Você está na página 1de 14

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

As causas do aumento da mendicidade nas cidades moçambicanas

Nome: Preselina Pérola de Fátima Mahundla

Código: 708191440

Curso: Licenciatura em Ensino de Português

Disciplina: Didáctica de Português II

3º Ano

Maputo, Julho de 2021


Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota Subtotal
máxima do
tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Estrutura Aspectos  Introdução 0.5
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização 1.0
(indicação clara do
problema)
 Descrição dos 1.0
Introdução objectivos
 Metodologia 2.0
adequada ao objecto
do trabalho
 Articulação e 2.0
domínio do discurso
académico
 (expressão escrita
Conteúdo uidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão 2.0
bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
práticos
Formatação  Paginação, tipo e 1.0
Aspectos tamanho de letra,
gerais parágrafo.
Espaçamento entre
linhas
Referencias Normas APA 6ª  Rigor e coerência 4.0
Bibliográficas edição em das
citações e citações/referências
Bibliografia  Bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Índice

0. Introdução......................................................................................................................... 1

0.1. Geral.......................................................................................................................1

0.2. Específicos............................................................................................................. 1

0.3. Metodologia...............................................................................................................1

1. Conceito de Mendicidade..................................................................................................2

2. Evolução Histórica da Mendicidade................................................................................. 2

3. Mendicidade em Moçambique..........................................................................................3

3.1. A mendicidade na Capital Moçambicana.................................................................. 4

3.2. Os mais pobres entre os pobres................................................................................. 5

3.3. Centros comunitários abertos como solução............................................................. 6

4. Causas da Mendicidade.....................................................................................................7

4.1. Tipos de Mendicidade Infantil...................................................................................7

5. Limitação a oferta para dos Mendigos.............................................................................. 7

6. Conclusão..........................................................................................................................9

7. Bibliografia..................................................................................................................... 10
0. Introdução

Em Moçambique agrava-se o problema da mendicidade. As autoridades afirmam haver um


aumento preocupante do número de mendigos embora lhe falte ainda dados concretos sobre a
situação. As causas do fenómeno são alvo de discussão entre os peritos apontando-se o aumento
da pobreza, o êxodo das pessoas das zonas rurais para os centros urbanos e ainda o facto de
muitos serem abandonados pelos seus familiares.

O baixo rendimento familiar faz com que alguns idosos sejam mais propensos à mendicidade.
Isto transforma o idoso mendigo numa fonte de rendimento para a família. A prática da
mendicidade dos idosos é, muitas da vezes, do conhecimento dos filhos ou famílias. Outro
problema que leva alguns idosos a mendigar, está relacionado com o facto de viver com netos,
órfãos de pais ou que tenham sido abandonados pelos mesmos.

A presente pesquisa enquadra-se no âmbito do trabalho científico exigido na Cadeira


Didáctica de Português II. Com este trabalho não pretendemos apresentar um estudo acabado
sobre “As causas do aumento da mendicidade nas cidades moçambicanas”, mas sim dar a
conhecer os pressupostos gerais sobre o tema.

0.1.Geral

 Compreender as causas da mendicidade nas cidades moçambicanas

0.2.Específicos

 Definir o conceito de mendicidade e mendigo


 Descrever os passos iniciais da mendicidade a nível mundial.
 Caracterizar a mendicidade em Moçambique.

0.3.Metodologia

Segundo Gil (1999, p. 50) A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já


elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Para a materialização dos
objectivos deste trabalho, definiu-se o: Método bibliográfico

1
1. Conceito de Mendicidade

De acordo com o Boletim da República (2017, p.4800) mendicidade é o fenómeno


económico-social que consiste na prática de pedir esmola a outrem para o auto sustento.
Acrescenta afirmando que mendigo é a pessoa que pede esmola na rua, em lugares públicos ou
privados.

A mendicidade é definida pela OIT como “um conjunto de actividades através das quais
uma pessoa pede dinheiro a um estranho em razão de ser pobre ou de necessitar de doações de
caridade para a sua saúde ou por razões religiosas1.”

2. Evolução Histórica da Mendicidade

A pobreza foi durante muito tempo considerada como um facto natural. A riqueza só podia
pertencer a um pequeno número: príncipes, guerreiros, mercadores e sacerdotes. Durante séculos,
o paganismo, as religiões monoteístas ou a sabedoria do extremo oriente concorreram para fazer
aceitar a autoridade de direito divino, a pobreza, a mendicidade e a condição errante como partes
tão imutáveis e inelutáveis da paisagem social quanto o eram todos os dias o nascer e o por do
sol. (VALÁ, 2003, p.6)

A proeminência do papel sacrossanto do mendigo até ao início do século XX está


directamente relacionada com a religião católica. A função do mendigo era receber a esmola e
retribuir através de uma «contraprestação», muitas vezes declarada sob a forma de prece. O
mendigo era uma figura mediadora entre Deus e os crentes, o pobre que pedia e a quem os
pecadores retribuíam para atingirem a salvação. Até ao primeiro triénio do século XX, a
mendicidade era encarada como um acto «normal», indispensável na rectificação das
contrariedades económicas resultantes das adversidades da vida. Era uma possível solução para
quem estava sujeito ao desemprego, na velhice, ou cujo salário não cobria as necessidades
familiares, não podendo escapar à inevitabilidade da procura de outras formas compensatórias.
Quer no meio rural quer nas cidades, a mendicidade era tolerada e considerada lícita por parte
das autoridades, desde que fossem cumpridas certas regras. Aos mendigos era-lhes permitido
pedir em romarias e festas, em procissões e em feiras. (WLSA, et all, 2012)
1
PORTUGAL. Ministério da Administração Interna. OTSH. Mendicidade Forçada…, p. 6;

2
A via da modernização da sociedade tornou-se um factor de mudança na forma de
representar o mendigo. Caracterizado pelo mau aspecto físico, o desmazelo, a sujidade da roupa
e do corpo e os problemas de saúde originados por estes factores, o mendigo espelhava a
existência de obstáculos ao desenvolvimento social. Vivendo em condições degradáveis, o
mendigo não trabalhava e a sua ociosidade transformava-o, aos olhos da sociedade, em mão-de-
obra desperdiçada. Convertia-se numa imperfeição da sociedade que era necessário debelar. Esta
alteração sociopolítica no país originou, no mendigo, a perda do seu estatuto sagrado,
modificando o seu papel social e a mendicidade acabou por «… ser equiparada a uma verdadeira
indústria e escola de crimes».

Os mendigos, principalmente nas cidades, começaram a ser descritos como incómodos,


inoportunos, malcriados e por vezes desordeiros. O acto de pedir passou, também, a ser referido
como uma indústria proveitosa, bens ganhos sem esforço de trabalho operário à custa da boa
vontade de alguns indivíduos caridosos.

3. Mendicidade em Moçambique2

Em Moçambique, à semelhança dos restantes países do mundo, a mendicidade está


directamente relacionada com situações económico-sociais. Toxicodependentes, pessoas idosas,
deficientes, doentes mentais, são muitos dos mendigos que enchem as ruas das cidades. Não lhes
é atribuída nenhuma simbologia sagrada, no entanto também não são escondidos e encarcerados.
São uma realidade com a qual o cidadão se depara.

Ouvem-se algumas vozes de quem acha que deveria haver formas para afastar quem perturba
a ordem social. Mas, ao mesmo tempo não nos podemos esquecer que é anti-constitucional
retirar a liberdade a quem a Constituição da República a concede (art. 56 e seguintes). “A
liberdade é um Direito Humano inalienável, como tal não lhes deve ser imposta qualquer tipo de
violência”.

2
O apontamento abaixo foi retirado do site
https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/09/mendicidade-o-lado-vis%C3%ADvel-da-pobreza-
urbana.html

3
Em Moçambique existem mais de 1.800.000 pessoas idosas, 80% das quais são vulneráveis,
com menos de um terço (1/3) de dólar americano por dia (Balanço do PES de 2008: Linha
Nacional de Pobreza: Consumo “per capita” 8,5Mt por dia por pessoa).

A mendicidade nas zonas rurais não é tão gritante, preocupante e confrangedora como nas
grandes cidades, nos centros de poder e decisão, onde, aos olhos de dirigentes ela se pratica,
porque os seus praticantes são marginalizados, discriminados, excluídos socialmente, impedidos
de acesso ao crédito bancário, acusados de improdutivos, expulsos da família, violentados,
conotados com a feitiçaria e mortos à catanada (Maputo, Sofala, Zambézia em Inhassunge, como
exemplos).

Apesar de todos os esforços, o Fórum da Terceira Idade e outras organizações da sociedade


civil não encontram instalações, espaços, sensibilidades e apoios no seu combate contra a
mendicidade. Este é um problema a ser resolvido e não um crime que deve ser combatido.

3.1.A mendicidade na Capital Moçambicana

O índice de mendicidade na cidade do Maputo tende a crescer. Cada dia que passa novos
efectivos que procuram viver graças a pessoas de boa vontade nas artérias da capital engrossam
as fileiras de mendigos, num fenómeno social complexo e cujas razões são diversas, mas que
todas parecem ter origem num problema que afecta a família, célula base da sociedade. As
crianças, por exemplo, alegam que são maltratadas pelos pais ou parentes, enquanto os idosos
dizem não ter ninguém em casa para lhes dar de comer ou que foram expulsos da convivência
familiar sob acusação de feitiçaria. E os deficientes, esses, justificam a sua decisão de recorrer à
esmola ao estigma e discriminação de que são alvos na própria família.

Nos últimos tempos a “jornada” dos mendigos, sobretudo às sextas-feiras, mobiliza


inclusivamente famílias inteiras e idosos vindos de pontos distantes, como Boane e Manhiça,
hoje facilmente ligados à capital por autocarros dos Transportes Públicos do Maputo (TPM), nos
quais gente de terceira idade não paga. As autoridades do pelouro dizem que têm lançado
iniciativas para que aquele grupo social receba as ajudas em locais decentes e chama à atenção à
família e à sociedade para que assumam o seu papel.

4
Em nome da pobreza famílias carentes chegam a envolver-se na actividade, movimentando-
se para a cidade, num exercício em que crianças e deficientes são muitas vezes usados como
“isca” para sensibilizar os comerciantes e os automobilistas a darem esmola.

3.2.Os mais pobres entre os pobres3

O Ministério, através do Instituto Nacional de Acção Social (INAS), desenvolve vários


programas, como o de geração de rendimentos e o subsídio de alimentos, para apoiar diferentes
grupos de pessoas necessitadas.

O programa de geração de rendimentos está direccionado a pessoas incapacitadas para o


trabalho. Cerca de 90 porcento dos beneficiários deste programa são idosos e 10 porcento
deficientes. Atribui-se ao membro elegível 100 mil meticais, sobre o qual se adiciona 50
porcento do valor para outros membros, até o máximo de cinco membros, totalizando 350,00
meticais por mês.

Segundo Miguel Maússe, alguns idosos que andam pelas ruas às sextas-feiras recebem esse
valor. O nosso interlocutor considera haver um esforço da parte do Governo para melhorar a
situação desta camada social, indicando o acréscimo de 70,00 para 100,00 meticais do subsídio
de alimentos.

“Continuamos a trabalhar com os parceiros e o Ministério das Finanças no sentido de se


adaptar o subsídio à medida da alteração do salário mínimo, mas é preciso chamar atenção para o
facto de que a economia do país não suporta este ajustamento, por isso não tem sido fácil tomar
esta decisão”.

Moçambique tem cerca de 20 milhões de habitantes e, destes, milhão e oitocentos são idosos.
O MMAS não possui o número exacto de idosos necessitados e vulneráveis, mas a verdade,
segundo Miguel Maússe, é que não existe capacidade para assistir a todos os (idosos)
necessitados. O subsídio de alimentos alcança apenas 178.458 beneficiários em todo o país.

3
O apontamento abaixo foi retirado do site
https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/09/mendicidade-o-lado-vis%C3%ADvel-da-pobreza-
urbana.html

5
3.3.Centros comunitários abertos como solução4

Os centros comunitários abertos são uma estratégia adoptada pelo Governo em 2003. Estes
dizem respeito à criação, dentro das comunidades, de locais onde as pessoas idosas e outras
vulneráveis possam desenvolver actividades de geração de rendimentos, alfabetização, convívio,
e acima de tudo trocar experiências de vida entre eles. Pretende-se com estes centros que as
pessoas que tenham algo, no lugar de oferecer na rua, canalizem apoios para estes locais. É que
os idosos deambulam pela cidade, formam longas bichas nas lojas para receber um pão seco ou
50 centavos (o preço do pão simples varia de dois meticais a sete meticais). Neste momento
equipas da Acção Social estão a trabalhar nas cidades e em bairros periféricos para fazer o
levantamento de pessoas que se dedicam à mendicidade. A ideia é saber a que famílias
pertencem e por que estão na rua. “Estamos também a dotar os centros abertos de meios para
cativar este grupo”, indicou a nossa fonte.

Aquele quadro do INAS reconhece que algo falhou na implementação dos centros
comunitários. “Falhámos na implementação da estratégia, porque em algum momento ficou-se
na ideia de que os centros abertos eram locais para distribuição de comida e então houve um
grande afluxo, até de pessoas que não eram elegíveis e assim não tivemos capacidade para
responder à demanda”, afirmou, salientando que a situação obrigou ao encerramento do projecto
em 2007 e para uma reorganização.

Os centros foram reabertos em Abril último, mas com uma nova estrutura, passando a ter um
funcionário que está lá a tempo inteiro. Este garante o funcionamento diário do local. Antes os
centros eram assegurados apenas por elementos da comunidade. “Agora, o sucesso do
funcionamento dos centros não depende de nós, mas da mudança de mentalidade da sociedade,
porque enquanto houverem pessoas que continuam a dar esmola nas ruas os mendigos vão
primeiro escalar as rua e só depois é que irão aos centros abertos”, afirmou, indicando que o
município tem também a responsabilidade de criar uma postura camarária que possa regrar a
presença de mendigos na cidade-capital.

4
O apontamento abaixo foi retirado do cite:
https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/09/mendicidade-o-lado-vis%C3%ADvel-da-pobreza-
urbana.html

6
4. Causas da Mendicidade

Existem diversos motivos que podem levar uma pessoa a praticar a mendicidade. O
desemprego, um acidente ou um problema de saúde e a velhice são algumas causas que derivam
numa mesma questão: a falta de recursos. São vistos como causa da mendicidade exclusão social,
acusados de improdutivos, expulsão na família, violência contra menores conotados com a
feitiçaria, etc..

4.1.Tipos de Mendicidade Infantil

Na mendicidade infantil é possível distinguir três nomeadamente:

A mendicidade clássica, com crianças nacionais provenientes de famílias pobres,


desestruturadas ou ligadas ao consumo de estupefacientes, que as encaram como fontes de
rendimento (designada pushed begging);

A mendicidade infantil, praticada por comunidades estrangeiras onde as crianças praticam a


mendicidade acompanhadas ou vigiadas por adultos (seus familiares ou não) e cujo apogeu se
deu em 2005 (designada forcced begging)5 e;

A mendicidade infantil praticada por crianças de rua, que a utilizam como forma de
sobrevivência6.

5. Limitação a oferta para dos Mendigos

Segundo o art.11 da Boletim da Republica (2017, p.4801) no âmbito da aplicação da presente


postura, é expressamente proibida:

a) A circulação de mendigos pelas artérias da Cidade Maputo pedindo esmola;

b) A oferta de esmola na via pública por automobilistas e transeuntes;

5
No caso da mendicidade infantil, quer a pushed begging quer a forced begging importam situações de
riscopara a criança e a violação dos seus direitos fundamentais. Porém, a distinção entre as duas realidades torna-
seimperativa quer para a compreensão do fenómeno da mendicidade e das suas causas, quer para
delimitarestratégias de intervenção, in SANTOS, Elizabeth, Tráfico de Seres Humanos e Mendicidade Forçada, The
ThirdSector Against Pushed Begging – Relatório 6acional – Portugal, p. 11;
6
Idem, pp. 43;

7
c) A distribuição de qualquer tipo de apoio aos mendigos à porta de estabelecimentos
comerciais, de hotelaria, de restauração, locais de culto e outros.

2. A distribuição a mendigos, de quaisquer géneros em locais públicos ou privados que não


sejam os previamente estabelecidos pelo Conselho Municipal, carece de autorização prévia e
acompanhamento pelo Conselho Municipal de Maputo.

8
6. Conclusão

Na área urbana de cidade de Maputo, tem aumentado o número de mendigos e de


“informais” em quase todos os principais focos de aglomeração de pessoas de rendimento médio
ou alto, com particular destaque para os que se localizam em locais de concentração de
actividade comercial e de afluência de turistas estrangeiros. Cruzamentos e semáforos, onde as
viaturas e pessoas são obrigadas a parar, são locais predilectos para pedintes e vendedores. O
fenómeno não é novo, mas novos são a intensidade e as formas peculiares que nos últimos
tempos têm sido usadas nestas actividades. As estratégias são realmente impressionantes do
ponto de vista de criatividade; mas são chocantes na óptica da ética e decência humana, focando-
se no apelo à sensibilidade, compaixão humana e empatia para o alcance dos seus objectivos. Os
exemplos mais comuns das novas práticas de mendigos são:

• Mulheres (jovens e idosas) usam bebés ou crianças (que nem sempre são seus filhos) para
apelarem à sensibilidade das pessoas e com isso, obterem preferencialmente apoio financeiro;

• Algumas pessoas encenam doenças, ferimentos, deficiências ou outras formas de


vitimização (por exemplo, envolvendo partes do seu corpo com ligaduras), “provando”, assim,
que não podem gerar o seu próprio rendimento por outra forma que não seja a esmola. Alguns
indivíduos simulam que têm uma doença muito grave, mas não têm dinheiro para tratamento
pelo que precisam de apoio;

• Em muitas esquinas e semáforos, o principal “negócio” é “chocar” as pessoas com


deficiências (de nascença ou criadas por acidentes) para atrair a sua simpatia e, por consequência,
uma dádiva em dinheiro. Num certo sentido, nestes casos ser portador de deficiência tornou-se
numa vantagem pois é uma via através da qual mendigos conseguem atrair algum rendimento.

• O mesmo acontece com idade: ser idoso ou ser criança ficou uma “oportunidade” para
apelar à simpatia e obter uma esmola. Há crianças que circulam pela cidade dizendo que foram
assaltadas e perderam os livros escolares, o lanche e o dinheiro do “chapa”. Nos períodos das
matrículas escolares, os cruzamentos com semáforos enchem-se de crianças pedindo dinheiro
para as matrículas, livros e fardamento escolar.

9
7. Bibliografia

Boletim da República (2017). Combate à Mendicidade. Maputo, Imprensa Nacional De

Moçambique, E.P.

Gil, A. C. (1999) Métodos e técnicas de pesquisa social, (5ª Ed), São Paulo, Atlas.

Portugal. Ministério da Administração Interna. OTSH – Mendicidade Forçada. A face

invisível do Tráfico de Seres Humanos para Exploração Laboral, [em linha]. Lisboa:

Observatório do Tráfico de Seres Humanos (2013). ISBN 978-972-597-352-3.

[consult. 23 Julho. 2021]. Disponível na internet:

www.igualdade.gov.pt/INDEX_PHP/PT/DOCUMENTACAO/PUBLICACOES

Santos, Elizabeth (2014) Tráfico de Seres Humanos e Mendicidade Forçada,The Third

Sector Against Pushed Begging – Relatório 6acional – Portugal. Porto: EAPN

Portugal – Rede Europeia Anti-Pobreza,.

Valá, Salim Cripton (2003). A Problemática da Posse da Terra na Região Agrária do Chókwé

(1954-1995), Maputo: Promédia.

WLSA/Verdade: https://www.wlsa.org.mz/a-mendicidade-e-a-vadiagem-no-codigo-penal/

https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/09/mendicidade-o-lado-
vis%C3%ADvel-da-pobreza-urbana.html

10

Você também pode gostar