre a área usualmente
chamada de Linguística Geral, a qual lida com Fonologia, Morfologia, Sintaxe e Semântica
(LABOV, 2008, p. 184).
Para a Sociolinguística a língua é dotada de “heterogeneidade sistemática”, fato que permite a
identificação e demarcação de diferenças sociais na comunidade, constituindo-se como parte
da competência linguística dos indivíduos, o domínio de estruturas heterogêneas
(WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006, p.101).

4.6.O PAPEL DO SOCIAL NA LÍNGUA


A língua tem por função primordial permitir a comunicação entre os seres humanos e por
meio deste vínculo linguístico é que são estabelecidos às relações sociais, de modo prático a
língua dá origem e sustentabilidade a uma sociedade.

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5. Conclusão
Após esse trabalho, acreditei ser possível depreender que as línguas são herdadas e
transmitidas de numa sociedade para sociedade, juntamente, com as culturas que lhes são
suporte.
Concluindo o trabalho verifico que a sociedade determina alinguagem" - do ponto de vista do
contexto e da estratificação social e estilo, segundo Hymes e Labov, respectivamente; a
linguagem determina a sociedade - na produção e representação da realidade social e na
delimitação de uma comunidade de fala, de acordo com Sapir-Whorfe Labov (Guy),
respectivamente e as relações entre linguagem esociedade são permeadas por um certo
determinismo nas três perspectivas aqui analisadas, sendo que há uma aproximação maior
entre aspostulações de Hymes e Labov. Esse determinismo parece atuarunilateralmente em
Sapir e Whorf (linguagem à realidade social) e emHymes (contexto social à linguagem), mas
parece ser bilateral em Labov(fatores sociais e estilísticos à linguagem; e linguagem à
comunidade defala).
Conclui que a sociedade está em constante mutação assim como a língua. Essa mudança é
promovida pela nossa própria dinâmica e é impulsionada pelas novas tecnologias que surgem
a cada momento abarcando pessoas cada vez mais jovens.

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6. Referências Bibliograficas
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
SILVA, F. D. e MOURA, H. M. D. M. O direito à fala: a questão do preconceito linguístico.
Florianópolis/SC: Insular, 2000. .
BENVENISTE, E. Estrutura da língua e estrutura da sociedade. In: Problemas de linguística
geral II. São Paulo: Cia. Editora Nacional/EDUSP, 1989.
BIDERMAN, M. T. C. Teoria linguística. São Paulo: Martins Fonte, 2001.
BRIGHT, W. Sociolinguistics: proceedingsofthe UCLA SociolinguisticsConference, 1964.
Vol. 20. Mouton&Company, 1966.
LABOV, W. Where does the Linguistic variable stop? A response to Beatriz Lavandera. In:
Sociolinguistic Working Papers, 1978, p. 43-88.
LÓPEZ MORALES, H. Sociolinguística. 2 ed. Madrid: Gredos, 1993.
MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. Introdução á linguística–domínios e fronteiras. Editora
Cortez, 2009.
LYONS, John. Lágua(gen)elingüístior uma introdupia Rio de Janeiro: Ed.Guanabara,
1987. Trad. de M. W. Averburg e C. S. de Souza.
SAPIR, Edward. Lingüística como Ciência. Rio de Janeiro: LivrariaAcadêmica, 1969. Trad.
de J. M. Camara Jr.
WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. EmpiricalFoundations for a
Theory of Language Change. In: LEHMANN, W. &MALKIEL, Y. (eds.). Directions
Ilistmical Lingnistim Austin: Universityof Texas Press, 1968.

LABOV, William. Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: PhiladelphiaUniversity Press,


1972.
Where does the linguistic variable stop? A response to BeatrizLavandera. Working Papas
inSociolinguistics44,1978.

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